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segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Aniversário no Kindergarten - conclusão

A educadora do meu filho decorou a sala e a mesa para a festinha de aniversário, na moda alemã, isto é, com simplicidade e delicadeza. Ela também organizou as louças e as bebidas, tive o trabaho somente de levar os bolos. 

Ela não permitiu que eu levasse as "sacolas surpresas" para distribuir aos coleguinhas, ela disse que no Kindergarten não é permitido, que eu só poderia em fazer isto em uma festa em casa. Pensando bem, ela está certa, imagina as crianças com a "lingua de sogra" e apitos, seria uma desordem total, hahaha.


Eu levei então um bolo de dois andares, um de côco e o outro de chocolate, como recheio de geléia de frutas vermelhas e uma inesquecível cobertura de brigadeiro, feito com leite condensado (isso não é tão obvio quando se trata da Alemanha) e uma torta de frutas, de um receita francesa. Levei também dois pacotes uma jujuba alemã, que é tradicional desde 1920, e deixa qualquer Kinder babando, é a "HARIBO macht Kinder froh" ("HARIBO faz as crianças felizes", literalmente).


Estamos no outono aqui na Europa e as decorações são feitas com folhas de cores outonais, animais de pelúcia como o porco espinho, raposa, cervo, entre outros, aboboras, sementes, castanhas e algumas frutas vermelhas, e para combinar fiz tudo com frutas. 
Sabe que eu adorei essa serpentina colorida que os alemães usam na decoração de festa?

Havia na mesa um prato com 6 velas, daquelas redondinhas, tipo para decoração. Eu avisei para a educadora que meu filho estava fazendo somente 5 anos, mas ela me explicou que na Alemanha, custuma-se colocar uma vela a mais para garantir o próximo ano. Gente, que fofo!!! adorei a idéia. 

Então, quando todos estavam sentados, a educadora colocou uma coroa de papel no meu filho, deu um balão cheio, somente para ele, avisou à todos que hoje era o seu dia e que ele seria o Rei. Ela acendeu um daqueles palitinhos que saem faiscas, ficou ao lado dele e cantou os parabéns, juntamente com as crianças e eu.

A educadora deu para meu filho um presente, um yoyo de madeira, vermelho, afinal é a cor que ele gosta. Meu filho recebeu outros dois presentes, de duas amiguinhas, lindas, eram desenhos coloridos e meu filho amou, assim como se tivesse ganhado brinquedos.

A velas  ficaram acesas, mas não foram apagadas. Os parabéns, e mais uma vez meu filho não apagou as velas. Porém eu estava lá, tomei providências. Peguei a vela "cinco" e pedi para cantarem e ele soprar finalmente, mas a educadora explicou que "soprar as velas" é somente no final, depois de comer o bolo. Ave Maria!!! O protocolo aqui é diferente, e eu obedeci. 

Finalmente nosso filho realizou seu desejo de apagar as velas do seu bolo de anivesário!!! Foi há dez dias atrás, foi uma festinha maravilhosa, inesquecível para meu filho, para mim, para todas as crinças da turminha e para a educadora, de verdade. Eu não consigo descrever o ambiente de afeto e carinho, criado por todos, nesta festinha, para fazer meu filho feliz. 
Obrigada Alemanha, mais uma vez.

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Superproteção não é bom?

A professora solicitou que eu conversasse com o meu filho, dizer que ele deve obedeçê-la, escutá-la, pois ele é muito travesso, e não à obedece na primeira ordem. As crianças alemãs da turma dele são bem mais obedientes, eu já vi.
A turminha dele iria fazer duas visitas: uma no centro da cidade e outra em uma importante gráfica. A professora estava preocupada, pois ela temia que ele não à obecesse no sinal de trânsito, ou nas ruas, correndo o risco de se perder, pois Dresden é turística e tem muita gente circulando na cidade.

Quando esta professora estava de férias, meu filho foi com outras turminhas, para outros passeios como atravessar uma ponte à pé, ou atravessar o rio de Elbe Ferries, e nenhum dos outos professores fizeram qualquer objeção ou uma mínima observação.

