sexta-feira, 13 de novembro de 2015

O coque de cabelos das meninas alemãs (e de outras nacionalidades)

revista.vogue.globo.com

Eu mantenho meus cabelos longos porque eu gosto assim. Recebi muitas sugestões ao longo dos anos para cortá-los, e até cortei uma vez "joãozinho", mas eu não me identifiquei, além de me sentir menos bonita.

Enfim, devido ao calor demasiado que faz em Manaus, eu sempre fiz coque quando saia na rua, tipo esse da fotografia (a), que é prático e até charmoso. E para ir tomar banho o coque que eu faço, habitualmente é o do tipo altão, como na fotografia (b)

Quando meu filho nasceu, eu comecei a fazer mais vezes o coque (b), não só para tomar banho, mas para cuidar dele ou para fazer uma limpeza pesada na casa. A diferença dos dois coque, para mim, era que um é "social" e o outro "anti-social" (risos). Até eu chegar em 2015 na Alemanha. 
Eu não conseguia acreditar no que eu estava vendo, e parecia uma cena de filme de comédia, e a piada residia no meu espanto! Só pode ser moda, pois o que eu mais encontrava na rua era mulheres jovens como esse coque altão, o "anti-social". E não é arrumadinho, penteadinho não, é assim como eu faço: sem pentear, viro a cabeça, jogo o cabelo todo para baixo e com as mãos faço o bendito coque.

Bem assim, todo desarrumado, um horror!!! pelo menos na minha opinião. Eu nunca quis ficar na frente do meu maridão com este coque, justamente para ele não me ver em tamanha feiura, mas às vezes ele me pegava, acidentalmente assim, e eu soltava o coque na frente dele (mais risos). Sabe que ele me dizia que eu fico linda e não entende o porque de tanta vergonha ou insegurança, e mesmo assim eu não "conseguia" acreditar.

revista.vogue.globo.com
Agora eu estou reconsiderando a minha opinião, afinal vejo diariamente um desfile de coques sobre as cabeças. Nestas horas eu queria ter um destes smartphones que fazem fotografias com boa resolução e não fazem barulho ou disparam flash. Queria mostrar para vocês as "pérolas" que já vi. 

A que mais "doeu" foi uma que se parecia muito com o coque da fotografia (c), a menina pegou só a metade do cabelo e fez essa obra de arte. A menina era uma linda, loura, olhos azuis, magrinha, estilosa, e com esse coque de parar o transito do Brasil, porque aqui ninguém, absolutamente ninguém se importa, além de mim (ah gente, vamos rir?).


gazetadopovo.com.br
Eu li em alguns site sobre cabelos e tendencias, e falam que esse é um penteado urbano de Londres e NY, super descolado, charmoso, estiloso e outros adjetivos positivos. Além de prático nesta ventania diária do outono, bem como, para o cabelo não "brigar" com o cachecol,
E para finalizar ...  eu já vi até rapazes com estes penteado!!!
No dia que eu ter coragem de finalmente sair na rua com um coque desses eu posto no meu Facebook, oder?


quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Eu e meu chapéu

Alguém pode me explicar o que significa isso?
Eu comprei um chapéu preto de lã na Loja Primark, e logo que saí da loja comecei a usá-lo. Fui buscar meu filho no Kindergarten, como de costume.
Eu me senti como se estivesse em um comercial ou uma pegadinha, pois todos os tios, ou melhor dizendo, os vovozinhos me olhavam, e até sorriam discretamente para mim.
Ave Maria! o que estava rolando? será que estava engraçado ou ridículo? ou os dois?
Quando nós chegamos na estação, levantamos do banco do trem para descer, havia um tiozinho sorrindo largamente para mim. Eu olhei para trás, para constatar o engano, afinal eu não o conhecia, mas constatei que era para mim aquele sorriso. 
Gente, não estava normal, havia alguma coisa de errada com o meu chapéu, como assim, alemão sorrindo na rua para desconhecidos? E o habito de homem brasileiro de assediar mulheres na rua não se aplica aqui na Alemanha. 
Quando cheguei em casa fiz uma pesquisa na Internet, para saber a origem de tanto interesse dos vovozinhos no meu chapéu.
Esse modelo de chapéu que eu estou usando foi vendido a partir dos anos 20, na época em que a moda feminina passava por um processo de mudança radical, deixando para trás aqueles vestidos  e chapeus cheios de babados, tipo "Sinhazinha da Fazenda".
Eu concluí que os vovozinhos lembraram da "mãe" deles!!!
A minha figura de estrangeira, de traços indígenas, usando um chapéu que os faz lembrar da própria mãe ou da infância, causou-lhes um espanto, uma incoerência. 
Pensa que eu desisti de usar o chapéu? Pensa que os vovozinhos desistiram de mim?

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

De coração partido

Quando retornei para casa hoje, havia uma família com muitas mala, sacolas e um carro de bebê vazio na frente do meu prédio. Era quase 14 horas, e eu achei normal, talvez iam se mudar, estavam esperando o carro.
Porém, já era quase 17 horas quando eu olhei ocasionalmente para a janela e os vi lá em baixo, ainda sem a criança, e me angustiei.
Eu me vesti e fui até em baixo, para perguntar se estava tudo bem e se precisavam de ajuda.
Eles não falavam nem inglês e nem alemão, mas o rapaz me ofereceu seu Smartphone para eu digitar o que eu queria dizer.
Nós nos comunicamos assim, eu digitando as mensagem e o aplicativo traduzindo para eles e vice versa.
A mulher estava com o rosto inchado de chorar, e ainda chorava. O homem falou "Ronaldo e Futebol" quando eu disse que eu sou do Brasil, ele até sorriu minimamente. Um casal jovem, desiludidos com a vida.
Eu queria carregar eles dali daquele frio, não importasse qual fosse a história deles, eu não conseguia olhar para aquela situação de dificuldade e ser indiferente.
Eu imaginei que fossem sírios, mas não. São iraquianos.
Eles estavam morando no apartamento da irmã do rapaz, mas alguém do prédio denunciou que eles estavam morando em duas famílias, o que é proibido, em um apartamento de 50 metros quadrados, ou menos, eu não tenho certeza, mas sei que nos apartamentos menores do prédio que moro, tem somente um quarto, uma sala, um banheiro, cozinha integrada e não tem varanda.
O bebezinho deles ficou no apartamento da irmã do rapaz, eles dois, o casal, ficaram no frio, amargando sua sorte.
Eu estive com eles por uma hora, "conversando", dando-lhes palavras de fé e esperança. A jovem iraquiana, com seu véu, já não chorava mais ao me escutar.
Eu disse que poderia acionar o serviço social para ele não ficarem  na rua, daquela forma, naquele frio, mas ele me garantiu que já estavam esperando um taxi e iriam receber a chave do serviço social de um apartamento, hoje mesmo. Talvez seja verdade ou talvez eles foram se esconder em outro apartamento, quem saberá?
Hoje mesmo, li notícias na Deutsche Welle sobre atentados e agressões contra refugiados, justamente na região que moro, isto é, na Saxônia, a velha e fechada Alemanha Oriental.
Oh Deus, quanto sofrimento!!!
Eu pedi da jovem para eu dar um abraço nela e ela aceitou, e eu a apertei em um longo abraço fraternal, e para o jovem esposo eu dei só a minha mão, é claro.
Eles não são cristãos como eu, mas eu só lembrei da Sagrada Família.
Fra Angelico (cerca de 1395–1455) - The Yorck Project: 10.000 Meisterwerke der Malerei. DVD-ROM, 2002. ISBN 3936122202. Distributed by DIRECTMEDIA Publishing GmbH.

