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sábado, 3 de outubro de 2015

Como não amar a Alemanha?

Eu costumo pegar livros na Biblioteca Pública perto da nossa casa, vou quase sempre sozinha porque o meu filho não gosta do espaço infantil que tem lá, é pequeno e meio sem graça, se comparado ao espaço da Biblioteca Central. 
No mesmo dia em que "aquele livro me quis", eu recebi um presente das bibliotecárias!!!
Photo by Galiceanu A. 2015
Depois que a menina me deu o recibo-controle dos livros que eu emprestei, ela perguntou quantos anos meu filho tem, pois a biblioteca tinha um presente para ele. Então ela me deu uma sacolinha de pano, com o logotipo "Lesestart".
Continha dentro da sacola um poster super colorido, dois guias de leitura para os pais incentivarem a leitura aos seus filhos e um lindo livro da Editora Arena, que tem livro incríveis para as crianças. Olha no site dessa editora, você vai "surtar", se voce tiver filhos de 0-12 anos.

A bolsa e o conteúdo, trata-se do programa de apoio e promoção à lingua e leitura, voltada para as crianças e adolescentes, um programa financiado pelo Ministério da Educação e Pesquisa da Alemanha (Bundesministerium für Bildung und Forschung).

Então eu pergunto: como não amar a Alemanha?

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

O fantasma da Biblioteca

Ontem eu fui buscar livros para o meu filho e para mim na  Biblioteca Pública de Dresden, e voltei com uma história para contar.

Havia mais duas senhoras, que assim como eu, estavam escolhendo livros para seus "pimpolhos" na sessão de livros infantil. Eu estava buscando livros na estante de Bildbücher (livro imagens, os quais contêm mais imagens que textos) quando "puft", caiu um livro em cima da minha cabeça, assim do nada!!!


Tem somente uma prateleira, mais em uma posição mais alta que eu, acima da minha cabeça, e foi de lá que veio o livro!!! Eu já estava à pelo menos ums 20 minutos em pé ali, escolhendo livros, na prateleira abaixo, onde eu perfeitamente alcançava, perdida entre tantas opções, quando, sem nenhuma explicação lógica, o livro caiu. 

Meu esposo disse que talvez a estante balançou, mas esta hipótese eu descartei, pois ele não conhece lá, as estantes são fixas no chão e nas paredes, afinal o público daquele setor são crianças, que podem eventualmente ter a idéia de se pendurar nas estantes.

O livro ficou até com a marca do meu batom porque, de tão surpreendida, eu acabei esfregando ele um pouco no meu rosto para que ele não caísse no chão, puro instinto. Bem, já que o acaso o colocou na minha cabeça, digo, nas minhas mãos, fui folheá-lo. 

O livro é da editora Boje-verlag, em uma edição de 2008, com páginas amareladas e com aquele cheiro de livro velho. O livro chama se "Der Zauberer Korinthe", isto é, o mágo Korinthe, e tinha por todas as páginas as pegadas deste mágo que caiu dentro de um tinteiro. Era muito menos colorido do que eu espero de um livro para chamar atenção do meu filho, mas continuei folheando-o, para dar mais uma chance e entender o porquê dele. 

Ao lê-lo, percebi as rimas, jogo de palarvras, era uma poesia, era um livro imagem também, e na última página havia uma partitura, que ao final entendi que na verdade as rimas do livro, tratava-se de letra de uma música ou uma poesia que virou letra de música, não sabia ao certo, naquele momento.

Se era uma música, certamente teria no Youtube! E tem, encontrei muitos vídeos recitando a poesia e somente três cantando (quer tentar, veja aqui).

O autor do livro, James Krüss, ao lado do Josef Guggenmos, foram dois grandes autores de poesia infantil alemã de meados do século XX até hoje, segundo Rechou et al. 2009(*)

Eu não gostei muito do livro, ele não era tão mais interessante que os outros, mas eu o trouxe para casa e tentar fazer meu filho se interessar, a final o livro me quis e não o contrário. Eu não acredito em espíritos, tão pouco em fantasmas, mas para brincar, coloquei esse título. Porém eu acredito em mágos (risos), agora no Mago Korinthe.

(*) RECHOU, Blanca-Ana R., LÓPEZ, Isabel, RODRÍGUEZ, Marta N., 2009. A Poesía Infantil do Século XXI (2000-2008), Vigo: Edicións Xerais de Galicia. 

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

"Deus é alemão"

Sabe aquele ditado popular que diz que "Deus é brasileiro"? Então, eu concordo, diante de tantos problemas enfrentados no Brasil: problemas de segurança pública, falta de hospitais, acidentes de trânsito, entre outos. 

Algo me fez mudar o ditado popular para agradecer a Deus pelas inúmeras "providências" tomadas no sentido de proteger as crianças daqui. 

Eu estava em uma festa pública quando duas mães com seus bebezinho se aproximaram de onde eu estava sentada com minha família. Umas das mães se afastou e deixou seu bebezinho com a outra. A outra mãe pegou o seu bebezinho e colocou no chão, para auxiliar o outro bebezinho que estava chorando.
Photo by Jan Möbius (mz-web.de)
O bebezinho que foi para o chão, deveria ter por volta de 9 meses, e pegou um garfo de plástico que estava no chão, sujo com resíduos de comida, e colocou na boca. Com um gesto, eu mostrei para a bendita mãe, o que estava acontecendo, e ela sorriu para mim (bem forçado, tipo: o que você tem haver com isto?) e não fez um único movimento no sentido de tirar o objeto da criança.

A criança fazia movimentos fortes com o garfo na boca, e ainda o quebrou, tornando-se mais perigoso ainda, pois formou pontas amoladas com facas (voce pode imaginar o que eu descrevo?). Eu começei a suar frio nas mão e sentir náuseas, pelo duplo perigo que a criança estava passando: o do plástico rompido e do resíduo de comida do objeto, que muito provávelmente estava ali da noite anterior, e exposto a decomposição bacteriana e de uma "lambidinha" do rato, ou voces acham que aqui não tem rato pelas ruas?

