Mostrando postagens com marcador idioma alemão. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador idioma alemão. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

O fantasma da Biblioteca

Ontem eu fui buscar livros para o meu filho e para mim na  Biblioteca Pública de Dresden, e voltei com uma história para contar.

Havia mais duas senhoras, que assim como eu, estavam escolhendo livros para seus "pimpolhos" na sessão de livros infantil. Eu estava buscando livros na estante de Bildbücher (livro imagens, os quais contêm mais imagens que textos) quando "puft", caiu um livro em cima da minha cabeça, assim do nada!!!


Tem somente uma prateleira, mais em uma posição mais alta que eu, acima da minha cabeça, e foi de lá que veio o livro!!! Eu já estava à pelo menos ums 20 minutos em pé ali, escolhendo livros, na prateleira abaixo, onde eu perfeitamente alcançava, perdida entre tantas opções, quando, sem nenhuma explicação lógica, o livro caiu. 

Meu esposo disse que talvez a estante balançou, mas esta hipótese eu descartei, pois ele não conhece lá, as estantes são fixas no chão e nas paredes, afinal o público daquele setor são crianças, que podem eventualmente ter a idéia de se pendurar nas estantes.

O livro ficou até com a marca do meu batom porque, de tão surpreendida, eu acabei esfregando ele um pouco no meu rosto para que ele não caísse no chão, puro instinto. Bem, já que o acaso o colocou na minha cabeça, digo, nas minhas mãos, fui folheá-lo. 

O livro é da editora Boje-verlag, em uma edição de 2008, com páginas amareladas e com aquele cheiro de livro velho. O livro chama se "Der Zauberer Korinthe", isto é, o mágo Korinthe, e tinha por todas as páginas as pegadas deste mágo que caiu dentro de um tinteiro. Era muito menos colorido do que eu espero de um livro para chamar atenção do meu filho, mas continuei folheando-o, para dar mais uma chance e entender o porquê dele. 

Ao lê-lo, percebi as rimas, jogo de palarvras, era uma poesia, era um livro imagem também, e na última página havia uma partitura, que ao final entendi que na verdade as rimas do livro, tratava-se de letra de uma música ou uma poesia que virou letra de música, não sabia ao certo, naquele momento.

Se era uma música, certamente teria no Youtube! E tem, encontrei muitos vídeos recitando a poesia e somente três cantando (quer tentar, veja aqui).

O autor do livro, James Krüss, ao lado do Josef Guggenmos, foram dois grandes autores de poesia infantil alemã de meados do século XX até hoje, segundo Rechou et al. 2009(*)

Eu não gostei muito do livro, ele não era tão mais interessante que os outros, mas eu o trouxe para casa e tentar fazer meu filho se interessar, a final o livro me quis e não o contrário. Eu não acredito em espíritos, tão pouco em fantasmas, mas para brincar, coloquei esse título. Porém eu acredito em mágos (risos), agora no Mago Korinthe.

(*) RECHOU, Blanca-Ana R., LÓPEZ, Isabel, RODRÍGUEZ, Marta N., 2009. A Poesía Infantil do Século XXI (2000-2008), Vigo: Edicións Xerais de Galicia. 

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Blogs e sites de brasileiros na Alemanha

O meu blog predileto que fala sobre a Alemanha, entre outros assuntos, é o blog Entre mãe e filha, da minha amiga Nina Sena, que mora no Sul da Alemanha, na mesma cidade em que eu morei.

O outro blog que eu gosto muito é o Cinquenta mil aventuras, inclusive, já falei aqui os motivos pelos quais eu o sigo. O blog Ana na Alemanha, que me chamou a atenção inicialmente pelo nome e depois me conquistou com as narrativas e as fotografias, da Alemanha e de outros países que a autora visitou com sua filha linda.
Se você está buscando super dicas de como migrar para a Alemanha, você entrou no blog errado, eu sei pouco sobre assunto, apenas posso indicar o site do Ministério do Interior da Alemanha, o Bundeministerium des Innern - BMI,  e indicar os blogs que falam sobre o assunto e te desejar sorte para que realize seu sonho!

