quarta-feira, 30 de setembro de 2015

O fantasma da Biblioteca

Ontem eu fui buscar livros para o meu filho e para mim na  Biblioteca Pública de Dresden, e voltei com uma história para contar.

Havia mais duas senhoras, que assim como eu, estavam escolhendo livros para seus "pimpolhos" na sessão de livros infantil. Eu estava buscando livros na estante de Bildbücher (livro imagens, os quais contêm mais imagens que textos) quando "puft", caiu um livro em cima da minha cabeça, assim do nada!!!


Tem somente uma prateleira, mais em uma posição mais alta que eu, acima da minha cabeça, e foi de lá que veio o livro!!! Eu já estava à pelo menos ums 20 minutos em pé ali, escolhendo livros, na prateleira abaixo, onde eu perfeitamente alcançava, perdida entre tantas opções, quando, sem nenhuma explicação lógica, o livro caiu. 

Meu esposo disse que talvez a estante balançou, mas esta hipótese eu descartei, pois ele não conhece lá, as estantes são fixas no chão e nas paredes, afinal o público daquele setor são crianças, que podem eventualmente ter a idéia de se pendurar nas estantes.

O livro ficou até com a marca do meu batom porque, de tão surpreendida, eu acabei esfregando ele um pouco no meu rosto para que ele não caísse no chão, puro instinto. Bem, já que o acaso o colocou na minha cabeça, digo, nas minhas mãos, fui folheá-lo. 

O livro é da editora Boje-verlag, em uma edição de 2008, com páginas amareladas e com aquele cheiro de livro velho. O livro chama se "Der Zauberer Korinthe", isto é, o mágo Korinthe, e tinha por todas as páginas as pegadas deste mágo que caiu dentro de um tinteiro. Era muito menos colorido do que eu espero de um livro para chamar atenção do meu filho, mas continuei folheando-o, para dar mais uma chance e entender o porquê dele. 

Ao lê-lo, percebi as rimas, jogo de palarvras, era uma poesia, era um livro imagem também, e na última página havia uma partitura, que ao final entendi que na verdade as rimas do livro, tratava-se de letra de uma música ou uma poesia que virou letra de música, não sabia ao certo, naquele momento.

Se era uma música, certamente teria no Youtube! E tem, encontrei muitos vídeos recitando a poesia e somente três cantando (quer tentar, veja aqui).

O autor do livro, James Krüss, ao lado do Josef Guggenmos, foram dois grandes autores de poesia infantil alemã de meados do século XX até hoje, segundo Rechou et al. 2009(*)

Eu não gostei muito do livro, ele não era tão mais interessante que os outros, mas eu o trouxe para casa e tentar fazer meu filho se interessar, a final o livro me quis e não o contrário. Eu não acredito em espíritos, tão pouco em fantasmas, mas para brincar, coloquei esse título. Porém eu acredito em mágos (risos), agora no Mago Korinthe.

(*) RECHOU, Blanca-Ana R., LÓPEZ, Isabel, RODRÍGUEZ, Marta N., 2009. A Poesía Infantil do Século XXI (2000-2008), Vigo: Edicións Xerais de Galicia. 

domingo, 27 de setembro de 2015

O meu outono

No outono de 2005, quando eu estava estudando aqui na Alemanha, eu vi a decoração de outono por todos os lados: nos janelões transparentes de vidros, nos degrais da porta de entrada das casas, nas lojas e até nas igrejas (as católicas). Eram abóboras de vários tamanhos, verdes, laranjadas, amarelas, combinando com velas e muitas folhas, galhos de árvores, sementes e nozes, simplismente lindo!!!

A mudança do tempo de verão para outono, aqui em Dresden, foi muito sutil, suave e até delicado. Chuveu muito pouco, ainda está fazendo dias ensolarados que combatem o frio outonal, e o vento provoca ainda mais a queda das folhas. É poético ver a mudança na paisagem. Eu saio diariamente para levar meu filho no Kindergarten, e em nosso caminho tem muita arborização urbana, e por consequencia, temos a ideia real e diária da mudança do verde das folhas para os diferentes tom outonais.


Eu comprei na livraria Thalia da Prager Straße, um livro sobre o outono super lindo, com fotografias deslumbrantes, ideias de decoração e algumas receitas. O melhor de tudo é que estava na promoção (fotografei com preço e tudo).


O livro é da editora Busse Seewald, que tem inúmeros livros sobre "lifestyle", decoração e ambiente, que eu desejo ter, mas ... Fotografei a página que mais gostei deste livro, uma decorção insquecível, com o roxo das ameixas, inpirador!

O outono chegou trazendo consigo o frio, o vento e a chuva. Lembra o que eu falei aqui, na postagem O outono está chegando? quando falei do "desfile em céu aberto"? então, as alemães, imigrantes e turistas não estão me decepcionando. A moda outonal desfilada em Dresden é elegante e romântica (é claro que tem algumas discrepancias, mas estas, assim como na Estatísticas, eu obtenho desvio quadrático médio da média, haha).

Foto da moda das meninas eu não posso fazer, mas da minha decoração de outono sim.
Você pode conferir no painel que criei no Pinterest My autumm / Meu outono 2015 

Café com recordações!

O blog aqui não é de culinária, mas ando empolgada com o assunto e vou escrever mais essa experiência.

Os asiáticos, ah! os benditos supermercados asiáticos. Como disse uma moça carioca que participa no grupo Cozinhando na Alemanha do Facebook, nestes supermercados tem uma infinidade de produtos, que não damos conta de perceber que tem produtos que habitualmente comemos no Brasil, como por exemplo, milho branco, quiabo, dendê, coloral, coentro, leite de côco, banana pacovã e tantos outros.

Desta vez encontrei, ou melhor dizendo, "garimpei" macaxeiras congeladas, branquinhas, sem nenhum pontinho preto. Eu as cozinhei para fazer um "escondidinho de carne", mas quando senti o cheiro delas cozidas, fui "jogada para o passado, para a infância", quando comia macaxeira cozida com café com leite. 

E cozidas as macaxeira pareciam pefeitas, sem pontinhos pretos e macias. Lembra que quando compramos macaxeiras ou elas vem metade podre ou duras, que mesmo cozidas são indigestas?