Meu esposo me auxiliou, e pediu, pela milésima vez que não interfira na vida dos outros, mesmo que eu acredite que é para o bem deles, pois eles, muitas das vezes, não tem o meu ponto de vista, e esse conselho não cabe somente na Alemanha, mas por onde eu estive.

A criança cuspiu os pedaços de garfo, a mãe tirou alguns outros da boca da criança, e a colocou novamente no chão, e com oportunidade, pegou uma ponta de cigarros. Eu não mereço, virei de costas mesmo.

Tenho outras histórias, mas são muito particulares por conter exclusivamente o meu ponto de vista, então, nem vou tentar falar aqui.

O modo como as mães alemãs tratam seus filhos me incomoda muito, e obviamente, tem pontos positivos na linha de educação, mas muitos negativos. A total independência, como um sentido para a vida, é em parte, algo positivo que eu estou aprendendo a aplicar em nossas vidas, minha e do meu filho, mas daí entregar o filho à própria sorte, tem uma diferença muito grande, e que eu desprezo.

domingo, 6 de setembro de 2015

Kindergarten - organizar brincando

A professora do meu filho me solicitou que eu comprasse um Schüleretui (Foto 1), que é uma espécie de estojo de lápis de cor, canetas, régua, borracha, bloquinho de anotação, e muito mais, ou muito menos, dependendo da marca e do preço é claro.

Photo 1 by Galiceanu A. 2015
O Schüleretui é um material escolar comum para as crianças que já estão na Schule, isto é, na escola, que é o equivalente ao primeiro ano, entretanto algumas educadoras do Kindergarten, gostam de introduzir no cotidiano das crianças com 5-6 anos, pois breve terão a "responsabilidade" do uso e cuidado com seu próprio material.

Como setembro é o mês das voltas as aulas aqui na Alemanha, quando eu fui procurar um desses para o meu filho, só encontrava o "resto do resto", àqueles cuja capa era com desenhos bem feios, cores escuras, sem graça, um horror. Havia uns mais ou menos bonitinhos, mas eram muito caros, perto de 50€ (R$ 150,00 dependendo do câmbio), e para completar a obra, estavam vazios.
Achei esse fofo em uma loja, de nome impronunciável: Pfennigpfeiffer, que a professora indicou.

A cultura alemã tem algo que me atrai: a organização. Esses estojozinho parece-te brincadeira? mas não é. Lembra-te estojos no Brasil, como são? um saco bem fundo, com um zipper bem longo, onde jogamos tudo juntos, emboloados, não é? fazemos isto desde crianças até a fase senil. 

A proposta é ter tudo no lugar, visível, para que quando você precisar de algo específico, não perder tempo, pegar, usar e colocar novamente no lugar. Ahh, se eu tivesse recebido esta educação ... 
Photo 2 by Galiceanu A. 2015
Quando vou nas lojas de departamento para casa, eu fico admirada com tantos recursos para colocar a casa em ordem, e é tudo muito barato, tem da cozinha ao banheiro, da garagem ao jardim, dos brinquedos das crianças ao closet dos pais. Até o lixo, tem que ser "organizado", tanto na separação e armazenamento, quanto na coleta, eu vou falar aqui sobre esse tema. Olha nessa oficina: até a pá e a vassorinha tem um lugar (Foto 2).
Você que é bagunceiro, regenere-se antes de pisar aqui na Alemanha, é só um conselho ;-)

domingo, 30 de agosto de 2015

Eu "andei" pedindo esmola

Quando meu esposo disse que queria voltar para Europa, para um pós-doutrorado, senti meu coração pular, literalmente. Ele falou logo que gostaria de ir para Technische Universität de Dresden, e eu concordei sem mesmo respirar.


Nosso filho ainda estava com três anos de idade, e então iniciei uma pesquisas sobre os jardins de infância, sistema de ensino, custos, possibilidades (falei isso em O Kindergarten para meu filho).

Photo by Galiceanu A. 2014


Encontrei entre outras informações, o blog Cinquentamilaventuras, de uma portuguesa, que me chamou atenção, em especial, sobre como foi a adaptação do seu filho no Kindergarten alemão. Eu li todos os textos referente ao assunto que ela escreveu em seu blog. Eu "caí das nuvens de algodão" em que eu me encontrava para uma "dura realidade terrena". Meu filho passaria, provavelmente, por um sofrimento na adaptação, e isto "pesou" como uma pedra gigante em eu coração.

No blog citado, a autora disse que ela deixava seu filho aos prantos no Kindergarten, que seu filho antes extrovertido, ficara solitário e calado,  e tantos outros detalhes que me fizeram chorar muito (como eu não pensei nisto? fui tão egoísta) e reconsiderar a idéia de sair do país para um desafio como este. A autora do blog também falou da Frau Müller, educadora do seu filho que ajudou bastante no processo de adaptação. Porém, mais nada me fazia acreditar que tínhamos feito um bom plano.

Eu estava disposta a desistir, preparei um discurso, mudei o tom de voz habitual que falo com meu esposo e declarei que nós não podíamos mais ir para Europa, nesta fase da infância de nosso filho, não seria justo com ele, não poderíamos, pelo amor que temos por ele. Citei todos os pontos negativos que eu não havia ponderado, antes de ler o blog da portuguesa.

E vocês sabem como pensam os europeus? Meu esposo tão surpreso, quanto admirado com a minha precocidade, isto para não dizer "inocência", falou que agora era exatamente o momento certo de sair, antes de começar a escola primária, simples assim.

(continua aqui ...)

terça-feira, 25 de agosto de 2015

CANALETTO Dresden - água potável X lixo

Photo by Galiceanu A. 2015
Aqui na Alemanha a água da torneira é água potável e tem comprovadamente, um padrão elevado qualidade.

A empresa responsável pelo tratamento e fornecimento de água daqui Stadtentwaesserung Dresden, esteve presente no CANALETTO com um stand para a conscientização da população quanto ao descarte correto de lixo para não contaminar o sistema de esgoto.

O cartaz diz que "o vaso sanitário não é lixeira". Eles colocaram três exemplos classícos de erros cometidos pela população em relação ao descarte de lixo indevido, e o melhor de tudo é que eles explicaram o porquê de não ser permitido, ilustrando até mesmo as consequências deste descarte incorreto.