Photo by Galiceanu A. 2015
Eu perguntei se eu poderia ir junto, e ela permitiu. Assim eu fiz. Fui para duas excursões: um dia para o centro da cidade identificar onde estão os relógios e para explicar às crianças a importância de saber  as horas; outro dia para visitar a gráfica para conhecer como são impressos as revistas, painéis, folders.  

Foi divertido, a criançada inteligente, entendem rápido o que é colocado para eles como lição. Eu, por exemplo, ainda não havia percebido que tem relógio para todo lado, praticamente em todos os pontos de ônibus e trenzinhos. 

Entretanto, meu filho ainda não fala alemão. Ele aprendeu bastante frases do cotidiano no Kindergarten, mas não entende, por exemplo, as explicações do funcionário da gráfica, sobre o processo produtivo, e o pior é que nem eu entendi.

Eu fui tomada por um sentimento de culpa, por expor meu filho à esta situação desconfortável. Além de perceber que algumas crianças, aproveitavam, quando a professora estava longe, para agredir outras crianças menores. Outras crianças chamavam meu filho de "popo" e o empurravam (e nem vou traduzir porque é grosseiro). Eu estava lá, na frente deles e eles não se intimidaram. Cheguei em casa tão triste, e pensei até na possibilidade de tirar meu filho do Kindergarten.

Eu li no site da psicóloga Rosemeire Zago que a superproteção de um filho é caracterizado como um abuso emocional e tem consequências negativas, tais como dependencia e imaturidade emocional, baixa tolerância à frustração, passividade, depressão.
"A superproteção passa a mensagem de que a criança não é capaz de resolver as coisas por si mesma e que dependerá sempre dos pais para dar suporte e auxílio. Sendo assim, como poderá uma criança crescer e chegar a vida adulta, acreditando em si mesma? Nenhum comportamento que gera dependência poderá produzir confiança." Rosemeire Zago
Foi assim que eu tive "forças" para entregar meu filho mais uma vez no Kindergarten hoje.

domingo, 6 de setembro de 2015

Kindergarten - organizar brincando

A professora do meu filho me solicitou que eu comprasse um Schüleretui (Foto 1), que é uma espécie de estojo de lápis de cor, canetas, régua, borracha, bloquinho de anotação, e muito mais, ou muito menos, dependendo da marca e do preço é claro.

Photo 1 by Galiceanu A. 2015
O Schüleretui é um material escolar comum para as crianças que já estão na Schule, isto é, na escola, que é o equivalente ao primeiro ano, entretanto algumas educadoras do Kindergarten, gostam de introduzir no cotidiano das crianças com 5-6 anos, pois breve terão a "responsabilidade" do uso e cuidado com seu próprio material.

Como setembro é o mês das voltas as aulas aqui na Alemanha, quando eu fui procurar um desses para o meu filho, só encontrava o "resto do resto", àqueles cuja capa era com desenhos bem feios, cores escuras, sem graça, um horror. Havia uns mais ou menos bonitinhos, mas eram muito caros, perto de 50€ (R$ 150,00 dependendo do câmbio), e para completar a obra, estavam vazios.
Achei esse fofo em uma loja, de nome impronunciável: Pfennigpfeiffer, que a professora indicou.

A cultura alemã tem algo que me atrai: a organização. Esses estojozinho parece-te brincadeira? mas não é. Lembra-te estojos no Brasil, como são? um saco bem fundo, com um zipper bem longo, onde jogamos tudo juntos, emboloados, não é? fazemos isto desde crianças até a fase senil. 

A proposta é ter tudo no lugar, visível, para que quando você precisar de algo específico, não perder tempo, pegar, usar e colocar novamente no lugar. Ahh, se eu tivesse recebido esta educação ... 
Photo 2 by Galiceanu A. 2015
Quando vou nas lojas de departamento para casa, eu fico admirada com tantos recursos para colocar a casa em ordem, e é tudo muito barato, tem da cozinha ao banheiro, da garagem ao jardim, dos brinquedos das crianças ao closet dos pais. Até o lixo, tem que ser "organizado", tanto na separação e armazenamento, quanto na coleta, eu vou falar aqui sobre esse tema. Olha nessa oficina: até a pá e a vassorinha tem um lugar (Foto 2).
Você que é bagunceiro, regenere-se antes de pisar aqui na Alemanha, é só um conselho ;-)

domingo, 30 de agosto de 2015

Eu "andei" pedindo esmola

Quando meu esposo disse que queria voltar para Europa, para um pós-doutrorado, senti meu coração pular, literalmente. Ele falou logo que gostaria de ir para Technische Universität de Dresden, e eu concordei sem mesmo respirar.