Photo by Galiceanu A. 2004
Eu escrevo aqui é somente emoções, impressões, deste momento de minha vida. Eventualmente posso descrever alguma situação que contenha informações de como se vive aqui na Alemanha, mas será sempre dentro de algo que eu vivenciei, entende? Eu quero somente contar histórias, as minhas.

Eu encontrei alguns blogs, escrito por brasileiros, falando sobre o cotidiano na Alemanha, dando dicas importantes para aqueles que desejam migrar, estudar ou simplimente fazer turismo. Eu listei alguns, somente aqueles que eu realmente li os artigos. Eu já "frequento" a Alemanha desde 2002 e posso garantir que essa turma de blogueiros são espetaculares, tem artigos incríveis, que só de ler você já se sente na Alemanha.

Na minha lista, estão o  Alemanizando que tem também tem um canal de mesmo no Youtube; Mineirinhanalemanha tem postagens desde janeiro de 2004; De volta a nave mãe, blog desde 2008; Joaninha bacana, tem inúmeras postagens sobre a Alemanha e outros países como Holanda, Bélgica e França e muito mais; Quero aprender alemão, o nome diz tudo; Alemanha para brasileiros, super legal com dicas de viagens, vídeos divertidos com explicações; Alemanha por que não tem roteiros prontos e personalizados à venda no próprio site; Na Alemanha tem, Brasanha, Entre duas culturas, Batatolandia, Mão de vaca na Alemanha, Berlin Schau, Deutsch Toll (Eu, Alemanha e kem sabe vc...), Alemanha muito além do muro, Brunalemanha e tem muito mais, basta pesquisar.

Conheci na semana passada, no grupo "Crianças brasileiras bilingues em Dresden", a criadora do Anedotas da Batatolandia, a paraense Tamine Marklouf, jornalista, que escreve também Cartas de Berlim, publicadas no Jornal O Globo.

No Youtube tem também inúmeros canais de pessoas que falam sobre a Alemanha, dando dicas de turismo e até de migração. Eu gostei muito muito mesmo do Viaje com a Cris e Alemanizando, assisti vários vídeos de cada um, os autores são jovens, divertidos ao passar suas mensagens, mas sem perda de qualidade de informações. Achei hoje mesmo o canal da Carla Schulz, que postou um vídeo super sincero e até difícil de ouvir, para aqueles que tem o sonho de vir morar na Europa definitivamente, mas ela só falou a mais cristalina verdade. Tem também o canal da Manuela Fontes, o Aqui na Alemanha, que abriu neste mês de setembro de 2015, portanto, novinho.

No Facebook tem os grupos fechados, que promovem fóruns, discussões, dão dicas, respondem as mais diversas perguntas dos participantes, desde questões legais de migração até tipo mais adequado de shampoo para cabelos liso como "flechas de índios", pergunta esta que fiz no Brasichland - Mulheres brasileiras na Alemanha, e recebi inúmeras explicações e dicas para salvar os meus cabelos, e todo de uma forma legal, simpática e até amigável. Achei o Cozinhando na Alemanha, e adorei, pois as participantes fazem seus pratos fotografam e postam na linha do tempo do grupo, muito em breve vou postar alguma "obra", eu me identifiquei completamente com a "filosofia" do grupo. Claro, estou no Brasileiros em Dresden. Eu postei no Rede brasileira em Colônia. o artigo "Tapioca na Alemanha para contar" que eu escrevi aqui, neste blog e eles me deram a "maior moral", leram no mesmo dia e contou mais de 100 visualizações.  O Second hand Brasil/Alemanha, é o máximo, vocês não podem imaginar o serviço que este grupo oferece aos participantes, tanto para fazer compras quanto para vender, super legal mesmo.

Enfim, tem muita informação de qualidade sendo disponibilizada por brasileiros que moram ou moraram na Alemanha, com diferentes enfoques, pontos de vistas diversos, mas todos com a mesma realidade: a migração é um sonho, para muitos, possível de realizar, mas com obstáculos e dificuldades, que dependerá de cada um, superá-los ou não.