E eu que imaginava que aqui tudo já funcionava de modo perfeito, que todos já eram conscientizados, fiquei até surpresa com o stand. Porém, meu esposo explicou que a Alemanha, nos últimos anos, tem recebido muitos imigrantes e refugiádos, os quais são introduzidos aos sistemas de coleta de lixo, mas sempre algum detalhe escapa, bem como alemães natos, que não são perfeitos, e também cometem erros por ignorância ou preguiça. Eu já vi alemão colocando na caixa de lixo reciclado, um pacote de salsichas "sambadas", eca!!! esse "preguiça" deveria ter colocado somente o pacote de plástico devidamente lavado, e as salsichas no lixo ordinário (aquele tipo que não serve para nada, nem como biológico).

Então vamos lá aprender com os alemães causas e efeitos do descarte errado de lixo: 
(a) todos os tipos de remédios - os medicamentos entram no ciclo da água, e  seus resíduos são parcialmente removidos ou não removidos nas modernas estações de tratamento de água. Os resíduos prejudica o meio ambiente e a própria saúde dos usuários de água potável. Portanto medicamento é no lixo ordinário.
(b) todos os lenços umidecidos para bebês, facial ou refrescante - estes inocentes lenços são feitos com fibras plasticas ou de algodão e causam o entupimento dos canos de esgoto de sua residência e por consequência, o entupimento da bomba no sistema de esgotos. 
(c) tintas, solventes e produtos químicos - esses líquidos podem formar gases explosivos ou tóxicos nos esgotos. Aqui em Dresden tem um centro de reciclagem Stadtreinigung. Eu nem posso imaginar o que o povo descarta no sistema de esgoto, lá em Manaus, senti até uma aflição (affff!!).
(d) cotonetes - minha gente, vocês não podem imaginar o que um pequeno cotonete jogado no vaso sanitário pode provocar. Eles podem entupir bombas e assim impedir o transporte das águas residuais para a estação de tratamento. Um vez lá, eles tem que ser rastreados através de todos os sistemas de computador até chegar ao rio (o Elbe)
(e) produtos de higiene, pontas de cigarros e outros - as fraldas, absorventes internos e externos, preservativos, pedaços de tecido, pontas de cigarro devem serem jogados obviamente no lixo ordinário. Esses resíduos causam um esforço elevado para a limpeza.
(f) restos de alimentos, óleos e graxa - alimentos nas águas residuais podem atrair ratos, e a estação de tratamente, além de invertir esforços na limpeza das águas, tem que tratar odores provenientes do esgoto. Óleos e graxa contaminam os sistemas de esgotos, pode imaginar? Gente de Deus, sabe resíduo de gordura que voce eventualmente pode limpar com um papel toalha da sua panela ou do Sugar? não coloca no vaso sanitário, mas no lixo doméstico.
Podem acreditar, todas essas informações são aplicáveis ao sistema de esgoto do Brasil, quando tem, é claro.

Photo by Galiceanu A. 2015

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

CANALETTO Dresden - Obrigada DVB

A empresa de Transporte Regional Público da cidade de Dresden, DVB - Dresdner Verkehrsbetriebe AG, esteve presente no CANALETTO na Postplatz, e disponibilizou várias atrações para as crianças.

Tinha um "castelo pula-pula" em formato de uma "locomotiva", bem grande, com escurregador bem alto, três bonecos dentro, para as crianças além de pular, aguarrar os bonecos (e até socar, como muitos estavam fazendo). Era super divertido, eu estava com muita vontade de entrar lá dentro, para pular e escorregar também (risos).


O palhaço era um fofo, cantava e dançava, mesmo quando havia somente umas 4 ou 5 crianças para acompanhá-lo. Ele contava algumas histórias engraçadas, e as crianças rolavam de tanto ri, e eu tentava ri também, mas eu não entendia bem a idéia.

Havia uns carrinhos para as crinças menores de 3 anos brincarem em uma cidade de brincadeirinha, com faixa de pedestre e placas de sinalização. É uma excelente idéia para ensinar a criançada algumas regras de transito, da forma que elas mais gostam: brincando.

O meu filho já é bem grandinho, mas ele pulou em um desses veículos vermelho e só desistiu quando chegou um bebezinho chorando por um.


Também não posso deixar de citar a barraquinha da "Arte com macarrão". Havia quilos e mais quilos de macarrão cru, em diferentes formatos, com furinhos pequenos na ponta para favorecer a fabricação de colares e pulseiras, bem como  outros projetos craft. Eu simplismente amei.

Posso parecer-lhe uma "índia" que acabou de sair da floresta e nunca viu nada, deslumbrada com tudo que vejo aqui na Alemanha, mas é verdade, eu estou encantada com o que eu vi e aprendi.

Fiz uma busca no Pinterest e encontrei dois sites super legais, o Mollymoocrafts.com e o Hellowonderful.co, que contém alguns exemplos de projetos para fazer arte com macarrão. 

Photo by Galiceanu A. 2015

Eu e meu esposo sentamos e pintamos alguns macarrões para ajudar no projeto do nosso filho, que não sabiamos o que ele queria fazer.


Então, ao terminar me ofereceu um colar bem coloridinho feito de macarrão farfalle, com um pingente de um macarrão gigante em forma de concha escrito dentro TAM (a empresa aérea que ele ama desde muito pequeninhinho, por ter a cor vermelha na logo).

No Facebook deste blog eu coloquei outras fotos, que ilustra o que eu estou descrevendo.

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

O tschüs dos alemaes

Photo by Galiceanu A. C. ©  2015
Aqui em Dresden tem um parque que amo muito, o  Großer Garten

Desde a primeira vez que vim em Dresden, na primavera de 2013, eu me o amei, por seus 147 hectares de paisagem de jardins, por suas exuberantes coníferas, majestosas folhosas, o Castelo Barroco, o Lago e o passeio de trenzinhos ao logo de sua extensão.

Os trenzinhos do Großer Garten nos convida a voltar a nossa infância e são um convite a imaginação. E eu não estou exagerando. Sabe que tem a Estação Central (Hauptbahnhof)? Tem até estações menores, como se fossem estações de pequenas cidades. Sabe que tem até os controladores de passagens? são crianças vestidos com farda, chapéu e aquele aparelho que fura as passagens quando está tudo certo.