Nosso filho ainda estava com três anos de idade, e então iniciei uma pesquisas sobre os jardins de infância, sistema de ensino, custos, possibilidades (falei isso em O Kindergarten para meu filho).

Photo by Galiceanu A. 2014


Encontrei entre outras informações, o blog Cinquentamilaventuras, de uma portuguesa, que me chamou atenção, em especial, sobre como foi a adaptação do seu filho no Kindergarten alemão. Eu li todos os textos referente ao assunto que ela escreveu em seu blog. Eu "caí das nuvens de algodão" em que eu me encontrava para uma "dura realidade terrena". Meu filho passaria, provavelmente, por um sofrimento na adaptação, e isto "pesou" como uma pedra gigante em eu coração.

No blog citado, a autora disse que ela deixava seu filho aos prantos no Kindergarten, que seu filho antes extrovertido, ficara solitário e calado,  e tantos outros detalhes que me fizeram chorar muito (como eu não pensei nisto? fui tão egoísta) e reconsiderar a idéia de sair do país para um desafio como este. A autora do blog também falou da Frau Müller, educadora do seu filho que ajudou bastante no processo de adaptação. Porém, mais nada me fazia acreditar que tínhamos feito um bom plano.

Eu estava disposta a desistir, preparei um discurso, mudei o tom de voz habitual que falo com meu esposo e declarei que nós não podíamos mais ir para Europa, nesta fase da infância de nosso filho, não seria justo com ele, não poderíamos, pelo amor que temos por ele. Citei todos os pontos negativos que eu não havia ponderado, antes de ler o blog da portuguesa.

E vocês sabem como pensam os europeus? Meu esposo tão surpreso, quanto admirado com a minha precocidade, isto para não dizer "inocência", falou que agora era exatamente o momento certo de sair, antes de começar a escola primária, simples assim.

(continua aqui ...)

Eu "andei" pedindo esmola - conclusão

Eu tenho uma amiga/irmã que tem um blog super lindo de ler (Entremaeefilha), a Nina Sena. Ela mora na Alemanha à muitos anos e sempre escrevia, entre outros assuntos,  sobre seu cotidiano aqui. E eu, lá de Manaus, dentro de uma dura realidade, lia sempre, para me sentir um pouco na Alemanha.

A idéia de começar a escrever um blog foi crescendo dentro de mim ao imaginar que eu também teria experiências no cotidiano alemão, e se consolidou quando eu estava fazendo as pesquisas sobre Kindergarten, e eu ficava imaginando quais seriam as emoções que nós viveríamos dentro da adaptação do nosso filho, assim como no blog que li, eu ficava imaginando as lágrimas do meu filho, as minha lágrimas, mas também as nossas conquistas na adaptação.

Eu iniciei este blog no ano passado, mas o abandonei por falta de tempo, afinal nós nos mudaríamos para outro país, temporariamente, mas gerou uma série de demandas antes da viagem (como arrumar o apartamento para um longo período fechado, afinal estou falando de Manaus, terra  de 99% de humildade relativa do ar, condomínio, cancelar plano de saúde, e mais).

Chegando na Alemanha, surgiram outras demandas, tornando-se impossível dar continuidade ao blog, o qual, considerei instinto. Porém, àquelas calças de moletom sujas de barro preto que falei aqui Na Alemanha criança brinca de verdade, despertou algo em mim.

Eu fiquei tão surpresa com o resultado (feedback) do número de visualizações das primeiras postagens deste ano, que me empolguei (risos). Eu postava no meu Facebook pessoal, e recebia um monte de like dos meus "amigos". Então, procurei uma ajuda para melhorar o desempenho de busca, para que fosse mais encontrado e consequentemente, lido.

