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quinta-feira, 10 de setembro de 2015

A Alemanha e os refugiados

As atuais notícias nas mídias digitais e na TV, estão destacando a situação degradante dos refugiados da Síria, em especial, por sua maioria e por sua motivação (a fuga da guerra civil estabelecida desde 2011).

Photo by dw.com/de
Eu não estou conseguindo nem pensar em outro assunto, é perturbador, eles (os refugiados) estão aqui, perto de mim, e eu ainda não fiz nada, além de donativos. 

Eu participo de um grupo de senhoras, "Dresden International Ladies Group", e no Facebook deste grupo, algumas senhoras estão fazendo campanhas de solicitação de donativos para os refugiados. Eles precisam de tudo, eles chegam somente com a própria vida. 

Os alemães civis, individual ou coletivamente estão providenciando suprimentos para os refugiados. Nas igrejas e escolas, nos escritórios, entre colegas de trabalho. É uma campanha verdadeira e legítima. Porém, há os que são contra ao exílio de estrangeiros, principalmente por não serem cristãos, mas sunitas, na sua maioria.

Alemanha é um país históricamente fascinante, tendo muito do que se envergonhar, mas muito do que se orgulhar, por ser hoje, uma nação economicamente estável e ter se reconstruído dos escombros das edificações e dos escombros morais, em uma época que era uma nação desconceituada mundialmente, por suas responsabilidades no maior massacre da história, até então, o Holocáusto dos judeus.

Os primeiros trabalhadores estrangeiros provenientes do Leste Europeu e Turquia chegaram no boom de 1950, os quais muitos destes trabalhadores imigraram definitivamente para a Alemanha, iniciando assim a multiculturalidade e tolerância aos estrangeiros. Nestes 65 anos, muitos outros imigrantes de diferentes nacionalidades, chegaram e adotaram a Alemanha como pátria. Porém é necessário destacar que a cultura alemã prevalece, a qual não foi abalada ou reduzida, ou mesmo modificada em favor de qualquer outra cultura introduzida por imigrantes.

A primeira vez que cheguei aqui foi há 13 anos atrás, e foi possível notar a internacionalidade, a tolerância às culturas do imigrantes, o respeito aos estrangeiros que chegavam para estudar ou trabalhar. É logico que meu ponto de vista é generalizado, somente para entrar em uma linha de pensamento e  conclusão. Terão tantos outros imigrantes, que talvez estejam insatisfeitos com os alemães e acreditam não ter nada para agradecer à esta nação.

A discussão dos imigrantes ilegais na Europa, não é de exclusiva responsabilidade da Alemanha, mas tem seu peso, por ser um dos destinos prediletos por eles. A preocupação com as consequèncias desta imigração em massa, tem sido o centro das discussões de políticos e cidadãos civis, incluindo também os próprios imigrantes legalizados. Haverá mais pessoas para o governo dar assistência, e ainda manter os benefícios aos cidadãos, sem recorrer à medidas de austeridade de benefícios sociais. E a segurança pública, será a mesma? Ou a Alemanha terá mais ganhos que perdas. Eu também quero saber.

Assim como para Brasil, eu desejo para Alemanha, um futuro feliz, leve, governado com justiça, para todos, imigrantes ou não, construíndo uma nação estável e promissora para as futuras gerações. Amém!!!

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Nem tudo são flores ...

Basta eu sair de casa aqui na Alemanha para eu ter uma história para contar.

Eu e meu filho estávamos nos dirigindo para o ponto de ônibus, para voltar para casa, quando uma senhora sexagenária que já estava no ponto, berrou para nós dois.

O ponto é bastante arborizado e com uma grama mal cuidada, e nós, eu e meu filho, caminhamos sobre a grama para escolher um lugar para sentar, pois estava muito quente e teriamos que esperar pelo menos uns sete minutos até o ônibus chegar. E foi por isto que aquela "senhora" mal humorado ficou aos berros, dizendo que não deveríamos pisar na grama, que deveriamos dar a volta

Respondendo ao tom de voz, eu desafiei a mulher com um  warum nicht? (traduzindo fica um simples por que não?, mas para um alemão idoso, xenofóbico e desequilibrado, é um tapa). Como eu dei o que a mulher queria (atenção), ela veio em minha direção e disse que não era o jardim da nossa casa, que eu deveria respeitar o espaço público do país que vivo (digam-me se não rolou um preconceito?). 

Eu estava com meu filho, havia acabado de pegar ele do Kindergarten, e nós dois estávamos flutuando de felicidade porque as professoras e até a Diretora estavam elegiando ele por ter ido vestido de Superman, fizeram até fotos com ele, sabe como? estavamos felizes. 


Eu respondi simplismente para ela que grama é grama em qualquer lugar do mundo, grama foi feita para pisar. Ela continuou nervosa, me dando lição de "moral" e insistindo que eu não tinha o direito de pisar lá. Ai eu me irritei e olhei no fundo dos olhos azuis dela e disse que: "eu não sou imigrante ilegal", foi a única coisa que me veio à cabeça, frente a insistência da mulher em dizer que nós não tinhamos o direito de pisa lá (como se quisesse dizer que não deveriamos estar na Alemanha). Eu nem precisei me mexer, ela saiu de perto de nós e eu fui finalmente sentar com meu filho na grama.

Nos espaços públicos, em Manaus, São Paulo, New York, Londres ou Dresden, as prefeituras escolhem, obviamente, grama resistênte ao pisoteio, sendo espécies rústicas, de fãcil manutenção. Logo, aqui na Alemanha não seria diferente.

