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terça-feira, 6 de outubro de 2015

Os caçadores de "caloteiros"

Você pode encontrar, em diferentes blos ou sites de brasileiros que moram na Europa, em especial, na Alemanha, falando sobre o controle do pagamento das passagens de ônibus, trens e Straßenbahn. Na postagem Blogs e sites de brasileiros na Alemanha, eu listo alguns sites incríveis, com informações super importante para um "marinheiro de primeira viagem". 

Entrar em um transporte público e não ter ninguém te para cobrar, a primeira vez que eu vi isto foi na Itália, o primeiro país que visitei da Europa, em Roma, quando viajei com meus amigos da UFPR. Nós comprávamos as passagens de ônibus em uma lojinha, entravamos no ônibus e validávamos em uma máquina que marcava o dia e a hora que a passagem estava sendo utilizada. 

No ônibus, nada de cobrador ou catraca!!! Porém todos tem a obrigação de ter passagens válidas para o trecho realizado, senão estará sujeito às penalidades, quando eventualmente entra um controlador de passagens e pede para que apresente um bilhete válido. 

Photo by www.dvb.de 
Quando chegamos na Alemanha, e compramos as passagens do Straßenbahn tivemos o mesmo espanto. Como assim? para quem eu mostro que comprei a passagem? Era realmente algo muito novo para mim.

Aqui em Dresden, não é diferente, Eu chamo os controladores de caçadores de "caloteiros", pois eles comportam-se assim, com caçadores suaves, mas implacáveis quando pegam  sua "caça", isto é, aquele que dá calote, andando na maior "cara de pau" sem um bilhete válido.

Todos os dias eu pego 4 transportes, para levar e buscar meu filho no Kindergarten, e durante estes meses posso contar nos dedos quantas vezes eu vi, os controladores.

Houve um dia em especial, quando eu estava em um Straßenbahn, eu sentei na última cadeira do trem, e logo ele, o controlador, se levantou e me cobrou o bilhete, como eu tenho um bilhete semestral, ando com segurança, e mostrei meu bilhete. 

Eu pude ver uma delicada expressão de decepção, mas entrou outros, e o cara, como um caçador, foi em cima do grupo de chineses, que demoraram, mas mostraram um bilhete válido. Mais uma decepção para o controlador, mas ele paracia não desistir. Ele tinha uma colega de trabalho, que ficava sempre sentada. 

E para felicidade do controlador, entraram mais pessoas, e finalmente ele encontrou um estudante, estrangeiro, que não falava alemão, e o cara se ferrou. A multa é de 50€ (ou mais, não sei ao certo).

Eu já vi algumas cenas de caloteiros pegos no flagrante, tem uns que até choram, outros esquecem como falar alemão (risos) e outros até tentam fugir, mas os "caçadores" são o bicho!!! 

domingo, 4 de outubro de 2015

A Denise Chocobom

Eu estava entrando em uma loja, com meu esposo e meu filho, quando resmunguei, sem falar baixo, que meu "suvaco" estava coçando, com a equivocada garantia de que ninguém iria entender, ledo engano

Photo by www.denisechocobom.de
Havia pessoas entrando e saindo da mesma loja, mas tinha uma moça parada na porta da loja, era a Denise Chocobom, e ela caiu em uma doce gargalhada ao me ouvir, e eu me aproximei dela e gargalhei junto. Então olhei melhor para ela e percebi que ela só poderia ser uma brasileira, carioquíssima, morena, magra, perfeita, calçando sandálias "anabela" e com anéis extravagantes em cada dedo. 

Depois do riso soltou, começamos a conversar, nos conhecer, trocar contatos, deixei completamente meu esposo e filho, para papear com aquela figura tão iluste e famosa, na cidade de Dresden. 