Foi quando eu encontrei uma dica super legal no blog Blosque, blogando com alma, sobre como ter Feed RSS, uma ferramenta que permite as pessoas leiam seu blog, sem visitar o blog, segundo a autora do Blosque, na postagem Top 5 - erros que se cometem com o primeiro blog. Encontrei também neste blog que eu "andei" pedindo esmola!!!

Quando telefonei, escrevi email ou mensagens para os amigos, no Facebook, dizendo para lerem meu blog, eu mendiguei, ai que vergonha :-(
Eu fiquei deslumbrada com os acessos ao blog e de certa forma com vaidade.
"nada façam por ambição egoísta ou por vaidade, mas humildemente considere os outros superiores a vocês mesmo" Felipenses 2:3.
Agora como os pés no chão, continuo aqui, meu projeto, agradeço imensamente todos que leram, este blog. Eu pretendo continuar com minhas impressões sobre o cotidiano alemão para uma amazonense meio atrapalhada. Ao final desta aventura, poderei, por exemplo, converter cada postagem em PDF, imprimir e deixar como um caderno de recordações, independete se poucas pessoas ou ninguém ler.

Peço desculpas aqui para todos os amigos que pedi a esmola, causando um constrangimento, talvez.

Photo by Persil - CANALETTO Stadtfest Dresden

 Um abraço para todos vocês, leitores coagidos e voluntários.


quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Quando foi preciso confiar

Meu filho chorou o ano inteiro para não ir à creche no Brasil. Aqui não está sendo diferente, mesmo ele sendo mais velho, mesmo que na creche ele só brinca o dia inteiro (já falei um pouco sobre isso aqui), mesmo que ele tem total liberdade de escolher o que vai fazer, em que sala vai ficar, nem assim ele desiste de chorar e pedir para não ir para a creche.

Além de todas essas vantagens, as crianças dos Kindergärten fazem visitas aos museus, exposições públicas, pontos turísticos e históricos da cidade. Todos vão de transporte público: Straßenbahn ou ônibus, trens regionais ou Elbfähren (ferry em inglês - tipo as balsa que atravessa os rios do Amazonas, mas bem pequena, proporcional a largura do rio Elbe).

As visitas feitas pelos Kinder, são uma outra forma de educar, ensiná-los como devem se comportar em um transporte público, respeitando o espaço dos outros, ceder lugar nas cadeiras para pessoas idosas ou senhoras grávidas. Aprender que não se deve falar alto dentro dos transportes coletivos e locais fechados, aprender que deve sempre pagar as passagens (como assim? depois eu explico sobre as passagens).

A turma do meu filho já visitou o museu que ele mais ama - Verkehrsmuseum - o museu da história dos transportes, onde logicamente tem aviões e trens, percebe? e o dia que eles foram dar uma voltinha de Standseilbahn? E meu filho andou de Elbfähren!!! Tantas emoções, aprendendo a viver, confiar em si mesmo, ao lado dos colegas e professores, e sem a presença dos pais, sem entender muito bem o que todos estão falando.

E mesmo com todas essas vantagens, é comigo que ele quer ficar, em casa, porque aqui é o pequeno universo dele, com seus brinquedos e livros, seus filmes prediletos, suas músicas, sua mamãe. 

Assisti esse vídeo do Mini Superman e lembrei dos primeiros dias do David no Kindergarten aqui na Alemanha, foi tão igual o que aconteceu com ele, que eu tive que incluí-lo aqui.

Meu filho tem, mas não usou sua fantasia de Superman, pois ainda era inverno e ele também não saberia tirá-la para ir ao banheiro. David e eu pensamos nisto, foi o pai, que tem mais juizo, que não achou ser uma boa ideia.

Ele usava somente o gorro do Superman e sua foto 3 x 4, vestido de Superman esta no vestuário, no banheiro, na sua pasta de documentos do Kindergarten, por todo lado.



Devido o meu filho ser a única criança que não falava alemão, as outras crianças foram orientadas para ajudá-lo (e todos são muito fofos com ele).

