domingo, 30 de agosto de 2015

Eu "andei" pedindo esmola

Quando meu esposo disse que queria voltar para Europa, para um pós-doutrorado, senti meu coração pular, literalmente. Ele falou logo que gostaria de ir para Technische Universität de Dresden, e eu concordei sem mesmo respirar.


Nosso filho ainda estava com três anos de idade, e então iniciei uma pesquisas sobre os jardins de infância, sistema de ensino, custos, possibilidades (falei isso em O Kindergarten para meu filho).

Photo by Galiceanu A. 2014


Encontrei entre outras informações, o blog Cinquentamilaventuras, de uma portuguesa, que me chamou atenção, em especial, sobre como foi a adaptação do seu filho no Kindergarten alemão. Eu li todos os textos referente ao assunto que ela escreveu em seu blog. Eu "caí das nuvens de algodão" em que eu me encontrava para uma "dura realidade terrena". Meu filho passaria, provavelmente, por um sofrimento na adaptação, e isto "pesou" como uma pedra gigante em eu coração.

No blog citado, a autora disse que ela deixava seu filho aos prantos no Kindergarten, que seu filho antes extrovertido, ficara solitário e calado,  e tantos outros detalhes que me fizeram chorar muito (como eu não pensei nisto? fui tão egoísta) e reconsiderar a idéia de sair do país para um desafio como este. A autora do blog também falou da Frau Müller, educadora do seu filho que ajudou bastante no processo de adaptação. Porém, mais nada me fazia acreditar que tínhamos feito um bom plano.

Eu estava disposta a desistir, preparei um discurso, mudei o tom de voz habitual que falo com meu esposo e declarei que nós não podíamos mais ir para Europa, nesta fase da infância de nosso filho, não seria justo com ele, não poderíamos, pelo amor que temos por ele. Citei todos os pontos negativos que eu não havia ponderado, antes de ler o blog da portuguesa.

E vocês sabem como pensam os europeus? Meu esposo tão surpreso, quanto admirado com a minha precocidade, isto para não dizer "inocência", falou que agora era exatamente o momento certo de sair, antes de começar a escola primária, simples assim.

(continua aqui ...)

Eu "andei" pedindo esmola - conclusão

Eu tenho uma amiga/irmã que tem um blog super lindo de ler (Entremaeefilha), a Nina Sena. Ela mora na Alemanha à muitos anos e sempre escrevia, entre outros assuntos,  sobre seu cotidiano aqui. E eu, lá de Manaus, dentro de uma dura realidade, lia sempre, para me sentir um pouco na Alemanha.

A idéia de começar a escrever um blog foi crescendo dentro de mim ao imaginar que eu também teria experiências no cotidiano alemão, e se consolidou quando eu estava fazendo as pesquisas sobre Kindergarten, e eu ficava imaginando quais seriam as emoções que nós viveríamos dentro da adaptação do nosso filho, assim como no blog que li, eu ficava imaginando as lágrimas do meu filho, as minha lágrimas, mas também as nossas conquistas na adaptação.

Eu iniciei este blog no ano passado, mas o abandonei por falta de tempo, afinal nós nos mudaríamos para outro país, temporariamente, mas gerou uma série de demandas antes da viagem (como arrumar o apartamento para um longo período fechado, afinal estou falando de Manaus, terra  de 99% de humildade relativa do ar, condomínio, cancelar plano de saúde, e mais).

Chegando na Alemanha, surgiram outras demandas, tornando-se impossível dar continuidade ao blog, o qual, considerei instinto. Porém, àquelas calças de moletom sujas de barro preto que falei aqui Na Alemanha criança brinca de verdade, despertou algo em mim.

Eu fiquei tão surpresa com o resultado (feedback) do número de visualizações das primeiras postagens deste ano, que me empolguei (risos). Eu postava no meu Facebook pessoal, e recebia um monte de like dos meus "amigos". Então, procurei uma ajuda para melhorar o desempenho de busca, para que fosse mais encontrado e consequentemente, lido.

Foi quando eu encontrei uma dica super legal no blog Blosque, blogando com alma, sobre como ter Feed RSS, uma ferramenta que permite as pessoas leiam seu blog, sem visitar o blog, segundo a autora do Blosque, na postagem Top 5 - erros que se cometem com o primeiro blog. Encontrei também neste blog que eu "andei" pedindo esmola!!!

Quando telefonei, escrevi email ou mensagens para os amigos, no Facebook, dizendo para lerem meu blog, eu mendiguei, ai que vergonha :-(
Eu fiquei deslumbrada com os acessos ao blog e de certa forma com vaidade.
"nada façam por ambição egoísta ou por vaidade, mas humildemente considere os outros superiores a vocês mesmo" Felipenses 2:3.
Agora como os pés no chão, continuo aqui, meu projeto, agradeço imensamente todos que leram, este blog. Eu pretendo continuar com minhas impressões sobre o cotidiano alemão para uma amazonense meio atrapalhada. Ao final desta aventura, poderei, por exemplo, converter cada postagem em PDF, imprimir e deixar como um caderno de recordações, independete se poucas pessoas ou ninguém ler.

Peço desculpas aqui para todos os amigos que pedi a esmola, causando um constrangimento, talvez.

Photo by Persil - CANALETTO Stadtfest Dresden

 Um abraço para todos vocês, leitores coagidos e voluntários.


sexta-feira, 28 de agosto de 2015

O outono está chegando

A primeira vez que estive na Europa foi no outono de 2002, para participar de um curso de Manejo Florestal na Universidade de Freiburg. Na época eu era estudante de Mestrado, da Universidade Federal do Paraná, tinha meus "vinte e poucos anos" e dez quilos menos. Essa é uma longa história, mas não vou contar agora.

O curso foi na Floresta Negra, a "Schwarzwald" em alemão. Eu fiquei encantada com o que meus olhos viam, parecia que eu estava em uma capa de caderno, sabe como? Nos anos 90 algumas capas de cadernos ou de album de fotografias, vinham com uma foto de alguma floresta no outono do Hemisfério Norte, com as folhas descoloridas e caídas no chão.