Ontem, eu à encontrei novamente, na sua Tenda de Coquiteis no Familienfest am Goldener Reiter, festa do feriado de 03 de outubro. Era possível ver a bandeira brasileira de longe, da sua tenda. O cocar de índio, feitos com pedras e penas azuis, era o toque de fundamental da idealização do Brasil naquela festa.

Entretanto, nossa princesa carioca estava contrariada, com tanta música alemã!!! Ocasionalmente, quando tem festa em espaços públicos, sempre tem a apresentação de músicos brasileiros, mas ontem não rolou. Fazer coquiteis ao som de uma tortura saxônica, ninguém merece, não é?

Denise estava muito ocupada com os coquitéis, que graças a Deus, vendia mais que água, e não pudemos conversar mesmo, tão pouco fazer uma fotografia para colocar neste texto.

O site de Denise é todo em alemão, mas com informações sobre as diferentes festas culturais brasileiras, com uma pequena resenha e algumas fotografias, incluíndo o Boi Bumbá, o que me deixou muito agradecida e feliz. 

Ela é o máximo!!! Eu sou sua fã Denise Chocobom. 

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

O fantasma da Biblioteca

Ontem eu fui buscar livros para o meu filho e para mim na  Biblioteca Pública de Dresden, e voltei com uma história para contar.

Havia mais duas senhoras, que assim como eu, estavam escolhendo livros para seus "pimpolhos" na sessão de livros infantil. Eu estava buscando livros na estante de Bildbücher (livro imagens, os quais contêm mais imagens que textos) quando "puft", caiu um livro em cima da minha cabeça, assim do nada!!!


Tem somente uma prateleira, mais em uma posição mais alta que eu, acima da minha cabeça, e foi de lá que veio o livro!!! Eu já estava à pelo menos ums 20 minutos em pé ali, escolhendo livros, na prateleira abaixo, onde eu perfeitamente alcançava, perdida entre tantas opções, quando, sem nenhuma explicação lógica, o livro caiu. 

Meu esposo disse que talvez a estante balançou, mas esta hipótese eu descartei, pois ele não conhece lá, as estantes são fixas no chão e nas paredes, afinal o público daquele setor são crianças, que podem eventualmente ter a idéia de se pendurar nas estantes.

O livro ficou até com a marca do meu batom porque, de tão surpreendida, eu acabei esfregando ele um pouco no meu rosto para que ele não caísse no chão, puro instinto. Bem, já que o acaso o colocou na minha cabeça, digo, nas minhas mãos, fui folheá-lo. 

O livro é da editora Boje-verlag, em uma edição de 2008, com páginas amareladas e com aquele cheiro de livro velho. O livro chama se "Der Zauberer Korinthe", isto é, o mágo Korinthe, e tinha por todas as páginas as pegadas deste mágo que caiu dentro de um tinteiro. Era muito menos colorido do que eu espero de um livro para chamar atenção do meu filho, mas continuei folheando-o, para dar mais uma chance e entender o porquê dele. 

Ao lê-lo, percebi as rimas, jogo de palarvras, era uma poesia, era um livro imagem também, e na última página havia uma partitura, que ao final entendi que na verdade as rimas do livro, tratava-se de letra de uma música ou uma poesia que virou letra de música, não sabia ao certo, naquele momento.

Se era uma música, certamente teria no Youtube! E tem, encontrei muitos vídeos recitando a poesia e somente três cantando (quer tentar, veja aqui).

O autor do livro, James Krüss, ao lado do Josef Guggenmos, foram dois grandes autores de poesia infantil alemã de meados do século XX até hoje, segundo Rechou et al. 2009(*)

Eu não gostei muito do livro, ele não era tão mais interessante que os outros, mas eu o trouxe para casa e tentar fazer meu filho se interessar, a final o livro me quis e não o contrário. Eu não acredito em espíritos, tão pouco em fantasmas, mas para brincar, coloquei esse título. Porém eu acredito em mágos (risos), agora no Mago Korinthe.