O "escondidinho" não roulou mais, o que roulou foi um "flashback" potente, hahaha!!!


sábado, 26 de setembro de 2015

Feijoada gostosa - Feijoada Lecker!

Na semana passada, eu encontrei no Facebook um grupo Cozinhando na Alemanha, onde os participantes postam fotos de suas peripércias na cozinha, além de trocar idéias sobre produtos encontrados nos supermercados alemães que servem para completar receitas brasileiras.  

Eu já entrei perguntando sobre Maizena, e as "meninas" foram muito gentis, respondendo, inclusive com fotografias do produto alemão. Eu adorei! Sabe quando você finalmente "encontra pessoas que falam a mesma língua que a sua"? quando você "encontra a sua praia"?

Eu adoro cozinha e adoro falar sobre o assunto, trocar idéias, mas a maioria das minhas amigas trabalham fora de casa, e não tem tempo e nem talento para tal atividade. Então, elegi o meu marido para me ouvir, além de ser o cobaia dos meus revolucionários pratos. 

Fiz ontem uma feijoadinha modesta, para me despedir de amigas que vão se mudar para outra cidade.
O feijão preto eu comprei no mercado asiátioco, e as carnes defumadas de porco comprei no supermercado alemão. Eu ainda não consegui comprar farinha ou farofa pronta, e também não encontrei uma folha para substituir o nosso couve verdinho. 
Photo by Galiceanu A. 2015

Photo by Galiceanu A. 2015
Fiz um Brownie de caixa, pois eu não tenho talento nenhum para doces. Eu consegui esquecer de colocar 100 ml de óleo de girassol, mesmo eu tendo em casa, o resultado foi que ficou ressecado, cascudo, quase um biscoito (risos). Fiz um bolo de côco e chocolate de emergência. Eu estava tão empolgada em fazer a comida e fotografar para finalmente ver fotos minhas no grupo do Facebook.

Aquele que cozinha sempre espera ouvir se ficou bom, e lógico, por educação, aquele que come sempre diz que ficou ótimo, e aquele que cozinha sempre fica na dúvida se o eleogio foi realmente sincero ou amigável.
Eu tive o prazer de saber que ficou bom mesmo, ao ver minha amiga da República das Filipinas colocar um pouquinho mais no prato, arroz e feijoada, mesmo depois de ter comido os bolos da sobremesa. Eu tive certeza que ficou bom!!!

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

A floresta de Tharandt - delicadezas


O Departamento de Ciências Florestais, da Faculdade de Ciências do Ambiente, da Technische Universität, está localizado em Tharandt, um vilarejo próximo de Dresden. Depois de tantos meses, na Alemanha, finalmente fomos visitar o Jardim Botânico.

Photo by Galiceanu A. 2015
Tem mais fotos aqui
Chegamos na estação de trem de Tharandt, e logo vimos a floresta quase "engolindo" o vilarejo. No caminho para o jardim botânico encontramos a casa que hospedou por trinta e quatro dias (de 17de abril a 21 de maio de 178), um dos maiores dramaturgo alemão, o Johann Christoph Friedrich von Schiller, ou simplismente Schiller. Foram poucos dias, mas a placa indica relevante orgulho de tão ilustre hóspede, afinal ele é um dos quatros brilhates escritores do Classismo de Weimar (Schiller, Goethe, Wieland e Herder). Foi uma viagem no tempo à história da poesia e literatura alemã.

Eu logo senti que aquele dia seria inesquecíve!!!

O Jardim Bôtanico (Forstbotanischer Garten Tharandt) é um lugar mágico, é possível sentir-se em um conto de fadas. As histórias dos Irmão Grimm me vieram à mente, ao encontrar uma pequena e linda casa, uma construção no belo estilo das montanhas da saxônia, logo que entramos no jardim. Era o pequeno, mas espetacular "Forstbotanischer Museu", com  algumas mesas na entrada, para o serviço de um modesto Café. No mesmo lugar, funciona também o Forstgarten-shop, cheio de delicadezas à venda, tais como com cartões, velas, guardanapos,  livros e artigos de decorção, tudo sob o tema de florestal ou botânico. O pequeno Museu estava decorado com pinhas, penduradas por fios de nylon, era tudo muito encantador. 

(continua aqui ...)

A floresta de Tharandt - emoções

(A Floresta de Tharandt - delicadezas )

Havia no Museu, uma exposição de amostras de raizes, sementes e fustes com configurações singular, além de uma exposição de dendrocronologia, isto é, o estudo da idade das árvores. Eu tive um choque emocional ao ver os discos de troncos para visualização dos aneis de crescimento de diferentes espécies de árvores e ainda amostras radiais do lenho retiradas por Trado de Incremento Haglöf, pois tudo isso fazia parte do meu tema de pesquisa de doutorado. Na fotografia, é possível ver meu olhar de encanto e certa tristeza.

Photo by Galiceanu A. 2015
Tem mais fotos aqui
Quem não carrega dentro de si a tristeza do que não se realizou? Eu não digo frustração porque  a frutração é "produto" de expectativas não concretizadas, e eu nunca tive expectativas, mas esperanças.

O que eu posso aprender como lição, desta situação que a vida impôs para mim? Quais os motivos pelos quais eu não mereci ou não fui capaz de cumprir tal tarefa? O "nó na garganta" não se desfez. Ainda quero uma resposta.


Era domingo, estavamos em família, depois de uma reanimadora chícara de der Caffè Latte, fomos floresta à dentro.

Era tempo de relembrar um passado de estudos e trabalhos florestais, um tempo que eu desejava ter uma família. Eu estava do outro lado do passado, era o tempo presente, ao lado do meu esposo e nosso amado meu filho. A dualidade de emoções causava-me uma certa agitação.



Photo by Galiceanu A. 2015
Photo by Galiceanu A. 2015












Eu coletei algumas sementes, pinhas e galhos, para tentar fazer algo parecido com a decoração do Museu, em nosso apartamento. Na próxima postagem vou mostrar como ficou a nossa decoração de outono.
Até logo,
Ana

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Blogs e sites de brasileiros na Alemanha

O meu blog predileto que fala sobre a Alemanha, entre outros assuntos, é o blog Entre mãe e filha, da minha amiga Nina Sena, que mora no Sul da Alemanha, na mesma cidade em que eu morei.