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Estudar na Alemanha - um sonho que se transformou -Parte II




Eu estudei Alemão I, na Faculdade de Letras, como disciplina optativa para completar minha carga horária e número de créditos. Depois que fiz todos os créditos permitidos no idioma alemão, fui estudar aos sabados no Projeto CEL - Centro de Estudos de Linguas, um programa de idiomas da UFAM, que havia iniciado naquele ano, para oferecer curso de idiomas com baixo custo, para ser acessível para todos, principalmente as comunidades ao redor do Campus.

Era barato mesmo, mas para mim, ainda saía caro. Eram quatro horas de aulas por sabado, terminava sempre depois do meio dia, os professores eram aplicados, mesmo sendo um curso praticamente filantrópico. Eu levava sempre na bolsa um pão com manteirga e só. A lanchonete oferecia para os clientes o cafezinho de graça, e eu pegava uns três copinhos para completar meu lanche. A "grana" era curta, ainda tinha que comprar as passagens de ônibus, e aos sabados não o restaurante universitário não funcionava. Eu sentia fome, sabe, babava vendo aquela moçada comendo sanduiches e tomando refrigerantes.

Um dia eu estava chegando para assistir uma aula, no Bloco U, nas antigas instalações da Faculdade de Ciências Agrárias, da UFAM - Universidade Federal do Amazonas, quando vi um folder no mural, escrito em inglês, com uma fotografia de uma igreja em estilo gótico, a Münster de Freiburg. Eu acreditei que era um sinal. O folder era uma chamada, com formulário, para a candidatura ao mestrado "International M.Sc. in Forest Ecology and Management" da Universität Freiburg.

Levei para casa uma cópia do formulário para ler os detalhes. Eu logo vi, pelos requisitos, que eu não chegaria lá, pois havia a exigência do TOEFL, e naquele tempo o que eu sabia de inglês era tudo do curso de Inglês Instrumental, que eu havia feito no semestre anterior.

Eu guardei o formulário como recordação, tenho até hoje, no meu apartamento em Manaus.

Eu me formei na Faculdade de Engenharia Florestal em 2000, no ano seguinte fui para Curitiba, para o Mestrado em Engenharia Florestal da UFPR. A minha linha de pesquisa foi o Manejo Florestal, justamente a área de pesquisa e colaboração da UFPR com a Universität Freiburg, parecia outro sinal.

Houve uma seleção de estudantes para ir para um curso de manejo florestal na Alemanha, em Freiburg, e eu lógico me cadidatei, mesmo sem muitas esperanças. Havia uma entrevista para os candidatos e seria em alemão ou inglês, assim corria os boatos, e eu, "deficiente" de um e de outro, senti medo, mas era o mais próximo que eu havia chegado da Alemanha, quis tentar, afinal eu só correria o risco de receber um não, ou um simmmmm, com uma carimbada para Europa. 


Rolou gente!!! rolou demais. Como eu fui uma das últimas candidatas, a professoras responsável pelas entrevistas não me entrevistou, disse que não tinha tempo, apenas, em uma conversa informal me perguntou se eu tinha roupas e sapatos para neve, pois teriam aulas de campo na Floresta Negra. 

Eu tinha uma jaqueta super mega power de U.S.A., que eu comprei em uma loja de segunda mão em Manaus, quando eu ainda estava no primeiro ano de faculdade, pois eu já tinha sonhos. Os sapatos eu não tinha, mas os comprei em uma loja tipo Made in China, todo de material sintético e aparentemente frágil, mas que aguentou toda a neve que eu enfrentei, sem molhar os meus dedinhos.

Ainda não consigo aqui, concluir essa parte da minha história, portanto, continua ...

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Superproteção não é bom?

A professora solicitou que eu conversasse com o meu filho, dizer que ele deve obedeçê-la, escutá-la, pois ele é muito travesso, e não à obedece na primeira ordem. As crianças alemãs da turma dele são bem mais obedientes, eu já vi.
A turminha dele iria fazer duas visitas: uma no centro da cidade e outra em uma importante gráfica. A professora estava preocupada, pois ela temia que ele não à obecesse no sinal de trânsito, ou nas ruas, correndo o risco de se perder, pois Dresden é turística e tem muita gente circulando na cidade.

Quando esta professora estava de férias, meu filho foi com outras turminhas, para outros passeios como atravessar uma ponte à pé, ou atravessar o rio de Elbe Ferries, e nenhum dos outos professores fizeram qualquer objeção ou uma mínima observação.