(*) RECHOU, Blanca-Ana R., LÓPEZ, Isabel, RODRÍGUEZ, Marta N., 2009. A Poesía Infantil do Século XXI (2000-2008), Vigo: Edicións Xerais de Galicia. 

domingo, 13 de setembro de 2015

Tapioca na Alemanha, para contar histórias

Eu sou do Estado do Amazonas, fui criada e educada em Manaus. Meus pais são descendentes de nordestinos. Os meus avós paternos eram primos de primeiro grau, originados da cidade de Baturité, Estado do Ceará. A minha vó materna, cearense também, chegou de navio com os migrantes nordertinos para trabalhar no período áureo da borracha no início do século 20 (por volta de 1908), órfão de pai e mãe, sem documentos ou tutores, muito criança, embarcou eu um viagem de aventura e desventuras. Felizbela Basílio de Almeida, era o nome dela, sobreviveu, foi morar em seringais, trabalhou duramente na floresta amazônica, tornou-se uma mulher rígida, mãe de 8 filhos, morreu em 2003, com mais de cem anos, lúcida, lembrava de toda sua tragetória histórica.

Meus avós eram ribeirinhos, isto é, aquele que moram às margens dos rios da amazônia, meus pais moram na cidade, mas mantêm um sítio até hoje, na margem esquerda do Rio Negro. Neste sítio eu aprendi a fazer farinha, extrair o tucupi e a goma para fazer tapioca, aprendi a amar a natureza, só não aprendi a nadar!

Sempre no café da manhã, minha mãe fazia tapioca para nós, para substituíndo o pão francês. Comemos sempre quentinha, feita na hora, pois depois que esfria, a tapioca fica dura, mas continua gostosa, tem valor.

Eu fui morar em Curitiba, para estudar, e levei comigo a goma para fazer tapioca, era mágico, quando eu sentia um pedacinho de tapioca na minha boca, eu aquecia todo o meu coração, e espantava aquela tristeza que eu sentia nos dias frios de inverno. Eu levava também tucupi, para fazer tacacá e quando o dinheirinho dava, eu fazia o famoso "Pato no Tucupi".

Eu nunca tive coragem de trazer goma para o exterior, pois a semelhança com entorpecentes, me causava muito medo de haver uma mínima confusão e mal entendido no aeroporto.

Na época que morei no Sul da Alemanha, eu "descobri" que os asiáticos usam temperos e comem frutas e vegetais iguais aos que costumamos comer no Amazonas. Por exemplo, frutas como a banana pacovã e côco, vegetais como o milho branco, o quiabo e a macaxeira, temperos como o coentro (aqui chama-se Koriander) e  azeite de dendê.
Fiz muito Vatapá na Alemanha, afinal eu tinha o dendê, o côco, o coentro, cebolinha pão e camarão!!!

Eu pensava, na minha "santa ignorância" que todos esses produtos era originários do Brasil. Eu fiquei muito surpreendida quando vi uma cena, no filme da The Diary of Anne Frank, uma embalagem de Koriander, na farmácia de manipulação, em Amsterdã, naquela época. Eu precisei viajar para ter mais cultura e conhecimento.

Minha amiga Nina, que escreve o blog Entre mãe e filha, foi que me ensinou, em junho deste ano, comprar e goma nos mercadinhos asiáticos. Esse primeiro pacote eu comprei em Freiburg, 500g de pura felicidade. Quando acabou eu fiquei triste, mas em agosto descobri que tem aqui em Dresden e comprei.

Eu fiz a tapioca para o meu filho levar para o café da manhã no Kindergarten, e causou "barulho", a professora queria saber o que era aquilo, e agora para eu explicar tudo, deu trabalho, alemão é interessado, quer saber detalhes, até valores nutricionais (Descubra oito razões para incluir a tapioca na dieta).

Qualquer dia desses vou fazer um café regional com tapioca, banana frita, mingual de munguzá, abacatada (abacate com leite e açucar, batido no mix) só vai faltar o famoso "pão com Tucumã". Queres provar?