Photo by Galiceanu A. C. ©  2013
Neste ano, no início de maio, quando começou a fazer dias mais quentes, nós fomos para lá, para o Großer GartenFomos fazer piquenique, como eu havia sonhado, durante os 2 anos de espera, até chegar aqui. Nós sentamos debaixo de uma árvore Eichen, que fica ao lado do trilho do trenzinho, para vê-lo, curtí-lo e até dar "tchauzinhos".

Opaaaaaaaaaaaa, dar "tchau" já era demais, né Ana Célia!!! mas não foi ...

Quando passou o primeiro trem, o meu filho começou a acenar com as mãos, e alguém no trem respondeu, ai eu fiquei agradecida de acenei também, então outras pessoas deste tem também nos deram tchau. 

Depois, passou outro trem, e nós duvidamos que aconteceria de novo, tanta simpatia, de pessoas desconhecidas nos saudar. Nós nos surpreendemos mais uma vez, porque foi o que aconteceu. Eu e meu filho mal podíamos esperar passar outro trem e mais outro, e outro.

São crianças, senhoras, senhores, idosos, entre os que correspondem aos nossos acenos. Claro que não são todos, são alguns, mas somam um número são representativos. 

Desde então, nosso "esporte" predileto é dar "tchau" para os passageiros dos trenzinhos que passam ao lado da "nossa" árvore. 








sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Transporte público tem que ser para todos

Eu já havia contado esta história no meu Facebook! E gerou um modesto debate.

Um dia eu fui buscar meu filho no Kindergarten e peguei o ônibus que passa perto de lá. Na segunda parada, entrou no ônibus, a Diretora do Kindergarten.

Photo taken by Burts
O Diretor do instituto de pesquisa que eu frequentei no Sul da Alemanha um dia quase me atropelou, ele desviou bruscamente para não me tocar, e ele quase caiu da sua bicicleta. Ele já era um senhor de meia idade, mas estava ali, firme e forte,  e sem um centímetro de "barriga quebrada" sobre a calça.

E o diretor do departamento do meu esposo, aqui em Dresden, também chega de bicicleta, ele é mais jovem e eventualmente chega no seu BMW.

Honestamente eu fiquei muito impressionada, Eu não poderia imaginar isso acontecendo em Manaus, nem pelo transporte público deficitário, nem pelo padrão de "status" mantido por muitos brasileiros, à todo custo,

Logicamente que eu não estou generalizando, eu não julgo que todas as pessoas que ocupam cargo de destaque no Amazonas ou no Brasil como um todo, sejam arrogantes e exibicionistas. Entretanto, sabe-se que no Brasil existe uma cultura de (ou falta de cultura) ostentação e cobrança da exibição de sua mudança de condição social e finaceira.

Todos nós sabemos dos problemas de segurança pública do Brasil, da manutenção de ruas e estradas, problemas de transportes públicos, e que seria injusto fazer uma comparação com qualquer outro país, Porém, tudo é uma questão de iniciativas, como o exemplo de Curitiba, cidade que eu amo muito (estudei lá alguns anos). 

O Transporte urbano em Curitiba tem características inovadoras e tem sido considerado um dos pioneiro em modernização e reestruturação do sistema de transporte urbano no Brasil (https://pt.wikipedia.org/wiki/). Curitiba implantou em 1974 (vejam que não foi ontem) o "Sistema Expresso", criando ruas exclusivas para a circulação de ônibus. Ao longo dos anos o transporte público foi aprimorado, criando ciclovias, para favorecer o uso de bicicletas, entre outros benefícios que atinge diretamente na qualidade de vida dos habitantes de Curitiba e Região Metropolitana.

Então, todos nós, eleitores e governantes, sabemos com pode melhorar, sem perder mais tempo em fazer críticas pesadas, sarcásticas e muitas vezes inúteis.

Quando chega a Primavera

Aqui na Europa a Primavera ("Primavera boreal", diferente do Hemisfério Sul) inicia após o inverno, aproximadamente no dia 20 de março e termina em 21 de junho, para começar o verão.

Neste ano, a primavera começou em meio ao frio, com "cara" de inverno. No dia 02 de abril até nevou! Nós adoramos porque chegamos aqui no final de fevereiro e não tinha neve alguma, ai pensamos que só no próximo inverno. Meu filho repetiu tanto que queria brincar com neve, que ela veio, por algumas horas, mas veio.

O domingo de Páscoa foi no dia 05 de abril deste ano, e muitos alemães que conheço adorariam que nevasse. A Páscoa aqui é celebrada com tanto respeito e afetividade quanto o Natal. Tem até uma árvore, que eles decoram no jardim ou dentro do apartamento, cheia de ovos e brinquedinhos para as crianças, é comum até troca de presentes (vou escrever sobre isso oportunamente, tá?)

Os dias se passaram e a lembrança do inverno foi sendo afastada com o surgimento das primeiras folhinhas verdes. Todo aquele cenário meio triste ia mudando dinamicamente, a cada amanhecer. Parece-te poético? As mudanças das estações são extremamente poética e nos convida à refletir sobre os processos da vida em seu cíclo de nascimento, crescimento, morte.

Nos faz pensar nas perdas que sofremos, nos ganhos e conquistas, nas longas esperas, na certeza de que sempre o sol surgirá na primavera e verão, e que teremos que enfrentar mais um inverno, e outro, mas sempre na esperaça dos dias de sol, os quais são destinados às férias e diversão. E por favor, não esqueçamos que no período de inverno tem seu encantamento, sua diversão, sua vantagem, suas festas.

No Amazonas, minha terra natal, não há as estações definidas desta forma, impossibilitando à todos de vivenciar esta prática de "luto" anual, perdas, esperas, ganhos, perdas novamente, no cíclo natural.

continua ...

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Quando o amor de mãe não foi suficiente

O meu filho foi para a creche no Brasil somente com 3 anos e 8 meses, isto é, com praticamente 4 anos. Eu e meu esposo até "ensaiamos" colocar ele dos 3 anos na creche, fomos um ano antes obter informações, mas devido ao meu problema com Síndrome do Pânico (falo sobre esse assinto aqui: A carta para creche do brasil - Parte I ) tivemos que adiar este plano. Parecia impraticável, eu não saia nem do condomínio que morava, quanto mais levar o filho para escola.

