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quinta-feira, 10 de setembro de 2015

A Alemanha e os refugiados

As atuais notícias nas mídias digitais e na TV, estão destacando a situação degradante dos refugiados da Síria, em especial, por sua maioria e por sua motivação (a fuga da guerra civil estabelecida desde 2011).

Photo by dw.com/de
Eu não estou conseguindo nem pensar em outro assunto, é perturbador, eles (os refugiados) estão aqui, perto de mim, e eu ainda não fiz nada, além de donativos. 

Eu participo de um grupo de senhoras, "Dresden International Ladies Group", e no Facebook deste grupo, algumas senhoras estão fazendo campanhas de solicitação de donativos para os refugiados. Eles precisam de tudo, eles chegam somente com a própria vida. 

Os alemães civis, individual ou coletivamente estão providenciando suprimentos para os refugiados. Nas igrejas e escolas, nos escritórios, entre colegas de trabalho. É uma campanha verdadeira e legítima. Porém, há os que são contra ao exílio de estrangeiros, principalmente por não serem cristãos, mas sunitas, na sua maioria.

Alemanha é um país históricamente fascinante, tendo muito do que se envergonhar, mas muito do que se orgulhar, por ser hoje, uma nação economicamente estável e ter se reconstruído dos escombros das edificações e dos escombros morais, em uma época que era uma nação desconceituada mundialmente, por suas responsabilidades no maior massacre da história, até então, o Holocáusto dos judeus.

Os primeiros trabalhadores estrangeiros provenientes do Leste Europeu e Turquia chegaram no boom de 1950, os quais muitos destes trabalhadores imigraram definitivamente para a Alemanha, iniciando assim a multiculturalidade e tolerância aos estrangeiros. Nestes 65 anos, muitos outros imigrantes de diferentes nacionalidades, chegaram e adotaram a Alemanha como pátria. Porém é necessário destacar que a cultura alemã prevalece, a qual não foi abalada ou reduzida, ou mesmo modificada em favor de qualquer outra cultura introduzida por imigrantes.

A primeira vez que cheguei aqui foi há 13 anos atrás, e foi possível notar a internacionalidade, a tolerância às culturas do imigrantes, o respeito aos estrangeiros que chegavam para estudar ou trabalhar. É logico que meu ponto de vista é generalizado, somente para entrar em uma linha de pensamento e  conclusão. Terão tantos outros imigrantes, que talvez estejam insatisfeitos com os alemães e acreditam não ter nada para agradecer à esta nação.

A discussão dos imigrantes ilegais na Europa, não é de exclusiva responsabilidade da Alemanha, mas tem seu peso, por ser um dos destinos prediletos por eles. A preocupação com as consequèncias desta imigração em massa, tem sido o centro das discussões de políticos e cidadãos civis, incluindo também os próprios imigrantes legalizados. Haverá mais pessoas para o governo dar assistência, e ainda manter os benefícios aos cidadãos, sem recorrer à medidas de austeridade de benefícios sociais. E a segurança pública, será a mesma? Ou a Alemanha terá mais ganhos que perdas. Eu também quero saber.

Assim como para Brasil, eu desejo para Alemanha, um futuro feliz, leve, governado com justiça, para todos, imigrantes ou não, construíndo uma nação estável e promissora para as futuras gerações. Amém!!!

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Superproteção não é bom?

A professora solicitou que eu conversasse com o meu filho, dizer que ele deve obedeçê-la, escutá-la, pois ele é muito travesso, e não à obedece na primeira ordem. As crianças alemãs da turma dele são bem mais obedientes, eu já vi.
A turminha dele iria fazer duas visitas: uma no centro da cidade e outra em uma importante gráfica. A professora estava preocupada, pois ela temia que ele não à obecesse no sinal de trânsito, ou nas ruas, correndo o risco de se perder, pois Dresden é turística e tem muita gente circulando na cidade.

Quando esta professora estava de férias, meu filho foi com outras turminhas, para outros passeios como atravessar uma ponte à pé, ou atravessar o rio de Elbe Ferries, e nenhum dos outos professores fizeram qualquer objeção ou uma mínima observação.

Photo by Galiceanu A. 2015
Eu perguntei se eu poderia ir junto, e ela permitiu. Assim eu fiz. Fui para duas excursões: um dia para o centro da cidade identificar onde estão os relógios e para explicar às crianças a importância de saber  as horas; outro dia para visitar a gráfica para conhecer como são impressos as revistas, painéis, folders.  