Era quase inacreditável aquele espetáculo da natureza, tão romântico, emocionante, eu sentia vontade de chorar, por estar vivendo e realizando um sonho. Eu me emocionei tanto que perdi até uma lente do meu óculos (risos e mais risos).
A lente  estava meio saindo e eu não tive tempo para ajustar antes da viagem, então passei uma fita colante transparente, mas não adiantou, caiu no meio daquela montanha de folhas ao chão. Teve até um estudante alemão (somos amigos até hoje) que quis me ajudar a procurar, mas vimos a impossibilidade e desistimos.

Até ontem fez um calorzão aqui em Dresden, mas hoje amanheceu com núvens pesadas, chuvendo fininho, fazendo aquele frio conhecido, ..., é o outono, ele está chegando.
Photo by Galiceanu A.

Os trajes mudarão: aquelas roupas do verão vão voltar para as gavetas, e a moda outono-inverno vai ditar as regras, trench coat,  botas de plástico e guarda-chuvas. Eu já estou ansiosa para assistir o desfile a céu aberto. Tudo isso é muito intrigante, diferente, mas belo.

Eu me despeço da primavera-verão de Dresden, com gratidão e saudade, dos belos dias de sol e calor, das flores que encontrei por todos os lados, da grama dos espaços verdes públicos, gratidão pelo dia que tomei banho no Rio Elbe.

Agora vamos nos colorir com as cores do outono.


quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Português, por favor!

Meu filho estava assistindo um vídeo de brinquedinhos no Youtube, quando acabou e iniciou automaticamente outro vídeo. Era um vídeo do Pe. Fábio de Melo, do programa Direção Espiritual. E meu filho exclamou: "ele está falando português!!".

Parece-te óbvio? mas não para uma criança que no ônibus ou trem, na escola ou no shopping, na tv ou cinema, por todos os lados, estão falando ao seu redor um idioma que ele não domina completamente.

O caso é que ele assiste vídeos no Youtube em inglês ou alemão, sempre, não é de hoje. No Brasil, como ele já assitia desenhos animados na tv a cabo, em português. Eu colocava vídeos de pessoas que apresentam como funcionam brinquedo do Thomas and FriendsImaginext e Hot Wheels porque ele se interessava, e não tinha versões em português. 

Tinha uns vídeos dos brinquedos que ele queria ver que só tinha em japonês, ele até aprendeu e repetia algumas palavras. Ele sabe falar a palavra avião até em polonês: samolot, porque tinha uma menina polonesa que postava todos os aviões Imaginext que ele gosta.
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Ele criou um hábito de ter contato e  interesse por aprender outros idiomas, a partir destes vídeos.

O bichinho ficou tão feliz de ouvir português que nem queria deixar eu tirar o vídeo do Pe. Fábio, ele queria assistir a qualquer custo, mas eu tirei, pois ele ia abordar tema sobre perdas, depressão, ai, nada haver, tirei mesmo.

Photo by www.minutocrianca.com
Então coloquei o vídeo O Show da Luna, no episódio Borboleta Luna. Ele está aqui do meu lado rolando de rir, todo feliz. Este era um dos desenhos prediletos dele, antes de vir para Alemanha.

Nós, eu e meu esposo, não estamos dimensionando os impactos de uma mudança tão radical na vida de um fofinho de 5 anos. Todos estão sempre me dizendo que meu filho vai aprender alemão brincando, e que crianças aprendem rápido outros idiomas, porém há sim um desgaste emocional neste processo.

Na rua, quando meu filho identifica alguém falando português, ele "pula de alegria" e vai em cima para dizer um simpático "oi". Entretanto, aqui tem muito brasileiro mais "alemão" que os próprios alemães, isto é, houve vezes que brasileiros quando me vêem de longe (cara de índia não engana ninguém, e nem quero pois eu tenho orgulho de minhas origens) ou começam a falar um deutch precário (muitas das vezes) ou silênciam.

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

O preconceito existe e está por todo lado

"È mais forte que eu, é mais forte que eles" por Ana Galiceanu
Eu não deveria, mas eu fiquei arrasada!

Eventualmente, antes de ir buscar meu filho no Kindergarten, eu saio mais cedo e vou fazer pesquisas de preços (risos, desculpa de consumista) e até algumas comprinhas ocasionalmente.

Sempre vou na Prager Straße, e ontem inventei de variar e fui no Altmarkt Galerie, um shopping bem grande daqui. Normalmente, eu só vou neste shopping com meu esposo, pois é ele que irá pagar (risos), pois lá tudo é mais caro, e raramente encontramos promoções muito boas.

Fui fazer uma pesquisa de preços em uma livraria, em busca de livros para meu filho, e depois dar uma "olhadinha" nos preços dos vestidos para o outono.

Eu me arrependi, de verdade, esse povo estragou o meu dia. Na livraria, uma jovem que arrumava alguns livros do outro lado da livraria, os largou e foi arrumar livros no balcão que eu estava. Eu pensei assim "deve ser coincidência, e para com essa mania de perseguição". Porém, depois de alguns minutos a mulher que fica no caixa veio também para cima de mim, e uma ficou de um lado e a outra ficou do outro lado. :-(    (carinha de triste). 
Photo by Galiceanu A.2015

Eu costumo demorar mesmo para decidir, pois eu tenho hábito de comprar o melhor custo-benefício. E nessa demora causou uma ansiedade nas mulheres, acreditando elas que eu estava prestes a furtar os livros infantis, de alguma forma.

Devido a pressão das mulheres, eu peguei um que custava 3,00€, e o comprei. Era o mais barato, colorido e fofo, que conta a história de uma joaninha e seus outros amigos insetos. Super lindo mesmo, eu não poderia deixá-lo lá. Eu só pensava no meu filho e na "fome" que ele tem por livro.

Então, sai de lá, mas ainda não havia aprendido a lição, achei que foi só naquela livraria que rolou o preconceito, ledo engano.

Entrei em uma loja de departamentos super famosa e popular daqui da Europa, que tem filiais em vários países, e eventualmente eu costumo comprar nas promoções. Ontem foi o meu dia! Fui para os cabides de promoções de jaquetas e camisas, tinha outra menina jovenzinha lá. 
Eu não gostei de nada e quando tentei sair para outros cabides, uma loura alta surgiu na minha frente, parecia que ia me atropelar, eu desviei e fui para a promoção dos biquines (posso usá-los no Brasil), e não é que a mesma loura apareceu lá também. Ela não tinha nenhum crachá aparente, eu pensei que fosse cliente, e achei ela uma chata.