E o dia em que coloquei meu filho para sentar em um banco que tem uma cruz (reservados para idoso, gestantes, deficientes), em um Straßenbahn, em Freiburg, sul da Alemanha? 

Eu sou uma pessoa consciente, e respeito as regras da sociedade, por educação e por altruísmo. Geralmente eu nunca sento nestes lugares, nem mesmo quando não tem ninguém que precise, mas neste dia eu fiz somente meu filho sentar porque haviam outras SETE cadeiras iguaizinhas desocupadas. 

Ai, entra um cara, não muito velho, com muletas, olhou e disse que queria sentar ali, onde meu filho estava sentado, ..., foi sulrreal. Eu não fiz objeção, tirei meu filho de lá e o coloquei em outra cadeira, também reservada, afinal tinha sete, né? Mas o cara não se conformou, e "rezou um terço" dizendo que o simbolo é internacional, e lalalá. Ave Maria! Que pessoas!!!

Eu fiquei mais nervosa com este cara, porque ele olhava para meu filho quando estava me moralizando. Eu respondi com muita raiva que os alemães são conhecidos internacionalmente também. Ai eu fiquei esperando a "muletada" na minha cabeça, mas não veio. O cara saiu no primeiro ponto, correndo somente uns três minutos, entre ele entrar, me esculhambar e sair.

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

O preconceito existe e está por todo lado

"È mais forte que eu, é mais forte que eles" por Ana Galiceanu
Eu não deveria, mas eu fiquei arrasada!

Eventualmente, antes de ir buscar meu filho no Kindergarten, eu saio mais cedo e vou fazer pesquisas de preços (risos, desculpa de consumista) e até algumas comprinhas ocasionalmente.

Sempre vou na Prager Straße, e ontem inventei de variar e fui no Altmarkt Galerie, um shopping bem grande daqui. Normalmente, eu só vou neste shopping com meu esposo, pois é ele que irá pagar (risos), pois lá tudo é mais caro, e raramente encontramos promoções muito boas.

Fui fazer uma pesquisa de preços em uma livraria, em busca de livros para meu filho, e depois dar uma "olhadinha" nos preços dos vestidos para o outono.

Eu me arrependi, de verdade, esse povo estragou o meu dia. Na livraria, uma jovem que arrumava alguns livros do outro lado da livraria, os largou e foi arrumar livros no balcão que eu estava. Eu pensei assim "deve ser coincidência, e para com essa mania de perseguição". Porém, depois de alguns minutos a mulher que fica no caixa veio também para cima de mim, e uma ficou de um lado e a outra ficou do outro lado. :-(    (carinha de triste). 
Photo by Galiceanu A.2015

Eu costumo demorar mesmo para decidir, pois eu tenho hábito de comprar o melhor custo-benefício. E nessa demora causou uma ansiedade nas mulheres, acreditando elas que eu estava prestes a furtar os livros infantis, de alguma forma.

Devido a pressão das mulheres, eu peguei um que custava 3,00€, e o comprei. Era o mais barato, colorido e fofo, que conta a história de uma joaninha e seus outros amigos insetos. Super lindo mesmo, eu não poderia deixá-lo lá. Eu só pensava no meu filho e na "fome" que ele tem por livro.

Então, sai de lá, mas ainda não havia aprendido a lição, achei que foi só naquela livraria que rolou o preconceito, ledo engano.

Entrei em uma loja de departamentos super famosa e popular daqui da Europa, que tem filiais em vários países, e eventualmente eu costumo comprar nas promoções. Ontem foi o meu dia! Fui para os cabides de promoções de jaquetas e camisas, tinha outra menina jovenzinha lá. 
Eu não gostei de nada e quando tentei sair para outros cabides, uma loura alta surgiu na minha frente, parecia que ia me atropelar, eu desviei e fui para a promoção dos biquines (posso usá-los no Brasil), e não é que a mesma loura apareceu lá também. Ela não tinha nenhum crachá aparente, eu pensei que fosse cliente, e achei ela uma chata.

Ai eu já havia desistido das promoções que só tinha "bucha de canhão" e fui dar uma olhada na nova coleção de camisas e calças. E quem aparece lá para inclusive arrumar matematicamente o que eu havia "tocado" nas mesa de exposição??? Vou ajudar vocês: a loura. Eu fiquei tão atordoada com a perseguição que esqueci dos vestidos.

Eu estava até bem arrumadinha, com um vestido, meia de mesma cor do vestido e um blazer delicado. Eu pensei que estava a altura do shopping, mas pareceu que não.

Meu esposo sempre me ajuda a raciocinar sobre o que acontece: normalmente as vendedoras destas lojas e livrarias são estrangeiras, da Russia, Polonia, Hungria, entre outros, e como sempre diz minha amada tia "quem persegue o pobre é o próprio pobre". (risos)

Afirmo para vocês e assino em baixo, eu nunca havia sofrido tanta discriminação aqui Alemanha. Desde que pisei em solo alemão na primeira vez em 2002, eu fiquei completamente encantada como eles me tratavam com cordialidade, a partir da cabine de imigração.

Morei em Freiburg e não houve uma única vez para eu lamentar que fui perseguida ou discriminada. Eu sempre comparava com a minha própria terra natal, Manaus, onde eu tenho que me "fantasiar de rica" para que eles minimamente me tratem com uma educação baseada no preconceito velado.

NOTA: fantasiar de rica é calçar um sapato alto, da Arezzo (o único que tenho), vestir a calça jeans que tem a etiqueta vermelhinha no bolso de trás (Levi's, hehe, única também), camisa que ganhei de uma amiga, e uma bolsa vermelha, muito linda de couro, que não é de uma marca famosa, mas causa um impacto, ai eu fico a cara da riqueza.