Mostrando postagens com marcador gratidão. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador gratidão. Mostrar todas as postagens

sábado, 3 de outubro de 2015

Como não amar a Alemanha?

Eu costumo pegar livros na Biblioteca Pública perto da nossa casa, vou quase sempre sozinha porque o meu filho não gosta do espaço infantil que tem lá, é pequeno e meio sem graça, se comparado ao espaço da Biblioteca Central. 
No mesmo dia em que "aquele livro me quis", eu recebi um presente das bibliotecárias!!!
Photo by Galiceanu A. 2015
Depois que a menina me deu o recibo-controle dos livros que eu emprestei, ela perguntou quantos anos meu filho tem, pois a biblioteca tinha um presente para ele. Então ela me deu uma sacolinha de pano, com o logotipo "Lesestart".
Continha dentro da sacola um poster super colorido, dois guias de leitura para os pais incentivarem a leitura aos seus filhos e um lindo livro da Editora Arena, que tem livro incríveis para as crianças. Olha no site dessa editora, você vai "surtar", se voce tiver filhos de 0-12 anos.

A bolsa e o conteúdo, trata-se do programa de apoio e promoção à lingua e leitura, voltada para as crianças e adolescentes, um programa financiado pelo Ministério da Educação e Pesquisa da Alemanha (Bundesministerium für Bildung und Forschung).

Então eu pergunto: como não amar a Alemanha?

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Café com leitor - (o meu é descafeinado, por favor!)

Quando pensei em escrever este blog, eu pensei diretamente na minha família amazonense e nos meus amigos, no sentido de dar notícias, de uma forma mais coletiva, com fotos, vídeos, fatos, assim eu não ficaria devendo mails ou telefonemas para o Brasil e seria cordial com todos, como sempre eu gosto de ser.

Entretanto, eu tive que mudar completamente a percepção das informações que eu descrevo, o tema ainda é o mesmo, mas o foco mudou. Eu fiz a mudança em respeito e admiração aos "meus leitores" (se é que posso chamá-los assim, posso?). 

O Blogger tem uma ferramenta superlegal, a estatística de visualizações, e pude perceber que, 92% das visualizações diárias deste blog, estavam e estão concentradas na Europa, 5% em outros continentes (tem visualizações até de Cingapura, obrigada!!!) e apenas 3% no Brasil (números que variam semanalmente, mas a proporção se mantêm).

Logo, vi que eu não precisava mais explicar como as coisas funcionam aqui na Europa, afinal o meu "público" sabe disto. Comecei a contar efetivamente histórias, minhas histórias, a Alemanha do meu ponto de vista.

Hoje, eu tomei café com uma leitora do blog, uma pessoa maravilhosa, a Helena, de São Luiz-Maranhão. Eu recebi muitos elogios e dicas, claro, eu adorei!!!

Eu nunca tinha entrado em nenhuma Starbucks, até uma prima me visitar em Dresden e dizer que adora esse "Café". A fotografia é de fevereiro, quando entrei pela primeira vez, e descobri que lá tem café descafeinado para o Latte Macchiato e Cappuccino, e a melhor de todas as notícias: EXPRESSO descafeinado. Eu quase chorei de gratidão à Starbucks. Faziam uns 8 anos que eu não tomava um Expresso por não encontrar em lugar nenhum a versão descafeinada. 

A cafeína me faz muito mal, e por isto tenho muito cuidado com o consumo de café fora de casa. Houve alguns restaurantes (no Brasil e na Alemanha) que afirmaram ser descafeinado o café servido, mas imediatamente eu passei mal. 

Obrigada Helena, obrigada meus amigos concretos e virtuais, família.

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Estudar na Alemanha - um sonho que se transformou -Parte II




Eu estudei Alemão I, na Faculdade de Letras, como disciplina optativa para completar minha carga horária e número de créditos. Depois que fiz todos os créditos permitidos no idioma alemão, fui estudar aos sabados no Projeto CEL - Centro de Estudos de Linguas, um programa de idiomas da UFAM, que havia iniciado naquele ano, para oferecer curso de idiomas com baixo custo, para ser acessível para todos, principalmente as comunidades ao redor do Campus.

Era barato mesmo, mas para mim, ainda saía caro. Eram quatro horas de aulas por sabado, terminava sempre depois do meio dia, os professores eram aplicados, mesmo sendo um curso praticamente filantrópico. Eu levava sempre na bolsa um pão com manteirga e só. A lanchonete oferecia para os clientes o cafezinho de graça, e eu pegava uns três copinhos para completar meu lanche. A "grana" era curta, ainda tinha que comprar as passagens de ônibus, e aos sabados não o restaurante universitário não funcionava. Eu sentia fome, sabe, babava vendo aquela moçada comendo sanduiches e tomando refrigerantes.