O outro blog que eu gosto muito é o Cinquenta mil aventuras, inclusive, já falei aqui os motivos pelos quais eu o sigo. O blog Ana na Alemanha, que me chamou a atenção inicialmente pelo nome e depois me conquistou com as narrativas e as fotografias, da Alemanha e de outros países que a autora visitou com sua filha linda.
Se você está buscando super dicas de como migrar para a Alemanha, você entrou no blog errado, eu sei pouco sobre assunto, apenas posso indicar o site do Ministério do Interior da Alemanha, o Bundeministerium des Innern - BMI,  e indicar os blogs que falam sobre o assunto e te desejar sorte para que realize seu sonho!

Photo by Galiceanu A. 2004
Eu escrevo aqui é somente emoções, impressões, deste momento de minha vida. Eventualmente posso descrever alguma situação que contenha informações de como se vive aqui na Alemanha, mas será sempre dentro de algo que eu vivenciei, entende? Eu quero somente contar histórias, as minhas.

Eu encontrei alguns blogs, escrito por brasileiros, falando sobre o cotidiano na Alemanha, dando dicas importantes para aqueles que desejam migrar, estudar ou simplimente fazer turismo. Eu listei alguns, somente aqueles que eu realmente li os artigos. Eu já "frequento" a Alemanha desde 2002 e posso garantir que essa turma de blogueiros são espetaculares, tem artigos incríveis, que só de ler você já se sente na Alemanha.

Na minha lista, estão o  Alemanizando que tem também tem um canal de mesmo no Youtube; Mineirinhanalemanha tem postagens desde janeiro de 2004; De volta a nave mãe, blog desde 2008; Joaninha bacana, tem inúmeras postagens sobre a Alemanha e outros países como Holanda, Bélgica e França e muito mais; Quero aprender alemão, o nome diz tudo; Alemanha para brasileiros, super legal com dicas de viagens, vídeos divertidos com explicações; Alemanha por que não tem roteiros prontos e personalizados à venda no próprio site; Na Alemanha tem, Brasanha, Entre duas culturas, Batatolandia, Mão de vaca na Alemanha, Berlin Schau, Deutsch Toll (Eu, Alemanha e kem sabe vc...), Alemanha muito além do muro, Brunalemanha e tem muito mais, basta pesquisar.

Conheci na semana passada, no grupo "Crianças brasileiras bilingues em Dresden", a criadora do Anedotas da Batatolandia, a paraense Tamine Marklouf, jornalista, que escreve também Cartas de Berlim, publicadas no Jornal O Globo.

No Youtube tem também inúmeros canais de pessoas que falam sobre a Alemanha, dando dicas de turismo e até de migração. Eu gostei muito muito mesmo do Viaje com a Cris e Alemanizando, assisti vários vídeos de cada um, os autores são jovens, divertidos ao passar suas mensagens, mas sem perda de qualidade de informações. Achei hoje mesmo o canal da Carla Schulz, que postou um vídeo super sincero e até difícil de ouvir, para aqueles que tem o sonho de vir morar na Europa definitivamente, mas ela só falou a mais cristalina verdade. Tem também o canal da Manuela Fontes, o Aqui na Alemanha, que abriu neste mês de setembro de 2015, portanto, novinho.

No Facebook tem os grupos fechados, que promovem fóruns, discussões, dão dicas, respondem as mais diversas perguntas dos participantes, desde questões legais de migração até tipo mais adequado de shampoo para cabelos liso como "flechas de índios", pergunta esta que fiz no Brasichland - Mulheres brasileiras na Alemanha, e recebi inúmeras explicações e dicas para salvar os meus cabelos, e todo de uma forma legal, simpática e até amigável. Achei o Cozinhando na Alemanha, e adorei, pois as participantes fazem seus pratos fotografam e postam na linha do tempo do grupo, muito em breve vou postar alguma "obra", eu me identifiquei completamente com a "filosofia" do grupo. Claro, estou no Brasileiros em Dresden. Eu postei no Rede brasileira em Colônia. o artigo "Tapioca na Alemanha para contar" que eu escrevi aqui, neste blog e eles me deram a "maior moral", leram no mesmo dia e contou mais de 100 visualizações.  O Second hand Brasil/Alemanha, é o máximo, vocês não podem imaginar o serviço que este grupo oferece aos participantes, tanto para fazer compras quanto para vender, super legal mesmo.

Enfim, tem muita informação de qualidade sendo disponibilizada por brasileiros que moram ou moraram na Alemanha, com diferentes enfoques, pontos de vistas diversos, mas todos com a mesma realidade: a migração é um sonho, para muitos, possível de realizar, mas com obstáculos e dificuldades, que dependerá de cada um, superá-los ou não.

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Estudar na Alemanha - conclusão


Depois que terminei o Mestrado, retornei para Manaus, pois havia uma vaga para professor substituto na Faculdade de Engenharia Florestal da Universidade Federal do Amazonas, nas disciplinas de Inventário Florestal e Dendrometria. Trabalhei por um ano e meio na UFAM. 

Photo by Galiceanu A. 2004
Fiz a inscrição para o International Summer School 2004 da Albert-Ludwigs-Universität Freiburg e fui selecionada. Conheci pessoas da Indonésia, Índia, Sri Lanka, Tailandia, Malásia, Romênia, Chile e muito mais, tenho contato com alguns deles até hoje. Eu já estava há um ano com Síndrome do Pânico, fazendo acupuntura, tomando "Florais de Bach" e serotonina e GABA (Gama Amino Butiryc Acid), todos com efeito paliativos, ou mesmo placebo, mas que me davam a mínima sensação de "cura" e autonomia. 

Era a minha segunda visita à Alemanha, para um segundo curso, onde tive oportunidades de consolidar contatos com professores da Pós-graduação, e encontrar um orientador interessado na minha pesquisa: dendrocronologia tropical.