Ai eu já havia desistido das promoções que só tinha "bucha de canhão" e fui dar uma olhada na nova coleção de camisas e calças. E quem aparece lá para inclusive arrumar matematicamente o que eu havia "tocado" nas mesa de exposição??? Vou ajudar vocês: a loura. Eu fiquei tão atordoada com a perseguição que esqueci dos vestidos.

Eu estava até bem arrumadinha, com um vestido, meia de mesma cor do vestido e um blazer delicado. Eu pensei que estava a altura do shopping, mas pareceu que não.

Meu esposo sempre me ajuda a raciocinar sobre o que acontece: normalmente as vendedoras destas lojas e livrarias são estrangeiras, da Russia, Polonia, Hungria, entre outros, e como sempre diz minha amada tia "quem persegue o pobre é o próprio pobre". (risos)

Afirmo para vocês e assino em baixo, eu nunca havia sofrido tanta discriminação aqui Alemanha. Desde que pisei em solo alemão na primeira vez em 2002, eu fiquei completamente encantada como eles me tratavam com cordialidade, a partir da cabine de imigração.

Morei em Freiburg e não houve uma única vez para eu lamentar que fui perseguida ou discriminada. Eu sempre comparava com a minha própria terra natal, Manaus, onde eu tenho que me "fantasiar de rica" para que eles minimamente me tratem com uma educação baseada no preconceito velado.

NOTA: fantasiar de rica é calçar um sapato alto, da Arezzo (o único que tenho), vestir a calça jeans que tem a etiqueta vermelhinha no bolso de trás (Levi's, hehe, única também), camisa que ganhei de uma amiga, e uma bolsa vermelha, muito linda de couro, que não é de uma marca famosa, mas causa um impacto, ai eu fico a cara da riqueza.

A cultura, o povo, as diferenças

Cada dia eu tenho uma história para contar.
Ontem, quando eu estava voltando para casa com meu filho, aconteceu algo que me fez lembrar de Manaus.

O "motorista" do Straßenbahn que pegamos, confundiu-se e entrou no trilho à direita, quando ele deveria seguir em frente!! Ai vocês nem podem imaginar o transtorno deste erro: esses trenzinho de rua, assim como os trens grandes não fazem marcha à ré. Resultado: o trenzinho ficou parado ao longo da curva, e em alguns minutos já surgiria outro trem para ocupá-la corretamente e seguir em trajetória correta.
Photo by www.bahnbilder.de 
Todos que estavam no trenzinho, assim como eu e meu filho, sabiam que o motora errou. Eu pensei que ia rolar alguma gargalhada, mas não. Meu filho logo comentou que a direção estava errada.

O motora, um senhor sexagenário, saiu de sua cabine, falando para si próprio "que erro". Ele atravessou os quatro vagões do Straßenbahn de cabeça baixa, para evitar possíveis olhares, e andando bem depressa até chegar ao outro extremo do trenzinho e manobrar no sentido contrário, para sair do trilho errado e retornar para o caminho correto. O silêncio dentro de todo o trem era incrível! Ninguém riu ou comentou entre si, e eu com meu filho, conversavamos baixinho em português sobre o ocorrido, afinal as crianças tem curiosidade não é?

Depois o motora teve que retornar para a sua cabine, e novamente passar por todos os passageiros. Ele ainda estava muito constrangido com o seu erro, mas retornou para o seu comando um pouco mais confiante.

Honestamente eu me admirei com o comportamento dos passageiro alemãe e estrangeiros, todos foram solidários ao motora, ao ficarem em silêncio e não riem dele.

Lembrei de uma vez, quando estava em Manaus, e eu, meu filhinho bebezinho e meu esposo estrangeiro, pegamos um ônibus que faz o trajeto da região sul da cidade ao centro, e aconteceu algo totalmente diferente do que aconteceu no Straßenbahn (risos).

O citado ônibus, em seu trajeto, passava por uma "comunindade" barra pesada, antes de seguir para o centro. Havia o último ponto de parada dentro da comunidade, mas o motorista passou direto. Ai uma mulher começou a gritar lá o final do ônibus todos os palavrões conhecidos no vocabulário popular. A mulher xingou o motorista até daquilo que não se deve xingar um homem. Meu Deus, e os outros passageiros ainda colocavam "lenha na fogueira", dando gargalhadas e xingando o motorista também, acrescentando mais ódio na mulher.

Ao final o motorista parou somente em um cruzamento, na saída da comunidade e a mulher saiu. Todos foram para a janela olhar. Eu me esforcei um pouco e vi: uma criatura esquelética, toda tatuada nos braços e pernas, com roupas vulgares, super jovem, uma menina. Foi tão espantoso, de onde essa menina tinha tanta confiança em agredir verbalmente um homem?

Nas favelas tem seus "códigos" e esta menina estava reagindo exatamente como é o seu cotidiano. 

terça-feira, 25 de agosto de 2015

CANALETTO Dresden - água potável X lixo

Photo by Galiceanu A. 2015
Aqui na Alemanha a água da torneira é água potável e tem comprovadamente, um padrão elevado qualidade.

A empresa responsável pelo tratamento e fornecimento de água daqui Stadtentwaesserung Dresden, esteve presente no CANALETTO com um stand para a conscientização da população quanto ao descarte correto de lixo para não contaminar o sistema de esgoto.

O cartaz diz que "o vaso sanitário não é lixeira". Eles colocaram três exemplos classícos de erros cometidos pela população em relação ao descarte de lixo indevido, e o melhor de tudo é que eles explicaram o porquê de não ser permitido, ilustrando até mesmo as consequências deste descarte incorreto.

E eu que imaginava que aqui tudo já funcionava de modo perfeito, que todos já eram conscientizados, fiquei até surpresa com o stand. Porém, meu esposo explicou que a Alemanha, nos últimos anos, tem recebido muitos imigrantes e refugiádos, os quais são introduzidos aos sistemas de coleta de lixo, mas sempre algum detalhe escapa, bem como alemães natos, que não são perfeitos, e também cometem erros por ignorância ou preguiça. Eu já vi alemão colocando na caixa de lixo reciclado, um pacote de salsichas "sambadas", eca!!! esse "preguiça" deveria ter colocado somente o pacote de plástico devidamente lavado, e as salsichas no lixo ordinário (aquele tipo que não serve para nada, nem como biológico).