Photo by Galiceanu A. 2015
Eu perguntei se eu poderia ir junto, e ela permitiu. Assim eu fiz. Fui para duas excursões: um dia para o centro da cidade identificar onde estão os relógios e para explicar às crianças a importância de saber  as horas; outro dia para visitar a gráfica para conhecer como são impressos as revistas, painéis, folders.  

Foi divertido, a criançada inteligente, entendem rápido o que é colocado para eles como lição. Eu, por exemplo, ainda não havia percebido que tem relógio para todo lado, praticamente em todos os pontos de ônibus e trenzinhos. 

Entretanto, meu filho ainda não fala alemão. Ele aprendeu bastante frases do cotidiano no Kindergarten, mas não entende, por exemplo, as explicações do funcionário da gráfica, sobre o processo produtivo, e o pior é que nem eu entendi.

Eu fui tomada por um sentimento de culpa, por expor meu filho à esta situação desconfortável. Além de perceber que algumas crianças, aproveitavam, quando a professora estava longe, para agredir outras crianças menores. Outras crianças chamavam meu filho de "popo" e o empurravam (e nem vou traduzir porque é grosseiro). Eu estava lá, na frente deles e eles não se intimidaram. Cheguei em casa tão triste, e pensei até na possibilidade de tirar meu filho do Kindergarten.

Eu li no site da psicóloga Rosemeire Zago que a superproteção de um filho é caracterizado como um abuso emocional e tem consequências negativas, tais como dependencia e imaturidade emocional, baixa tolerância à frustração, passividade, depressão.
"A superproteção passa a mensagem de que a criança não é capaz de resolver as coisas por si mesma e que dependerá sempre dos pais para dar suporte e auxílio. Sendo assim, como poderá uma criança crescer e chegar a vida adulta, acreditando em si mesma? Nenhum comportamento que gera dependência poderá produzir confiança." Rosemeire Zago
Foi assim que eu tive "forças" para entregar meu filho mais uma vez no Kindergarten hoje.

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Português, por favor!

Meu filho estava assistindo um vídeo de brinquedinhos no Youtube, quando acabou e iniciou automaticamente outro vídeo. Era um vídeo do Pe. Fábio de Melo, do programa Direção Espiritual. E meu filho exclamou: "ele está falando português!!".

Parece-te óbvio? mas não para uma criança que no ônibus ou trem, na escola ou no shopping, na tv ou cinema, por todos os lados, estão falando ao seu redor um idioma que ele não domina completamente.

O caso é que ele assiste vídeos no Youtube em inglês ou alemão, sempre, não é de hoje. No Brasil, como ele já assitia desenhos animados na tv a cabo, em português. Eu colocava vídeos de pessoas que apresentam como funcionam brinquedo do Thomas and FriendsImaginext e Hot Wheels porque ele se interessava, e não tinha versões em português. 

Tinha uns vídeos dos brinquedos que ele queria ver que só tinha em japonês, ele até aprendeu e repetia algumas palavras. Ele sabe falar a palavra avião até em polonês: samolot, porque tinha uma menina polonesa que postava todos os aviões Imaginext que ele gosta.
.
Ele criou um hábito de ter contato e  interesse por aprender outros idiomas, a partir destes vídeos.

O bichinho ficou tão feliz de ouvir português que nem queria deixar eu tirar o vídeo do Pe. Fábio, ele queria assistir a qualquer custo, mas eu tirei, pois ele ia abordar tema sobre perdas, depressão, ai, nada haver, tirei mesmo.

Photo by www.minutocrianca.com
Então coloquei o vídeo O Show da Luna, no episódio Borboleta Luna. Ele está aqui do meu lado rolando de rir, todo feliz. Este era um dos desenhos prediletos dele, antes de vir para Alemanha.

Nós, eu e meu esposo, não estamos dimensionando os impactos de uma mudança tão radical na vida de um fofinho de 5 anos. Todos estão sempre me dizendo que meu filho vai aprender alemão brincando, e que crianças aprendem rápido outros idiomas, porém há sim um desgaste emocional neste processo.