No ano seguinte voltei para Alemanha, com minha irmã, que também é Engenheira Florestal. Logo nos primeiros dias, quando fomos para o MENSA, o restaurante universitário, fomos apresentadas para um espanhol e um italiano. Dias depois o italiano apresentou seu amigo romeno, os dois eram estudantes de doutorado em Física.
Minha irmã casou como o italiano e eu como o romeno, simples assim!!!
 
Voltamos para o Brasil, eu e minha irmã, pois eu não estava dando conta da Síndrome do Pânico. Parecia o fim de um sonho, tão desejado, planejado, à custa de muita luta e dificuldades.

O fato é que eu não conclui o doutorado, mas o sonho de doutorado transformou-se em um casamento e um lindo filho, nossa benção maior, concedida por Deus. Brincando, eu sempre digo que o diploma do meu doutorado é nosso filho.

Hoje, e somente hoje, eu vejo que eu não precisava de um doutorado, mas uma família, uma oportunidade de ser mãe, para viver e escrever nossa linda história.

Obrigada por ler!

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Café com leitor - (o meu é descafeinado, por favor!)

Quando pensei em escrever este blog, eu pensei diretamente na minha família amazonense e nos meus amigos, no sentido de dar notícias, de uma forma mais coletiva, com fotos, vídeos, fatos, assim eu não ficaria devendo mails ou telefonemas para o Brasil e seria cordial com todos, como sempre eu gosto de ser.

Entretanto, eu tive que mudar completamente a percepção das informações que eu descrevo, o tema ainda é o mesmo, mas o foco mudou. Eu fiz a mudança em respeito e admiração aos "meus leitores" (se é que posso chamá-los assim, posso?). 

O Blogger tem uma ferramenta superlegal, a estatística de visualizações, e pude perceber que, 92% das visualizações diárias deste blog, estavam e estão concentradas na Europa, 5% em outros continentes (tem visualizações até de Cingapura, obrigada!!!) e apenas 3% no Brasil (números que variam semanalmente, mas a proporção se mantêm).

Logo, vi que eu não precisava mais explicar como as coisas funcionam aqui na Europa, afinal o meu "público" sabe disto. Comecei a contar efetivamente histórias, minhas histórias, a Alemanha do meu ponto de vista.

Hoje, eu tomei café com uma leitora do blog, uma pessoa maravilhosa, a Helena, de São Luiz-Maranhão. Eu recebi muitos elogios e dicas, claro, eu adorei!!!

Eu nunca tinha entrado em nenhuma Starbucks, até uma prima me visitar em Dresden e dizer que adora esse "Café". A fotografia é de fevereiro, quando entrei pela primeira vez, e descobri que lá tem café descafeinado para o Latte Macchiato e Cappuccino, e a melhor de todas as notícias: EXPRESSO descafeinado. Eu quase chorei de gratidão à Starbucks. Faziam uns 8 anos que eu não tomava um Expresso por não encontrar em lugar nenhum a versão descafeinada. 

A cafeína me faz muito mal, e por isto tenho muito cuidado com o consumo de café fora de casa. Houve alguns restaurantes (no Brasil e na Alemanha) que afirmaram ser descafeinado o café servido, mas imediatamente eu passei mal. 

Obrigada Helena, obrigada meus amigos concretos e virtuais, família.

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Estudar na Alemanha - um sonho que se transformou -Parte II




Eu estudei Alemão I, na Faculdade de Letras, como disciplina optativa para completar minha carga horária e número de créditos. Depois que fiz todos os créditos permitidos no idioma alemão, fui estudar aos sabados no Projeto CEL - Centro de Estudos de Linguas, um programa de idiomas da UFAM, que havia iniciado naquele ano, para oferecer curso de idiomas com baixo custo, para ser acessível para todos, principalmente as comunidades ao redor do Campus.

Era barato mesmo, mas para mim, ainda saía caro. Eram quatro horas de aulas por sabado, terminava sempre depois do meio dia, os professores eram aplicados, mesmo sendo um curso praticamente filantrópico. Eu levava sempre na bolsa um pão com manteirga e só. A lanchonete oferecia para os clientes o cafezinho de graça, e eu pegava uns três copinhos para completar meu lanche. A "grana" era curta, ainda tinha que comprar as passagens de ônibus, e aos sabados não o restaurante universitário não funcionava. Eu sentia fome, sabe, babava vendo aquela moçada comendo sanduiches e tomando refrigerantes.

Um dia eu estava chegando para assistir uma aula, no Bloco U, nas antigas instalações da Faculdade de Ciências Agrárias, da UFAM - Universidade Federal do Amazonas, quando vi um folder no mural, escrito em inglês, com uma fotografia de uma igreja em estilo gótico, a Münster de Freiburg. Eu acreditei que era um sinal. O folder era uma chamada, com formulário, para a candidatura ao mestrado "International M.Sc. in Forest Ecology and Management" da Universität Freiburg.

Levei para casa uma cópia do formulário para ler os detalhes. Eu logo vi, pelos requisitos, que eu não chegaria lá, pois havia a exigência do TOEFL, e naquele tempo o que eu sabia de inglês era tudo do curso de Inglês Instrumental, que eu havia feito no semestre anterior.

Eu guardei o formulário como recordação, tenho até hoje, no meu apartamento em Manaus.

Eu me formei na Faculdade de Engenharia Florestal em 2000, no ano seguinte fui para Curitiba, para o Mestrado em Engenharia Florestal da UFPR. A minha linha de pesquisa foi o Manejo Florestal, justamente a área de pesquisa e colaboração da UFPR com a Universität Freiburg, parecia outro sinal.

Houve uma seleção de estudantes para ir para um curso de manejo florestal na Alemanha, em Freiburg, e eu lógico me cadidatei, mesmo sem muitas esperanças. Havia uma entrevista para os candidatos e seria em alemão ou inglês, assim corria os boatos, e eu, "deficiente" de um e de outro, senti medo, mas era o mais próximo que eu havia chegado da Alemanha, quis tentar, afinal eu só correria o risco de receber um não, ou um simmmmm, com uma carimbada para Europa. 


Rolou gente!!! rolou demais. Como eu fui uma das últimas candidatas, a professoras responsável pelas entrevistas não me entrevistou, disse que não tinha tempo, apenas, em uma conversa informal me perguntou se eu tinha roupas e sapatos para neve, pois teriam aulas de campo na Floresta Negra. 