Um dia eu estava chegando para assistir uma aula, no Bloco U, nas antigas instalações da Faculdade de Ciências Agrárias, da UFAM - Universidade Federal do Amazonas, quando vi um folder no mural, escrito em inglês, com uma fotografia de uma igreja em estilo gótico, a Münster de Freiburg. Eu acreditei que era um sinal. O folder era uma chamada, com formulário, para a candidatura ao mestrado "International M.Sc. in Forest Ecology and Management" da Universität Freiburg.

Levei para casa uma cópia do formulário para ler os detalhes. Eu logo vi, pelos requisitos, que eu não chegaria lá, pois havia a exigência do TOEFL, e naquele tempo o que eu sabia de inglês era tudo do curso de Inglês Instrumental, que eu havia feito no semestre anterior.

Eu guardei o formulário como recordação, tenho até hoje, no meu apartamento em Manaus.

Eu me formei na Faculdade de Engenharia Florestal em 2000, no ano seguinte fui para Curitiba, para o Mestrado em Engenharia Florestal da UFPR. A minha linha de pesquisa foi o Manejo Florestal, justamente a área de pesquisa e colaboração da UFPR com a Universität Freiburg, parecia outro sinal.

Houve uma seleção de estudantes para ir para um curso de manejo florestal na Alemanha, em Freiburg, e eu lógico me cadidatei, mesmo sem muitas esperanças. Havia uma entrevista para os candidatos e seria em alemão ou inglês, assim corria os boatos, e eu, "deficiente" de um e de outro, senti medo, mas era o mais próximo que eu havia chegado da Alemanha, quis tentar, afinal eu só correria o risco de receber um não, ou um simmmmm, com uma carimbada para Europa. 


Rolou gente!!! rolou demais. Como eu fui uma das últimas candidatas, a professoras responsável pelas entrevistas não me entrevistou, disse que não tinha tempo, apenas, em uma conversa informal me perguntou se eu tinha roupas e sapatos para neve, pois teriam aulas de campo na Floresta Negra. 

Eu tinha uma jaqueta super mega power de U.S.A., que eu comprei em uma loja de segunda mão em Manaus, quando eu ainda estava no primeiro ano de faculdade, pois eu já tinha sonhos. Os sapatos eu não tinha, mas os comprei em uma loja tipo Made in China, todo de material sintético e aparentemente frágil, mas que aguentou toda a neve que eu enfrentei, sem molhar os meus dedinhos.

Ainda não consigo aqui, concluir essa parte da minha história, portanto, continua ...

terça-feira, 15 de setembro de 2015

Estudar na Alemanha - um sonho que se transformou

Geralmente, quando se fala de sonho, dizemos que ou "ele" se realizou ou se frustrou. Desculpe-me por sair do padrão, o meu se transformou.
A minha família era muito humilde, estavamos em risco social, como tantas outras famílias, que naquela época, passavam por necessidades. Nós somos seis filhos, estavamos todos pequenos, uma "escadinha", morando com nossos pais em uma vila de kitnetes de madeira, e banheiro coletivo, em um bairros às margens do Rio Negro, na cidade de Manaus. 

Nós, tivemos o privilégio de sermos amparados economicamente, por padres italianos, os Oblati di Maria Vergine, os quais, nos sederam uma casa com um jardim enorme em troca de cuidarmos da casa deles, nos longos períodos de ausência, quando faziam as viajens para o exterior e também para as cidades das zonas rurais do Estado do Amazonas, onde ele estavam iniciando seus trabalhos de evangelização, em meados dos anos 70.

O Brasil atravessava uma severa crise econômica, e nós não escapamos do trabalho infantil, era preciso. Porém, nunca deixamos de estudar. Veio o período da Faculdade, e tudo melhorou. A Universidade "abriu muitas portas", deixando para trás um passado de privações e dificuldades. Foi o que os estudos nos proporcionou: uma vida melhor, mais leve, mais segura, mais humana.

Hoje, na minha maturidade, vejo quantos riscos estávamos submetidos, naquelas condições de vida, mas todos nós vencemos, como muitos amazoneses humildes, certamente, que agarraram as chances oferecidas.

Quando fiz mestrado na UFPR, com a permissão de Deus, adquiri definitivamente a liberdade de escolher novos caminhos, de mudar minha própria história, de viajar mais longe do que eu poderia imaginar.
(continua ... Parte II)

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

A Alemanha e os refugiados

As atuais notícias nas mídias digitais e na TV, estão destacando a situação degradante dos refugiados da Síria, em especial, por sua maioria e por sua motivação (a fuga da guerra civil estabelecida desde 2011).

Photo by dw.com/de
Eu não estou conseguindo nem pensar em outro assunto, é perturbador, eles (os refugiados) estão aqui, perto de mim, e eu ainda não fiz nada, além de donativos. 