Na rua, quando meu filho identifica alguém falando português, ele "pula de alegria" e vai em cima para dizer um simpático "oi". Entretanto, aqui tem muito brasileiro mais "alemão" que os próprios alemães, isto é, houve vezes que brasileiros quando me vêem de longe (cara de índia não engana ninguém, e nem quero pois eu tenho orgulho de minhas origens) ou começam a falar um deutch precário (muitas das vezes) ou silênciam.

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

A letra eszett para meu filho

Eu estava lavando uma "montanha" de louças originadas da preguicinha de domingo, somada a falta de tempo de segunda-feira, durante o dia, quando meu filho disse que havia perdido o ß (eszett) e o que estava aparecendo era o Mouseketools. Eu havia deixado ele ficar digitando no meu computador.

Eu confesso que fiquei confusa, afinal do que meu filho estava falando?

As louças estavam gritando na minha frente, e as horas se passando, já era quase hora do jantar, eu precisava terminar. Porém, meu filho insistia em dizer que só aparecia o Mouseketools e não o ß. Como ele insistiu, eu tive que largar tudo e ver o que ele estava falando.

Quem tem filho com menos de 10 anos deve conhecer o desenho animado Micky Mouse Clubhouse, esse Mouseketools aparecia nele. Os Mouseketools são instrumentos distribuídos pelo Toodles para o Mickey e os seus amigos. Esse Toodles é um dispositivo mágico, uma extensão do computador do Mickey. Conseguiu entender? 

Meu filho assiste esta série desde 1 ano de idade. Eu ganhei de um colega a cópia do DVD do episódio Mickey Saves Santa que tinha o áudio e legenda somente em inglês e espanhol. Como meu filho já assistia Baby Einstein em inglês eu optei por exibir em inglês também. Ele simplismente adorava, mesmo sendo tão bebezinho. Comprei outros DVD da série e ele (e eu) seguiu assistindo até os 4 anos, quando começou assistir outras séries na TV.
O que aconteceu era que meu filho estava digitando Meißen, conforme ele viu as letras no seu "ônibus de papel". Como ele havia digitado ICE com letras maiúsculas, o teclado do meu laptop , que é em alemão, configura todos os dígitos "caixa alta". Na tecla do ß, fica o ponto de interrogação [ ? ]. Logo, o o Mouseketools para meu filho, na verdade é ponto de interrogação.

Educar um filho com mais de um idioma tem suas vantagens, mas é necessário um cuidado extremo para não confundí-los, ou mesmo confundir-se a si próprio. 

sábado, 15 de agosto de 2015

Perdido na tradução - o meu filme atual

O filme Encontros e desencontros conta a história de um ator americano que foi para Tóquio para um trabalho publicitário e que tem dificuldade de ser compreendido, mesmo quando está na companhia de tradutores. O nome original do filme é Lost in translation. 

"Lost in Translation" (em português fica "Perdido na tradução") é uma expressão americana que demonstra a parte cultural de palavras ou frases que se perde quando é traduzida para outra língua (no inglês e em outros idiomas), mesmo que a tradução seja feita ao "pé da letra", isto é, traduzida integralmente no sentido literário, compreendido sem ajuda de contexto.


Foi meu esposo que citou este filme para mim, depois que eu cheguei da igreja, e falei da minha dúvida se assisti uma celebração católica ou não (eu já contei essa história aqui). E meu esposo cita este filme todas às vezes que conto para ele quando algo dá errado (risos).

Quanto mais eu tenho-me esforçado (pretérito-perfeito-composto do verbo esforçar-se, pensou que eu errei, não é?) em aprender a gramática alemã, eu continuo cometendo muitos erros, e disponho da gentileza dos alemães para ser compreendida.

O verbo frühstücken em alemão, para mim, é a mais intrigante palavra para se traduzir para o português. A sua tradução é literalmente tomar café da manhã. Veja se pode isso? Um verbo exclusivo para o ato de se alimentar pela manhã.

Eu adoro usar este verbo. Eu não resisto e vou conjugá-lo no tempo presente para aqueles que não o conhece: ich frühstücke, du frühstückst, er frühstückt, wir frühstücken, ihr frühstückt, sie/Sie frühstücken. Consegue imaginar os outros tempos verbais?