Eu tinha uma jaqueta super mega power de U.S.A., que eu comprei em uma loja de segunda mão em Manaus, quando eu ainda estava no primeiro ano de faculdade, pois eu já tinha sonhos. Os sapatos eu não tinha, mas os comprei em uma loja tipo Made in China, todo de material sintético e aparentemente frágil, mas que aguentou toda a neve que eu enfrentei, sem molhar os meus dedinhos.

Ainda não consigo aqui, concluir essa parte da minha história, portanto, continua ...

terça-feira, 15 de setembro de 2015

Estudar na Alemanha - um sonho que se transformou

Geralmente, quando se fala de sonho, dizemos que ou "ele" se realizou ou se frustrou. Desculpe-me por sair do padrão, o meu se transformou.
A minha família era muito humilde, estavamos em risco social, como tantas outras famílias, que naquela época, passavam por necessidades. Nós somos seis filhos, estavamos todos pequenos, uma "escadinha", morando com nossos pais em uma vila de kitnetes de madeira, e banheiro coletivo, em um bairros às margens do Rio Negro, na cidade de Manaus. 

Nós, tivemos o privilégio de sermos amparados economicamente, por padres italianos, os Oblati di Maria Vergine, os quais, nos sederam uma casa com um jardim enorme em troca de cuidarmos da casa deles, nos longos períodos de ausência, quando faziam as viajens para o exterior e também para as cidades das zonas rurais do Estado do Amazonas, onde ele estavam iniciando seus trabalhos de evangelização, em meados dos anos 70.

O Brasil atravessava uma severa crise econômica, e nós não escapamos do trabalho infantil, era preciso. Porém, nunca deixamos de estudar. Veio o período da Faculdade, e tudo melhorou. A Universidade "abriu muitas portas", deixando para trás um passado de privações e dificuldades. Foi o que os estudos nos proporcionou: uma vida melhor, mais leve, mais segura, mais humana.

Hoje, na minha maturidade, vejo quantos riscos estávamos submetidos, naquelas condições de vida, mas todos nós vencemos, como muitos amazoneses humildes, certamente, que agarraram as chances oferecidas.

Quando fiz mestrado na UFPR, com a permissão de Deus, adquiri definitivamente a liberdade de escolher novos caminhos, de mudar minha própria história, de viajar mais longe do que eu poderia imaginar.
(continua ... Parte II)

domingo, 13 de setembro de 2015

Tapioca na Alemanha, para contar histórias

Eu sou do Estado do Amazonas, fui criada e educada em Manaus. Meus pais são descendentes de nordestinos. Os meus avós paternos eram primos de primeiro grau, originados da cidade de Baturité, Estado do Ceará. A minha vó materna, cearense também, chegou de navio com os migrantes nordertinos para trabalhar no período áureo da borracha no início do século 20 (por volta de 1908), órfão de pai e mãe, sem documentos ou tutores, muito criança, embarcou eu um viagem de aventura e desventuras. Felizbela Basílio de Almeida, era o nome dela, sobreviveu, foi morar em seringais, trabalhou duramente na floresta amazônica, tornou-se uma mulher rígida, mãe de 8 filhos, morreu em 2003, com mais de cem anos, lúcida, lembrava de toda sua tragetória histórica.

Meus avós eram ribeirinhos, isto é, aquele que moram às margens dos rios da amazônia, meus pais moram na cidade, mas mantêm um sítio até hoje, na margem esquerda do Rio Negro. Neste sítio eu aprendi a fazer farinha, extrair o tucupi e a goma para fazer tapioca, aprendi a amar a natureza, só não aprendi a nadar!

Sempre no café da manhã, minha mãe fazia tapioca para nós, para substituíndo o pão francês. Comemos sempre quentinha, feita na hora, pois depois que esfria, a tapioca fica dura, mas continua gostosa, tem valor.

Eu fui morar em Curitiba, para estudar, e levei comigo a goma para fazer tapioca, era mágico, quando eu sentia um pedacinho de tapioca na minha boca, eu aquecia todo o meu coração, e espantava aquela tristeza que eu sentia nos dias frios de inverno. Eu levava também tucupi, para fazer tacacá e quando o dinheirinho dava, eu fazia o famoso "Pato no Tucupi".

Eu nunca tive coragem de trazer goma para o exterior, pois a semelhança com entorpecentes, me causava muito medo de haver uma mínima confusão e mal entendido no aeroporto.

Na época que morei no Sul da Alemanha, eu "descobri" que os asiáticos usam temperos e comem frutas e vegetais iguais aos que costumamos comer no Amazonas. Por exemplo, frutas como a banana pacovã e côco, vegetais como o milho branco, o quiabo e a macaxeira, temperos como o coentro (aqui chama-se Koriander) e  azeite de dendê.
Fiz muito Vatapá na Alemanha, afinal eu tinha o dendê, o côco, o coentro, cebolinha pão e camarão!!!

Eu pensava, na minha "santa ignorância" que todos esses produtos era originários do Brasil. Eu fiquei muito surpreendida quando vi uma cena, no filme da The Diary of Anne Frank, uma embalagem de Koriander, na farmácia de manipulação, em Amsterdã, naquela época. Eu precisei viajar para ter mais cultura e conhecimento.

Minha amiga Nina, que escreve o blog Entre mãe e filha, foi que me ensinou, em junho deste ano, comprar e goma nos mercadinhos asiáticos. Esse primeiro pacote eu comprei em Freiburg, 500g de pura felicidade. Quando acabou eu fiquei triste, mas em agosto descobri que tem aqui em Dresden e comprei.

Eu fiz a tapioca para o meu filho levar para o café da manhã no Kindergarten, e causou "barulho", a professora queria saber o que era aquilo, e agora para eu explicar tudo, deu trabalho, alemão é interessado, quer saber detalhes, até valores nutricionais (Descubra oito razões para incluir a tapioca na dieta).

Qualquer dia desses vou fazer um café regional com tapioca, banana frita, mingual de munguzá, abacatada (abacate com leite e açucar, batido no mix) só vai faltar o famoso "pão com Tucumã". Queres provar?

