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terça-feira, 6 de outubro de 2015

Os caçadores de "caloteiros"

Você pode encontrar, em diferentes blos ou sites de brasileiros que moram na Europa, em especial, na Alemanha, falando sobre o controle do pagamento das passagens de ônibus, trens e Straßenbahn. Na postagem Blogs e sites de brasileiros na Alemanha, eu listo alguns sites incríveis, com informações super importante para um "marinheiro de primeira viagem". 

Entrar em um transporte público e não ter ninguém te para cobrar, a primeira vez que eu vi isto foi na Itália, o primeiro país que visitei da Europa, em Roma, quando viajei com meus amigos da UFPR. Nós comprávamos as passagens de ônibus em uma lojinha, entravamos no ônibus e validávamos em uma máquina que marcava o dia e a hora que a passagem estava sendo utilizada. 

No ônibus, nada de cobrador ou catraca!!! Porém todos tem a obrigação de ter passagens válidas para o trecho realizado, senão estará sujeito às penalidades, quando eventualmente entra um controlador de passagens e pede para que apresente um bilhete válido. 

Photo by www.dvb.de 
Quando chegamos na Alemanha, e compramos as passagens do Straßenbahn tivemos o mesmo espanto. Como assim? para quem eu mostro que comprei a passagem? Era realmente algo muito novo para mim.

Aqui em Dresden, não é diferente, Eu chamo os controladores de caçadores de "caloteiros", pois eles comportam-se assim, com caçadores suaves, mas implacáveis quando pegam  sua "caça", isto é, aquele que dá calote, andando na maior "cara de pau" sem um bilhete válido.

Todos os dias eu pego 4 transportes, para levar e buscar meu filho no Kindergarten, e durante estes meses posso contar nos dedos quantas vezes eu vi, os controladores.

Houve um dia em especial, quando eu estava em um Straßenbahn, eu sentei na última cadeira do trem, e logo ele, o controlador, se levantou e me cobrou o bilhete, como eu tenho um bilhete semestral, ando com segurança, e mostrei meu bilhete. 

Eu pude ver uma delicada expressão de decepção, mas entrou outros, e o cara, como um caçador, foi em cima do grupo de chineses, que demoraram, mas mostraram um bilhete válido. Mais uma decepção para o controlador, mas ele paracia não desistir. Ele tinha uma colega de trabalho, que ficava sempre sentada. 

E para felicidade do controlador, entraram mais pessoas, e finalmente ele encontrou um estudante, estrangeiro, que não falava alemão, e o cara se ferrou. A multa é de 50€ (ou mais, não sei ao certo).

Eu já vi algumas cenas de caloteiros pegos no flagrante, tem uns que até choram, outros esquecem como falar alemão (risos) e outros até tentam fugir, mas os "caçadores" são o bicho!!! 

domingo, 4 de outubro de 2015

A Denise Chocobom

Eu estava entrando em uma loja, com meu esposo e meu filho, quando resmunguei, sem falar baixo, que meu "suvaco" estava coçando, com a equivocada garantia de que ninguém iria entender, ledo engano

Photo by www.denisechocobom.de
Havia pessoas entrando e saindo da mesma loja, mas tinha uma moça parada na porta da loja, era a Denise Chocobom, e ela caiu em uma doce gargalhada ao me ouvir, e eu me aproximei dela e gargalhei junto. Então olhei melhor para ela e percebi que ela só poderia ser uma brasileira, carioquíssima, morena, magra, perfeita, calçando sandálias "anabela" e com anéis extravagantes em cada dedo. 

Depois do riso soltou, começamos a conversar, nos conhecer, trocar contatos, deixei completamente meu esposo e filho, para papear com aquela figura tão iluste e famosa, na cidade de Dresden. 