Então vamos lá aprender com os alemães causas e efeitos do descarte errado de lixo: 
(a) todos os tipos de remédios - os medicamentos entram no ciclo da água, e  seus resíduos são parcialmente removidos ou não removidos nas modernas estações de tratamento de água. Os resíduos prejudica o meio ambiente e a própria saúde dos usuários de água potável. Portanto medicamento é no lixo ordinário.
(b) todos os lenços umidecidos para bebês, facial ou refrescante - estes inocentes lenços são feitos com fibras plasticas ou de algodão e causam o entupimento dos canos de esgoto de sua residência e por consequência, o entupimento da bomba no sistema de esgotos. 
(c) tintas, solventes e produtos químicos - esses líquidos podem formar gases explosivos ou tóxicos nos esgotos. Aqui em Dresden tem um centro de reciclagem Stadtreinigung. Eu nem posso imaginar o que o povo descarta no sistema de esgoto, lá em Manaus, senti até uma aflição (affff!!).
(d) cotonetes - minha gente, vocês não podem imaginar o que um pequeno cotonete jogado no vaso sanitário pode provocar. Eles podem entupir bombas e assim impedir o transporte das águas residuais para a estação de tratamento. Um vez lá, eles tem que ser rastreados através de todos os sistemas de computador até chegar ao rio (o Elbe)
(e) produtos de higiene, pontas de cigarros e outros - as fraldas, absorventes internos e externos, preservativos, pedaços de tecido, pontas de cigarro devem serem jogados obviamente no lixo ordinário. Esses resíduos causam um esforço elevado para a limpeza.
(f) restos de alimentos, óleos e graxa - alimentos nas águas residuais podem atrair ratos, e a estação de tratamente, além de invertir esforços na limpeza das águas, tem que tratar odores provenientes do esgoto. Óleos e graxa contaminam os sistemas de esgotos, pode imaginar? Gente de Deus, sabe resíduo de gordura que voce eventualmente pode limpar com um papel toalha da sua panela ou do Sugar? não coloca no vaso sanitário, mas no lixo doméstico.
Podem acreditar, todas essas informações são aplicáveis ao sistema de esgoto do Brasil, quando tem, é claro.

Photo by Galiceanu A. 2015

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

CANALETTO Dresden - Obrigada DVB

A empresa de Transporte Regional Público da cidade de Dresden, DVB - Dresdner Verkehrsbetriebe AG, esteve presente no CANALETTO na Postplatz, e disponibilizou várias atrações para as crianças.

Tinha um "castelo pula-pula" em formato de uma "locomotiva", bem grande, com escurregador bem alto, três bonecos dentro, para as crianças além de pular, aguarrar os bonecos (e até socar, como muitos estavam fazendo). Era super divertido, eu estava com muita vontade de entrar lá dentro, para pular e escorregar também (risos).


O palhaço era um fofo, cantava e dançava, mesmo quando havia somente umas 4 ou 5 crianças para acompanhá-lo. Ele contava algumas histórias engraçadas, e as crianças rolavam de tanto ri, e eu tentava ri também, mas eu não entendia bem a idéia.

Havia uns carrinhos para as crinças menores de 3 anos brincarem em uma cidade de brincadeirinha, com faixa de pedestre e placas de sinalização. É uma excelente idéia para ensinar a criançada algumas regras de transito, da forma que elas mais gostam: brincando.

O meu filho já é bem grandinho, mas ele pulou em um desses veículos vermelho e só desistiu quando chegou um bebezinho chorando por um.


Também não posso deixar de citar a barraquinha da "Arte com macarrão". Havia quilos e mais quilos de macarrão cru, em diferentes formatos, com furinhos pequenos na ponta para favorecer a fabricação de colares e pulseiras, bem como  outros projetos craft. Eu simplismente amei.

Posso parecer-lhe uma "índia" que acabou de sair da floresta e nunca viu nada, deslumbrada com tudo que vejo aqui na Alemanha, mas é verdade, eu estou encantada com o que eu vi e aprendi.

Fiz uma busca no Pinterest e encontrei dois sites super legais, o Mollymoocrafts.com e o Hellowonderful.co, que contém alguns exemplos de projetos para fazer arte com macarrão. 

Photo by Galiceanu A. 2015

Eu e meu esposo sentamos e pintamos alguns macarrões para ajudar no projeto do nosso filho, que não sabiamos o que ele queria fazer.


Então, ao terminar me ofereceu um colar bem coloridinho feito de macarrão farfalle, com um pingente de um macarrão gigante em forma de concha escrito dentro TAM (a empresa aérea que ele ama desde muito pequeninhinho, por ter a cor vermelha na logo).

No Facebook deste blog eu coloquei outras fotos, que ilustra o que eu estou descrevendo.

domingo, 23 de agosto de 2015

CANALETTO Dresden - LEGO e as igrejas

Photo by Galiceanu A. 2012
O primeiro LEGO do meu filho foram da linha Duplo, os quais ele utilizava para construir aviões. O tempo passou e as idéias foram se modificando. Atualmente meu filho pega qualquer peça de Lego ou similar e constroi igrejas.

Photo by Galiceanu A. 2013
Os stands do Lego estavam sempre cheios de pais e filhos, mas nós sempre conseguiamos uma mesa para as montagens. No stand do Lego Duplo, encontramos uma mesa todinha para nós, não havia naquele momento outras crianças. Meu filho aproveitou para fazer uma de suas obras prima, a Basilica di San Petronio, que é uma basílica localizada na cidade de Bologna, no norte da Itália, cidade que visitamos recentemente.
Photo by Galiceanu A. 2015
Photo by www.foliamagazine.it

Photo by Galiceanu A. 2015

Estivemos em Freiburg em meado de junho deste ano e visitamos a Catedral Münster de Freiburg, Meu filho observou algo que eu nunca havia percebido em minhas várias visitas à esta igreja: lá tem cinco órgãos e com pelo menos dois manuais e uma pedaleira (que podiamos ver). Assistimos a missa celebrada pela manhã, onde todos os órgãos estavam tocando e eu pude constatar que realmente há cinco.