Photo by Galiceanu A. 2015
Photo by Galiceanu A. 2015
Photo by Galiceanu A. 2015


Photo by Galiceanu A. 2015


quinta-feira, 10 de setembro de 2015

A Alemanha e os refugiados

As atuais notícias nas mídias digitais e na TV, estão destacando a situação degradante dos refugiados da Síria, em especial, por sua maioria e por sua motivação (a fuga da guerra civil estabelecida desde 2011).

Photo by dw.com/de
Eu não estou conseguindo nem pensar em outro assunto, é perturbador, eles (os refugiados) estão aqui, perto de mim, e eu ainda não fiz nada, além de donativos. 

Eu participo de um grupo de senhoras, "Dresden International Ladies Group", e no Facebook deste grupo, algumas senhoras estão fazendo campanhas de solicitação de donativos para os refugiados. Eles precisam de tudo, eles chegam somente com a própria vida. 

Os alemães civis, individual ou coletivamente estão providenciando suprimentos para os refugiados. Nas igrejas e escolas, nos escritórios, entre colegas de trabalho. É uma campanha verdadeira e legítima. Porém, há os que são contra ao exílio de estrangeiros, principalmente por não serem cristãos, mas sunitas, na sua maioria.

Alemanha é um país históricamente fascinante, tendo muito do que se envergonhar, mas muito do que se orgulhar, por ser hoje, uma nação economicamente estável e ter se reconstruído dos escombros das edificações e dos escombros morais, em uma época que era uma nação desconceituada mundialmente, por suas responsabilidades no maior massacre da história, até então, o Holocáusto dos judeus.

Os primeiros trabalhadores estrangeiros provenientes do Leste Europeu e Turquia chegaram no boom de 1950, os quais muitos destes trabalhadores imigraram definitivamente para a Alemanha, iniciando assim a multiculturalidade e tolerância aos estrangeiros. Nestes 65 anos, muitos outros imigrantes de diferentes nacionalidades, chegaram e adotaram a Alemanha como pátria. Porém é necessário destacar que a cultura alemã prevalece, a qual não foi abalada ou reduzida, ou mesmo modificada em favor de qualquer outra cultura introduzida por imigrantes.

A primeira vez que cheguei aqui foi há 13 anos atrás, e foi possível notar a internacionalidade, a tolerância às culturas do imigrantes, o respeito aos estrangeiros que chegavam para estudar ou trabalhar. É logico que meu ponto de vista é generalizado, somente para entrar em uma linha de pensamento e  conclusão. Terão tantos outros imigrantes, que talvez estejam insatisfeitos com os alemães e acreditam não ter nada para agradecer à esta nação.

A discussão dos imigrantes ilegais na Europa, não é de exclusiva responsabilidade da Alemanha, mas tem seu peso, por ser um dos destinos prediletos por eles. A preocupação com as consequèncias desta imigração em massa, tem sido o centro das discussões de políticos e cidadãos civis, incluindo também os próprios imigrantes legalizados. Haverá mais pessoas para o governo dar assistência, e ainda manter os benefícios aos cidadãos, sem recorrer à medidas de austeridade de benefícios sociais. E a segurança pública, será a mesma? Ou a Alemanha terá mais ganhos que perdas. Eu também quero saber.

Assim como para Brasil, eu desejo para Alemanha, um futuro feliz, leve, governado com justiça, para todos, imigrantes ou não, construíndo uma nação estável e promissora para as futuras gerações. Amém!!!

"Deus é alemão"

Sabe aquele ditado popular que diz que "Deus é brasileiro"? Então, eu concordo, diante de tantos problemas enfrentados no Brasil: problemas de segurança pública, falta de hospitais, acidentes de trânsito, entre outos. 

Algo me fez mudar o ditado popular para agradecer a Deus pelas inúmeras "providências" tomadas no sentido de proteger as crianças daqui. 

Eu estava em uma festa pública quando duas mães com seus bebezinho se aproximaram de onde eu estava sentada com minha família. Umas das mães se afastou e deixou seu bebezinho com a outra. A outra mãe pegou o seu bebezinho e colocou no chão, para auxiliar o outro bebezinho que estava chorando.
Photo by Jan Möbius (mz-web.de)
O bebezinho que foi para o chão, deveria ter por volta de 9 meses, e pegou um garfo de plástico que estava no chão, sujo com resíduos de comida, e colocou na boca. Com um gesto, eu mostrei para a bendita mãe, o que estava acontecendo, e ela sorriu para mim (bem forçado, tipo: o que você tem haver com isto?) e não fez um único movimento no sentido de tirar o objeto da criança.

A criança fazia movimentos fortes com o garfo na boca, e ainda o quebrou, tornando-se mais perigoso ainda, pois formou pontas amoladas com facas (voce pode imaginar o que eu descrevo?). Eu começei a suar frio nas mão e sentir náuseas, pelo duplo perigo que a criança estava passando: o do plástico rompido e do resíduo de comida do objeto, que muito provávelmente estava ali da noite anterior, e exposto a decomposição bacteriana e de uma "lambidinha" do rato, ou voces acham que aqui não tem rato pelas ruas?

Meu esposo me auxiliou, e pediu, pela milésima vez que não interfira na vida dos outros, mesmo que eu acredite que é para o bem deles, pois eles, muitas das vezes, não tem o meu ponto de vista, e esse conselho não cabe somente na Alemanha, mas por onde eu estive.

A criança cuspiu os pedaços de garfo, a mãe tirou alguns outros da boca da criança, e a colocou novamente no chão, e com oportunidade, pegou uma ponta de cigarros. Eu não mereço, virei de costas mesmo.

Tenho outras histórias, mas são muito particulares por conter exclusivamente o meu ponto de vista, então, nem vou tentar falar aqui.

O modo como as mães alemãs tratam seus filhos me incomoda muito, e obviamente, tem pontos positivos na linha de educação, mas muitos negativos. A total independência, como um sentido para a vida, é em parte, algo positivo que eu estou aprendendo a aplicar em nossas vidas, minha e do meu filho, mas daí entregar o filho à própria sorte, tem uma diferença muito grande, e que eu desprezo.

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Superproteção não é bom?