O nosso idioma português, por exemplo, é rico de sinônimos e flexível para diferentes estruturas gramaticais, permitindo uma vasta possibilidades de dizer  uma idéia através de diferentes frases.  O português sugere à poesia, por sua riqueza literária, o que torna, para mim, mais difícil de traduzir a idéia que quero comunicar, seja na escrita ou na fala.

língua portuguesa, também designada português, é uma língua romântica flexiva, que foi originada da evolução do latim, sendo a 5ª língua mais falada no mundo. A cidade de São Paulo é a cidade com maior número de falantes do português em todo o mundo, e possui o Museu da Língua Portuguesa (https://pt.wikipedia.org/wiki/).

Eu sempre consulto o site Significados.com.br para saber os conceitos e definições de determinadas palavras que uso nos textos que escrevo aqui no blog. Eu consulto também, com cautela, o site Dicionarioinformal.com.br, para encontrar sinônimos adequados para algumas palavras. A palavra espetacular, por exemplo, é espetacular, pois está sugerido inúmeros sinônimos para diferentes contextos.

Eu estou perdida na tradução, mas espero que o "meu" próximo filme seja O Terminal, com Tom Hanks (o título em inglês é "The Terminal"). Lembra da estória?

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Quando foi preciso confiar

Meu filho chorou o ano inteiro para não ir à creche no Brasil. Aqui não está sendo diferente, mesmo ele sendo mais velho, mesmo que na creche ele só brinca o dia inteiro (já falei um pouco sobre isso aqui), mesmo que ele tem total liberdade de escolher o que vai fazer, em que sala vai ficar, nem assim ele desiste de chorar e pedir para não ir para a creche.

Além de todas essas vantagens, as crianças dos Kindergärten fazem visitas aos museus, exposições públicas, pontos turísticos e históricos da cidade. Todos vão de transporte público: Straßenbahn ou ônibus, trens regionais ou Elbfähren (ferry em inglês - tipo as balsa que atravessa os rios do Amazonas, mas bem pequena, proporcional a largura do rio Elbe).

As visitas feitas pelos Kinder, são uma outra forma de educar, ensiná-los como devem se comportar em um transporte público, respeitando o espaço dos outros, ceder lugar nas cadeiras para pessoas idosas ou senhoras grávidas. Aprender que não se deve falar alto dentro dos transportes coletivos e locais fechados, aprender que deve sempre pagar as passagens (como assim? depois eu explico sobre as passagens).

A turma do meu filho já visitou o museu que ele mais ama - Verkehrsmuseum - o museu da história dos transportes, onde logicamente tem aviões e trens, percebe? e o dia que eles foram dar uma voltinha de Standseilbahn? E meu filho andou de Elbfähren!!! Tantas emoções, aprendendo a viver, confiar em si mesmo, ao lado dos colegas e professores, e sem a presença dos pais, sem entender muito bem o que todos estão falando.

E mesmo com todas essas vantagens, é comigo que ele quer ficar, em casa, porque aqui é o pequeno universo dele, com seus brinquedos e livros, seus filmes prediletos, suas músicas, sua mamãe. 

Assisti esse vídeo do Mini Superman e lembrei dos primeiros dias do David no Kindergarten aqui na Alemanha, foi tão igual o que aconteceu com ele, que eu tive que incluí-lo aqui.

Meu filho tem, mas não usou sua fantasia de Superman, pois ainda era inverno e ele também não saberia tirá-la para ir ao banheiro. David e eu pensamos nisto, foi o pai, que tem mais juizo, que não achou ser uma boa ideia.

Ele usava somente o gorro do Superman e sua foto 3 x 4, vestido de Superman esta no vestuário, no banheiro, na sua pasta de documentos do Kindergarten, por todo lado.



Devido o meu filho ser a única criança que não falava alemão, as outras crianças foram orientadas para ajudá-lo (e todos são muito fofos com ele).

Assim como no Brasil, não é permitido trazer brinquedos de casa, porém aqui não pode nenhum dia da semana, como é comum no Brasil. Então nós combinamos com ele que ele poderia levar o brinquedo com ele durante o caminho da escola, e ao chegar, colocar o brinquedo na mochila. Combinamos que o seu aviãozinho estaria lá, sempre que ele precisasse, para sentir como se estivesse em casa.