Photo by Galiceanu A. 2015
Photo by Galiceanu A. 2015
Photo by Galiceanu A. 2015


Photo by Galiceanu A. 2015


quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Superproteção não é bom?

A professora solicitou que eu conversasse com o meu filho, dizer que ele deve obedeçê-la, escutá-la, pois ele é muito travesso, e não à obedece na primeira ordem. As crianças alemãs da turma dele são bem mais obedientes, eu já vi.
A turminha dele iria fazer duas visitas: uma no centro da cidade e outra em uma importante gráfica. A professora estava preocupada, pois ela temia que ele não à obecesse no sinal de trânsito, ou nas ruas, correndo o risco de se perder, pois Dresden é turística e tem muita gente circulando na cidade.

Quando esta professora estava de férias, meu filho foi com outras turminhas, para outros passeios como atravessar uma ponte à pé, ou atravessar o rio de Elbe Ferries, e nenhum dos outos professores fizeram qualquer objeção ou uma mínima observação.

Photo by Galiceanu A. 2015
Eu perguntei se eu poderia ir junto, e ela permitiu. Assim eu fiz. Fui para duas excursões: um dia para o centro da cidade identificar onde estão os relógios e para explicar às crianças a importância de saber  as horas; outro dia para visitar a gráfica para conhecer como são impressos as revistas, painéis, folders.  

Foi divertido, a criançada inteligente, entendem rápido o que é colocado para eles como lição. Eu, por exemplo, ainda não havia percebido que tem relógio para todo lado, praticamente em todos os pontos de ônibus e trenzinhos. 

Entretanto, meu filho ainda não fala alemão. Ele aprendeu bastante frases do cotidiano no Kindergarten, mas não entende, por exemplo, as explicações do funcionário da gráfica, sobre o processo produtivo, e o pior é que nem eu entendi.

Eu fui tomada por um sentimento de culpa, por expor meu filho à esta situação desconfortável. Além de perceber que algumas crianças, aproveitavam, quando a professora estava longe, para agredir outras crianças menores. Outras crianças chamavam meu filho de "popo" e o empurravam (e nem vou traduzir porque é grosseiro). Eu estava lá, na frente deles e eles não se intimidaram. Cheguei em casa tão triste, e pensei até na possibilidade de tirar meu filho do Kindergarten.

Eu li no site da psicóloga Rosemeire Zago que a superproteção de um filho é caracterizado como um abuso emocional e tem consequências negativas, tais como dependencia e imaturidade emocional, baixa tolerância à frustração, passividade, depressão.
"A superproteção passa a mensagem de que a criança não é capaz de resolver as coisas por si mesma e que dependerá sempre dos pais para dar suporte e auxílio. Sendo assim, como poderá uma criança crescer e chegar a vida adulta, acreditando em si mesma? Nenhum comportamento que gera dependência poderá produzir confiança." Rosemeire Zago
Foi assim que eu tive "forças" para entregar meu filho mais uma vez no Kindergarten hoje.

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Quando chega a primavera - Parte II

Diga-me se é possível falar da chegada da primavera sem falar delas, as flores?

Photo by Galiceanu A. C. ©  2013
Na fotografia estávamos no jardim do Schloss Pillnitz (mais uma palavrinha em alemão para você, que não conhece, aprender: Schloss é castelo), cercados  de Azáleas de diferentes cores.

Eu fiz tantas fotos das Azáleas, tulipas, rosas, nesta visita, que tenho que publicá-las. Eu devo colocá-las nos próximos dias na minha conta do Pinterest.


Os arbustos estavam completamente tomados de cachos de flores, em cores incríveis, que parecia que estávamos em um sonho, por ser tão lindas.

Fizemos a fotografia na primavera de 2013, quando estivemos em Dresden pela primeira vez. Neste mesmo ano, em 02 de junho, houve uma inundação surpreendente. O Rio Elbe transbordou cerca de 9 metros, atingindo o alerta de nível 4. O Terrassenufer (importante ponto turístico as margens do Rio Elbe) foi até bloqueado.