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Aniversário no Kindergarten - conclusão

A educadora do meu filho decorou a sala e a mesa para a festinha de aniversário, na moda alemã, isto é, com simplicidade e delicadeza. Ela também organizou as louças e as bebidas, tive o trabaho somente de levar os bolos. 

Ela não permitiu que eu levasse as "sacolas surpresas" para distribuir aos coleguinhas, ela disse que no Kindergarten não é permitido, que eu só poderia em fazer isto em uma festa em casa. Pensando bem, ela está certa, imagina as crianças com a "lingua de sogra" e apitos, seria uma desordem total, hahaha.


Eu levei então um bolo de dois andares, um de côco e o outro de chocolate, como recheio de geléia de frutas vermelhas e uma inesquecível cobertura de brigadeiro, feito com leite condensado (isso não é tão obvio quando se trata da Alemanha) e uma torta de frutas, de um receita francesa. Levei também dois pacotes uma jujuba alemã, que é tradicional desde 1920, e deixa qualquer Kinder babando, é a "HARIBO macht Kinder froh" ("HARIBO faz as crianças felizes", literalmente).


Estamos no outono aqui na Europa e as decorações são feitas com folhas de cores outonais, animais de pelúcia como o porco espinho, raposa, cervo, entre outros, aboboras, sementes, castanhas e algumas frutas vermelhas, e para combinar fiz tudo com frutas. 
Sabe que eu adorei essa serpentina colorida que os alemães usam na decoração de festa?

Havia na mesa um prato com 6 velas, daquelas redondinhas, tipo para decoração. Eu avisei para a educadora que meu filho estava fazendo somente 5 anos, mas ela me explicou que na Alemanha, custuma-se colocar uma vela a mais para garantir o próximo ano. Gente, que fofo!!! adorei a idéia. 

Então, quando todos estavam sentados, a educadora colocou uma coroa de papel no meu filho, deu um balão cheio, somente para ele, avisou à todos que hoje era o seu dia e que ele seria o Rei. Ela acendeu um daqueles palitinhos que saem faiscas, ficou ao lado dele e cantou os parabéns, juntamente com as crianças e eu.

A educadora deu para meu filho um presente, um yoyo de madeira, vermelho, afinal é a cor que ele gosta. Meu filho recebeu outros dois presentes, de duas amiguinhas, lindas, eram desenhos coloridos e meu filho amou, assim como se tivesse ganhado brinquedos.

A velas  ficaram acesas, mas não foram apagadas. Os parabéns, e mais uma vez meu filho não apagou as velas. Porém eu estava lá, tomei providências. Peguei a vela "cinco" e pedi para cantarem e ele soprar finalmente, mas a educadora explicou que "soprar as velas" é somente no final, depois de comer o bolo. Ave Maria!!! O protocolo aqui é diferente, e eu obedeci. 

Finalmente nosso filho realizou seu desejo de apagar as velas do seu bolo de anivesário!!! Foi há dez dias atrás, foi uma festinha maravilhosa, inesquecível para meu filho, para mim, para todas as crinças da turminha e para a educadora, de verdade. Eu não consigo descrever o ambiente de afeto e carinho, criado por todos, nesta festinha, para fazer meu filho feliz. 
Obrigada Alemanha, mais uma vez.

Aniversário no Kindergarten

No dia do aniversário do nosso filho, eu e meu esposo fizemos um bolo, para cantar os parabéns para ele e darmos um presente. Seria perfeito, se tivesse algo para acender as velas!
Nós dois só percebemos que não tínhamos absolutamente nada para fazer uma faísca de fogo quando nosso filho pediu para acender logo as velas, pois ele queria apagá-las.

Aqui na Alemanha, o fogão e forno do nosso apartamento é completamente elétrico. Nem eu, nem meu esposo fumamos (Amém!). Eu só costumo acender velas em datas especiais ou quando recebo visitas. A data especial chegou!

Eu olhei para meu esposo para pedir à ele que fosse comprar fósforos no supermercado, mas sabe como são os homens, não é? simplificou e disse não devemos se importar com este "detalhe". Meu coração ficou dividido, parecia algo impraticável para mim, um "parabéns" sem velas acesa? será que pode?

Sabe que eu tentei aquecer papel na chapa do fogão e tentei fazer fogo com incidência de luz na lupa do meu filho, hahaha, pode rir, foi verdade, é hilário lembrar disso, mas na hora eu estava angustiada e até com medo, superstição pura. Ai que raiva que eu tenho de ter estas superstições estúpidas, eu tentei aprender algo com meu esposo gringo, naquele momento.

Porém, nosso filho sentiu falta sim, de apagar velas, afinal, as crianças adoram esse ritual, elas estão sempre tentando e apagando todas as velas que vêem pela frente, até mesmo do aniversário dos outros. Imagina a vontade de apagar, finalmente, a vela do seu próprio aniversário?

Meu filho só não começou a chorar porque eu lhe prometi imediatamente que faria outro bolo, para levar para o Kindergarten para comemorar com seus amiguinhos.

No Kindergarten eu avisei aos educadores, que ele estava aniversariando naquele dia, e eu perguntei se eu poderia trazer, no dia seguinte, um bolo para festejar. A educadora do meu filho estava de férias, mas os outros educadores concordaram e solicitaram que eu trouxesse somente o bolo, nada além disso. Eu também não poderia participar, igual como é nas creches no Brasil.