Ontem, eu à encontrei novamente, na sua Tenda de Coquiteis no Familienfest am Goldener Reiter, festa do feriado de 03 de outubro. Era possível ver a bandeira brasileira de longe, da sua tenda. O cocar de índio, feitos com pedras e penas azuis, era o toque de fundamental da idealização do Brasil naquela festa.

Entretanto, nossa princesa carioca estava contrariada, com tanta música alemã!!! Ocasionalmente, quando tem festa em espaços públicos, sempre tem a apresentação de músicos brasileiros, mas ontem não rolou. Fazer coquiteis ao som de uma tortura saxônica, ninguém merece, não é?

Denise estava muito ocupada com os coquitéis, que graças a Deus, vendia mais que água, e não pudemos conversar mesmo, tão pouco fazer uma fotografia para colocar neste texto.

O site de Denise é todo em alemão, mas com informações sobre as diferentes festas culturais brasileiras, com uma pequena resenha e algumas fotografias, incluíndo o Boi Bumbá, o que me deixou muito agradecida e feliz. 

Ela é o máximo!!! Eu sou sua fã Denise Chocobom. 

sábado, 3 de outubro de 2015

Como não amar a Alemanha?

Eu costumo pegar livros na Biblioteca Pública perto da nossa casa, vou quase sempre sozinha porque o meu filho não gosta do espaço infantil que tem lá, é pequeno e meio sem graça, se comparado ao espaço da Biblioteca Central. 
No mesmo dia em que "aquele livro me quis", eu recebi um presente das bibliotecárias!!!
Photo by Galiceanu A. 2015
Depois que a menina me deu o recibo-controle dos livros que eu emprestei, ela perguntou quantos anos meu filho tem, pois a biblioteca tinha um presente para ele. Então ela me deu uma sacolinha de pano, com o logotipo "Lesestart".
Continha dentro da sacola um poster super colorido, dois guias de leitura para os pais incentivarem a leitura aos seus filhos e um lindo livro da Editora Arena, que tem livro incríveis para as crianças. Olha no site dessa editora, você vai "surtar", se voce tiver filhos de 0-12 anos.

A bolsa e o conteúdo, trata-se do programa de apoio e promoção à lingua e leitura, voltada para as crianças e adolescentes, um programa financiado pelo Ministério da Educação e Pesquisa da Alemanha (Bundesministerium für Bildung und Forschung).

Então eu pergunto: como não amar a Alemanha?

sábado, 26 de setembro de 2015

Feijoada gostosa - Feijoada Lecker!

Na semana passada, eu encontrei no Facebook um grupo Cozinhando na Alemanha, onde os participantes postam fotos de suas peripércias na cozinha, além de trocar idéias sobre produtos encontrados nos supermercados alemães que servem para completar receitas brasileiras.  

Eu já entrei perguntando sobre Maizena, e as "meninas" foram muito gentis, respondendo, inclusive com fotografias do produto alemão. Eu adorei! Sabe quando você finalmente "encontra pessoas que falam a mesma língua que a sua"? quando você "encontra a sua praia"?

Eu adoro cozinha e adoro falar sobre o assunto, trocar idéias, mas a maioria das minhas amigas trabalham fora de casa, e não tem tempo e nem talento para tal atividade. Então, elegi o meu marido para me ouvir, além de ser o cobaia dos meus revolucionários pratos. 

Fiz ontem uma feijoadinha modesta, para me despedir de amigas que vão se mudar para outra cidade.
O feijão preto eu comprei no mercado asiátioco, e as carnes defumadas de porco comprei no supermercado alemão. Eu ainda não consegui comprar farinha ou farofa pronta, e também não encontrei uma folha para substituir o nosso couve verdinho. 
Photo by Galiceanu A. 2015

Photo by Galiceanu A. 2015
Fiz um Brownie de caixa, pois eu não tenho talento nenhum para doces. Eu consegui esquecer de colocar 100 ml de óleo de girassol, mesmo eu tendo em casa, o resultado foi que ficou ressecado, cascudo, quase um biscoito (risos). Fiz um bolo de côco e chocolate de emergência. Eu estava tão empolgada em fazer a comida e fotografar para finalmente ver fotos minhas no grupo do Facebook.