Fomos jantar  no restaurante Hausbrauerei Feierling, um lugar super indicado, pois além de ter o chop de fabricação própria, boa comida, tem brinquedinhos para as crianças se distraírem enquanto os pais "tomam uma" (ou mais). 





E olha o que meu filho se dedicou a construir. Até o órgão ele fez!!!

sábado, 22 de agosto de 2015

CANALETTO Dresden - Lego Ninjago

Na programação do "fervoCANALETTO  tinha os stands do LEGO NinjagoDuplo e Friends.
Photo by Galiceanu A. 2015
Ao chegar as crianças eram recebidas com o primeiro gift: um chaveiro personalizado para colocar um crachá. A moça logo perguntou diretamente para meu filho o nome dele e ele obviamente respondeu: Superman, e muito simpática, ela sorriu e escreveu exatamente o que ele falou, e eu completei com o nome dele (falando baixinho).

Photo by Galiceanu A. 2015
As crianças tinham que cumprir algumas "tarefas", tais como: construir algo sozinho, depois em equipe com outra criança, para receber um carimbo que significava que a tarefa foi cumprida. Porém acredito que isso é para crinças com mais de 6-7 anos, porque havia outras crianças da idade do David que também não cumpriram tarefas, apenas contruiram o que foi possível, com as peças que tinham, para dar formas à sua imaginação.

Photo by Galiceanu A. 2015










O mais interessante de tudo isso é a disponibilidade destes brinquedo, assim, ao ar livre, sem seguraças, sem funcionários ou câmeras, para imperdir que por exemplo alguém tente roubar, afinal o LEGO é caro em qualquer lugar do mundo, inclusíve aqui na Alemanha.

Simplismente todas as crianças brincam, competem por peças, choram para não sair da mesa de montagem, mas provavelmente nenhuma criança rouba peças. Nem seus pais, eu acredito.

Eu me permito pensar no Brasil, nestas horas, e desejar que seja assim o nosso país, com crianças educadas, pais conscientes, empresas confiantes ao oferecer um serviço desses gratis.

Enfim, eu sonhei por um Brasil melhor, um Brasil mais alemão.


CANALETTO Dresden - o meu melhor arraial

Quando eu tinha entre 13 a 17 anos esperava ansiosamente pelos arraiais (festas juninas, julhinas e agostinhas, rsss) das igrejas do bairro eu que morava e bairros adjacentes. O Arraial da Paróquia de São Raimundo Nonato é o último do ano, no dia 31 de agosto.

Conforme eu explico no texto Agosto um mês espetacular - conclusão, eu chamo de "fervo" as festas públicas, tipo os arraias.

Eu simplismente adorava os arraiais, eram as únicas festas que participava, pois naquele tempo eu não ia ao cinema ou teatro, discotecas ou shoppings (nem tinha um para fazer remédio).

No arraial eu andava de um lado para outro, em busca se um amor. Rolava muita paquera e ninguém tinha telefone celular ou Facebook para as coisas aconterecem. Eu também andava para olhar (e só olhar mesmo, por falta de recursos finaceiros) as barraquinhas de jogos, doces, churrascos, acessórios, e muito mais. Houve um ano que o Banda Carrapicho tocou ao vivo de graça para todos no arraial de Paróquia de São Raimundo Nonato, foi inesquecível. Foi o primeiro concerto que eu assitia ao vivo.
Photo by www.dresdner-stadtfest CANALETTO 2013

Nos dias 14 a 16 de agosto, ocorreu aqui em Dresden, o maior e melhor de todos "arraiais" que já participei em minha vida: CANALETTO. A verdade é que foi uma festa ao ar livre, em 18 diferentes pontos desta linda cidade, com diferentes tipos de progamação, para diferentes públicos. Havia palcos com apresentações regulares de concertos de música Clássica ou Rock, Jazz ou Samba. O "fervo" era dia inteiro, e só terminava as 23 horas ou mais dependendo do lugar.

E lógico, fomos para as programações de músicos brasileiros e para apresentação da Bateria Samba Universo. Nem mesmo em Manaus eu tinha a oportunidade de assistir um ensaio de escola de samba, eu não perderia aqui, por nada. E valeu muito a pena.

Nós andavamos de um lado para o outro, em busca dos diferentes stands de empresas, que ofereciam pequenos gifts se cumprissemos algumas tarefinhas (jogos). Amor eu já tenho, Graças a Deus.

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

A letra eszett para meu filho

Eu estava lavando uma "montanha" de louças originadas da preguicinha de domingo, somada a falta de tempo de segunda-feira, durante o dia, quando meu filho disse que havia perdido o ß (eszett) e o que estava aparecendo era o Mouseketools. Eu havia deixado ele ficar digitando no meu computador.

Eu confesso que fiquei confusa, afinal do que meu filho estava falando?

As louças estavam gritando na minha frente, e as horas se passando, já era quase hora do jantar, eu precisava terminar. Porém, meu filho insistia em dizer que só aparecia o Mouseketools e não o ß. Como ele insistiu, eu tive que largar tudo e ver o que ele estava falando.

Quem tem filho com menos de 10 anos deve conhecer o desenho animado Micky Mouse Clubhouse, esse Mouseketools aparecia nele. Os Mouseketools são instrumentos distribuídos pelo Toodles para o Mickey e os seus amigos. Esse Toodles é um dispositivo mágico, uma extensão do computador do Mickey. Conseguiu entender? 

Meu filho assiste esta série desde 1 ano de idade. Eu ganhei de um colega a cópia do DVD do episódio Mickey Saves Santa que tinha o áudio e legenda somente em inglês e espanhol. Como meu filho já assistia Baby Einstein em inglês eu optei por exibir em inglês também. Ele simplismente adorava, mesmo sendo tão bebezinho. Comprei outros DVD da série e ele (e eu) seguiu assistindo até os 4 anos, quando começou assistir outras séries na TV.
O que aconteceu era que meu filho estava digitando Meißen, conforme ele viu as letras no seu "ônibus de papel". Como ele havia digitado ICE com letras maiúsculas, o teclado do meu laptop , que é em alemão, configura todos os dígitos "caixa alta". Na tecla do ß, fica o ponto de interrogação [ ? ]. Logo, o o Mouseketools para meu filho, na verdade é ponto de interrogação.