Eu cuidei do meu filho diretamente desde que nasceu e compartilhei esta tarefa somente com meu esposo. Nós compramos livros, CD, DVD e brinquedinhos conforme a fase de desenvolvimento que ele se encontrava. Um dia eu conto sobre esta fase de vida do nosso filho.

Nós cantávamos, cantávamos e cantávamos. Eu aprendi as 96 músicas da Coleção de clipes musicais do Cocoricó, e outras tantas do Patati PatatáGalinha pintadinha e a Palavra cantada, que na verdade ele começou a gostar mesmo somente depois dos 3 anos.

Assistíamos juntos os fantásticos vídeos da Coleção Baby Einstein com 12 DVD (vendido somente na Livraria Saraiva). David tinha 7 meses quando nós colocamos estes vídeos para ele. Tinhamos também alguns livrinhos da mesma coleção, o que reforçava o entendimento. O tema que ele mais gostou foi o Baby Galileo - descobrindo-o-céu, ele "pedia" para repetir, repetir e repetir. Eu até tentava colocar outro, mas ele conhecia a musiquinha do início, e protestava com choro para eu mudar. 

Talvez, foi daí que suscitou a paixão que ele tem por tudo que voa, insetos ou pássaros, aviões ou foguetes, por tudo que está lá no céu, lua ou sol, estrelas ou planetas. Assistindo os vídeos ele aprendeu a falar algumas palavras. A primeira palavra que aprendeu em inglês foi "star", depois "moon", depois "shine", porque afinal, estrelas brilham, não é?

Um dia, quando eu estendia roupas na varanda, ele me surpreendeu ao olhar para o céu, apontar e dizer "clouds", falou bem explicado, como todas as pouquíssimas palavras em português que ele sabia falar. Ele demorou muito para falar uma frase completa, mas eu nem me aflingi, busquei informações e vi que não havia nada de errado, e eu estava certa, hoje ele fala como um rádio (risos).
Nós dois nos divertíamos muito, eu sempre brincava com ele, pintávamos aviões gigantes, estrelas, lua, sol e planetas, em folhas 200 gramas ou nas paredes de casa.  Entende agora os interesses dele por planetas? Quando ele completou 3 anos eu fiz, literalmente, a decoração da festa de aniversário. O tema foi o Sistema Solar, mas isso eu vou falar e mostrar depois.

Photo by Galiceanu A. C. © 2012
Nós fazíamos bolinhas de sabão no banho ou na varanda todos os dias. Marionetes de dedinhos? sim, era sempre a mesma história, pois eram marionetes de natal. Tínhamos livros sonoros, os quais o faziam ri. Estávamos sempre juntos durante o dia!!! Até mesmo quando eu precisava cozinhar eu o integrava na tarefa, de modo seguro, é lógico, ele me ajudava a fazer bolo e suco de laranja no espremedor, colocava os legumes cortados na panela, e até se divertia muito quando eu dizia que "meu arroz estava queimando", interpretando um comicamente uma cozinheira maluquinha (as vezes nem era o arroz, mas como ele se divertiu tanto eu repetia a frase).

Eu fiz de um tudo para que meu filho não sentisse os impactos da privação de liberdade, minha e dele, imposta por minha situação psicológica. Porém, não era suficiente, ele precisava se relacionar com outras crianças da idade dele, precisava brincar ao ar livre, precisava ir para creche.

terça-feira, 11 de agosto de 2015

Agosto - um mês espetacular

Eu cresci ouvindo que agosto é o mês do desgosto. Algumas noticias nos telejornais confirmavam isto, em alguns anos. E o dia 13 de agosto? e se fosse no ano de 2013?

Brasileiro de um modo geral é supersticioso, é cultural.

Eu sou católica, e aprendi nas aulas de Crisma que não devemos dar valor aos horóscopos e superstições. E eu segui a vida tentando evitar as superstições, pois os horóscopos eu nunca mais li, desde os 16 anos de idade.

Eu tentava ver com naturalidade o mês de agosto, mas não conseguia. Eu até construia uma fortaleza emocional no mês de julho, preparando-me para as possíveis tristezas que o mês traria.

Eu tenho um sobrinho que eu amo muito e o trato como se fosse meu filho. Ele nasceu no dia primeiro de agosto. E eu lamentei, pois eu havia rezado para que nascesse logo em julho, pelo menos no dia 31. Tanta ignorância.

Eu tenho um  irmão que tem aniversário no dia 17 de agosto, e eu pensava  com preocupação na vida dele, mais do que na vida dos outros quatro irmãos que tenho. Depois dos 40 anos, este meu irmão finalmente tornou-se pai, de dois meninos lindos, e os seus dois filhos nasceram em agosto, um no dia 13 e outro no dia 16.

Eu agora tinha mais duas vidas para me preocupar.

Eu casei a primeira vez, em uma cerimônia civil, no mês de março, na casa dos meu pais em Manaus, com a presença da juiza, que é amiga da família e nos deu este presente de casamento. 

Meu esposo é romeno, e portanto ortodoxo. Quando ele veio conversar comigo para marcar a cerimônia religiosa na Romênia falou logo no mês de agosto. Eu fiquei pálida, pois só a sugestão me dava pavor.

Eu argumentei que poderia ser em julho ou setembro, mas ele disse que era praticamente impossível, por vários motivos. Explicou que o mês ideal de casar na Romênia é agosto. Noivos lutam para conseguirem agendar nas igrejas e casa de festas, e lógico, nem todos conseguem, e vivem a frustração de não casar no mês especial.

Eu demorei tanto para casar (eu sonhei por isto desde os 12 anos de idade) que aceitei proposta e entreguei para Deus aquela situação tão desconfortável para mim.

Morávamos na Alemanha, no sul, e iríamos para Romênia de avião, isto se o trem não tivesse chegado atrasado no aeroporto. Foi uma situação totalmente incomum, tratando-se da Alemanha, que tem trens pontualíssimos (tipo que chega as 14:27h, exatamente). Os ferroviários entraram em grave justamente no dia da nossa viagem  (em agosto, percebe?).