Assim como no Brasil, não é permitido trazer brinquedos de casa, porém aqui não pode nenhum dia da semana, como é comum no Brasil. Então nós combinamos com ele que ele poderia levar o brinquedo com ele durante o caminho da escola, e ao chegar, colocar o brinquedo na mochila. Combinamos que o seu aviãozinho estaria lá, sempre que ele precisasse, para sentir como se estivesse em casa.

Quando o amor de mãe não foi suficiente

O meu filho foi para a creche no Brasil somente com 3 anos e 8 meses, isto é, com praticamente 4 anos. Eu e meu esposo até "ensaiamos" colocar ele dos 3 anos na creche, fomos um ano antes obter informações, mas devido ao meu problema com Síndrome do Pânico (falo sobre esse assinto aqui: A carta para creche do brasil - Parte I ) tivemos que adiar este plano. Parecia impraticável, eu não saia nem do condomínio que morava, quanto mais levar o filho para escola.

Eu cuidei do meu filho diretamente desde que nasceu e compartilhei esta tarefa somente com meu esposo. Nós compramos livros, CD, DVD e brinquedinhos conforme a fase de desenvolvimento que ele se encontrava. Um dia eu conto sobre esta fase de vida do nosso filho.

Nós cantávamos, cantávamos e cantávamos. Eu aprendi as 96 músicas da Coleção de clipes musicais do Cocoricó, e outras tantas do Patati PatatáGalinha pintadinha e a Palavra cantada, que na verdade ele começou a gostar mesmo somente depois dos 3 anos.

Assistíamos juntos os fantásticos vídeos da Coleção Baby Einstein com 12 DVD (vendido somente na Livraria Saraiva). David tinha 7 meses quando nós colocamos estes vídeos para ele. Tinhamos também alguns livrinhos da mesma coleção, o que reforçava o entendimento. O tema que ele mais gostou foi o Baby Galileo - descobrindo-o-céu, ele "pedia" para repetir, repetir e repetir. Eu até tentava colocar outro, mas ele conhecia a musiquinha do início, e protestava com choro para eu mudar. 

Talvez, foi daí que suscitou a paixão que ele tem por tudo que voa, insetos ou pássaros, aviões ou foguetes, por tudo que está lá no céu, lua ou sol, estrelas ou planetas. Assistindo os vídeos ele aprendeu a falar algumas palavras. A primeira palavra que aprendeu em inglês foi "star", depois "moon", depois "shine", porque afinal, estrelas brilham, não é?

Um dia, quando eu estendia roupas na varanda, ele me surpreendeu ao olhar para o céu, apontar e dizer "clouds", falou bem explicado, como todas as pouquíssimas palavras em português que ele sabia falar. Ele demorou muito para falar uma frase completa, mas eu nem me aflingi, busquei informações e vi que não havia nada de errado, e eu estava certa, hoje ele fala como um rádio (risos).
Nós dois nos divertíamos muito, eu sempre brincava com ele, pintávamos aviões gigantes, estrelas, lua, sol e planetas, em folhas 200 gramas ou nas paredes de casa.  Entende agora os interesses dele por planetas? Quando ele completou 3 anos eu fiz, literalmente, a decoração da festa de aniversário. O tema foi o Sistema Solar, mas isso eu vou falar e mostrar depois.

Photo by Galiceanu A. C. © 2012
Nós fazíamos bolinhas de sabão no banho ou na varanda todos os dias. Marionetes de dedinhos? sim, era sempre a mesma história, pois eram marionetes de natal. Tínhamos livros sonoros, os quais o faziam ri. Estávamos sempre juntos durante o dia!!! Até mesmo quando eu precisava cozinhar eu o integrava na tarefa, de modo seguro, é lógico, ele me ajudava a fazer bolo e suco de laranja no espremedor, colocava os legumes cortados na panela, e até se divertia muito quando eu dizia que "meu arroz estava queimando", interpretando um comicamente uma cozinheira maluquinha (as vezes nem era o arroz, mas como ele se divertiu tanto eu repetia a frase).