Nesta primavera fomos visitar novamente o jardim deste castelo, mas para nossa surpresa, não havia a mesma paisagem florida do ano de 2013. Havia flores, mas muito muito menos. Talvez ocorreu alguma alteração no solo, nas plantas em geral, depois de ter sofrido a sobreposição hidrica.

Achei esse vídeo espetacular, feito em junho de 2013, do Rio Elbe transbordado sobre Dresden.


Na primavera inicia-se também a temporada de festas e expetáculos públicos, que segue até o final do verão (falo mais aqui destas festas).

O primeiro "fervo" que fomos neste ano, foi o festejo de 01 de maio - dia do trabalhador - o tradicional Festival da Primavera, Tinha brinquedos para as criança, barracas com comidas e cervejas típicas da região, artesanatos, espetáculos musicais e de dança e muito mais, nós adoramos. Outro dia, no finalzinho de maio, nós três encontramos outro "fervo" promovido pelo SOS Kinderdörfer na Dr.-Külz-RingStraße.

E a primavera se foi dando lugar ao verão, mas as flores ainda estão por todos os lados.

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Qual o programa de ensino do Kindergarten na Alemanha? - Parte I

Quando decidimos que voltaríamos para Alemanha, eu comecei a fazer uma pesquisa sobre como era o sistema educacional. Nosso filho estava com 3 anos e frequentava uma excelente creche em Manaus, e queríamos, obviamente que ele fosse para um creche tão boa quanto a creche no Brasil.

O primeiro texto que li foi de Célia Matheus, publicado no Tudo Alemão, uma plataforma online do Goethe-Institut. No texto encontrei a resposta para a nossa dúvida (minha e de meu esposo): colocar nosso filho na escola que fala inglês ou alemão. Na Alemanha é muito comum escolas internacionais, que lecionam, educam em diferentes idiomas. 

No texto, a autora diz que a melhor opção é uma escola oficial alemã, pois o filho dela ia ter que falar alemão de qualquer maneira para brincar com as crianças alemãs, e obviamente teria que entender as outras crianças. Com o nosso filho seria igual, então ficou decidido: alemão.

Continuando a pesquisa sobre o tema, encontrei o blog Cinquenta mil aventuras, que pertence justamente à Célia Matheus. Ela é uma imigrante portuguesa e escreveu vários textos em seu blog sobre o tema, contando as experiências, as frustrações, as conquistas diárias e a adaptação do seu filho de 5 anos no Kindergarten.

Depois de ter lido todos os textos do blog sobre o assunto, eu fiquei preocupada, pois eu ainda não estava medindo o tamanho dos desafios que enfrentaríamos, principalmente com relação às emoções que meu filho seria submetido. Dei graças a Deus por meu filho ter mais de 3 anos, pois é muito mais complicado para conseguir vagas.

No site da cidade, www.dresden.de, encontrei todas as informações da base educacional dos Kindergärten na Saxônia. Eu logo entendi que ele não teria aulas de alfabetização, pois está destinado às crianças a partir de 6-7 anos de idade.

O Plano Pedagógico, está disponível no mesmo site, em diferentes idiomas, o que me chamou atenção: idiomas latinos, eslavos, russo, turco, arabe, tcheco e até vietnamita. Eu já podia imaginar que meu filho estudaria com crinças de diferentes nacionalidades, e seria incrível e desafiador.