Era a minha chance de corrigir imediatamente aquele erro, da falta de velas para apagar.

Meu filho me contou que o professor até pegou o violão e cantou com as crianças, os parabéns em alemão e outras canções, mas que ele não apagou velas nenhuma! Eu enviei duas velas de "5 anos" e dois bolos de chocolate, com cobertura de chocolate, e mesmo assim meu filho não apagou velas. Por quê?

Ele ficou frustrado mais uma vez, e eu também. Eu tive que prometer outro bolo, e outros parabéns, e com velas acesas para meu filho apagar. Eu disse que faria uma festinha em casa e convidaria alguns amiguinhos.

Eu fiz até o convite e o distribui de forma digital, mas nossos únicos convidados não estavam disponíveis para a data que eu marquei: 3 de outubro, eu não havia percebido que era feriado, "Reunificação da Alemanha". Alguns me responderam logo que não poderiam, outros não. Eu pensei que ainda poderia fazer a festa, porém, somente um dia antes, soube que não haveria convidados.

Porém, eu fiz uma limonada deste limão!!! Tinha um "fervo" (festa pública) em comemoração ao feriado, e nós fomos para lá, nos divertir. Eu pensei que meu filho não havia percebido nada na mudança de planos, mas percebeu.

Meu filho acordou chorando no domingo, era um choro muito sentido, não era birra, o que poderia ser? Perguntei e ele respondeu chorava porque não houve a festa de aniversário, ele disse que ficou triste. Eu fiquei triste também. Ele e eu estávamos decepcionados.

Eu prometi outro bolo e com velas, eu disse-lhe que, uma festa não seria possível aqui na Alemanha, mas eu poderia fazer outro bolo e levar para o Kindergarten e fazer uma festinha lá com seus amigos.

Desta vez a educadora do meu filho estava, e gentilmente me convidou para participar da "festinha"

(continua ...)

terça-feira, 13 de outubro de 2015

Café com um refugiado sírio

Ontem fui encontrar uma amiga, tomar um café e conversar um pouco, antes dela viajar para o seu país de origem, o México.

Sentamos nas cadeira fora, mas quando surgiu lugar livre entramos, pois estava muito frio. Na Starbucks da Prager Straße tem wifi grátis e umas poltronas super confortáveis localizadas ao redor do paredão de vidro, e são muito disputadas. Nós sentamos próximas às poltronas, e havia um rapaz em uma dessas poltronas, com um smartphone, fones de ouvido, e uma chicara de Expresso vazia. 

Eu e minha amiga, ficamos por muito tempo conversando sobre a vida, o futuro, sobre os problemas sociais no Brasil e México, em comparação à Alemanha, entre outros assuntos. Nós conversávamos em inglês, pois eu não me arrisco em espanhol, e ela não fala português.

Houve um momento em que estava tentando explicar para minha amiga o que é "favela", quando uma senhora alemã, sentada em uma mesa ao lado virou para mim e perguntou se eu era brasileira, e então em uma rápida conversa nos apresentamos, afinal eu queria saber porque ela aprendeu falar português e ela queria saber porque eu estava em Dresden.

Precisei ir ao banheiro, e quando voltei, aquele rapaz solitário, estava sentado na mesa com minha amiga!!! Ele se apresentou como refugiado sírio!

Starbucks  é o único negócio que está aberto a partir das 7:30h, na Prager Straße, e o rapaz nos contou que estava lá desde as 8 horas da manhã, e já eram 16 h da tarde.

O rapaz sírio, solitário, entediado, sofrido, não tinha nada feliz para contar. Ele contou que mora em um apartamento cedido pelo Governo Alemão, com refugiados de outros países, e que ele evita ficar em casa porque os outros refugiados são violentos e até armados com arma branca.

Uma simples pergunta ao rapaz, como onde está sua família? e recebíamos uma dolorosa resposta.
Eu estava diante daquele rapaz, ouvindo sua história, dando-lhe um pouco de atenção, dizendo palavras de esperança, mas sabia que era infinitamente insignificante o que "eu fiz" à totalidade do drama vivido por aquele jovem.

Eu dei um abraço apertado nele, que não correspondeu, por vergonha, constrangimento, ou talvez por cultura, simplismente.  

Photo by www.bbc.com (BBC Brasil)
Ele tem um sonho, de estudar na Alemanha, fazer Mestrado em Agricultura, ele vai conseguir!

Aqui, eu não conto o que ouvi, por respeito àquele rapaz, mas conto à você que, os refugiados que chegam vivos na Europa, ainda "continuam atravessando mares" para sobreviver, o mar do preconceito, o mar da ignorância, o mar da indiferença, o mar da solidão, o mar do luto (de perder parentes mortos pela guerra ou pela possibilidade de nunca mais voltar vê-los novamente).

Voltei para casa completamente triste, com a recordação daquele rapaz e de sua história.

terça-feira, 6 de outubro de 2015

Os caçadores de "caloteiros"

Você pode encontrar, em diferentes blos ou sites de brasileiros que moram na Europa, em especial, na Alemanha, falando sobre o controle do pagamento das passagens de ônibus, trens e Straßenbahn. Na postagem Blogs e sites de brasileiros na Alemanha, eu listo alguns sites incríveis, com informações super importante para um "marinheiro de primeira viagem". 

Entrar em um transporte público e não ter ninguém te para cobrar, a primeira vez que eu vi isto foi na Itália, o primeiro país que visitei da Europa, em Roma, quando viajei com meus amigos da UFPR. Nós comprávamos as passagens de ônibus em uma lojinha, entravamos no ônibus e validávamos em uma máquina que marcava o dia e a hora que a passagem estava sendo utilizada. 

No ônibus, nada de cobrador ou catraca!!! Porém todos tem a obrigação de ter passagens válidas para o trecho realizado, senão estará sujeito às penalidades, quando eventualmente entra um controlador de passagens e pede para que apresente um bilhete válido. 

Photo by www.dvb.de 
Quando chegamos na Alemanha, e compramos as passagens do Straßenbahn tivemos o mesmo espanto. Como assim? para quem eu mostro que comprei a passagem? Era realmente algo muito novo para mim.

Aqui em Dresden, não é diferente, Eu chamo os controladores de caçadores de "caloteiros", pois eles comportam-se assim, com caçadores suaves, mas implacáveis quando pegam  sua "caça", isto é, aquele que dá calote, andando na maior "cara de pau" sem um bilhete válido.