A professora solicitou que eu conversasse com o meu filho, dizer que ele deve obedeçê-la, escutá-la, pois ele é muito travesso, e não à obedece na primeira ordem. As crianças alemãs da turma dele são bem mais obedientes, eu já vi.
A turminha dele iria fazer duas visitas: uma no centro da cidade e outra em uma importante gráfica. A professora estava preocupada, pois ela temia que ele não à obecesse no sinal de trânsito, ou nas ruas, correndo o risco de se perder, pois Dresden é turística e tem muita gente circulando na cidade.

Quando esta professora estava de férias, meu filho foi com outras turminhas, para outros passeios como atravessar uma ponte à pé, ou atravessar o rio de Elbe Ferries, e nenhum dos outos professores fizeram qualquer objeção ou uma mínima observação.

Photo by Galiceanu A. 2015
Eu perguntei se eu poderia ir junto, e ela permitiu. Assim eu fiz. Fui para duas excursões: um dia para o centro da cidade identificar onde estão os relógios e para explicar às crianças a importância de saber  as horas; outro dia para visitar a gráfica para conhecer como são impressos as revistas, painéis, folders.  

Foi divertido, a criançada inteligente, entendem rápido o que é colocado para eles como lição. Eu, por exemplo, ainda não havia percebido que tem relógio para todo lado, praticamente em todos os pontos de ônibus e trenzinhos. 

Entretanto, meu filho ainda não fala alemão. Ele aprendeu bastante frases do cotidiano no Kindergarten, mas não entende, por exemplo, as explicações do funcionário da gráfica, sobre o processo produtivo, e o pior é que nem eu entendi.

Eu fui tomada por um sentimento de culpa, por expor meu filho à esta situação desconfortável. Além de perceber que algumas crianças, aproveitavam, quando a professora estava longe, para agredir outras crianças menores. Outras crianças chamavam meu filho de "popo" e o empurravam (e nem vou traduzir porque é grosseiro). Eu estava lá, na frente deles e eles não se intimidaram. Cheguei em casa tão triste, e pensei até na possibilidade de tirar meu filho do Kindergarten.

Eu li no site da psicóloga Rosemeire Zago que a superproteção de um filho é caracterizado como um abuso emocional e tem consequências negativas, tais como dependencia e imaturidade emocional, baixa tolerância à frustração, passividade, depressão.
"A superproteção passa a mensagem de que a criança não é capaz de resolver as coisas por si mesma e que dependerá sempre dos pais para dar suporte e auxílio. Sendo assim, como poderá uma criança crescer e chegar a vida adulta, acreditando em si mesma? Nenhum comportamento que gera dependência poderá produzir confiança." Rosemeire Zago
Foi assim que eu tive "forças" para entregar meu filho mais uma vez no Kindergarten hoje.

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Nada sobre Alemanha, só sobre monstros

Desde que nos mudamos para o nosso apartamento aqui em Dresden, meu filho demonstrou ter alguns medos. Começou com o barulho da descarga, isto é, toda vez que à acionávamos, de onde quer que ele ouvia, ele se escondia. 
Um dia ele estava no quarto de brinquedo e o telefone celular do pai dele vibrou, ao receber uma mensagem e ele pulou e gritou de medo, desde então, ele próprio pega o telefone e coloca na cozinha.

Agora, até quando um de nós dois, pai ou mãe, abre a porta e entra no lugar que ele está brincando, seja sala ou quarto de brinquedos, por exemplo, ele também, sente uma ansiedade, medo, e esconde-se. Ele ainda não demonstrou sentir medo de ficar sozinho, menos mal, não é?

Enfim, eu estava "quebrando minha cabeça" para entender o que aconteceu com meu filho, o que há de diferente para ele ter mudado assim: teria sido um desenho animado que ele assistiu? será que é o apartamento não o agrada? será que é fase, da idade? o que será?

Encontrei no Facebook esse link  19 dicas úteis que todos os pais deveriam saber, e uma das dicas é fazer um "Spray contra Monstros". Deve ser antiga esta dica, mas para mim foi super nova, não conhecia. Fui fazer.

Encontrei uns monstrinhos simpáticos, os Welt der Buhbels, da loja Kik, uma loja tipo "1,99". Comprei uma caixa para meu filho prender os monstrinhos, um jogo americano e uma revista completamente cheia de monstros e  monster sticker. 

Photo by Galiceanu A. 2015
Meu filho e ajudou a confeccionar o "Spray contra Monstros". O bom era que tinha stickers de todo tipo de monstro (eu falei para ele que o splay era contra monstro de banheira, de lixeira, de telefone celular, de quarto de brinquedos, de descarga sanitária, de sala, de janela, de porta, máquina de lavar louças ou roupa, ..., de tudo). 
Eu achei muito fofo quando meu filho escolher um sticker do Doki, (um cachorrinho de desenho animado americano, super do bem, que ensina ciências, história e geografia para as crianças de uma forma bem lúdica). 

Talvez ele quis sentir a segurança emocional que sentia quanto estava no Brasil, na sua casa, com seus desenhos prediletos, na sua escola, com seu amigos, com os quais ele aprendeu a controlar suas emoções, seus medos, suas dúvidas, sua ansiedade de reencontrar sua mãe na saída da escola.

Photo by Galiceanu A. 2015
Ele me ajudou a "molhar", digo, "imunizar" a casa inteira contra os monstros. 

Achei este artigo super didático Como ajudar seu filho a enfrentar o medo no site Babycenter, onde encontrei alguns conselhos. No artigo fala sobre a naturalidade do medo na infância, que é fase, inclusive, fala da possibilidade de passarmos, mesmo sem querer, nossos medos para nossos filhos. Talvez eu tenha o influênciado, talvez não, pois faz parte do amadurecimento emocional.

Enfim, nós vamos tentar, pois não tem nada mais limitante e desconfortável que o medo.

domingo, 6 de setembro de 2015

Kindergarten - organizar brincando

A professora do meu filho me solicitou que eu comprasse um Schüleretui (Foto 1), que é uma espécie de estojo de lápis de cor, canetas, régua, borracha, bloquinho de anotação, e muito mais, ou muito menos, dependendo da marca e do preço é claro.