Aquele que cozinha sempre espera ouvir se ficou bom, e lógico, por educação, aquele que come sempre diz que ficou ótimo, e aquele que cozinha sempre fica na dúvida se o eleogio foi realmente sincero ou amigável.
Eu tive o prazer de saber que ficou bom mesmo, ao ver minha amiga da República das Filipinas colocar um pouquinho mais no prato, arroz e feijoada, mesmo depois de ter comido os bolos da sobremesa. Eu tive certeza que ficou bom!!!

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

A floresta de Tharandt - delicadezas


O Departamento de Ciências Florestais, da Faculdade de Ciências do Ambiente, da Technische Universität, está localizado em Tharandt, um vilarejo próximo de Dresden. Depois de tantos meses, na Alemanha, finalmente fomos visitar o Jardim Botânico.

Photo by Galiceanu A. 2015
Tem mais fotos aqui
Chegamos na estação de trem de Tharandt, e logo vimos a floresta quase "engolindo" o vilarejo. No caminho para o jardim botânico encontramos a casa que hospedou por trinta e quatro dias (de 17de abril a 21 de maio de 178), um dos maiores dramaturgo alemão, o Johann Christoph Friedrich von Schiller, ou simplismente Schiller. Foram poucos dias, mas a placa indica relevante orgulho de tão ilustre hóspede, afinal ele é um dos quatros brilhates escritores do Classismo de Weimar (Schiller, Goethe, Wieland e Herder). Foi uma viagem no tempo à história da poesia e literatura alemã.

Eu logo senti que aquele dia seria inesquecíve!!!

O Jardim Bôtanico (Forstbotanischer Garten Tharandt) é um lugar mágico, é possível sentir-se em um conto de fadas. As histórias dos Irmão Grimm me vieram à mente, ao encontrar uma pequena e linda casa, uma construção no belo estilo das montanhas da saxônia, logo que entramos no jardim. Era o pequeno, mas espetacular "Forstbotanischer Museu", com  algumas mesas na entrada, para o serviço de um modesto Café. No mesmo lugar, funciona também o Forstgarten-shop, cheio de delicadezas à venda, tais como com cartões, velas, guardanapos,  livros e artigos de decorção, tudo sob o tema de florestal ou botânico. O pequeno Museu estava decorado com pinhas, penduradas por fios de nylon, era tudo muito encantador. 

(continua aqui ...)

A floresta de Tharandt - emoções

(A Floresta de Tharandt - delicadezas )

Havia no Museu, uma exposição de amostras de raizes, sementes e fustes com configurações singular, além de uma exposição de dendrocronologia, isto é, o estudo da idade das árvores. Eu tive um choque emocional ao ver os discos de troncos para visualização dos aneis de crescimento de diferentes espécies de árvores e ainda amostras radiais do lenho retiradas por Trado de Incremento Haglöf, pois tudo isso fazia parte do meu tema de pesquisa de doutorado. Na fotografia, é possível ver meu olhar de encanto e certa tristeza.

Photo by Galiceanu A. 2015
Tem mais fotos aqui
Quem não carrega dentro de si a tristeza do que não se realizou? Eu não digo frustração porque  a frutração é "produto" de expectativas não concretizadas, e eu nunca tive expectativas, mas esperanças.

O que eu posso aprender como lição, desta situação que a vida impôs para mim? Quais os motivos pelos quais eu não mereci ou não fui capaz de cumprir tal tarefa? O "nó na garganta" não se desfez. Ainda quero uma resposta.


Era domingo, estavamos em família, depois de uma reanimadora chícara de der Caffè Latte, fomos floresta à dentro.