Photo by www.sachsen.de
A proposta de educação da Saxônia é basicamente centrada na idéia de <auto-educação>, onde as crianças tem a oportunidade de realizar suas próprias experiências sobre os fenômenos da natureza, cultura, religião e relacionamento social ao seu redor (www.bildung.sachsen.de). As crianças têm espaco livre, tempo e chances de brincar. Logicamente, sob os cuidados de professores capacitados à metodologia, os quais interferem minimamente nas ações do grupo de crianças que é responsável.
"A educação é entendida como um processo unitário e global, direcionado para o desenvolvimento integral da pessoa em suas diferentes formas de agir, pensar e entender. Assim, a educação é muito mais que <aprender>."

continua ... 

domingo, 9 de agosto de 2015

Qual o programa de ensino do Kindergarten na Alemanha? - Parte II

A foto que estou usando é do catálogo de brinquedos Playmobil, e mesmo tratando-se de um "brinquedo" eu pude perceber a concepção de educação dos Kindergärten da Alemanha.

Photo by Galiceanu A. C. ©  2015
Como é possível ver, não tem crianças em mesinhas fazendo tarefinhas, com livros de atividades, o que tem são crianças brincando em diferentes pontos, com uma professora por perto, mas todos estão brincando. E isto não é a hora do recreio, pois a hora do recreio é toda hora.

Vou tentar explicar a rotina do Kindergarten que meu filho frequenta: as crianças vão chegando a partir das 7h da manhã, e são recebidas pela equipe de professores na sala de refeições, onde tomarão o café da manhã.

Quando chegam no Kindergarten, os pais levam seus filhos para uma sala que poderíamos chamá-la em português de vestuário, onde as próprias crianças sentam-se e trocam primeiramente os sapatos por um chinelo confortável, do tipo do Crocs ou pantufas. As crianças tiram os sapatos, as jaquetas, luvas, cachecóis, gorros, tudo sozinhas e colocam nos seus cabides e escaninhos. E os pais? apenas assistem.

Na Alemanha, as pessoas costumam trocar os sapatos, assim que chegam da rua, por chinelos confortáveis e acima de tudo limpos. É um hábito que levaram para os seus locais de trabalho, pois na clinica pediátrica e dentária que levo meu filho os médicos, enfermeiros e zeladores usam esse Crocs.

Continuando, depois as crianças vão para o desjejum, com sua lancheira na mão. Na mesa tem chá, leite ou água para as crianças servirem-se  sozinhas. Ao terminar o desjejum, as crianças levantam da mesa e descartam o que não comeram, e colocam as louças sujas no carrinho.

E depois? as crianças ficam livres livres para decidir onde querem ficar: se é na sala de arte, de música, na biblioteca explorando os fantásticos livros, desenhar e pintar (sempre tem papel e muitos muitos e muitos lapis de cor) ou simplismente no colchões do repouso (podem ficar deitados ou dormir à vontade). Podem também brincar de pega-pega ou brincar com aqueles brinquedos educativos e de estímulos.

Depois das dez horas da manhã (as vezes antes, dependendo da estação do ano) todas as crianças e as professoras vão para jardim


Photo by Galiceanu A. C. ©  2015
O jardim dos Kindergärten, o Spielplatz (literalmente é praça de brincadeira, isto é, um parquinho), são enormes, cheios de brinquedos: balanços, cama elástica, trenzinhos de madeira, navios piratas gigantes, bicicletas, escorregadores, casa da árvore, casinhas com mesas e muito mais. Além do contato direto com a natureza, na horta e jardim de flores.

A lei é brincar.

Lembra do quê falei no artigo Na Alemanha criança brinca de verdade? Então, a idéia é essa.

Entretanto, além de se divertirem na sua primeira infância, as crianças são capacitadas para moldarem suas próprias vidas. As crianças são ensinadas a terem "responsabilidades" com seus pertences, desenvolvem a confiança em suas próprias habilidades e, assim, possuem um elevado grau de autonomia.

Então, qual o programa de ensino do Kindergarten na Alemanha? A resposta é nenhum, pelo menos quando trata-se de um programa de alfabetização. Eu gosto, aprovo, mas não recomendo para o Brasil.