Photo 1 by Galiceanu A. 2015
O Schüleretui é um material escolar comum para as crianças que já estão na Schule, isto é, na escola, que é o equivalente ao primeiro ano, entretanto algumas educadoras do Kindergarten, gostam de introduzir no cotidiano das crianças com 5-6 anos, pois breve terão a "responsabilidade" do uso e cuidado com seu próprio material.

Como setembro é o mês das voltas as aulas aqui na Alemanha, quando eu fui procurar um desses para o meu filho, só encontrava o "resto do resto", àqueles cuja capa era com desenhos bem feios, cores escuras, sem graça, um horror. Havia uns mais ou menos bonitinhos, mas eram muito caros, perto de 50€ (R$ 150,00 dependendo do câmbio), e para completar a obra, estavam vazios.
Achei esse fofo em uma loja, de nome impronunciável: Pfennigpfeiffer, que a professora indicou.

A cultura alemã tem algo que me atrai: a organização. Esses estojozinho parece-te brincadeira? mas não é. Lembra-te estojos no Brasil, como são? um saco bem fundo, com um zipper bem longo, onde jogamos tudo juntos, emboloados, não é? fazemos isto desde crianças até a fase senil. 

A proposta é ter tudo no lugar, visível, para que quando você precisar de algo específico, não perder tempo, pegar, usar e colocar novamente no lugar. Ahh, se eu tivesse recebido esta educação ... 
Photo 2 by Galiceanu A. 2015
Quando vou nas lojas de departamento para casa, eu fico admirada com tantos recursos para colocar a casa em ordem, e é tudo muito barato, tem da cozinha ao banheiro, da garagem ao jardim, dos brinquedos das crianças ao closet dos pais. Até o lixo, tem que ser "organizado", tanto na separação e armazenamento, quanto na coleta, eu vou falar aqui sobre esse tema. Olha nessa oficina: até a pá e a vassorinha tem um lugar (Foto 2).
Você que é bagunceiro, regenere-se antes de pisar aqui na Alemanha, é só um conselho ;-)

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Nem tudo são espinhos ... Parte II

A Alemanha havia acabado dar a maior goleada da história no Brasil, ganhando a Copa do Mundo 2014, com os inesquecíveis 7 x 1.
" A Alemanha – uma equipe inteligentemente estruturada por Joachim Löw já há duas Copa – deu aula, colocou o Brasil na roda, tirou onda, ganhou olé. À seleção que trabalha, toda glória. À seleção que só vive de bater no peito e de gritar o Hino Nacional, toda a perdição." Thiago Nogueira @SUPER_FC
Eu ainda sentia muito, mas a vida continua, não é?
Na época, eu estava preparando a festa de aniversário do meu filho, com o tema aviões, por ser o tema mais adequado, devido o seu interesse pela aviação (conforme eu falei no texto Olha o avião).

Eu planejei dar como lembrança da festa de aniversário, os posteres de aviões, que eu havia pego nas minhas últimas viagens para Alemanha, no Aeroporto de Frankfurt. Estes posteres eram distribuidos gratuitamente e não sei de ainda são distribuídos. Todo mês, era uma foto de um avião, de uma compania aérea diferente (são fotografias de tirar o fôlego). 

Eu percebi que eu só tinha 16 posteres e ainda faltariam 14 posteres para completar 30 sacolinhas surpresas, que seriam distribuídas para as crianças convidadas. Então tive a idéia de entrar no website do setor responsável pela impressão e distribuição dos posteres escrevi um mail solicitando o número de posteres que faltavam, e eu me comprometia em pagar as despesas postais.

Recebi uma resposta em três dias, solicitando o meu endereço, indicando assim que minha solicitação seria atendida. Eu adoraria pular esta parte, mas vou ter que contar também: o meu endereço em Manaus é complicado, pois o nome da rua que moro mudou. Ai eu fiquei na dúvida, se colocava o nome atual, que contêm 4 palavras, ou o antigo, com uma única palavra. Coloquei o nome antigo, e "deu capim na palheta" (isto é, confundiu tudo).

Sabe quando as coisas não querem dar certo, mas você não aceita?

Demorou uns dois meses para eu ter coragem e escrever novamente, perguntando se houve algum problema. O representante do setor de comunicação do Aeroporto de Frankfurt respondeu-me que, enviou para um endereço cujo o código postal era outro, não era o mesmo que eu havia dado. Certamente ele fez uma pequisa com o nome da rua que eu dei, mas não era compatível com o código postal e ai, vocês já podem imaginhar ...

Eu havia ficado tão feliz com o sinal de OK dos alemães e eu estava esperando com tanta ansiedade pelos posteres, eu fiquei muito decepcionada com a situação e entristeci. Entretanto, eu não conseguia me conformar que eu não teria total de posteres para todas as crianças. Solicitei em julho os posteres, e já era meados de setembro e a festa seria em outubro, parecia não haver mais tempo.
Eu também não poderia abusar da sorte, tão pouco abusar da bondade dos alemães, eu não insisti mais. Porém, outro mail do setor de comunicação fez meu "coração pular de alegria". Ele estavam determinado a enviar os posteres para os amiguinhos do meu filho, pediram um endereço correto para o envio.
Photo by Galiceanu A. 2014
A caixa chegou, ainda era setembro, cheia de souvenirs personalizados de "Ja zu FRA" (FRA é o código do aeroporto de Frankfurt, assim como MAO é de Manaus) e os postes, é claro. Na mesma semana, o porteiro do meu condomínio disse que tinha outra caixa. Eu não podia acreditar: era a primeira que eles haviam enviado em julho, e os Correios finalmente entregaram. E faltando alguns dias para a festa, quando tudo estava preparado, chega um encomenda em forma de tubo cheinha de posteres, cada um mais lindo que o outro.

A decoração e as sacolas surpresas do Aniversário do nosso filho ficaram incrível, as crianças adoraram, inclusive as meninas, mesmo sendo um tema de menino, afinal elas também viajam, não é? Foi uma festa insquecível!!!
( Quer ver algumas fotos entra aqui? )


Nem tudo são espinhos, o povo alemão, na sua maioria, estão sempre me surpreendendo, com sua gentileza, altruísmo e simpatia.
Obrigada Alemanha por tudo, até pelos aposentados que me dão história para contar.