Todos os dias eu pego 4 transportes, para levar e buscar meu filho no Kindergarten, e durante estes meses posso contar nos dedos quantas vezes eu vi, os controladores.

Houve um dia em especial, quando eu estava em um Straßenbahn, eu sentei na última cadeira do trem, e logo ele, o controlador, se levantou e me cobrou o bilhete, como eu tenho um bilhete semestral, ando com segurança, e mostrei meu bilhete. 

Eu pude ver uma delicada expressão de decepção, mas entrou outros, e o cara, como um caçador, foi em cima do grupo de chineses, que demoraram, mas mostraram um bilhete válido. Mais uma decepção para o controlador, mas ele paracia não desistir. Ele tinha uma colega de trabalho, que ficava sempre sentada. 

E para felicidade do controlador, entraram mais pessoas, e finalmente ele encontrou um estudante, estrangeiro, que não falava alemão, e o cara se ferrou. A multa é de 50€ (ou mais, não sei ao certo).

Eu já vi algumas cenas de caloteiros pegos no flagrante, tem uns que até choram, outros esquecem como falar alemão (risos) e outros até tentam fugir, mas os "caçadores" são o bicho!!! 

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

O Muro de Berlim e eu

Eu estava com 15 anos de idade, no dia 9 de novembro de 1989, quando assisti o longo noticiário sobre a "queda" do Muro de Berlim.
Eu já estava cursando o primeiro ano do segundo grau e já havia estudado sobre a barreira física (o muro) que separava ao meio a cidade de Berlim, e tudo o que simbolizava a divisão da Alemanha em Oriental (socialista) e Ocidental (captalista). Sabia que durante a guerra fria, inúmeras famílias alemãs ficaram sem ter acesso aos parentes e amigos que tinha do outro lado da absurda "fronteira" (chamada de "cortina de ferro").

Eu lembro deste dia e das impressões e sentimentos que tive. Eu fiquei primeiramente impactada com a notícia porque eu, mesmo tão jovem, não conseguia acreditar que um dia isso poderia acontecer, mas aconteceu e eu estava vendo!!! Eu vi, naquele momento, que nada é impossível, e que talvez, eu também, um dia pularia de felicidade, assim como aquelas pessoas, por algum motivo especial. 

Eu já falei que sou de uma família muito pobre, passamos por necessidades, trabalhei para ajudar no sustento da casa, vendendo frutas, sofria humilhações por morar no "fundo do quintal" de favor, humilhações na escola e igreja, por não ter sapatos e roupas melhores, mesmo estudando em colégio público, onde a classe econômica daqueles que me humilhavam não era tão melhor que da minha família, eles só tinham um pouco mais (como diz minha tia "... quem persegue o pobre é o próprio pobre"). 

Eu, aos 15 anos eu não tinha fé no futuro, nem meu, nem dos outros, mesmo eu ouvindo minha mãe falar diariamente 
"... de hora em hora, Deus melhora. A fé é que me mantêm em pé."
A Reunificação da Alemanha (celebrada em 3 de outubro de 1990), me marcou, ao ver uma nação se unir novamente, após anos de divisão e sofrimento, privações e necessidades economicas do lado oriental, parecia-me um sinal de que algo muito bom também poderia acontecer na minha vida.

Hoje, aos 41 anos, morando na Alemanha (oriental, se ainda houvesse muro), venci as dores da pobreza e aprendi a acreditar no futuro mais feliz. Viva a Alemanha para sempre!!!



O lado oriental não havia qualquer rabisco ou
colorido, era o cinza sólido assim como o
socialismo.

Fragmento do muro de Berlim, do lado
capitalista, colorido de protestos.


domingo, 4 de outubro de 2015

A Denise Chocobom

Eu estava entrando em uma loja, com meu esposo e meu filho, quando resmunguei, sem falar baixo, que meu "suvaco" estava coçando, com a equivocada garantia de que ninguém iria entender, ledo engano

Photo by www.denisechocobom.de
Havia pessoas entrando e saindo da mesma loja, mas tinha uma moça parada na porta da loja, era a Denise Chocobom, e ela caiu em uma doce gargalhada ao me ouvir, e eu me aproximei dela e gargalhei junto. Então olhei melhor para ela e percebi que ela só poderia ser uma brasileira, carioquíssima, morena, magra, perfeita, calçando sandálias "anabela" e com anéis extravagantes em cada dedo. 

Depois do riso soltou, começamos a conversar, nos conhecer, trocar contatos, deixei completamente meu esposo e filho, para papear com aquela figura tão iluste e famosa, na cidade de Dresden. 

Ontem, eu à encontrei novamente, na sua Tenda de Coquiteis no Familienfest am Goldener Reiter, festa do feriado de 03 de outubro. Era possível ver a bandeira brasileira de longe, da sua tenda. O cocar de índio, feitos com pedras e penas azuis, era o toque de fundamental da idealização do Brasil naquela festa.

Entretanto, nossa princesa carioca estava contrariada, com tanta música alemã!!! Ocasionalmente, quando tem festa em espaços públicos, sempre tem a apresentação de músicos brasileiros, mas ontem não rolou. Fazer coquiteis ao som de uma tortura saxônica, ninguém merece, não é?

Denise estava muito ocupada com os coquitéis, que graças a Deus, vendia mais que água, e não pudemos conversar mesmo, tão pouco fazer uma fotografia para colocar neste texto.

O site de Denise é todo em alemão, mas com informações sobre as diferentes festas culturais brasileiras, com uma pequena resenha e algumas fotografias, incluíndo o Boi Bumbá, o que me deixou muito agradecida e feliz. 

Ela é o máximo!!! Eu sou sua fã Denise Chocobom. 

sábado, 3 de outubro de 2015

Como não amar a Alemanha?

Eu costumo pegar livros na Biblioteca Pública perto da nossa casa, vou quase sempre sozinha porque o meu filho não gosta do espaço infantil que tem lá, é pequeno e meio sem graça, se comparado ao espaço da Biblioteca Central. 
No mesmo dia em que "aquele livro me quis", eu recebi um presente das bibliotecárias!!!
Photo by Galiceanu A. 2015
Depois que a menina me deu o recibo-controle dos livros que eu emprestei, ela perguntou quantos anos meu filho tem, pois a biblioteca tinha um presente para ele. Então ela me deu uma sacolinha de pano, com o logotipo "Lesestart".
Continha dentro da sacola um poster super colorido, dois guias de leitura para os pais incentivarem a leitura aos seus filhos e um lindo livro da Editora Arena, que tem livro incríveis para as crianças. Olha no site dessa editora, você vai "surtar", se voce tiver filhos de 0-12 anos.