Era tempo de relembrar um passado de estudos e trabalhos florestais, um tempo que eu desejava ter uma família. Eu estava do outro lado do passado, era o tempo presente, ao lado do meu esposo e nosso amado meu filho. A dualidade de emoções causava-me uma certa agitação.



Photo by Galiceanu A. 2015
Photo by Galiceanu A. 2015












Eu coletei algumas sementes, pinhas e galhos, para tentar fazer algo parecido com a decoração do Museu, em nosso apartamento. Na próxima postagem vou mostrar como ficou a nossa decoração de outono.
Até logo,
Ana

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Blogs e sites de brasileiros na Alemanha

O meu blog predileto que fala sobre a Alemanha, entre outros assuntos, é o blog Entre mãe e filha, da minha amiga Nina Sena, que mora no Sul da Alemanha, na mesma cidade em que eu morei.

O outro blog que eu gosto muito é o Cinquenta mil aventuras, inclusive, já falei aqui os motivos pelos quais eu o sigo. O blog Ana na Alemanha, que me chamou a atenção inicialmente pelo nome e depois me conquistou com as narrativas e as fotografias, da Alemanha e de outros países que a autora visitou com sua filha linda.
Se você está buscando super dicas de como migrar para a Alemanha, você entrou no blog errado, eu sei pouco sobre assunto, apenas posso indicar o site do Ministério do Interior da Alemanha, o Bundeministerium des Innern - BMI,  e indicar os blogs que falam sobre o assunto e te desejar sorte para que realize seu sonho!

Photo by Galiceanu A. 2004
Eu escrevo aqui é somente emoções, impressões, deste momento de minha vida. Eventualmente posso descrever alguma situação que contenha informações de como se vive aqui na Alemanha, mas será sempre dentro de algo que eu vivenciei, entende? Eu quero somente contar histórias, as minhas.

Eu encontrei alguns blogs, escrito por brasileiros, falando sobre o cotidiano na Alemanha, dando dicas importantes para aqueles que desejam migrar, estudar ou simplimente fazer turismo. Eu listei alguns, somente aqueles que eu realmente li os artigos. Eu já "frequento" a Alemanha desde 2002 e posso garantir que essa turma de blogueiros são espetaculares, tem artigos incríveis, que só de ler você já se sente na Alemanha.

Na minha lista, estão o  Alemanizando que tem também tem um canal de mesmo no Youtube; Mineirinhanalemanha tem postagens desde janeiro de 2004; De volta a nave mãe, blog desde 2008; Joaninha bacana, tem inúmeras postagens sobre a Alemanha e outros países como Holanda, Bélgica e França e muito mais; Quero aprender alemão, o nome diz tudo; Alemanha para brasileiros, super legal com dicas de viagens, vídeos divertidos com explicações; Alemanha por que não tem roteiros prontos e personalizados à venda no próprio site; Na Alemanha tem, Brasanha, Entre duas culturas, Batatolandia, Mão de vaca na Alemanha, Berlin Schau, Deutsch Toll (Eu, Alemanha e kem sabe vc...), Alemanha muito além do muro, Brunalemanha e tem muito mais, basta pesquisar.

Conheci na semana passada, no grupo "Crianças brasileiras bilingues em Dresden", a criadora do Anedotas da Batatolandia, a paraense Tamine Marklouf, jornalista, que escreve também Cartas de Berlim, publicadas no Jornal O Globo.

No Youtube tem também inúmeros canais de pessoas que falam sobre a Alemanha, dando dicas de turismo e até de migração. Eu gostei muito muito mesmo do Viaje com a Cris e Alemanizando, assisti vários vídeos de cada um, os autores são jovens, divertidos ao passar suas mensagens, mas sem perda de qualidade de informações. Achei hoje mesmo o canal da Carla Schulz, que postou um vídeo super sincero e até difícil de ouvir, para aqueles que tem o sonho de vir morar na Europa definitivamente, mas ela só falou a mais cristalina verdade. Tem também o canal da Manuela Fontes, o Aqui na Alemanha, que abriu neste mês de setembro de 2015, portanto, novinho.