O próximo vôo para Bucarest, nas empresas low cost naquele aeroporto, só depois de dois dias ou pagar muito caro nas empresas comuns. Então decidimos ir de trem (posso contar esta façanha em um outro artigo? prometo).  

Photo by Galiceanu V. ©  2008
Casamos no dia 16 de agosto de 2008, em um dia quente de verão europeu e uma chuvinha fina no final do dia, que os romenos acreditam que é sorte. A noite ocorreu um eclipse lunar parcial. Todos esses fenômenos da natureza tentando me dizer que agosto é um mês espetacular, que não havia nada de errado com o meu casamento ou com o mês de agosto.

(ih, o artigo ficou longo demais, vou ter que dividir, então, continua ...

Agosto - um mês espetacular - conclusão

Então, voltando ao foco, o mês de agosto aqui no Hemisfério Norte, em particular, na Europa, é um mês muito feliz, esperado, pois é pleno verão ("verão boreal", isto é, o solstício de verão, acontece cerca de 21 de junho e termina com o equinócio de outono, por volta de 23 de setembro).

O mês de sol, férias escolares, eventos festivos públicos, mês de viajar para praia ou montanhas, curtir a família, casar, um mês sensacional, fantástico, espetacular. Como poderia ser diferente?

Eu chamo de "fervo" as festas públicas ao ar livre daqui da Alemanha, promovidas pela prefeitura de Dresden ou por iniciativas privadas e ONGs. Chamo assim de fervo porque aqui parece tão morno, tão monótono, que quando eu vejo um "agito" eu acredito que algo "esquentou ou ferveu", mesmo que seja somente no meu coração.

Nas festas ao ar livre sempre bastante brinquedos e atividades para a criançada ser feliz. Os castelos pula-pula são os preferidos, mas tem tantos outros brinquedos e tão poucas crianças que a competição é quase inexistente.

Photo by Galiceanu V. ©  2008

Dresden promove, nos dias 14 a 16 de agosto: o CANALETTO - das Dresdner Stadtfest. Eu penso que seja o maior "fervo", isto é, a maior festa da Alemanha todos os tempos. Chega centenas de milhares de visitantes para uma programação diversificada de espetáculos musicais, gastronomia, atividades para toda a família (www.dresdner-stadtfest.com).

Enfim, foi necessário para mim, conhecer e vivenciar outra cultura, para ter outra perspectiva sobre o medo do mês de agosto.

Quebrar tabu é uma experiência libertadora, pois um tabu que eu absorvi voluntáriamente ao longo de minha vida, era algo que muitas vezes me causava sofrimento.

Viva o verão, viva o sol, viva agosto, viva a vida!

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Qual o programa de ensino do Kindergarten na Alemanha? - Parte I

Quando decidimos que voltaríamos para Alemanha, eu comecei a fazer uma pesquisa sobre como era o sistema educacional. Nosso filho estava com 3 anos e frequentava uma excelente creche em Manaus, e queríamos, obviamente que ele fosse para um creche tão boa quanto a creche no Brasil.

O primeiro texto que li foi de Célia Matheus, publicado no Tudo Alemão, uma plataforma online do Goethe-Institut. No texto encontrei a resposta para a nossa dúvida (minha e de meu esposo): colocar nosso filho na escola que fala inglês ou alemão. Na Alemanha é muito comum escolas internacionais, que lecionam, educam em diferentes idiomas. 

No texto, a autora diz que a melhor opção é uma escola oficial alemã, pois o filho dela ia ter que falar alemão de qualquer maneira para brincar com as crianças alemãs, e obviamente teria que entender as outras crianças. Com o nosso filho seria igual, então ficou decidido: alemão.

Continuando a pesquisa sobre o tema, encontrei o blog Cinquenta mil aventuras, que pertence justamente à Célia Matheus. Ela é uma imigrante portuguesa e escreveu vários textos em seu blog sobre o tema, contando as experiências, as frustrações, as conquistas diárias e a adaptação do seu filho de 5 anos no Kindergarten.

Depois de ter lido todos os textos do blog sobre o assunto, eu fiquei preocupada, pois eu ainda não estava medindo o tamanho dos desafios que enfrentaríamos, principalmente com relação às emoções que meu filho seria submetido. Dei graças a Deus por meu filho ter mais de 3 anos, pois é muito mais complicado para conseguir vagas.

No site da cidade, www.dresden.de, encontrei todas as informações da base educacional dos Kindergärten na Saxônia. Eu logo entendi que ele não teria aulas de alfabetização, pois está destinado às crianças a partir de 6-7 anos de idade.

O Plano Pedagógico, está disponível no mesmo site, em diferentes idiomas, o que me chamou atenção: idiomas latinos, eslavos, russo, turco, arabe, tcheco e até vietnamita. Eu já podia imaginar que meu filho estudaria com crinças de diferentes nacionalidades, e seria incrível e desafiador.

Photo by www.sachsen.de
A proposta de educação da Saxônia é basicamente centrada na idéia de <auto-educação>, onde as crianças tem a oportunidade de realizar suas próprias experiências sobre os fenômenos da natureza, cultura, religião e relacionamento social ao seu redor (www.bildung.sachsen.de). As crianças têm espaco livre, tempo e chances de brincar. Logicamente, sob os cuidados de professores capacitados à metodologia, os quais interferem minimamente nas ações do grupo de crianças que é responsável.
"A educação é entendida como um processo unitário e global, direcionado para o desenvolvimento integral da pessoa em suas diferentes formas de agir, pensar e entender. Assim, a educação é muito mais que <aprender>."

continua ... 

domingo, 9 de agosto de 2015

Qual o programa de ensino do Kindergarten na Alemanha? - Parte II

A foto que estou usando é do catálogo de brinquedos Playmobil, e mesmo tratando-se de um "brinquedo" eu pude perceber a concepção de educação dos Kindergärten da Alemanha.

Photo by Galiceanu A. C. ©  2015
Como é possível ver, não tem crianças em mesinhas fazendo tarefinhas, com livros de atividades, o que tem são crianças brincando em diferentes pontos, com uma professora por perto, mas todos estão brincando. E isto não é a hora do recreio, pois a hora do recreio é toda hora.