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Dresden, Lutero, as igrejas e minha ignorância

Eu sou católica, e já havia algumas semanas que não fui para missa, desde que cheguei na Alemanha, então resolvi ir na igreja mais próxima de casa. Havíamos poucas semanas que nos mudamos, e eu não conhecia quase nada da cidade.

Lukaskirche, foi a igreja escolhida, pois eu tinha a programação da Semana Santa. Fui na celebração da sexta-feira. Começou com a apresentação de um concerto de cordas, solene, melancólico, longo. Todos estavam sentados, imóveis, inclusive as poucas crianças que vi, então eu tentei copiá-los.

Houve uma pausa no concerto, e ai eu pensei que o padre iria para o altar, finalmente, mas quem apareceu foi uma senhora vestida elegante e formalmente (assim como todos naquela igreja). Ela fez a leitura da bíblia, pertinente ao dia celebrado, que também é muito longa. Voltou o concerto, agora com piano. A celebração parecia não ter fim, monótona, por um momento pensei que fossem crentes.

Porém, havia algo de errado, eu sentia isto, eu só não conseguia explicar para mim mesma. Eu já estava ali por mais de uma hora, me cansei, e sai.

No caminho para a casa fiquei pensando: " ... o nome da igreja é Lukaskirche, talvez é homenagem para São Lucas; havia uma cruz bem grande no altar principal; havia quadros com imagens de passagens bíblicas; crentes não reverenciam santos, tão pouco imagens, cruzes". Havia algo incomum no rito, algo que eu não sabia explicar, só sentir.

Chegando em casa, fiz algumas perguntas para o meu esposo, que é ortodoxo, no intuito de descobrir o que estava errado na celebração católica, da igreja católica, que eu havia ido.

A Alemanha não é uma novidade para mim, tão pouco o idioma, eu não tenho fluência, mas  vocês acreditam que eu consegui me confundir completamente com as igrejas aqui em Dresden. Digo Dresden, porque em Freiburg, cidade no sul da Alemanha, onde morei alguns anos atrás, era diferente, lá eu sabia exatamente quais eram as igrejas católicas e as poucas igrejas protestantes. 

Photo by Galiceanu A. C. ©  2013
Quando estivemos em 2013, aqui em Dresden, como turista, não andei em busca de missas, mas visitamos algumas igrejas, tiramos fotos e rezamos. Visitamos a Frauenkirche, a principal basílica barroca da cidade. Traduzindo literalmente para o português, frau é senhora, frauen é no plural, senhoras, e kirche é igreja, o que me fez pensar, erradamente, que seria uma igreja para Nossa Senhora a mãe de Jesus. Certo? richtig? não, errado, erradíssimo.

Conhece Martin Luther? O fundador da Reforma Protestante na Europa? Pois é, ele é daqui da Saxônia, de Eisleben, à 198 km de Dresden. Quando ele fez a reforma, ele era um monge agostiniano, e por isto a semelhança estrutural e decorativa das igrejas luteranas com as igrejas católicas.

Ai eu chego aqui no leste da Alemanha e as igrejas evangélicas são iguasizinhas as católicas. Fiquei completamente confusa.
  
Acontece que eu cresci no Brasil, cercada de evangélicos de diferentes denominações, mas com as mesmas convicções: nada de santos ou Maria Santíssima, nada de imagens ou cruz.

Então, constatei a minha total ignorância sobre a religião que sigo, sobre os fatos históricos de altíssima relevãncia que ocorreram, como exemplo a Reforma Protestante, bem como a história geral do mundo.  Ainda bem que tem remédio: ler.

Photo by Galiceanu A. C. ©  2013

Por favor não me perguntem como eu não vi essa estátua imensa do Martin Luther na frente da igreja e que eu mesma fotografei. Eu estava emocionada demais, um dia vou contar o porquê.