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Dresden, Lutero, as igrejas e minha ignorância

Eu sou católica, e já havia algumas semanas que não fui para missa, desde que cheguei na Alemanha, então resolvi ir na igreja mais próxima de casa. Havíamos poucas semanas que nos mudamos, e eu não conhecia quase nada da cidade.

Lukaskirche, foi a igreja escolhida, pois eu tinha a programação da Semana Santa. Fui na celebração da sexta-feira. Começou com a apresentação de um concerto de cordas, solene, melancólico, longo. Todos estavam sentados, imóveis, inclusive as poucas crianças que vi, então eu tentei copiá-los.

Houve uma pausa no concerto, e ai eu pensei que o padre iria para o altar, finalmente, mas quem apareceu foi uma senhora vestida elegante e formalmente (assim como todos naquela igreja). Ela fez a leitura da bíblia, pertinente ao dia celebrado, que também é muito longa. Voltou o concerto, agora com piano. A celebração parecia não ter fim, monótona, por um momento pensei que fossem crentes.

Porém, havia algo de errado, eu sentia isto, eu só não conseguia explicar para mim mesma. Eu já estava ali por mais de uma hora, me cansei, e sai.

No caminho para a casa fiquei pensando: " ... o nome da igreja é Lukaskirche, talvez é homenagem para São Lucas; havia uma cruz bem grande no altar principal; havia quadros com imagens de passagens bíblicas; crentes não reverenciam santos, tão pouco imagens, cruzes". Havia algo incomum no rito, algo que eu não sabia explicar, só sentir.

Chegando em casa, fiz algumas perguntas para o meu esposo, que é ortodoxo, no intuito de descobrir o que estava errado na celebração católica, da igreja católica, que eu havia ido.

A Alemanha não é uma novidade para mim, tão pouco o idioma, eu não tenho fluência, mas  vocês acreditam que eu consegui me confundir completamente com as igrejas aqui em Dresden. Digo Dresden, porque em Freiburg, cidade no sul da Alemanha, onde morei alguns anos atrás, era diferente, lá eu sabia exatamente quais eram as igrejas católicas e as poucas igrejas protestantes. 

Photo by Galiceanu A. C. ©  2013
Quando estivemos em 2013, aqui em Dresden, como turista, não andei em busca de missas, mas visitamos algumas igrejas, tiramos fotos e rezamos. Visitamos a Frauenkirche, a principal basílica barroca da cidade. Traduzindo literalmente para o português, frau é senhora, frauen é no plural, senhoras, e kirche é igreja, o que me fez pensar, erradamente, que seria uma igreja para Nossa Senhora a mãe de Jesus. Certo? richtig? não, errado, erradíssimo.

Conhece Martin Luther? O fundador da Reforma Protestante na Europa? Pois é, ele é daqui da Saxônia, de Eisleben, à 198 km de Dresden. Quando ele fez a reforma, ele era um monge agostiniano, e por isto a semelhança estrutural e decorativa das igrejas luteranas com as igrejas católicas.

Ai eu chego aqui no leste da Alemanha e as igrejas evangélicas são iguasizinhas as católicas. Fiquei completamente confusa.
  
Acontece que eu cresci no Brasil, cercada de evangélicos de diferentes denominações, mas com as mesmas convicções: nada de santos ou Maria Santíssima, nada de imagens ou cruz.

Então, constatei a minha total ignorância sobre a religião que sigo, sobre os fatos históricos de altíssima relevãncia que ocorreram, como exemplo a Reforma Protestante, bem como a história geral do mundo.  Ainda bem que tem remédio: ler.

Photo by Galiceanu A. C. ©  2013

Por favor não me perguntem como eu não vi essa estátua imensa do Martin Luther na frente da igreja e que eu mesma fotografei. Eu estava emocionada demais, um dia vou contar o porquê.

A história da Frauenkirche é espetacular: foi completamente destruída na segunda guerra, e depois os seus escombros viraram um memorial durante anos, até 2001. Um inglês, filho do General que jogou a bomba, "resolveu" reproduzir uma replica perto da perfeicão. O resultado é incrível, e a igreja recebe diariamente turistas para ver a reconstrução que durou 11 anos e custou muitos euros.