A bolsa e o conteúdo, trata-se do programa de apoio e promoção à lingua e leitura, voltada para as crianças e adolescentes, um programa financiado pelo Ministério da Educação e Pesquisa da Alemanha (Bundesministerium für Bildung und Forschung).

Então eu pergunto: como não amar a Alemanha?

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

O fantasma da Biblioteca

Ontem eu fui buscar livros para o meu filho e para mim na  Biblioteca Pública de Dresden, e voltei com uma história para contar.

Havia mais duas senhoras, que assim como eu, estavam escolhendo livros para seus "pimpolhos" na sessão de livros infantil. Eu estava buscando livros na estante de Bildbücher (livro imagens, os quais contêm mais imagens que textos) quando "puft", caiu um livro em cima da minha cabeça, assim do nada!!!


Tem somente uma prateleira, mais em uma posição mais alta que eu, acima da minha cabeça, e foi de lá que veio o livro!!! Eu já estava à pelo menos ums 20 minutos em pé ali, escolhendo livros, na prateleira abaixo, onde eu perfeitamente alcançava, perdida entre tantas opções, quando, sem nenhuma explicação lógica, o livro caiu. 

Meu esposo disse que talvez a estante balançou, mas esta hipótese eu descartei, pois ele não conhece lá, as estantes são fixas no chão e nas paredes, afinal o público daquele setor são crianças, que podem eventualmente ter a idéia de se pendurar nas estantes.

O livro ficou até com a marca do meu batom porque, de tão surpreendida, eu acabei esfregando ele um pouco no meu rosto para que ele não caísse no chão, puro instinto. Bem, já que o acaso o colocou na minha cabeça, digo, nas minhas mãos, fui folheá-lo. 

O livro é da editora Boje-verlag, em uma edição de 2008, com páginas amareladas e com aquele cheiro de livro velho. O livro chama se "Der Zauberer Korinthe", isto é, o mágo Korinthe, e tinha por todas as páginas as pegadas deste mágo que caiu dentro de um tinteiro. Era muito menos colorido do que eu espero de um livro para chamar atenção do meu filho, mas continuei folheando-o, para dar mais uma chance e entender o porquê dele. 

Ao lê-lo, percebi as rimas, jogo de palarvras, era uma poesia, era um livro imagem também, e na última página havia uma partitura, que ao final entendi que na verdade as rimas do livro, tratava-se de letra de uma música ou uma poesia que virou letra de música, não sabia ao certo, naquele momento.

Se era uma música, certamente teria no Youtube! E tem, encontrei muitos vídeos recitando a poesia e somente três cantando (quer tentar, veja aqui).

O autor do livro, James Krüss, ao lado do Josef Guggenmos, foram dois grandes autores de poesia infantil alemã de meados do século XX até hoje, segundo Rechou et al. 2009(*)

Eu não gostei muito do livro, ele não era tão mais interessante que os outros, mas eu o trouxe para casa e tentar fazer meu filho se interessar, a final o livro me quis e não o contrário. Eu não acredito em espíritos, tão pouco em fantasmas, mas para brincar, coloquei esse título. Porém eu acredito em mágos (risos), agora no Mago Korinthe.

(*) RECHOU, Blanca-Ana R., LÓPEZ, Isabel, RODRÍGUEZ, Marta N., 2009. A Poesía Infantil do Século XXI (2000-2008), Vigo: Edicións Xerais de Galicia. 

domingo, 27 de setembro de 2015

O meu outono

No outono de 2005, quando eu estava estudando aqui na Alemanha, eu vi a decoração de outono por todos os lados: nos janelões transparentes de vidros, nos degrais da porta de entrada das casas, nas lojas e até nas igrejas (as católicas). Eram abóboras de vários tamanhos, verdes, laranjadas, amarelas, combinando com velas e muitas folhas, galhos de árvores, sementes e nozes, simplismente lindo!!!

A mudança do tempo de verão para outono, aqui em Dresden, foi muito sutil, suave e até delicado. Chuveu muito pouco, ainda está fazendo dias ensolarados que combatem o frio outonal, e o vento provoca ainda mais a queda das folhas. É poético ver a mudança na paisagem. Eu saio diariamente para levar meu filho no Kindergarten, e em nosso caminho tem muita arborização urbana, e por consequencia, temos a ideia real e diária da mudança do verde das folhas para os diferentes tom outonais.


Eu comprei na livraria Thalia da Prager Straße, um livro sobre o outono super lindo, com fotografias deslumbrantes, ideias de decoração e algumas receitas. O melhor de tudo é que estava na promoção (fotografei com preço e tudo).


O livro é da editora Busse Seewald, que tem inúmeros livros sobre "lifestyle", decoração e ambiente, que eu desejo ter, mas ... Fotografei a página que mais gostei deste livro, uma decorção insquecível, com o roxo das ameixas, inpirador!

O outono chegou trazendo consigo o frio, o vento e a chuva. Lembra o que eu falei aqui, na postagem O outono está chegando? quando falei do "desfile em céu aberto"? então, as alemães, imigrantes e turistas não estão me decepcionando. A moda outonal desfilada em Dresden é elegante e romântica (é claro que tem algumas discrepancias, mas estas, assim como na Estatísticas, eu obtenho desvio quadrático médio da média, haha).

Foto da moda das meninas eu não posso fazer, mas da minha decoração de outono sim.
Você pode conferir no painel que criei no Pinterest My autumm / Meu outono 2015 

Café com recordações!

O blog aqui não é de culinária, mas ando empolgada com o assunto e vou escrever mais essa experiência.

Os asiáticos, ah! os benditos supermercados asiáticos. Como disse uma moça carioca que participa no grupo Cozinhando na Alemanha do Facebook, nestes supermercados tem uma infinidade de produtos, que não damos conta de perceber que tem produtos que habitualmente comemos no Brasil, como por exemplo, milho branco, quiabo, dendê, coloral, coentro, leite de côco, banana pacovã e tantos outros.

Desta vez encontrei, ou melhor dizendo, "garimpei" macaxeiras congeladas, branquinhas, sem nenhum pontinho preto. Eu as cozinhei para fazer um "escondidinho de carne", mas quando senti o cheiro delas cozidas, fui "jogada para o passado, para a infância", quando comia macaxeira cozida com café com leite. 