Vou tentar explicar a rotina do Kindergarten que meu filho frequenta: as crianças vão chegando a partir das 7h da manhã, e são recebidas pela equipe de professores na sala de refeições, onde tomarão o café da manhã.

Quando chegam no Kindergarten, os pais levam seus filhos para uma sala que poderíamos chamá-la em português de vestuário, onde as próprias crianças sentam-se e trocam primeiramente os sapatos por um chinelo confortável, do tipo do Crocs ou pantufas. As crianças tiram os sapatos, as jaquetas, luvas, cachecóis, gorros, tudo sozinhas e colocam nos seus cabides e escaninhos. E os pais? apenas assistem.

Na Alemanha, as pessoas costumam trocar os sapatos, assim que chegam da rua, por chinelos confortáveis e acima de tudo limpos. É um hábito que levaram para os seus locais de trabalho, pois na clinica pediátrica e dentária que levo meu filho os médicos, enfermeiros e zeladores usam esse Crocs.

Continuando, depois as crianças vão para o desjejum, com sua lancheira na mão. Na mesa tem chá, leite ou água para as crianças servirem-se  sozinhas. Ao terminar o desjejum, as crianças levantam da mesa e descartam o que não comeram, e colocam as louças sujas no carrinho.

E depois? as crianças ficam livres livres para decidir onde querem ficar: se é na sala de arte, de música, na biblioteca explorando os fantásticos livros, desenhar e pintar (sempre tem papel e muitos muitos e muitos lapis de cor) ou simplismente no colchões do repouso (podem ficar deitados ou dormir à vontade). Podem também brincar de pega-pega ou brincar com aqueles brinquedos educativos e de estímulos.

Depois das dez horas da manhã (as vezes antes, dependendo da estação do ano) todas as crianças e as professoras vão para jardim


Photo by Galiceanu A. C. ©  2015
O jardim dos Kindergärten, o Spielplatz (literalmente é praça de brincadeira, isto é, um parquinho), são enormes, cheios de brinquedos: balanços, cama elástica, trenzinhos de madeira, navios piratas gigantes, bicicletas, escorregadores, casa da árvore, casinhas com mesas e muito mais. Além do contato direto com a natureza, na horta e jardim de flores.

A lei é brincar.

Lembra do quê falei no artigo Na Alemanha criança brinca de verdade? Então, a idéia é essa.

Entretanto, além de se divertirem na sua primeira infância, as crianças são capacitadas para moldarem suas próprias vidas. As crianças são ensinadas a terem "responsabilidades" com seus pertences, desenvolvem a confiança em suas próprias habilidades e, assim, possuem um elevado grau de autonomia.

Então, qual o programa de ensino do Kindergarten na Alemanha? A resposta é nenhum, pelo menos quando trata-se de um programa de alfabetização. Eu gosto, aprovo, mas não recomendo para o Brasil.

A carta para a creche do Brasil - Parte I

Acredito que para continuar com este projeto (escrever neste Blog) eu preciso lhes dizer algo muito importante, para que nas próximas postagens eu possa contar as minhas histórias incluindo as verdadeiras emoções. Eu escrevi no final do ano passado uma carta para a creche onde meu filho estudou. 

Nós estávamos nos despedindo, pois estávamos de mudança para a Alemanha. E sabia que nesta próxima etapa da nossas vidas, teríamos melhor qualidade de vida, por causa dos esforços de uma instituição que inclui o bem estar de suas crianças, mesmo que o problema esteja na base familiar. Então, lá vai, mas é longa, um jornal:

Minha gratidão à Creche Escola Bebê Bombom!
“... porque todos aqueles que pedem recebem; aqueles que procuram acham; e a porta será aberta para quem bate.” (Matheus 7,8)
Eu não tinha mais argumentos para adiar o ingresso do meu filho em uma creche, pois ele já estava com três anos completos. Escolhemos a Bebê Bombom inicialmente pela tradição e fama, por sua estrutura física, que para mim é satisfatória do ponto de vista de segurança e controle, mas também a escolhemos por ser próxima de nossa casa.

Somente o meu esposo trabalha, e eu logicamente, fiquei com a responsabilidade de levar e buscar nosso filho na creche. Seria muito simples se eu não tivesse Síndrome do Pânico.

As aulas começaram no final de janeiro do ano passado (2014), e meu tormento também.

Eu estava há 10 anos com Sindrome do Pânico, sendo que, há oito anos não trabalho na minha profissão. Ainda tentei trabalhar com a sindrome, mas sem sucesso. Desde então abandonei a carreira, o doutorado no exterior, abandonei meus sonhos. 

Na primeira entrevista com a psicóloga, eu falei sobre o meu problema, no intuito descobrir se meu filho seria prejudicado por minhas limitações ou não. A resposta foi imediata, não para mim, mas voltada para meu esposo, como um apelo, disse que eu precisava de ajuda urgente, que ele deveria me levar à um psicólogo.

Ela discorreu sobre todos os possíveis problemas que seriam gerados, caso eu seguisse doente, sem tratamento, durante o desenvolvimento social, emocional e educacional do meu filho, deixou bem claro que se eu não tentasse ficar curada, eu estaria pondo em risco a qualidade de vida do meu filho, uma vez que eu não a tinha mais.

Google Image
 Quando casei eu estava com a Síndrome do Pânico, e não tinha mais esperanças de me curar, me acomodei com a privação de liberdade e de conquistas, nem mesmo minha família acreditava que eu ficaria curada, depois de tantos anos e tantas tentativas com diferentes terapeutas e terapias.

A psicóloga suscitou em mim algo que eu já não sentia à muito tempo: esperança. Ela me fez acreditar que eu merecia uma vida melhor, que eu poderia oferecer muito mais ao meu filho, inclusive retomar a minha vida profissional.

Foi com o coração tomado de esperança que iniciei minha busca e encontrei na internet informações de um psiquiatra de São Paulo (Dr.Luiz Delfino Mendes), autor do livro sobre o assunto e defensor de que é possível a cura sem o uso de psicotrópicos.

continua ...