Foi divertido, a criançada inteligente, entendem rápido o que é colocado para eles como lição. Eu, por exemplo, ainda não havia percebido que tem relógio para todo lado, praticamente em todos os pontos de ônibus e trenzinhos. 

Entretanto, meu filho ainda não fala alemão. Ele aprendeu bastante frases do cotidiano no Kindergarten, mas não entende, por exemplo, as explicações do funcionário da gráfica, sobre o processo produtivo, e o pior é que nem eu entendi.

Eu fui tomada por um sentimento de culpa, por expor meu filho à esta situação desconfortável. Além de perceber que algumas crianças, aproveitavam, quando a professora estava longe, para agredir outras crianças menores. Outras crianças chamavam meu filho de "popo" e o empurravam (e nem vou traduzir porque é grosseiro). Eu estava lá, na frente deles e eles não se intimidaram. Cheguei em casa tão triste, e pensei até na possibilidade de tirar meu filho do Kindergarten.

Eu li no site da psicóloga Rosemeire Zago que a superproteção de um filho é caracterizado como um abuso emocional e tem consequências negativas, tais como dependencia e imaturidade emocional, baixa tolerância à frustração, passividade, depressão.
"A superproteção passa a mensagem de que a criança não é capaz de resolver as coisas por si mesma e que dependerá sempre dos pais para dar suporte e auxílio. Sendo assim, como poderá uma criança crescer e chegar a vida adulta, acreditando em si mesma? Nenhum comportamento que gera dependência poderá produzir confiança." Rosemeire Zago
Foi assim que eu tive "forças" para entregar meu filho mais uma vez no Kindergarten hoje.

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Nada sobre Alemanha, só sobre monstros

Desde que nos mudamos para o nosso apartamento aqui em Dresden, meu filho demonstrou ter alguns medos. Começou com o barulho da descarga, isto é, toda vez que à acionávamos, de onde quer que ele ouvia, ele se escondia. 
Um dia ele estava no quarto de brinquedo e o telefone celular do pai dele vibrou, ao receber uma mensagem e ele pulou e gritou de medo, desde então, ele próprio pega o telefone e coloca na cozinha.

Agora, até quando um de nós dois, pai ou mãe, abre a porta e entra no lugar que ele está brincando, seja sala ou quarto de brinquedos, por exemplo, ele também, sente uma ansiedade, medo, e esconde-se. Ele ainda não demonstrou sentir medo de ficar sozinho, menos mal, não é?

Enfim, eu estava "quebrando minha cabeça" para entender o que aconteceu com meu filho, o que há de diferente para ele ter mudado assim: teria sido um desenho animado que ele assistiu? será que é o apartamento não o agrada? será que é fase, da idade? o que será?

Encontrei no Facebook esse link  19 dicas úteis que todos os pais deveriam saber, e uma das dicas é fazer um "Spray contra Monstros". Deve ser antiga esta dica, mas para mim foi super nova, não conhecia. Fui fazer.

Encontrei uns monstrinhos simpáticos, os Welt der Buhbels, da loja Kik, uma loja tipo "1,99". Comprei uma caixa para meu filho prender os monstrinhos, um jogo americano e uma revista completamente cheia de monstros e  monster sticker. 

Photo by Galiceanu A. 2015
Meu filho e ajudou a confeccionar o "Spray contra Monstros". O bom era que tinha stickers de todo tipo de monstro (eu falei para ele que o splay era contra monstro de banheira, de lixeira, de telefone celular, de quarto de brinquedos, de descarga sanitária, de sala, de janela, de porta, máquina de lavar louças ou roupa, ..., de tudo). 
Eu achei muito fofo quando meu filho escolher um sticker do Doki, (um cachorrinho de desenho animado americano, super do bem, que ensina ciências, história e geografia para as crianças de uma forma bem lúdica). 

Talvez ele quis sentir a segurança emocional que sentia quanto estava no Brasil, na sua casa, com seus desenhos prediletos, na sua escola, com seu amigos, com os quais ele aprendeu a controlar suas emoções, seus medos, suas dúvidas, sua ansiedade de reencontrar sua mãe na saída da escola.

Photo by Galiceanu A. 2015
Ele me ajudou a "molhar", digo, "imunizar" a casa inteira contra os monstros. 