No Facebook tem os grupos fechados, que promovem fóruns, discussões, dão dicas, respondem as mais diversas perguntas dos participantes, desde questões legais de migração até tipo mais adequado de shampoo para cabelos liso como "flechas de índios", pergunta esta que fiz no Brasichland - Mulheres brasileiras na Alemanha, e recebi inúmeras explicações e dicas para salvar os meus cabelos, e todo de uma forma legal, simpática e até amigável. Achei o Cozinhando na Alemanha, e adorei, pois as participantes fazem seus pratos fotografam e postam na linha do tempo do grupo, muito em breve vou postar alguma "obra", eu me identifiquei completamente com a "filosofia" do grupo. Claro, estou no Brasileiros em Dresden. Eu postei no Rede brasileira em Colônia. o artigo "Tapioca na Alemanha para contar" que eu escrevi aqui, neste blog e eles me deram a "maior moral", leram no mesmo dia e contou mais de 100 visualizações.  O Second hand Brasil/Alemanha, é o máximo, vocês não podem imaginar o serviço que este grupo oferece aos participantes, tanto para fazer compras quanto para vender, super legal mesmo.

Enfim, tem muita informação de qualidade sendo disponibilizada por brasileiros que moram ou moraram na Alemanha, com diferentes enfoques, pontos de vistas diversos, mas todos com a mesma realidade: a migração é um sonho, para muitos, possível de realizar, mas com obstáculos e dificuldades, que dependerá de cada um, superá-los ou não.

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Estudar na Alemanha - conclusão


Depois que terminei o Mestrado, retornei para Manaus, pois havia uma vaga para professor substituto na Faculdade de Engenharia Florestal da Universidade Federal do Amazonas, nas disciplinas de Inventário Florestal e Dendrometria. Trabalhei por um ano e meio na UFAM. 

Photo by Galiceanu A. 2004
Fiz a inscrição para o International Summer School 2004 da Albert-Ludwigs-Universität Freiburg e fui selecionada. Conheci pessoas da Indonésia, Índia, Sri Lanka, Tailandia, Malásia, Romênia, Chile e muito mais, tenho contato com alguns deles até hoje. Eu já estava há um ano com Síndrome do Pânico, fazendo acupuntura, tomando "Florais de Bach" e serotonina e GABA (Gama Amino Butiryc Acid), todos com efeito paliativos, ou mesmo placebo, mas que me davam a mínima sensação de "cura" e autonomia. 

Era a minha segunda visita à Alemanha, para um segundo curso, onde tive oportunidades de consolidar contatos com professores da Pós-graduação, e encontrar um orientador interessado na minha pesquisa: dendrocronologia tropical.

No ano seguinte voltei para Alemanha, com minha irmã, que também é Engenheira Florestal. Logo nos primeiros dias, quando fomos para o MENSA, o restaurante universitário, fomos apresentadas para um espanhol e um italiano. Dias depois o italiano apresentou seu amigo romeno, os dois eram estudantes de doutorado em Física.
Minha irmã casou como o italiano e eu como o romeno, simples assim!!!
 
Voltamos para o Brasil, eu e minha irmã, pois eu não estava dando conta da Síndrome do Pânico. Parecia o fim de um sonho, tão desejado, planejado, à custa de muita luta e dificuldades.

O fato é que eu não conclui o doutorado, mas o sonho de doutorado transformou-se em um casamento e um lindo filho, nossa benção maior, concedida por Deus. Brincando, eu sempre digo que o diploma do meu doutorado é nosso filho.

Hoje, e somente hoje, eu vejo que eu não precisava de um doutorado, mas uma família, uma oportunidade de ser mãe, para viver e escrever nossa linda história.

Obrigada por ler!