Educar um filho com mais de um idioma tem suas vantagens, mas é necessário um cuidado extremo para não confundí-los, ou mesmo confundir-se a si próprio. 

O tschüs dos alemaes

Photo by Galiceanu A. C. ©  2015
Aqui em Dresden tem um parque que amo muito, o  Großer Garten

Desde a primeira vez que vim em Dresden, na primavera de 2013, eu me o amei, por seus 147 hectares de paisagem de jardins, por suas exuberantes coníferas, majestosas folhosas, o Castelo Barroco, o Lago e o passeio de trenzinhos ao logo de sua extensão.

Os trenzinhos do Großer Garten nos convida a voltar a nossa infância e são um convite a imaginação. E eu não estou exagerando. Sabe que tem a Estação Central (Hauptbahnhof)? Tem até estações menores, como se fossem estações de pequenas cidades. Sabe que tem até os controladores de passagens? são crianças vestidos com farda, chapéu e aquele aparelho que fura as passagens quando está tudo certo.

Photo by Galiceanu A. C. ©  2013
Neste ano, no início de maio, quando começou a fazer dias mais quentes, nós fomos para lá, para o Großer GartenFomos fazer piquenique, como eu havia sonhado, durante os 2 anos de espera, até chegar aqui. Nós sentamos debaixo de uma árvore Eichen, que fica ao lado do trilho do trenzinho, para vê-lo, curtí-lo e até dar "tchauzinhos".

Opaaaaaaaaaaaa, dar "tchau" já era demais, né Ana Célia!!! mas não foi ...

Quando passou o primeiro trem, o meu filho começou a acenar com as mãos, e alguém no trem respondeu, ai eu fiquei agradecida de acenei também, então outras pessoas deste tem também nos deram tchau. 

Depois, passou outro trem, e nós duvidamos que aconteceria de novo, tanta simpatia, de pessoas desconhecidas nos saudar. Nós nos surpreendemos mais uma vez, porque foi o que aconteceu. Eu e meu filho mal podíamos esperar passar outro trem e mais outro, e outro.

São crianças, senhoras, senhores, idosos, entre os que correspondem aos nossos acenos. Claro que não são todos, são alguns, mas somam um número são representativos. 

Desde então, nosso "esporte" predileto é dar "tchau" para os passageiros dos trenzinhos que passam ao lado da "nossa" árvore. 








sábado, 15 de agosto de 2015

Perdido na tradução - o meu filme atual

O filme Encontros e desencontros conta a história de um ator americano que foi para Tóquio para um trabalho publicitário e que tem dificuldade de ser compreendido, mesmo quando está na companhia de tradutores. O nome original do filme é Lost in translation. 

"Lost in Translation" (em português fica "Perdido na tradução") é uma expressão americana que demonstra a parte cultural de palavras ou frases que se perde quando é traduzida para outra língua (no inglês e em outros idiomas), mesmo que a tradução seja feita ao "pé da letra", isto é, traduzida integralmente no sentido literário, compreendido sem ajuda de contexto.


Foi meu esposo que citou este filme para mim, depois que eu cheguei da igreja, e falei da minha dúvida se assisti uma celebração católica ou não (eu já contei essa história aqui). E meu esposo cita este filme todas às vezes que conto para ele quando algo dá errado (risos).

Quanto mais eu tenho-me esforçado (pretérito-perfeito-composto do verbo esforçar-se, pensou que eu errei, não é?) em aprender a gramática alemã, eu continuo cometendo muitos erros, e disponho da gentileza dos alemães para ser compreendida.

O verbo frühstücken em alemão, para mim, é a mais intrigante palavra para se traduzir para o português. A sua tradução é literalmente tomar café da manhã. Veja se pode isso? Um verbo exclusivo para o ato de se alimentar pela manhã.

Eu adoro usar este verbo. Eu não resisto e vou conjugá-lo no tempo presente para aqueles que não o conhece: ich frühstücke, du frühstückst, er frühstückt, wir frühstücken, ihr frühstückt, sie/Sie frühstücken. Consegue imaginar os outros tempos verbais?

O nosso idioma português, por exemplo, é rico de sinônimos e flexível para diferentes estruturas gramaticais, permitindo uma vasta possibilidades de dizer  uma idéia através de diferentes frases.  O português sugere à poesia, por sua riqueza literária, o que torna, para mim, mais difícil de traduzir a idéia que quero comunicar, seja na escrita ou na fala.

língua portuguesa, também designada português, é uma língua romântica flexiva, que foi originada da evolução do latim, sendo a 5ª língua mais falada no mundo. A cidade de São Paulo é a cidade com maior número de falantes do português em todo o mundo, e possui o Museu da Língua Portuguesa (https://pt.wikipedia.org/wiki/).

Eu sempre consulto o site Significados.com.br para saber os conceitos e definições de determinadas palavras que uso nos textos que escrevo aqui no blog. Eu consulto também, com cautela, o site Dicionarioinformal.com.br, para encontrar sinônimos adequados para algumas palavras. A palavra espetacular, por exemplo, é espetacular, pois está sugerido inúmeros sinônimos para diferentes contextos.

Eu estou perdida na tradução, mas espero que o "meu" próximo filme seja O Terminal, com Tom Hanks (o título em inglês é "The Terminal"). Lembra da estória?

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Transporte público tem que ser para todos

Eu já havia contado esta história no meu Facebook! E gerou um modesto debate.

Um dia eu fui buscar meu filho no Kindergarten e peguei o ônibus que passa perto de lá. Na segunda parada, entrou no ônibus, a Diretora do Kindergarten.

Photo taken by Burts
O Diretor do instituto de pesquisa que eu frequentei no Sul da Alemanha um dia quase me atropelou, ele desviou bruscamente para não me tocar, e ele quase caiu da sua bicicleta. Ele já era um senhor de meia idade, mas estava ali, firme e forte,  e sem um centímetro de "barriga quebrada" sobre a calça.

E o diretor do departamento do meu esposo, aqui em Dresden, também chega de bicicleta, ele é mais jovem e eventualmente chega no seu BMW.