Achei este artigo super didático Como ajudar seu filho a enfrentar o medo no site Babycenter, onde encontrei alguns conselhos. No artigo fala sobre a naturalidade do medo na infância, que é fase, inclusive, fala da possibilidade de passarmos, mesmo sem querer, nossos medos para nossos filhos. Talvez eu tenha o influênciado, talvez não, pois faz parte do amadurecimento emocional.

Enfim, nós vamos tentar, pois não tem nada mais limitante e desconfortável que o medo.

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Português, por favor!

Meu filho estava assistindo um vídeo de brinquedinhos no Youtube, quando acabou e iniciou automaticamente outro vídeo. Era um vídeo do Pe. Fábio de Melo, do programa Direção Espiritual. E meu filho exclamou: "ele está falando português!!".

Parece-te óbvio? mas não para uma criança que no ônibus ou trem, na escola ou no shopping, na tv ou cinema, por todos os lados, estão falando ao seu redor um idioma que ele não domina completamente.

O caso é que ele assiste vídeos no Youtube em inglês ou alemão, sempre, não é de hoje. No Brasil, como ele já assitia desenhos animados na tv a cabo, em português. Eu colocava vídeos de pessoas que apresentam como funcionam brinquedo do Thomas and FriendsImaginext e Hot Wheels porque ele se interessava, e não tinha versões em português. 

Tinha uns vídeos dos brinquedos que ele queria ver que só tinha em japonês, ele até aprendeu e repetia algumas palavras. Ele sabe falar a palavra avião até em polonês: samolot, porque tinha uma menina polonesa que postava todos os aviões Imaginext que ele gosta.
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Ele criou um hábito de ter contato e  interesse por aprender outros idiomas, a partir destes vídeos.

O bichinho ficou tão feliz de ouvir português que nem queria deixar eu tirar o vídeo do Pe. Fábio, ele queria assistir a qualquer custo, mas eu tirei, pois ele ia abordar tema sobre perdas, depressão, ai, nada haver, tirei mesmo.

Photo by www.minutocrianca.com
Então coloquei o vídeo O Show da Luna, no episódio Borboleta Luna. Ele está aqui do meu lado rolando de rir, todo feliz. Este era um dos desenhos prediletos dele, antes de vir para Alemanha.

Nós, eu e meu esposo, não estamos dimensionando os impactos de uma mudança tão radical na vida de um fofinho de 5 anos. Todos estão sempre me dizendo que meu filho vai aprender alemão brincando, e que crianças aprendem rápido outros idiomas, porém há sim um desgaste emocional neste processo.

Na rua, quando meu filho identifica alguém falando português, ele "pula de alegria" e vai em cima para dizer um simpático "oi". Entretanto, aqui tem muito brasileiro mais "alemão" que os próprios alemães, isto é, houve vezes que brasileiros quando me vêem de longe (cara de índia não engana ninguém, e nem quero pois eu tenho orgulho de minhas origens) ou começam a falar um deutch precário (muitas das vezes) ou silênciam.

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

O preconceito existe e está por todo lado

"È mais forte que eu, é mais forte que eles" por Ana Galiceanu
Eu não deveria, mas eu fiquei arrasada!

Eventualmente, antes de ir buscar meu filho no Kindergarten, eu saio mais cedo e vou fazer pesquisas de preços (risos, desculpa de consumista) e até algumas comprinhas ocasionalmente.

Sempre vou na Prager Straße, e ontem inventei de variar e fui no Altmarkt Galerie, um shopping bem grande daqui. Normalmente, eu só vou neste shopping com meu esposo, pois é ele que irá pagar (risos), pois lá tudo é mais caro, e raramente encontramos promoções muito boas.

Fui fazer uma pesquisa de preços em uma livraria, em busca de livros para meu filho, e depois dar uma "olhadinha" nos preços dos vestidos para o outono.

Eu me arrependi, de verdade, esse povo estragou o meu dia. Na livraria, uma jovem que arrumava alguns livros do outro lado da livraria, os largou e foi arrumar livros no balcão que eu estava. Eu pensei assim "deve ser coincidência, e para com essa mania de perseguição". Porém, depois de alguns minutos a mulher que fica no caixa veio também para cima de mim, e uma ficou de um lado e a outra ficou do outro lado. :-(    (carinha de triste). 
Photo by Galiceanu A.2015

Eu costumo demorar mesmo para decidir, pois eu tenho hábito de comprar o melhor custo-benefício. E nessa demora causou uma ansiedade nas mulheres, acreditando elas que eu estava prestes a furtar os livros infantis, de alguma forma.