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Os alemães são bonzinhos as vezes

Aqui na Alemanha, em especial Dresden, o transporte público é muito eficiente!

Exite uma frota de ônibus que compartilha com os Straßenbahnen (traduzindo fica straßen = rua e bahn = trem, que neste caso está no plural e acrescenta en), aqui não tem Metro, mas também não precisa, pois para os lugares mais distantes ou cidades da região metropolitana tem os trens regionais.

Photo by Galiceanu A. C. ©  2013
Então, houve um dia, que eu e meu esposo pegamos um Straßenbahn, depois que deixamos nosso filho no Kindergarten. Nós estávamos atrasados para um compromisso, e corremos para não perder o trenzinho.

Logo que entramos no Straßenbahn, encontramos dois lugares vazios (assim eu pensava, já explico), só que não era no mesmo banco, então meu esposo sentou no banco da esquerda, ao lado de uma senhora, e eu sentei no banco da direita do lado de um rapaz.

Eu achei meio apertado, me movimentei de tal modo que o rapaz "se tocar" que estava praticamente sentado no meu lugar. E o rapaz até se apertou um pouco mais, mas continuava apertado.

Photo by Wikimedia Commons
Eu me movimentei de novo e senti o meu ombro competir espaço com o ombro do rapaz. Achei que talvez aquele banco fosse diferente ou que o rapaz era um "folgado". 

Ai o rapaz me pediu licença, pois iria descer do Straßenbahn, e eu dei, lógico. Ele ficou em pé, ao lado do banco, esperando chegar a parada. Foi quando eu realizei que quem estava sentado em cima do outro era eu. 

Foi tão cômico, porque ele olhava para mim, eu para ele, o meu esposo para os dois. E quando eu comecei a pedir desculpar por não ter percebido que o lugar que ele estava sentado era para somente uma pessoa, ele nem deixou, sorriu e disse o tradicional kein problem. 

E eu já estava completamente envergonhada e querendo um buraco para me enfiar, pois havia outros passageiros que perceberam a cena e riram discretamente.

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Dresden, Lutero, as igrejas e minha ignorância

Eu sou católica, e já havia algumas semanas que não fui para missa, desde que cheguei na Alemanha, então resolvi ir na igreja mais próxima de casa. Havíamos poucas semanas que nos mudamos, e eu não conhecia quase nada da cidade.

Lukaskirche, foi a igreja escolhida, pois eu tinha a programação da Semana Santa. Fui na celebração da sexta-feira. Começou com a apresentação de um concerto de cordas, solene, melancólico, longo. Todos estavam sentados, imóveis, inclusive as poucas crianças que vi, então eu tentei copiá-los.

Houve uma pausa no concerto, e ai eu pensei que o padre iria para o altar, finalmente, mas quem apareceu foi uma senhora vestida elegante e formalmente (assim como todos naquela igreja). Ela fez a leitura da bíblia, pertinente ao dia celebrado, que também é muito longa. Voltou o concerto, agora com piano. A celebração parecia não ter fim, monótona, por um momento pensei que fossem crentes.

Porém, havia algo de errado, eu sentia isto, eu só não conseguia explicar para mim mesma. Eu já estava ali por mais de uma hora, me cansei, e sai.

No caminho para a casa fiquei pensando: " ... o nome da igreja é Lukaskirche, talvez é homenagem para São Lucas; havia uma cruz bem grande no altar principal; havia quadros com imagens de passagens bíblicas; crentes não reverenciam santos, tão pouco imagens, cruzes". Havia algo incomum no rito, algo que eu não sabia explicar, só sentir.

Chegando em casa, fiz algumas perguntas para o meu esposo, que é ortodoxo, no intuito de descobrir o que estava errado na celebração católica, da igreja católica, que eu havia ido.

A Alemanha não é uma novidade para mim, tão pouco o idioma, eu não tenho fluência, mas  vocês acreditam que eu consegui me confundir completamente com as igrejas aqui em Dresden. Digo Dresden, porque em Freiburg, cidade no sul da Alemanha, onde morei alguns anos atrás, era diferente, lá eu sabia exatamente quais eram as igrejas católicas e as poucas igrejas protestantes. 

Photo by Galiceanu A. C. ©  2013
Quando estivemos em 2013, aqui em Dresden, como turista, não andei em busca de missas, mas visitamos algumas igrejas, tiramos fotos e rezamos. Visitamos a Frauenkirche, a principal basílica barroca da cidade. Traduzindo literalmente para o português, frau é senhora, frauen é no plural, senhoras, e kirche é igreja, o que me fez pensar, erradamente, que seria uma igreja para Nossa Senhora a mãe de Jesus. Certo? richtig? não, errado, erradíssimo.

Conhece Martin Luther? O fundador da Reforma Protestante na Europa? Pois é, ele é daqui da Saxônia, de Eisleben, à 198 km de Dresden. Quando ele fez a reforma, ele era um monge agostiniano, e por isto a semelhança estrutural e decorativa das igrejas luteranas com as igrejas católicas.

Ai eu chego aqui no leste da Alemanha e as igrejas evangélicas são iguasizinhas as católicas. Fiquei completamente confusa.
  
Acontece que eu cresci no Brasil, cercada de evangélicos de diferentes denominações, mas com as mesmas convicções: nada de santos ou Maria Santíssima, nada de imagens ou cruz.

Então, constatei a minha total ignorância sobre a religião que sigo, sobre os fatos históricos de altíssima relevãncia que ocorreram, como exemplo a Reforma Protestante, bem como a história geral do mundo.  Ainda bem que tem remédio: ler.

Photo by Galiceanu A. C. ©  2013

Por favor não me perguntem como eu não vi essa estátua imensa do Martin Luther na frente da igreja e que eu mesma fotografei. Eu estava emocionada demais, um dia vou contar o porquê.

A história da Frauenkirche é espetacular: foi completamente destruída na segunda guerra, e depois os seus escombros viraram um memorial durante anos, até 2001. Um inglês, filho do General que jogou a bomba, "resolveu" reproduzir uma replica perto da perfeicão. O resultado é incrível, e a igreja recebe diariamente turistas para ver a reconstrução que durou 11 anos e custou muitos euros.