Honestamente eu fiquei muito impressionada, Eu não poderia imaginar isso acontecendo em Manaus, nem pelo transporte público deficitário, nem pelo padrão de "status" mantido por muitos brasileiros, à todo custo,

Logicamente que eu não estou generalizando, eu não julgo que todas as pessoas que ocupam cargo de destaque no Amazonas ou no Brasil como um todo, sejam arrogantes e exibicionistas. Entretanto, sabe-se que no Brasil existe uma cultura de (ou falta de cultura) ostentação e cobrança da exibição de sua mudança de condição social e finaceira.

Todos nós sabemos dos problemas de segurança pública do Brasil, da manutenção de ruas e estradas, problemas de transportes públicos, e que seria injusto fazer uma comparação com qualquer outro país, Porém, tudo é uma questão de iniciativas, como o exemplo de Curitiba, cidade que eu amo muito (estudei lá alguns anos). 

O Transporte urbano em Curitiba tem características inovadoras e tem sido considerado um dos pioneiro em modernização e reestruturação do sistema de transporte urbano no Brasil (https://pt.wikipedia.org/wiki/). Curitiba implantou em 1974 (vejam que não foi ontem) o "Sistema Expresso", criando ruas exclusivas para a circulação de ônibus. Ao longo dos anos o transporte público foi aprimorado, criando ciclovias, para favorecer o uso de bicicletas, entre outros benefícios que atinge diretamente na qualidade de vida dos habitantes de Curitiba e Região Metropolitana.

Então, todos nós, eleitores e governantes, sabemos com pode melhorar, sem perder mais tempo em fazer críticas pesadas, sarcásticas e muitas vezes inúteis.

Quando chega a Primavera

Aqui na Europa a Primavera ("Primavera boreal", diferente do Hemisfério Sul) inicia após o inverno, aproximadamente no dia 20 de março e termina em 21 de junho, para começar o verão.

Neste ano, a primavera começou em meio ao frio, com "cara" de inverno. No dia 02 de abril até nevou! Nós adoramos porque chegamos aqui no final de fevereiro e não tinha neve alguma, ai pensamos que só no próximo inverno. Meu filho repetiu tanto que queria brincar com neve, que ela veio, por algumas horas, mas veio.

O domingo de Páscoa foi no dia 05 de abril deste ano, e muitos alemães que conheço adorariam que nevasse. A Páscoa aqui é celebrada com tanto respeito e afetividade quanto o Natal. Tem até uma árvore, que eles decoram no jardim ou dentro do apartamento, cheia de ovos e brinquedinhos para as crianças, é comum até troca de presentes (vou escrever sobre isso oportunamente, tá?)

Os dias se passaram e a lembrança do inverno foi sendo afastada com o surgimento das primeiras folhinhas verdes. Todo aquele cenário meio triste ia mudando dinamicamente, a cada amanhecer. Parece-te poético? As mudanças das estações são extremamente poética e nos convida à refletir sobre os processos da vida em seu cíclo de nascimento, crescimento, morte.

Nos faz pensar nas perdas que sofremos, nos ganhos e conquistas, nas longas esperas, na certeza de que sempre o sol surgirá na primavera e verão, e que teremos que enfrentar mais um inverno, e outro, mas sempre na esperaça dos dias de sol, os quais são destinados às férias e diversão. E por favor, não esqueçamos que no período de inverno tem seu encantamento, sua diversão, sua vantagem, suas festas.

No Amazonas, minha terra natal, não há as estações definidas desta forma, impossibilitando à todos de vivenciar esta prática de "luto" anual, perdas, esperas, ganhos, perdas novamente, no cíclo natural.

continua ...

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Quando chega a primavera - Parte II

Diga-me se é possível falar da chegada da primavera sem falar delas, as flores?

Photo by Galiceanu A. C. ©  2013
Na fotografia estávamos no jardim do Schloss Pillnitz (mais uma palavrinha em alemão para você, que não conhece, aprender: Schloss é castelo), cercados  de Azáleas de diferentes cores.

Eu fiz tantas fotos das Azáleas, tulipas, rosas, nesta visita, que tenho que publicá-las. Eu devo colocá-las nos próximos dias na minha conta do Pinterest.


Os arbustos estavam completamente tomados de cachos de flores, em cores incríveis, que parecia que estávamos em um sonho, por ser tão lindas.

Fizemos a fotografia na primavera de 2013, quando estivemos em Dresden pela primeira vez. Neste mesmo ano, em 02 de junho, houve uma inundação surpreendente. O Rio Elbe transbordou cerca de 9 metros, atingindo o alerta de nível 4. O Terrassenufer (importante ponto turístico as margens do Rio Elbe) foi até bloqueado.

Nesta primavera fomos visitar novamente o jardim deste castelo, mas para nossa surpresa, não havia a mesma paisagem florida do ano de 2013. Havia flores, mas muito muito menos. Talvez ocorreu alguma alteração no solo, nas plantas em geral, depois de ter sofrido a sobreposição hidrica.

Achei esse vídeo espetacular, feito em junho de 2013, do Rio Elbe transbordado sobre Dresden.


Na primavera inicia-se também a temporada de festas e expetáculos públicos, que segue até o final do verão (falo mais aqui destas festas).

O primeiro "fervo" que fomos neste ano, foi o festejo de 01 de maio - dia do trabalhador - o tradicional Festival da Primavera, Tinha brinquedos para as criança, barracas com comidas e cervejas típicas da região, artesanatos, espetáculos musicais e de dança e muito mais, nós adoramos. Outro dia, no finalzinho de maio, nós três encontramos outro "fervo" promovido pelo SOS Kinderdörfer na Dr.-Külz-RingStraße.

E a primavera se foi dando lugar ao verão, mas as flores ainda estão por todos os lados.

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Quando foi preciso confiar

Meu filho chorou o ano inteiro para não ir à creche no Brasil. Aqui não está sendo diferente, mesmo ele sendo mais velho, mesmo que na creche ele só brinca o dia inteiro (já falei um pouco sobre isso aqui), mesmo que ele tem total liberdade de escolher o que vai fazer, em que sala vai ficar, nem assim ele desiste de chorar e pedir para não ir para a creche.

Além de todas essas vantagens, as crianças dos Kindergärten fazem visitas aos museus, exposições públicas, pontos turísticos e históricos da cidade. Todos vão de transporte público: Straßenbahn ou ônibus, trens regionais ou Elbfähren (ferry em inglês - tipo as balsa que atravessa os rios do Amazonas, mas bem pequena, proporcional a largura do rio Elbe).