Devido a pressão das mulheres, eu peguei um que custava 3,00€, e o comprei. Era o mais barato, colorido e fofo, que conta a história de uma joaninha e seus outros amigos insetos. Super lindo mesmo, eu não poderia deixá-lo lá. Eu só pensava no meu filho e na "fome" que ele tem por livro.

Então, sai de lá, mas ainda não havia aprendido a lição, achei que foi só naquela livraria que rolou o preconceito, ledo engano.

Entrei em uma loja de departamentos super famosa e popular daqui da Europa, que tem filiais em vários países, e eventualmente eu costumo comprar nas promoções. Ontem foi o meu dia! Fui para os cabides de promoções de jaquetas e camisas, tinha outra menina jovenzinha lá. 
Eu não gostei de nada e quando tentei sair para outros cabides, uma loura alta surgiu na minha frente, parecia que ia me atropelar, eu desviei e fui para a promoção dos biquines (posso usá-los no Brasil), e não é que a mesma loura apareceu lá também. Ela não tinha nenhum crachá aparente, eu pensei que fosse cliente, e achei ela uma chata.

Ai eu já havia desistido das promoções que só tinha "bucha de canhão" e fui dar uma olhada na nova coleção de camisas e calças. E quem aparece lá para inclusive arrumar matematicamente o que eu havia "tocado" nas mesa de exposição??? Vou ajudar vocês: a loura. Eu fiquei tão atordoada com a perseguição que esqueci dos vestidos.

Eu estava até bem arrumadinha, com um vestido, meia de mesma cor do vestido e um blazer delicado. Eu pensei que estava a altura do shopping, mas pareceu que não.

Meu esposo sempre me ajuda a raciocinar sobre o que acontece: normalmente as vendedoras destas lojas e livrarias são estrangeiras, da Russia, Polonia, Hungria, entre outros, e como sempre diz minha amada tia "quem persegue o pobre é o próprio pobre". (risos)

Afirmo para vocês e assino em baixo, eu nunca havia sofrido tanta discriminação aqui Alemanha. Desde que pisei em solo alemão na primeira vez em 2002, eu fiquei completamente encantada como eles me tratavam com cordialidade, a partir da cabine de imigração.

Morei em Freiburg e não houve uma única vez para eu lamentar que fui perseguida ou discriminada. Eu sempre comparava com a minha própria terra natal, Manaus, onde eu tenho que me "fantasiar de rica" para que eles minimamente me tratem com uma educação baseada no preconceito velado.

NOTA: fantasiar de rica é calçar um sapato alto, da Arezzo (o único que tenho), vestir a calça jeans que tem a etiqueta vermelhinha no bolso de trás (Levi's, hehe, única também), camisa que ganhei de uma amiga, e uma bolsa vermelha, muito linda de couro, que não é de uma marca famosa, mas causa um impacto, ai eu fico a cara da riqueza.

A cultura, o povo, as diferenças

Cada dia eu tenho uma história para contar.
Ontem, quando eu estava voltando para casa com meu filho, aconteceu algo que me fez lembrar de Manaus.

O "motorista" do Straßenbahn que pegamos, confundiu-se e entrou no trilho à direita, quando ele deveria seguir em frente!! Ai vocês nem podem imaginar o transtorno deste erro: esses trenzinho de rua, assim como os trens grandes não fazem marcha à ré. Resultado: o trenzinho ficou parado ao longo da curva, e em alguns minutos já surgiria outro trem para ocupá-la corretamente e seguir em trajetória correta.
Photo by www.bahnbilder.de 
Todos que estavam no trenzinho, assim como eu e meu filho, sabiam que o motora errou. Eu pensei que ia rolar alguma gargalhada, mas não. Meu filho logo comentou que a direção estava errada.

O motora, um senhor sexagenário, saiu de sua cabine, falando para si próprio "que erro". Ele atravessou os quatro vagões do Straßenbahn de cabeça baixa, para evitar possíveis olhares, e andando bem depressa até chegar ao outro extremo do trenzinho e manobrar no sentido contrário, para sair do trilho errado e retornar para o caminho correto. O silêncio dentro de todo o trem era incrível! Ninguém riu ou comentou entre si, e eu com meu filho, conversavamos baixinho em português sobre o ocorrido, afinal as crianças tem curiosidade não é?

Depois o motora teve que retornar para a sua cabine, e novamente passar por todos os passageiros. Ele ainda estava muito constrangido com o seu erro, mas retornou para o seu comando um pouco mais confiante.