Eu fiz de um tudo para que meu filho não sentisse os impactos da privação de liberdade, minha e dele, imposta por minha situação psicológica. Porém, não era suficiente, ele precisava se relacionar com outras crianças da idade dele, precisava brincar ao ar livre, precisava ir para creche.

domingo, 9 de agosto de 2015

A carta para a creche do Brasil - Parte I

Acredito que para continuar com este projeto (escrever neste Blog) eu preciso lhes dizer algo muito importante, para que nas próximas postagens eu possa contar as minhas histórias incluindo as verdadeiras emoções. Eu escrevi no final do ano passado uma carta para a creche onde meu filho estudou. 

Nós estávamos nos despedindo, pois estávamos de mudança para a Alemanha. E sabia que nesta próxima etapa da nossas vidas, teríamos melhor qualidade de vida, por causa dos esforços de uma instituição que inclui o bem estar de suas crianças, mesmo que o problema esteja na base familiar. Então, lá vai, mas é longa, um jornal:

Minha gratidão à Creche Escola Bebê Bombom!
“... porque todos aqueles que pedem recebem; aqueles que procuram acham; e a porta será aberta para quem bate.” (Matheus 7,8)
Eu não tinha mais argumentos para adiar o ingresso do meu filho em uma creche, pois ele já estava com três anos completos. Escolhemos a Bebê Bombom inicialmente pela tradição e fama, por sua estrutura física, que para mim é satisfatória do ponto de vista de segurança e controle, mas também a escolhemos por ser próxima de nossa casa.

Somente o meu esposo trabalha, e eu logicamente, fiquei com a responsabilidade de levar e buscar nosso filho na creche. Seria muito simples se eu não tivesse Síndrome do Pânico.

As aulas começaram no final de janeiro do ano passado (2014), e meu tormento também.

Eu estava há 10 anos com Sindrome do Pânico, sendo que, há oito anos não trabalho na minha profissão. Ainda tentei trabalhar com a sindrome, mas sem sucesso. Desde então abandonei a carreira, o doutorado no exterior, abandonei meus sonhos. 

Na primeira entrevista com a psicóloga, eu falei sobre o meu problema, no intuito descobrir se meu filho seria prejudicado por minhas limitações ou não. A resposta foi imediata, não para mim, mas voltada para meu esposo, como um apelo, disse que eu precisava de ajuda urgente, que ele deveria me levar à um psicólogo.

Ela discorreu sobre todos os possíveis problemas que seriam gerados, caso eu seguisse doente, sem tratamento, durante o desenvolvimento social, emocional e educacional do meu filho, deixou bem claro que se eu não tentasse ficar curada, eu estaria pondo em risco a qualidade de vida do meu filho, uma vez que eu não a tinha mais.

Google Image
 Quando casei eu estava com a Síndrome do Pânico, e não tinha mais esperanças de me curar, me acomodei com a privação de liberdade e de conquistas, nem mesmo minha família acreditava que eu ficaria curada, depois de tantos anos e tantas tentativas com diferentes terapeutas e terapias.

A psicóloga suscitou em mim algo que eu já não sentia à muito tempo: esperança. Ela me fez acreditar que eu merecia uma vida melhor, que eu poderia oferecer muito mais ao meu filho, inclusive retomar a minha vida profissional.

Foi com o coração tomado de esperança que iniciei minha busca e encontrei na internet informações de um psiquiatra de São Paulo (Dr.Luiz Delfino Mendes), autor do livro sobre o assunto e defensor de que é possível a cura sem o uso de psicotrópicos.

continua ...

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Quando conheci o método de educação Montessori

Neste dia foi me esposo que foi buscar nosso filho, porque eu estava resfriada e indisposta. Eu dou graças a Deus, pois não ia prestar.

Havia chuvido neste dia, como eu já sabia que as crianças vão ao jardim igualmente à um dia de sol ou de neve. Eu fiquei tranquila, pois fica na escola as suas botas de plástico, jaqueta e calças de chuva (tipo aquelas de motoqueiros). E o melhor: finalmente ele iria usar, mas não usou. 

Photo by Galiceanu A. C. ©  2015
A professora dele estava de licença, e a turminha dele estava dividida, distribuídos nas outras turminhas. Meu filho ficou na turma de uma professora super gentil, e gostei bastante, e ele também. 