E cozidas as macaxeira pareciam pefeitas, sem pontinhos pretos e macias. Lembra que quando compramos macaxeiras ou elas vem metade podre ou duras, que mesmo cozidas são indigestas?

O "escondidinho" não roulou mais, o que roulou foi um "flashback" potente, hahaha!!!


sábado, 26 de setembro de 2015

Feijoada gostosa - Feijoada Lecker!

Na semana passada, eu encontrei no Facebook um grupo Cozinhando na Alemanha, onde os participantes postam fotos de suas peripércias na cozinha, além de trocar idéias sobre produtos encontrados nos supermercados alemães que servem para completar receitas brasileiras.  

Eu já entrei perguntando sobre Maizena, e as "meninas" foram muito gentis, respondendo, inclusive com fotografias do produto alemão. Eu adorei! Sabe quando você finalmente "encontra pessoas que falam a mesma língua que a sua"? quando você "encontra a sua praia"?

Eu adoro cozinha e adoro falar sobre o assunto, trocar idéias, mas a maioria das minhas amigas trabalham fora de casa, e não tem tempo e nem talento para tal atividade. Então, elegi o meu marido para me ouvir, além de ser o cobaia dos meus revolucionários pratos. 

Fiz ontem uma feijoadinha modesta, para me despedir de amigas que vão se mudar para outra cidade.
O feijão preto eu comprei no mercado asiátioco, e as carnes defumadas de porco comprei no supermercado alemão. Eu ainda não consegui comprar farinha ou farofa pronta, e também não encontrei uma folha para substituir o nosso couve verdinho. 
Photo by Galiceanu A. 2015

Photo by Galiceanu A. 2015
Fiz um Brownie de caixa, pois eu não tenho talento nenhum para doces. Eu consegui esquecer de colocar 100 ml de óleo de girassol, mesmo eu tendo em casa, o resultado foi que ficou ressecado, cascudo, quase um biscoito (risos). Fiz um bolo de côco e chocolate de emergência. Eu estava tão empolgada em fazer a comida e fotografar para finalmente ver fotos minhas no grupo do Facebook.

Aquele que cozinha sempre espera ouvir se ficou bom, e lógico, por educação, aquele que come sempre diz que ficou ótimo, e aquele que cozinha sempre fica na dúvida se o eleogio foi realmente sincero ou amigável.
Eu tive o prazer de saber que ficou bom mesmo, ao ver minha amiga da República das Filipinas colocar um pouquinho mais no prato, arroz e feijoada, mesmo depois de ter comido os bolos da sobremesa. Eu tive certeza que ficou bom!!!

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

A floresta de Tharandt - delicadezas


O Departamento de Ciências Florestais, da Faculdade de Ciências do Ambiente, da Technische Universität, está localizado em Tharandt, um vilarejo próximo de Dresden. Depois de tantos meses, na Alemanha, finalmente fomos visitar o Jardim Botânico.

Photo by Galiceanu A. 2015
Tem mais fotos aqui
Chegamos na estação de trem de Tharandt, e logo vimos a floresta quase "engolindo" o vilarejo. No caminho para o jardim botânico encontramos a casa que hospedou por trinta e quatro dias (de 17de abril a 21 de maio de 178), um dos maiores dramaturgo alemão, o Johann Christoph Friedrich von Schiller, ou simplismente Schiller. Foram poucos dias, mas a placa indica relevante orgulho de tão ilustre hóspede, afinal ele é um dos quatros brilhates escritores do Classismo de Weimar (Schiller, Goethe, Wieland e Herder). Foi uma viagem no tempo à história da poesia e literatura alemã.

Eu logo senti que aquele dia seria inesquecíve!!!

O Jardim Bôtanico (Forstbotanischer Garten Tharandt) é um lugar mágico, é possível sentir-se em um conto de fadas. As histórias dos Irmão Grimm me vieram à mente, ao encontrar uma pequena e linda casa, uma construção no belo estilo das montanhas da saxônia, logo que entramos no jardim. Era o pequeno, mas espetacular "Forstbotanischer Museu", com  algumas mesas na entrada, para o serviço de um modesto Café. No mesmo lugar, funciona também o Forstgarten-shop, cheio de delicadezas à venda, tais como com cartões, velas, guardanapos,  livros e artigos de decorção, tudo sob o tema de florestal ou botânico. O pequeno Museu estava decorado com pinhas, penduradas por fios de nylon, era tudo muito encantador. 

(continua aqui ...)

A floresta de Tharandt - emoções

(A Floresta de Tharandt - delicadezas )

Havia no Museu, uma exposição de amostras de raizes, sementes e fustes com configurações singular, além de uma exposição de dendrocronologia, isto é, o estudo da idade das árvores. Eu tive um choque emocional ao ver os discos de troncos para visualização dos aneis de crescimento de diferentes espécies de árvores e ainda amostras radiais do lenho retiradas por Trado de Incremento Haglöf, pois tudo isso fazia parte do meu tema de pesquisa de doutorado. Na fotografia, é possível ver meu olhar de encanto e certa tristeza.

Photo by Galiceanu A. 2015
Tem mais fotos aqui
Quem não carrega dentro de si a tristeza do que não se realizou? Eu não digo frustração porque  a frutração é "produto" de expectativas não concretizadas, e eu nunca tive expectativas, mas esperanças.

O que eu posso aprender como lição, desta situação que a vida impôs para mim? Quais os motivos pelos quais eu não mereci ou não fui capaz de cumprir tal tarefa? O "nó na garganta" não se desfez. Ainda quero uma resposta.


Era domingo, estavamos em família, depois de uma reanimadora chícara de der Caffè Latte, fomos floresta à dentro.

Era tempo de relembrar um passado de estudos e trabalhos florestais, um tempo que eu desejava ter uma família. Eu estava do outro lado do passado, era o tempo presente, ao lado do meu esposo e nosso amado meu filho. A dualidade de emoções causava-me uma certa agitação.



Photo by Galiceanu A. 2015
Photo by Galiceanu A. 2015












Eu coletei algumas sementes, pinhas e galhos, para tentar fazer algo parecido com a decoração do Museu, em nosso apartamento. Na próxima postagem vou mostrar como ficou a nossa decoração de outono.
Até logo,
Ana

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Blogs e sites de brasileiros na Alemanha

O meu blog predileto que fala sobre a Alemanha, entre outros assuntos, é o blog Entre mãe e filha, da minha amiga Nina Sena, que mora no Sul da Alemanha, na mesma cidade em que eu morei.