Honestamente eu me admirei com o comportamento dos passageiro alemãe e estrangeiros, todos foram solidários ao motora, ao ficarem em silêncio e não riem dele.

Lembrei de uma vez, quando estava em Manaus, e eu, meu filhinho bebezinho e meu esposo estrangeiro, pegamos um ônibus que faz o trajeto da região sul da cidade ao centro, e aconteceu algo totalmente diferente do que aconteceu no Straßenbahn (risos).

O citado ônibus, em seu trajeto, passava por uma "comunindade" barra pesada, antes de seguir para o centro. Havia o último ponto de parada dentro da comunidade, mas o motorista passou direto. Ai uma mulher começou a gritar lá o final do ônibus todos os palavrões conhecidos no vocabulário popular. A mulher xingou o motorista até daquilo que não se deve xingar um homem. Meu Deus, e os outros passageiros ainda colocavam "lenha na fogueira", dando gargalhadas e xingando o motorista também, acrescentando mais ódio na mulher.

Ao final o motorista parou somente em um cruzamento, na saída da comunidade e a mulher saiu. Todos foram para a janela olhar. Eu me esforcei um pouco e vi: uma criatura esquelética, toda tatuada nos braços e pernas, com roupas vulgares, super jovem, uma menina. Foi tão espantoso, de onde essa menina tinha tanta confiança em agredir verbalmente um homem?

Nas favelas tem seus "códigos" e esta menina estava reagindo exatamente como é o seu cotidiano. 

sábado, 15 de agosto de 2015

Perdido na tradução - o meu filme atual

O filme Encontros e desencontros conta a história de um ator americano que foi para Tóquio para um trabalho publicitário e que tem dificuldade de ser compreendido, mesmo quando está na companhia de tradutores. O nome original do filme é Lost in translation. 

"Lost in Translation" (em português fica "Perdido na tradução") é uma expressão americana que demonstra a parte cultural de palavras ou frases que se perde quando é traduzida para outra língua (no inglês e em outros idiomas), mesmo que a tradução seja feita ao "pé da letra", isto é, traduzida integralmente no sentido literário, compreendido sem ajuda de contexto.


Foi meu esposo que citou este filme para mim, depois que eu cheguei da igreja, e falei da minha dúvida se assisti uma celebração católica ou não (eu já contei essa história aqui). E meu esposo cita este filme todas às vezes que conto para ele quando algo dá errado (risos).

Quanto mais eu tenho-me esforçado (pretérito-perfeito-composto do verbo esforçar-se, pensou que eu errei, não é?) em aprender a gramática alemã, eu continuo cometendo muitos erros, e disponho da gentileza dos alemães para ser compreendida.

O verbo frühstücken em alemão, para mim, é a mais intrigante palavra para se traduzir para o português. A sua tradução é literalmente tomar café da manhã. Veja se pode isso? Um verbo exclusivo para o ato de se alimentar pela manhã.

Eu adoro usar este verbo. Eu não resisto e vou conjugá-lo no tempo presente para aqueles que não o conhece: ich frühstücke, du frühstückst, er frühstückt, wir frühstücken, ihr frühstückt, sie/Sie frühstücken. Consegue imaginar os outros tempos verbais?

O nosso idioma português, por exemplo, é rico de sinônimos e flexível para diferentes estruturas gramaticais, permitindo uma vasta possibilidades de dizer  uma idéia através de diferentes frases.  O português sugere à poesia, por sua riqueza literária, o que torna, para mim, mais difícil de traduzir a idéia que quero comunicar, seja na escrita ou na fala.

língua portuguesa, também designada português, é uma língua romântica flexiva, que foi originada da evolução do latim, sendo a 5ª língua mais falada no mundo. A cidade de São Paulo é a cidade com maior número de falantes do português em todo o mundo, e possui o Museu da Língua Portuguesa (https://pt.wikipedia.org/wiki/).

Eu sempre consulto o site Significados.com.br para saber os conceitos e definições de determinadas palavras que uso nos textos que escrevo aqui no blog. Eu consulto também, com cautela, o site Dicionarioinformal.com.br, para encontrar sinônimos adequados para algumas palavras. A palavra espetacular, por exemplo, é espetacular, pois está sugerido inúmeros sinônimos para diferentes contextos.

Eu estou perdida na tradução, mas espero que o "meu" próximo filme seja O Terminal, com Tom Hanks (o título em inglês é "The Terminal"). Lembra da estória?