Quando os dois chegaram em casa, pai e filho, foram direto para o banheiro, o que eu achei muito estranho e fui verificar o que havia acontecido. 

Um banho de banheira com água quente, para aquecer nosso filho, foi isso que meu esposo fez, e sem ter tempo de explicar, cuidava do David com especial dedicação. Então eu fui tentar descobrir sozinha.

Achei primeiro a calça que meu filho havia ido para a creche, e depois os tênis: tudo completamente molhados e com alguma lama. 

Nosso filho ficou com essas roupas molhadas, ninguém da escola viu ou se importou? Todas as crianças tem roupa de troca em seus armários, o que houve?

O que houve foi que aqui na Alemanha as crianças trocam-se sozinhas desde cedo. Meu filho tem 5 anos e o que se espera de uma criança nesta idade é que vista-se sozinho sua roupa de chuva, depois tire e coloquem-na penduradas para escorrer a água.

Perceberam? meu esposo poderia ter trocado a roupa do nosso filho, antes de trazê-lo para casa, mas ficou tão surpreendido, atordoado (como ele fala) que a única coisa que queria era levá-lo para casa o mais rápido possível.

O erro foi meu, eu não mostrei para o meu filho os seus pertences: suas botas e roupa de chuva, suas roupas de troca, meias, sapatos e tudo mais. Eu não ensinei meu filho ser independente. Eu pensava que seriam as professoras que os vestiam, e portanto, elas deveriam saber.

Na creche que ele frequentou no Brasil, no ano passado, as crianças são estimuladas a serem independentes, aqui elas são responsáveis por sua independência, onde as crianças, além de vestir-se e despir-se sozinhos, eles servem-se e descartam o próprio alimento, e muito mais. É a cultura alemã, eles educam seus filhos assim. 

A creche que meu filho frequenta, na sua base pedagógica, tem os conceitos do Método Montessori, que é caracterizado por uma ênfase na independência, liberdade com limites e respeito pelo desenvolvimento natural das habilidades físicas, sociais e psicológicas da criança (Fonte: Wikipédia).

Eu presisava "acordar para a vida" mais uma vez. No outro dia chegamos mais cedo na creche e eu levei meu filho até o armário dele e fizemos um treinamento rápido de como trocar a roupa de chuva e colocar as botas Sete Léguas.


A carta para a professora

Minha mãe sempre me falava que eu só ia entender ela, quando eu tivesse um filho, nas muitas vezes que eu a criticava quando ela estava minimizando algum erro dos meus irmãos ou mesmo quando ela sofria com alguma situação que os envolvia.

Ela estava certa.

No mês passado, aconteceu algo que me magoou, não foi nada muito grave, mas aconteceu, e eu não estava lá, para ajudar o meu filho ser compreendido por seus coleguinhas e sua professora da creche.

Na Alemanha, na rotina diária dos Kindergärten (isto é, das creches), tem um horário no jardim, ao ar livre. E um dos motivos para meu filho não resistir muito em não ir para creche, é o fato de que ele tem este horário para caçar insetos, em especial as joaninhas e as borboletas.

Então, houve um dia em que a professora  veio conversar comigo, na sala de espera, para me dizer que "... meu filho estava enterrando as joaninhas que ele encontrou no jardim, e suas coleguinhas viram e disseram para ela o proibir de fazer isto". 

Ela me falou tentou explicar para meu filho que os insetos são seres vivos, que precisavam respirar, ..., normal, o problema é que meu filho não fala muito bem alemão e não conseguiu explicar para a professoras e as coleguinhas o que ele estava fazendo de fato.

Eu falei para ela que eu não podia entender o que ele fez, pois eu sei do quanto ele gosta de insetos, e não os faria mal. Acredito que ela achou que eu estava defendendo meu filho. Eu disse que conversaria com ele.

E conversei. 

Foi realmente tudo um mal entendido. Meu filho disse que estava fazendo uma "casa de tijolos" para as joaninhas, pois é a melhor opção para uma casa segura, no caso do lobo mal vir (em referência ao que ele aprendeu na estória dos Três Porquinhos).