Eu participo de um grupo de senhoras, "Dresden International Ladies Group", e no Facebook deste grupo, algumas senhoras estão fazendo campanhas de solicitação de donativos para os refugiados. Eles precisam de tudo, eles chegam somente com a própria vida. 

Os alemães civis, individual ou coletivamente estão providenciando suprimentos para os refugiados. Nas igrejas e escolas, nos escritórios, entre colegas de trabalho. É uma campanha verdadeira e legítima. Porém, há os que são contra ao exílio de estrangeiros, principalmente por não serem cristãos, mas sunitas, na sua maioria.

Alemanha é um país históricamente fascinante, tendo muito do que se envergonhar, mas muito do que se orgulhar, por ser hoje, uma nação economicamente estável e ter se reconstruído dos escombros das edificações e dos escombros morais, em uma época que era uma nação desconceituada mundialmente, por suas responsabilidades no maior massacre da história, até então, o Holocáusto dos judeus.

Os primeiros trabalhadores estrangeiros provenientes do Leste Europeu e Turquia chegaram no boom de 1950, os quais muitos destes trabalhadores imigraram definitivamente para a Alemanha, iniciando assim a multiculturalidade e tolerância aos estrangeiros. Nestes 65 anos, muitos outros imigrantes de diferentes nacionalidades, chegaram e adotaram a Alemanha como pátria. Porém é necessário destacar que a cultura alemã prevalece, a qual não foi abalada ou reduzida, ou mesmo modificada em favor de qualquer outra cultura introduzida por imigrantes.

A primeira vez que cheguei aqui foi há 13 anos atrás, e foi possível notar a internacionalidade, a tolerância às culturas do imigrantes, o respeito aos estrangeiros que chegavam para estudar ou trabalhar. É logico que meu ponto de vista é generalizado, somente para entrar em uma linha de pensamento e  conclusão. Terão tantos outros imigrantes, que talvez estejam insatisfeitos com os alemães e acreditam não ter nada para agradecer à esta nação.

A discussão dos imigrantes ilegais na Europa, não é de exclusiva responsabilidade da Alemanha, mas tem seu peso, por ser um dos destinos prediletos por eles. A preocupação com as consequèncias desta imigração em massa, tem sido o centro das discussões de políticos e cidadãos civis, incluindo também os próprios imigrantes legalizados. Haverá mais pessoas para o governo dar assistência, e ainda manter os benefícios aos cidadãos, sem recorrer à medidas de austeridade de benefícios sociais. E a segurança pública, será a mesma? Ou a Alemanha terá mais ganhos que perdas. Eu também quero saber.

Assim como para Brasil, eu desejo para Alemanha, um futuro feliz, leve, governado com justiça, para todos, imigrantes ou não, construíndo uma nação estável e promissora para as futuras gerações. Amém!!!

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

O outono está chegando

A primeira vez que estive na Europa foi no outono de 2002, para participar de um curso de Manejo Florestal na Universidade de Freiburg. Na época eu era estudante de Mestrado, da Universidade Federal do Paraná, tinha meus "vinte e poucos anos" e dez quilos menos. Essa é uma longa história, mas não vou contar agora.

O curso foi na Floresta Negra, a "Schwarzwald" em alemão. Eu fiquei encantada com o que meus olhos viam, parecia que eu estava em uma capa de caderno, sabe como? Nos anos 90 algumas capas de cadernos ou de album de fotografias, vinham com uma foto de alguma floresta no outono do Hemisfério Norte, com as folhas descoloridas e caídas no chão.

Era quase inacreditável aquele espetáculo da natureza, tão romântico, emocionante, eu sentia vontade de chorar, por estar vivendo e realizando um sonho. Eu me emocionei tanto que perdi até uma lente do meu óculos (risos e mais risos).
A lente  estava meio saindo e eu não tive tempo para ajustar antes da viagem, então passei uma fita colante transparente, mas não adiantou, caiu no meio daquela montanha de folhas ao chão. Teve até um estudante alemão (somos amigos até hoje) que quis me ajudar a procurar, mas vimos a impossibilidade e desistimos.

Até ontem fez um calorzão aqui em Dresden, mas hoje amanheceu com núvens pesadas, chuvendo fininho, fazendo aquele frio conhecido, ..., é o outono, ele está chegando.
Photo by Galiceanu A.

Os trajes mudarão: aquelas roupas do verão vão voltar para as gavetas, e a moda outono-inverno vai ditar as regras, trench coat,  botas de plástico e guarda-chuvas. Eu já estou ansiosa para assistir o desfile a céu aberto. Tudo isso é muito intrigante, diferente, mas belo.

Eu me despeço da primavera-verão de Dresden, com gratidão e saudade, dos belos dias de sol e calor, das flores que encontrei por todos os lados, da grama dos espaços verdes públicos, gratidão pelo dia que tomei banho no Rio Elbe.

Agora vamos nos colorir com as cores do outono.