As visitas feitas pelos Kinder, são uma outra forma de educar, ensiná-los como devem se comportar em um transporte público, respeitando o espaço dos outros, ceder lugar nas cadeiras para pessoas idosas ou senhoras grávidas. Aprender que não se deve falar alto dentro dos transportes coletivos e locais fechados, aprender que deve sempre pagar as passagens (como assim? depois eu explico sobre as passagens).

A turma do meu filho já visitou o museu que ele mais ama - Verkehrsmuseum - o museu da história dos transportes, onde logicamente tem aviões e trens, percebe? e o dia que eles foram dar uma voltinha de Standseilbahn? E meu filho andou de Elbfähren!!! Tantas emoções, aprendendo a viver, confiar em si mesmo, ao lado dos colegas e professores, e sem a presença dos pais, sem entender muito bem o que todos estão falando.

E mesmo com todas essas vantagens, é comigo que ele quer ficar, em casa, porque aqui é o pequeno universo dele, com seus brinquedos e livros, seus filmes prediletos, suas músicas, sua mamãe. 

Assisti esse vídeo do Mini Superman e lembrei dos primeiros dias do David no Kindergarten aqui na Alemanha, foi tão igual o que aconteceu com ele, que eu tive que incluí-lo aqui.

Meu filho tem, mas não usou sua fantasia de Superman, pois ainda era inverno e ele também não saberia tirá-la para ir ao banheiro. David e eu pensamos nisto, foi o pai, que tem mais juizo, que não achou ser uma boa ideia.

Ele usava somente o gorro do Superman e sua foto 3 x 4, vestido de Superman esta no vestuário, no banheiro, na sua pasta de documentos do Kindergarten, por todo lado.



Devido o meu filho ser a única criança que não falava alemão, as outras crianças foram orientadas para ajudá-lo (e todos são muito fofos com ele).

Assim como no Brasil, não é permitido trazer brinquedos de casa, porém aqui não pode nenhum dia da semana, como é comum no Brasil. Então nós combinamos com ele que ele poderia levar o brinquedo com ele durante o caminho da escola, e ao chegar, colocar o brinquedo na mochila. Combinamos que o seu aviãozinho estaria lá, sempre que ele precisasse, para sentir como se estivesse em casa.

Quando o amor de mãe não foi suficiente

O meu filho foi para a creche no Brasil somente com 3 anos e 8 meses, isto é, com praticamente 4 anos. Eu e meu esposo até "ensaiamos" colocar ele dos 3 anos na creche, fomos um ano antes obter informações, mas devido ao meu problema com Síndrome do Pânico (falo sobre esse assinto aqui: A carta para creche do brasil - Parte I ) tivemos que adiar este plano. Parecia impraticável, eu não saia nem do condomínio que morava, quanto mais levar o filho para escola.

Eu cuidei do meu filho diretamente desde que nasceu e compartilhei esta tarefa somente com meu esposo. Nós compramos livros, CD, DVD e brinquedinhos conforme a fase de desenvolvimento que ele se encontrava. Um dia eu conto sobre esta fase de vida do nosso filho.

Nós cantávamos, cantávamos e cantávamos. Eu aprendi as 96 músicas da Coleção de clipes musicais do Cocoricó, e outras tantas do Patati PatatáGalinha pintadinha e a Palavra cantada, que na verdade ele começou a gostar mesmo somente depois dos 3 anos.

Assistíamos juntos os fantásticos vídeos da Coleção Baby Einstein com 12 DVD (vendido somente na Livraria Saraiva). David tinha 7 meses quando nós colocamos estes vídeos para ele. Tinhamos também alguns livrinhos da mesma coleção, o que reforçava o entendimento. O tema que ele mais gostou foi o Baby Galileo - descobrindo-o-céu, ele "pedia" para repetir, repetir e repetir. Eu até tentava colocar outro, mas ele conhecia a musiquinha do início, e protestava com choro para eu mudar. 

Talvez, foi daí que suscitou a paixão que ele tem por tudo que voa, insetos ou pássaros, aviões ou foguetes, por tudo que está lá no céu, lua ou sol, estrelas ou planetas. Assistindo os vídeos ele aprendeu a falar algumas palavras. A primeira palavra que aprendeu em inglês foi "star", depois "moon", depois "shine", porque afinal, estrelas brilham, não é?

Um dia, quando eu estendia roupas na varanda, ele me surpreendeu ao olhar para o céu, apontar e dizer "clouds", falou bem explicado, como todas as pouquíssimas palavras em português que ele sabia falar. Ele demorou muito para falar uma frase completa, mas eu nem me aflingi, busquei informações e vi que não havia nada de errado, e eu estava certa, hoje ele fala como um rádio (risos).
Nós dois nos divertíamos muito, eu sempre brincava com ele, pintávamos aviões gigantes, estrelas, lua, sol e planetas, em folhas 200 gramas ou nas paredes de casa.  Entende agora os interesses dele por planetas? Quando ele completou 3 anos eu fiz, literalmente, a decoração da festa de aniversário. O tema foi o Sistema Solar, mas isso eu vou falar e mostrar depois.

Photo by Galiceanu A. C. © 2012
Nós fazíamos bolinhas de sabão no banho ou na varanda todos os dias. Marionetes de dedinhos? sim, era sempre a mesma história, pois eram marionetes de natal. Tínhamos livros sonoros, os quais o faziam ri. Estávamos sempre juntos durante o dia!!! Até mesmo quando eu precisava cozinhar eu o integrava na tarefa, de modo seguro, é lógico, ele me ajudava a fazer bolo e suco de laranja no espremedor, colocava os legumes cortados na panela, e até se divertia muito quando eu dizia que "meu arroz estava queimando", interpretando um comicamente uma cozinheira maluquinha (as vezes nem era o arroz, mas como ele se divertiu tanto eu repetia a frase).

Eu fiz de um tudo para que meu filho não sentisse os impactos da privação de liberdade, minha e dele, imposta por minha situação psicológica. Porém, não era suficiente, ele precisava se relacionar com outras crianças da idade dele, precisava brincar ao ar livre, precisava ir para creche.