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Café com leitor - (o meu é descafeinado, por favor!)

Quando pensei em escrever este blog, eu pensei diretamente na minha família amazonense e nos meus amigos, no sentido de dar notícias, de uma forma mais coletiva, com fotos, vídeos, fatos, assim eu não ficaria devendo mails ou telefonemas para o Brasil e seria cordial com todos, como sempre eu gosto de ser.

Entretanto, eu tive que mudar completamente a percepção das informações que eu descrevo, o tema ainda é o mesmo, mas o foco mudou. Eu fiz a mudança em respeito e admiração aos "meus leitores" (se é que posso chamá-los assim, posso?). 

O Blogger tem uma ferramenta superlegal, a estatística de visualizações, e pude perceber que, 92% das visualizações diárias deste blog, estavam e estão concentradas na Europa, 5% em outros continentes (tem visualizações até de Cingapura, obrigada!!!) e apenas 3% no Brasil (números que variam semanalmente, mas a proporção se mantêm).

Logo, vi que eu não precisava mais explicar como as coisas funcionam aqui na Europa, afinal o meu "público" sabe disto. Comecei a contar efetivamente histórias, minhas histórias, a Alemanha do meu ponto de vista.

Hoje, eu tomei café com uma leitora do blog, uma pessoa maravilhosa, a Helena, de São Luiz-Maranhão. Eu recebi muitos elogios e dicas, claro, eu adorei!!!

Eu nunca tinha entrado em nenhuma Starbucks, até uma prima me visitar em Dresden e dizer que adora esse "Café". A fotografia é de fevereiro, quando entrei pela primeira vez, e descobri que lá tem café descafeinado para o Latte Macchiato e Cappuccino, e a melhor de todas as notícias: EXPRESSO descafeinado. Eu quase chorei de gratidão à Starbucks. Faziam uns 8 anos que eu não tomava um Expresso por não encontrar em lugar nenhum a versão descafeinada. 

A cafeína me faz muito mal, e por isto tenho muito cuidado com o consumo de café fora de casa. Houve alguns restaurantes (no Brasil e na Alemanha) que afirmaram ser descafeinado o café servido, mas imediatamente eu passei mal. 

Obrigada Helena, obrigada meus amigos concretos e virtuais, família.

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Estudar na Alemanha - um sonho que se transformou -Parte II




Eu estudei Alemão I, na Faculdade de Letras, como disciplina optativa para completar minha carga horária e número de créditos. Depois que fiz todos os créditos permitidos no idioma alemão, fui estudar aos sabados no Projeto CEL - Centro de Estudos de Linguas, um programa de idiomas da UFAM, que havia iniciado naquele ano, para oferecer curso de idiomas com baixo custo, para ser acessível para todos, principalmente as comunidades ao redor do Campus.

Era barato mesmo, mas para mim, ainda saía caro. Eram quatro horas de aulas por sabado, terminava sempre depois do meio dia, os professores eram aplicados, mesmo sendo um curso praticamente filantrópico. Eu levava sempre na bolsa um pão com manteirga e só. A lanchonete oferecia para os clientes o cafezinho de graça, e eu pegava uns três copinhos para completar meu lanche. A "grana" era curta, ainda tinha que comprar as passagens de ônibus, e aos sabados não o restaurante universitário não funcionava. Eu sentia fome, sabe, babava vendo aquela moçada comendo sanduiches e tomando refrigerantes.

Um dia eu estava chegando para assistir uma aula, no Bloco U, nas antigas instalações da Faculdade de Ciências Agrárias, da UFAM - Universidade Federal do Amazonas, quando vi um folder no mural, escrito em inglês, com uma fotografia de uma igreja em estilo gótico, a Münster de Freiburg. Eu acreditei que era um sinal. O folder era uma chamada, com formulário, para a candidatura ao mestrado "International M.Sc. in Forest Ecology and Management" da Universität Freiburg.