O outro blog que eu gosto muito é o Cinquenta mil aventuras, inclusive, já falei aqui os motivos pelos quais eu o sigo. O blog Ana na Alemanha, que me chamou a atenção inicialmente pelo nome e depois me conquistou com as narrativas e as fotografias, da Alemanha e de outros países que a autora visitou com sua filha linda.
Se você está buscando super dicas de como migrar para a Alemanha, você entrou no blog errado, eu sei pouco sobre assunto, apenas posso indicar o site do Ministério do Interior da Alemanha, o Bundeministerium des Innern - BMI,  e indicar os blogs que falam sobre o assunto e te desejar sorte para que realize seu sonho!

Photo by Galiceanu A. 2004
Eu escrevo aqui é somente emoções, impressões, deste momento de minha vida. Eventualmente posso descrever alguma situação que contenha informações de como se vive aqui na Alemanha, mas será sempre dentro de algo que eu vivenciei, entende? Eu quero somente contar histórias, as minhas.

Eu encontrei alguns blogs, escrito por brasileiros, falando sobre o cotidiano na Alemanha, dando dicas importantes para aqueles que desejam migrar, estudar ou simplimente fazer turismo. Eu listei alguns, somente aqueles que eu realmente li os artigos. Eu já "frequento" a Alemanha desde 2002 e posso garantir que essa turma de blogueiros são espetaculares, tem artigos incríveis, que só de ler você já se sente na Alemanha.

Na minha lista, estão o  Alemanizando que tem também tem um canal de mesmo no Youtube; Mineirinhanalemanha tem postagens desde janeiro de 2004; De volta a nave mãe, blog desde 2008; Joaninha bacana, tem inúmeras postagens sobre a Alemanha e outros países como Holanda, Bélgica e França e muito mais; Quero aprender alemão, o nome diz tudo; Alemanha para brasileiros, super legal com dicas de viagens, vídeos divertidos com explicações; Alemanha por que não tem roteiros prontos e personalizados à venda no próprio site; Na Alemanha tem, Brasanha, Entre duas culturas, Batatolandia, Mão de vaca na Alemanha, Berlin Schau, Deutsch Toll (Eu, Alemanha e kem sabe vc...), Alemanha muito além do muro, Brunalemanha e tem muito mais, basta pesquisar.

Conheci na semana passada, no grupo "Crianças brasileiras bilingues em Dresden", a criadora do Anedotas da Batatolandia, a paraense Tamine Marklouf, jornalista, que escreve também Cartas de Berlim, publicadas no Jornal O Globo.

No Youtube tem também inúmeros canais de pessoas que falam sobre a Alemanha, dando dicas de turismo e até de migração. Eu gostei muito muito mesmo do Viaje com a Cris e Alemanizando, assisti vários vídeos de cada um, os autores são jovens, divertidos ao passar suas mensagens, mas sem perda de qualidade de informações. Achei hoje mesmo o canal da Carla Schulz, que postou um vídeo super sincero e até difícil de ouvir, para aqueles que tem o sonho de vir morar na Europa definitivamente, mas ela só falou a mais cristalina verdade. Tem também o canal da Manuela Fontes, o Aqui na Alemanha, que abriu neste mês de setembro de 2015, portanto, novinho.

No Facebook tem os grupos fechados, que promovem fóruns, discussões, dão dicas, respondem as mais diversas perguntas dos participantes, desde questões legais de migração até tipo mais adequado de shampoo para cabelos liso como "flechas de índios", pergunta esta que fiz no Brasichland - Mulheres brasileiras na Alemanha, e recebi inúmeras explicações e dicas para salvar os meus cabelos, e todo de uma forma legal, simpática e até amigável. Achei o Cozinhando na Alemanha, e adorei, pois as participantes fazem seus pratos fotografam e postam na linha do tempo do grupo, muito em breve vou postar alguma "obra", eu me identifiquei completamente com a "filosofia" do grupo. Claro, estou no Brasileiros em Dresden. Eu postei no Rede brasileira em Colônia. o artigo "Tapioca na Alemanha para contar" que eu escrevi aqui, neste blog e eles me deram a "maior moral", leram no mesmo dia e contou mais de 100 visualizações.  O Second hand Brasil/Alemanha, é o máximo, vocês não podem imaginar o serviço que este grupo oferece aos participantes, tanto para fazer compras quanto para vender, super legal mesmo.

Enfim, tem muita informação de qualidade sendo disponibilizada por brasileiros que moram ou moraram na Alemanha, com diferentes enfoques, pontos de vistas diversos, mas todos com a mesma realidade: a migração é um sonho, para muitos, possível de realizar, mas com obstáculos e dificuldades, que dependerá de cada um, superá-los ou não.

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Estudar na Alemanha - conclusão


Depois que terminei o Mestrado, retornei para Manaus, pois havia uma vaga para professor substituto na Faculdade de Engenharia Florestal da Universidade Federal do Amazonas, nas disciplinas de Inventário Florestal e Dendrometria. Trabalhei por um ano e meio na UFAM. 

Photo by Galiceanu A. 2004
Fiz a inscrição para o International Summer School 2004 da Albert-Ludwigs-Universität Freiburg e fui selecionada. Conheci pessoas da Indonésia, Índia, Sri Lanka, Tailandia, Malásia, Romênia, Chile e muito mais, tenho contato com alguns deles até hoje. Eu já estava há um ano com Síndrome do Pânico, fazendo acupuntura, tomando "Florais de Bach" e serotonina e GABA (Gama Amino Butiryc Acid), todos com efeito paliativos, ou mesmo placebo, mas que me davam a mínima sensação de "cura" e autonomia. 

Era a minha segunda visita à Alemanha, para um segundo curso, onde tive oportunidades de consolidar contatos com professores da Pós-graduação, e encontrar um orientador interessado na minha pesquisa: dendrocronologia tropical.

No ano seguinte voltei para Alemanha, com minha irmã, que também é Engenheira Florestal. Logo nos primeiros dias, quando fomos para o MENSA, o restaurante universitário, fomos apresentadas para um espanhol e um italiano. Dias depois o italiano apresentou seu amigo romeno, os dois eram estudantes de doutorado em Física.
Minha irmã casou como o italiano e eu como o romeno, simples assim!!!
 