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Transporte público tem que ser para todos

Eu já havia contado esta história no meu Facebook! E gerou um modesto debate.

Um dia eu fui buscar meu filho no Kindergarten e peguei o ônibus que passa perto de lá. Na segunda parada, entrou no ônibus, a Diretora do Kindergarten.

Photo taken by Burts
O Diretor do instituto de pesquisa que eu frequentei no Sul da Alemanha um dia quase me atropelou, ele desviou bruscamente para não me tocar, e ele quase caiu da sua bicicleta. Ele já era um senhor de meia idade, mas estava ali, firme e forte,  e sem um centímetro de "barriga quebrada" sobre a calça.

E o diretor do departamento do meu esposo, aqui em Dresden, também chega de bicicleta, ele é mais jovem e eventualmente chega no seu BMW.

Honestamente eu fiquei muito impressionada, Eu não poderia imaginar isso acontecendo em Manaus, nem pelo transporte público deficitário, nem pelo padrão de "status" mantido por muitos brasileiros, à todo custo,

Logicamente que eu não estou generalizando, eu não julgo que todas as pessoas que ocupam cargo de destaque no Amazonas ou no Brasil como um todo, sejam arrogantes e exibicionistas. Entretanto, sabe-se que no Brasil existe uma cultura de (ou falta de cultura) ostentação e cobrança da exibição de sua mudança de condição social e finaceira.

Todos nós sabemos dos problemas de segurança pública do Brasil, da manutenção de ruas e estradas, problemas de transportes públicos, e que seria injusto fazer uma comparação com qualquer outro país, Porém, tudo é uma questão de iniciativas, como o exemplo de Curitiba, cidade que eu amo muito (estudei lá alguns anos). 

O Transporte urbano em Curitiba tem características inovadoras e tem sido considerado um dos pioneiro em modernização e reestruturação do sistema de transporte urbano no Brasil (https://pt.wikipedia.org/wiki/). Curitiba implantou em 1974 (vejam que não foi ontem) o "Sistema Expresso", criando ruas exclusivas para a circulação de ônibus. Ao longo dos anos o transporte público foi aprimorado, criando ciclovias, para favorecer o uso de bicicletas, entre outros benefícios que atinge diretamente na qualidade de vida dos habitantes de Curitiba e Região Metropolitana.

Então, todos nós, eleitores e governantes, sabemos com pode melhorar, sem perder mais tempo em fazer críticas pesadas, sarcásticas e muitas vezes inúteis.

Quando chega a Primavera

Aqui na Europa a Primavera ("Primavera boreal", diferente do Hemisfério Sul) inicia após o inverno, aproximadamente no dia 20 de março e termina em 21 de junho, para começar o verão.

Neste ano, a primavera começou em meio ao frio, com "cara" de inverno. No dia 02 de abril até nevou! Nós adoramos porque chegamos aqui no final de fevereiro e não tinha neve alguma, ai pensamos que só no próximo inverno. Meu filho repetiu tanto que queria brincar com neve, que ela veio, por algumas horas, mas veio.

O domingo de Páscoa foi no dia 05 de abril deste ano, e muitos alemães que conheço adorariam que nevasse. A Páscoa aqui é celebrada com tanto respeito e afetividade quanto o Natal. Tem até uma árvore, que eles decoram no jardim ou dentro do apartamento, cheia de ovos e brinquedinhos para as crianças, é comum até troca de presentes (vou escrever sobre isso oportunamente, tá?)

Os dias se passaram e a lembrança do inverno foi sendo afastada com o surgimento das primeiras folhinhas verdes. Todo aquele cenário meio triste ia mudando dinamicamente, a cada amanhecer. Parece-te poético? As mudanças das estações são extremamente poética e nos convida à refletir sobre os processos da vida em seu cíclo de nascimento, crescimento, morte.

Nos faz pensar nas perdas que sofremos, nos ganhos e conquistas, nas longas esperas, na certeza de que sempre o sol surgirá na primavera e verão, e que teremos que enfrentar mais um inverno, e outro, mas sempre na esperaça dos dias de sol, os quais são destinados às férias e diversão. E por favor, não esqueçamos que no período de inverno tem seu encantamento, sua diversão, sua vantagem, suas festas.

No Amazonas, minha terra natal, não há as estações definidas desta forma, impossibilitando à todos de vivenciar esta prática de "luto" anual, perdas, esperas, ganhos, perdas novamente, no cíclo natural.

continua ...