Levei para casa uma cópia do formulário para ler os detalhes. Eu logo vi, pelos requisitos, que eu não chegaria lá, pois havia a exigência do TOEFL, e naquele tempo o que eu sabia de inglês era tudo do curso de Inglês Instrumental, que eu havia feito no semestre anterior.

Eu guardei o formulário como recordação, tenho até hoje, no meu apartamento em Manaus.

Eu me formei na Faculdade de Engenharia Florestal em 2000, no ano seguinte fui para Curitiba, para o Mestrado em Engenharia Florestal da UFPR. A minha linha de pesquisa foi o Manejo Florestal, justamente a área de pesquisa e colaboração da UFPR com a Universität Freiburg, parecia outro sinal.

Houve uma seleção de estudantes para ir para um curso de manejo florestal na Alemanha, em Freiburg, e eu lógico me cadidatei, mesmo sem muitas esperanças. Havia uma entrevista para os candidatos e seria em alemão ou inglês, assim corria os boatos, e eu, "deficiente" de um e de outro, senti medo, mas era o mais próximo que eu havia chegado da Alemanha, quis tentar, afinal eu só correria o risco de receber um não, ou um simmmmm, com uma carimbada para Europa. 


Rolou gente!!! rolou demais. Como eu fui uma das últimas candidatas, a professoras responsável pelas entrevistas não me entrevistou, disse que não tinha tempo, apenas, em uma conversa informal me perguntou se eu tinha roupas e sapatos para neve, pois teriam aulas de campo na Floresta Negra. 

Eu tinha uma jaqueta super mega power de U.S.A., que eu comprei em uma loja de segunda mão em Manaus, quando eu ainda estava no primeiro ano de faculdade, pois eu já tinha sonhos. Os sapatos eu não tinha, mas os comprei em uma loja tipo Made in China, todo de material sintético e aparentemente frágil, mas que aguentou toda a neve que eu enfrentei, sem molhar os meus dedinhos.

Ainda não consigo aqui, concluir essa parte da minha história, portanto, continua ...

terça-feira, 15 de setembro de 2015

Estudar na Alemanha - um sonho que se transformou

Geralmente, quando se fala de sonho, dizemos que ou "ele" se realizou ou se frustrou. Desculpe-me por sair do padrão, o meu se transformou.
A minha família era muito humilde, estavamos em risco social, como tantas outras famílias, que naquela época, passavam por necessidades. Nós somos seis filhos, estavamos todos pequenos, uma "escadinha", morando com nossos pais em uma vila de kitnetes de madeira, e banheiro coletivo, em um bairros às margens do Rio Negro, na cidade de Manaus. 

Nós, tivemos o privilégio de sermos amparados economicamente, por padres italianos, os Oblati di Maria Vergine, os quais, nos sederam uma casa com um jardim enorme em troca de cuidarmos da casa deles, nos longos períodos de ausência, quando faziam as viajens para o exterior e também para as cidades das zonas rurais do Estado do Amazonas, onde ele estavam iniciando seus trabalhos de evangelização, em meados dos anos 70.

O Brasil atravessava uma severa crise econômica, e nós não escapamos do trabalho infantil, era preciso. Porém, nunca deixamos de estudar. Veio o período da Faculdade, e tudo melhorou. A Universidade "abriu muitas portas", deixando para trás um passado de privações e dificuldades. Foi o que os estudos nos proporcionou: uma vida melhor, mais leve, mais segura, mais humana.

Hoje, na minha maturidade, vejo quantos riscos estávamos submetidos, naquelas condições de vida, mas todos nós vencemos, como muitos amazoneses humildes, certamente, que agarraram as chances oferecidas.

Quando fiz mestrado na UFPR, com a permissão de Deus, adquiri definitivamente a liberdade de escolher novos caminhos, de mudar minha própria história, de viajar mais longe do que eu poderia imaginar.
(continua ... Parte II)