A história da Frauenkirche é espetacular: foi completamente destruída na segunda guerra, e depois os seus escombros viraram um memorial durante anos, até 2001. Um inglês, filho do General que jogou a bomba, "resolveu" reproduzir uma replica perto da perfeicão. O resultado é incrível, e a igreja recebe diariamente turistas para ver a reconstrução que durou 11 anos e custou muitos euros.






terça-feira, 16 de setembro de 2014

As passagens aereas

Nós iremos no inicio do próximo ano, então eu tratei de começar a procurar passagens aéreas mais baratas possíveis, pois o CNPq financia somente as passagens do estudante de pós-doutorado, no caso, as passagens do meu marido, e os familiares vão por conta.
Logo, fui buscar o que tinha de mais barato.

Eu só viajei uma única vez de Lufthansa e adorei, mas sei que os preços são mais caros que outras empresas. Justamente em junho deste ano eles fizeram uma promoção, um preço inacreditávelmente barato, mas tinha que comprar as passagem em junho, resultado: não rolou pois o meu marido ainda nem havia recebido oficialmente a permissão do departamento para sair no próximo ano. Se ele tivesse me ouvido, nós teríamos comprado, pois independente de não sair, teríamos passagens pelo menos para as férias na Europa.

Ai, recebi uma mensagem da Alitalia  e suas promoções, já estava no final de julho e mais uma vez tinha limites de data para comprar as passagens. Olha eu apertando o meu marido de novo, e de novo ele pediu-me paciência, pois a permissão havia saído, mas o financiamento não.

Era tentador: sair de Manaus - Roma, descer em Roma e ficar quantos dias quisesse, isto chama-se Stopover, de depois seguir para Frankfurt, e o melhor sem pagar mais por isto, ao contrário, era até mais barato que comprar direto. E na viagem de retorno, sair de Bologna para Manaus, e tudo isto por menos de 800 €.

No dia em que batemos o martelo e decidimos que iriamos comprar as passagens, o condomínio que moramos notificou que haveria o desligamento da energia durante o dia inteiro para manutenção de poda das arvores ao redor da rede elétrica. Porem, os trabalhos foram concluídos antes da 14h e o fornecimento de energia foi reestabelecido, e fomos correndo para o computador, mas o sinal da Internet estava muito baixo, nos impossibilitando de fazer a compra. Gracas a Deus!!!

Acontece que eu não relaxo e resolvi fazer uma nova pesquisa de mercado e ver se já tinha outra empresa fazendo promoção, antes de me comprometer com a Alitalia. Entrei no site Edreams e encontrei outra promoção absurdamente boa: a KLM.
Tá bom, ninguém ia mais parar em Roma de grátis, mas pensando muito, mas muito bem, estamos indo de mala e cuia por um ano, isto é, vamos levar tudo que pudermos, para não ter que comprar, e ainda será no inverno, como seria descer em Roma? pegar taxi, pois não ira rolar Metro ou ônibus, com tanta bagagem, ir para um Hotel, arrastando malas e tudo mais. Aff.

A KLM estava com uma promocao que saindo de São Paulo para Berlim por exemplo custava US$799. Olha minha gente, mais barato do que isso, só ganhando as passagens em sorteio.



domingo, 14 de setembro de 2014

Ao iniciar

Meu esposo é Professor e no próximo ano ele irá fazer um Pós-doutorado na Alemanha.
Nós temos um filho que hoje tem 4 anos, ele frequenta uma creche somente pela manhã.
Eu sou engenheira florestal, estou há 6 anos sem trabalhar por motivos pessoais, entre estes motivos, cuidar do meu filho.
Nós iremos, juntos para Alemanha, os três.
Eu pensei então de fazer um blog para falar da nossa experiência, postar Fotos, mas no próximo ano, quando já estivéssemos lá. Entretanto, foram surgindo varias demandas: compra das passagens, procura de um apartamento para alugar, escola para meu filho, oportunidade para eu trabalhar ou estudar, e todas estas demandas me fizeram acreditar que eu deveria começar Agora o meu blog.
Portanto, bem-vindos às minhas aventuras.