Voltamos para o Brasil, eu e minha irmã, pois eu não estava dando conta da Síndrome do Pânico. Parecia o fim de um sonho, tão desejado, planejado, à custa de muita luta e dificuldades.

O fato é que eu não conclui o doutorado, mas o sonho de doutorado transformou-se em um casamento e um lindo filho, nossa benção maior, concedida por Deus. Brincando, eu sempre digo que o diploma do meu doutorado é nosso filho.

Hoje, e somente hoje, eu vejo que eu não precisava de um doutorado, mas uma família, uma oportunidade de ser mãe, para viver e escrever nossa linda história.

Obrigada por ler!

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Café com leitor - (o meu é descafeinado, por favor!)

Quando pensei em escrever este blog, eu pensei diretamente na minha família amazonense e nos meus amigos, no sentido de dar notícias, de uma forma mais coletiva, com fotos, vídeos, fatos, assim eu não ficaria devendo mails ou telefonemas para o Brasil e seria cordial com todos, como sempre eu gosto de ser.

Entretanto, eu tive que mudar completamente a percepção das informações que eu descrevo, o tema ainda é o mesmo, mas o foco mudou. Eu fiz a mudança em respeito e admiração aos "meus leitores" (se é que posso chamá-los assim, posso?). 

O Blogger tem uma ferramenta superlegal, a estatística de visualizações, e pude perceber que, 92% das visualizações diárias deste blog, estavam e estão concentradas na Europa, 5% em outros continentes (tem visualizações até de Cingapura, obrigada!!!) e apenas 3% no Brasil (números que variam semanalmente, mas a proporção se mantêm).

Logo, vi que eu não precisava mais explicar como as coisas funcionam aqui na Europa, afinal o meu "público" sabe disto. Comecei a contar efetivamente histórias, minhas histórias, a Alemanha do meu ponto de vista.

Hoje, eu tomei café com uma leitora do blog, uma pessoa maravilhosa, a Helena, de São Luiz-Maranhão. Eu recebi muitos elogios e dicas, claro, eu adorei!!!

Eu nunca tinha entrado em nenhuma Starbucks, até uma prima me visitar em Dresden e dizer que adora esse "Café". A fotografia é de fevereiro, quando entrei pela primeira vez, e descobri que lá tem café descafeinado para o Latte Macchiato e Cappuccino, e a melhor de todas as notícias: EXPRESSO descafeinado. Eu quase chorei de gratidão à Starbucks. Faziam uns 8 anos que eu não tomava um Expresso por não encontrar em lugar nenhum a versão descafeinada. 

A cafeína me faz muito mal, e por isto tenho muito cuidado com o consumo de café fora de casa. Houve alguns restaurantes (no Brasil e na Alemanha) que afirmaram ser descafeinado o café servido, mas imediatamente eu passei mal. 

Obrigada Helena, obrigada meus amigos concretos e virtuais, família.

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Estudar na Alemanha - um sonho que se transformou -Parte II




Eu estudei Alemão I, na Faculdade de Letras, como disciplina optativa para completar minha carga horária e número de créditos. Depois que fiz todos os créditos permitidos no idioma alemão, fui estudar aos sabados no Projeto CEL - Centro de Estudos de Linguas, um programa de idiomas da UFAM, que havia iniciado naquele ano, para oferecer curso de idiomas com baixo custo, para ser acessível para todos, principalmente as comunidades ao redor do Campus.

Era barato mesmo, mas para mim, ainda saía caro. Eram quatro horas de aulas por sabado, terminava sempre depois do meio dia, os professores eram aplicados, mesmo sendo um curso praticamente filantrópico. Eu levava sempre na bolsa um pão com manteirga e só. A lanchonete oferecia para os clientes o cafezinho de graça, e eu pegava uns três copinhos para completar meu lanche. A "grana" era curta, ainda tinha que comprar as passagens de ônibus, e aos sabados não o restaurante universitário não funcionava. Eu sentia fome, sabe, babava vendo aquela moçada comendo sanduiches e tomando refrigerantes.

Um dia eu estava chegando para assistir uma aula, no Bloco U, nas antigas instalações da Faculdade de Ciências Agrárias, da UFAM - Universidade Federal do Amazonas, quando vi um folder no mural, escrito em inglês, com uma fotografia de uma igreja em estilo gótico, a Münster de Freiburg. Eu acreditei que era um sinal. O folder era uma chamada, com formulário, para a candidatura ao mestrado "International M.Sc. in Forest Ecology and Management" da Universität Freiburg.

Levei para casa uma cópia do formulário para ler os detalhes. Eu logo vi, pelos requisitos, que eu não chegaria lá, pois havia a exigência do TOEFL, e naquele tempo o que eu sabia de inglês era tudo do curso de Inglês Instrumental, que eu havia feito no semestre anterior.

Eu guardei o formulário como recordação, tenho até hoje, no meu apartamento em Manaus.

Eu me formei na Faculdade de Engenharia Florestal em 2000, no ano seguinte fui para Curitiba, para o Mestrado em Engenharia Florestal da UFPR. A minha linha de pesquisa foi o Manejo Florestal, justamente a área de pesquisa e colaboração da UFPR com a Universität Freiburg, parecia outro sinal.

Houve uma seleção de estudantes para ir para um curso de manejo florestal na Alemanha, em Freiburg, e eu lógico me cadidatei, mesmo sem muitas esperanças. Havia uma entrevista para os candidatos e seria em alemão ou inglês, assim corria os boatos, e eu, "deficiente" de um e de outro, senti medo, mas era o mais próximo que eu havia chegado da Alemanha, quis tentar, afinal eu só correria o risco de receber um não, ou um simmmmm, com uma carimbada para Europa. 


Rolou gente!!! rolou demais. Como eu fui uma das últimas candidatas, a professoras responsável pelas entrevistas não me entrevistou, disse que não tinha tempo, apenas, em uma conversa informal me perguntou se eu tinha roupas e sapatos para neve, pois teriam aulas de campo na Floresta Negra. 

Eu tinha uma jaqueta super mega power de U.S.A., que eu comprei em uma loja de segunda mão em Manaus, quando eu ainda estava no primeiro ano de faculdade, pois eu já tinha sonhos. Os sapatos eu não tinha, mas os comprei em uma loja tipo Made in China, todo de material sintético e aparentemente frágil, mas que aguentou toda a neve que eu enfrentei, sem molhar os meus dedinhos.

Ainda não consigo aqui, concluir essa parte da minha história, portanto, continua ...