Meu filho disse que ficou muito zangado por ter sido proibido de fazer a casinha e ter perdido as joaninhas, mas que chorou porque as crianças estavam dizendo que ele é um menino mal, por tentar enterrar as joaninhas, algo que ele não estava fazendo e nem pensando em fazer.

Depois que eu entendi tudo o que aconteceu, resolvi escrever uma cartinha para explicar tudo, e a entreguei no outro dia.

Tradução:

„ Querida professora, ontem o David disse que não estava “enterrando” a Joaninha. Ele fez uma casa de barro (assim como a casa segura da estória dos Três Porquinhos). David disse também que ele não é um menino mal. David ama três coisas: aviões, trens e Joaninhas. Nós lamentamos o mal entendido. Com carinho,
Mãe do David”
Quando David chegou em casa, trouxe um presentinho que ganhou da professora: uma caixinha entomológica (acho que se chama assim em português). Ele estava muito feliz, porque a professora havia entendido que ele não é um menino mal, assim ele falou.

A caixinha é toda equipada uma lupa e pinça para pegar os insetos. E lógico, ele já trouxe duas joaninhas, com um pedacinho de madeira e uma folha, para ela se "alimentarem". 

E a mãe do David chorou ...



sexta-feira, 19 de setembro de 2014

O Kindergarten para meu filho

Vamos chegar na Europa no meio de Fevereiro, e eu ainda esta dormindo como "Alice no Pais das Maravilhas".

(Creditos: http://us.123rf.com/450wm/etiamos/etiamos1209/etiamos120900017/15120754-kindergarten-muestra-con-iconos.jpg)
Entrei por curiosidade em alguns sites de Kindergarten próximos da rua que provavelmente vamos morar lá na Alemanha, e  surpresa: todos continham informacoes importantes sobre métodos pedagógicos, espaço físico da escola, horários, quantidade de crianças por sala, mas sobre incrições ou reserva de vagas, todos indicavam um site oficial da Prefeitura de Dresden. Ah? como assim?

Já estranhei quando lia sobre as refeiçoes servidas, as quais estão indicadas que são provenientes da Prefeitura, ai eu fiquei "enrolada", ..., será que eu não estou lendo bem, traduzindo bem o que leio?

Até eu entender o esquema demorou algumas horas mesmo, afinal é tao diverso do que se encontra no Brasil e mal podia acreditar. Eu já havia morado no sul da Alemanha, mas na época eu não tinha filhos e por tanto não me interessava por estes assuntos, nem tinha amigos que tivessem filhos, eramos todos jovens, estudantes, e estas informações passaram por mim sem que eu as conhecesse.

Então, a Prefeitura de Dresden, em particular, tem o controle de todos os Kindergärten (seria o nosso jardim de infância) e babás (acreditem!), e tem um setor que produz e distribui todo o almoço e jantar destas escolinhas.

Por exemplo, no meu caso: quero uma escola para meu filho que terá 4 anos no próximo ano, então eu tenho que entrar no site da prefeitura de Dresden para fazer uma inscrição com dados meus, do meu esposo e do meu filho. E tudo isto tem que ser com uma antecedencia mínima de 6 meses, isto é, eu estou atrasada, eu já tinha que ter feito a solicitação em julho ou agosto.

Depois de feito o cadastro, tenho acesso ao mapa com a distribuição geográfica das escolas na cidade, podendo escolher 5 escolas e colocá-las em uma ordem de prioridade.

No caso de quem precisa de babá, porque o filho é ainda um bebezinho, ai tem que escolher além de uma escola ou berçário, uma babá, ai eu acho que deve ser mais complicado.

Eu não sei como é nas outras cidades da Alemanha, mas em Dresden é assim.  Estas escolas são publicas, e todos tem direitos, pois todos para morarem lá tem que cumprir seus deveres de cidadães ou moradores, pagando impostos e taxas, que são revertidas em serviços sociais. Isto me faz lembrar um país da América Latina: o Brasil, no sentido que assim deveria ser, escola ou creche publica de qualidade para todas as crianças (e haja creche, porque haja criança).