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Quando foi preciso confiar

Meu filho chorou o ano inteiro para não ir à creche no Brasil. Aqui não está sendo diferente, mesmo ele sendo mais velho, mesmo que na creche ele só brinca o dia inteiro (já falei um pouco sobre isso aqui), mesmo que ele tem total liberdade de escolher o que vai fazer, em que sala vai ficar, nem assim ele desiste de chorar e pedir para não ir para a creche.

Além de todas essas vantagens, as crianças dos Kindergärten fazem visitas aos museus, exposições públicas, pontos turísticos e históricos da cidade. Todos vão de transporte público: Straßenbahn ou ônibus, trens regionais ou Elbfähren (ferry em inglês - tipo as balsa que atravessa os rios do Amazonas, mas bem pequena, proporcional a largura do rio Elbe).

As visitas feitas pelos Kinder, são uma outra forma de educar, ensiná-los como devem se comportar em um transporte público, respeitando o espaço dos outros, ceder lugar nas cadeiras para pessoas idosas ou senhoras grávidas. Aprender que não se deve falar alto dentro dos transportes coletivos e locais fechados, aprender que deve sempre pagar as passagens (como assim? depois eu explico sobre as passagens).

A turma do meu filho já visitou o museu que ele mais ama - Verkehrsmuseum - o museu da história dos transportes, onde logicamente tem aviões e trens, percebe? e o dia que eles foram dar uma voltinha de Standseilbahn? E meu filho andou de Elbfähren!!! Tantas emoções, aprendendo a viver, confiar em si mesmo, ao lado dos colegas e professores, e sem a presença dos pais, sem entender muito bem o que todos estão falando.

E mesmo com todas essas vantagens, é comigo que ele quer ficar, em casa, porque aqui é o pequeno universo dele, com seus brinquedos e livros, seus filmes prediletos, suas músicas, sua mamãe. 

Assisti esse vídeo do Mini Superman e lembrei dos primeiros dias do David no Kindergarten aqui na Alemanha, foi tão igual o que aconteceu com ele, que eu tive que incluí-lo aqui.

Meu filho tem, mas não usou sua fantasia de Superman, pois ainda era inverno e ele também não saberia tirá-la para ir ao banheiro. David e eu pensamos nisto, foi o pai, que tem mais juizo, que não achou ser uma boa ideia.

Ele usava somente o gorro do Superman e sua foto 3 x 4, vestido de Superman esta no vestuário, no banheiro, na sua pasta de documentos do Kindergarten, por todo lado.



Devido o meu filho ser a única criança que não falava alemão, as outras crianças foram orientadas para ajudá-lo (e todos são muito fofos com ele).

Assim como no Brasil, não é permitido trazer brinquedos de casa, porém aqui não pode nenhum dia da semana, como é comum no Brasil. Então nós combinamos com ele que ele poderia levar o brinquedo com ele durante o caminho da escola, e ao chegar, colocar o brinquedo na mochila. Combinamos que o seu aviãozinho estaria lá, sempre que ele precisasse, para sentir como se estivesse em casa.

Quando o amor de mãe não foi suficiente

O meu filho foi para a creche no Brasil somente com 3 anos e 8 meses, isto é, com praticamente 4 anos. Eu e meu esposo até "ensaiamos" colocar ele dos 3 anos na creche, fomos um ano antes obter informações, mas devido ao meu problema com Síndrome do Pânico (falo sobre esse assinto aqui: A carta para creche do brasil - Parte I ) tivemos que adiar este plano. Parecia impraticável, eu não saia nem do condomínio que morava, quanto mais levar o filho para escola.

Eu cuidei do meu filho diretamente desde que nasceu e compartilhei esta tarefa somente com meu esposo. Nós compramos livros, CD, DVD e brinquedinhos conforme a fase de desenvolvimento que ele se encontrava. Um dia eu conto sobre esta fase de vida do nosso filho.

Nós cantávamos, cantávamos e cantávamos. Eu aprendi as 96 músicas da Coleção de clipes musicais do Cocoricó, e outras tantas do Patati PatatáGalinha pintadinha e a Palavra cantada, que na verdade ele começou a gostar mesmo somente depois dos 3 anos.

Assistíamos juntos os fantásticos vídeos da Coleção Baby Einstein com 12 DVD (vendido somente na Livraria Saraiva). David tinha 7 meses quando nós colocamos estes vídeos para ele. Tinhamos também alguns livrinhos da mesma coleção, o que reforçava o entendimento. O tema que ele mais gostou foi o Baby Galileo - descobrindo-o-céu, ele "pedia" para repetir, repetir e repetir. Eu até tentava colocar outro, mas ele conhecia a musiquinha do início, e protestava com choro para eu mudar. 

Talvez, foi daí que suscitou a paixão que ele tem por tudo que voa, insetos ou pássaros, aviões ou foguetes, por tudo que está lá no céu, lua ou sol, estrelas ou planetas. Assistindo os vídeos ele aprendeu a falar algumas palavras. A primeira palavra que aprendeu em inglês foi "star", depois "moon", depois "shine", porque afinal, estrelas brilham, não é?

Um dia, quando eu estendia roupas na varanda, ele me surpreendeu ao olhar para o céu, apontar e dizer "clouds", falou bem explicado, como todas as pouquíssimas palavras em português que ele sabia falar. Ele demorou muito para falar uma frase completa, mas eu nem me aflingi, busquei informações e vi que não havia nada de errado, e eu estava certa, hoje ele fala como um rádio (risos).
Nós dois nos divertíamos muito, eu sempre brincava com ele, pintávamos aviões gigantes, estrelas, lua, sol e planetas, em folhas 200 gramas ou nas paredes de casa.  Entende agora os interesses dele por planetas? Quando ele completou 3 anos eu fiz, literalmente, a decoração da festa de aniversário. O tema foi o Sistema Solar, mas isso eu vou falar e mostrar depois.

Photo by Galiceanu A. C. © 2012
Nós fazíamos bolinhas de sabão no banho ou na varanda todos os dias. Marionetes de dedinhos? sim, era sempre a mesma história, pois eram marionetes de natal. Tínhamos livros sonoros, os quais o faziam ri. Estávamos sempre juntos durante o dia!!! Até mesmo quando eu precisava cozinhar eu o integrava na tarefa, de modo seguro, é lógico, ele me ajudava a fazer bolo e suco de laranja no espremedor, colocava os legumes cortados na panela, e até se divertia muito quando eu dizia que "meu arroz estava queimando", interpretando um comicamente uma cozinheira maluquinha (as vezes nem era o arroz, mas como ele se divertiu tanto eu repetia a frase).

Eu fiz de um tudo para que meu filho não sentisse os impactos da privação de liberdade, minha e dele, imposta por minha situação psicológica. Porém, não era suficiente, ele precisava se relacionar com outras crianças da idade dele, precisava brincar ao ar livre, precisava ir para creche.

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Qual o programa de ensino do Kindergarten na Alemanha? - Parte I

Quando decidimos que voltaríamos para Alemanha, eu comecei a fazer uma pesquisa sobre como era o sistema educacional. Nosso filho estava com 3 anos e frequentava uma excelente creche em Manaus, e queríamos, obviamente que ele fosse para um creche tão boa quanto a creche no Brasil.

O primeiro texto que li foi de Célia Matheus, publicado no Tudo Alemão, uma plataforma online do Goethe-Institut. No texto encontrei a resposta para a nossa dúvida (minha e de meu esposo): colocar nosso filho na escola que fala inglês ou alemão. Na Alemanha é muito comum escolas internacionais, que lecionam, educam em diferentes idiomas. 

No texto, a autora diz que a melhor opção é uma escola oficial alemã, pois o filho dela ia ter que falar alemão de qualquer maneira para brincar com as crianças alemãs, e obviamente teria que entender as outras crianças. Com o nosso filho seria igual, então ficou decidido: alemão.

Continuando a pesquisa sobre o tema, encontrei o blog Cinquenta mil aventuras, que pertence justamente à Célia Matheus. Ela é uma imigrante portuguesa e escreveu vários textos em seu blog sobre o tema, contando as experiências, as frustrações, as conquistas diárias e a adaptação do seu filho de 5 anos no Kindergarten.

Depois de ter lido todos os textos do blog sobre o assunto, eu fiquei preocupada, pois eu ainda não estava medindo o tamanho dos desafios que enfrentaríamos, principalmente com relação às emoções que meu filho seria submetido. Dei graças a Deus por meu filho ter mais de 3 anos, pois é muito mais complicado para conseguir vagas.

No site da cidade, www.dresden.de, encontrei todas as informações da base educacional dos Kindergärten na Saxônia. Eu logo entendi que ele não teria aulas de alfabetização, pois está destinado às crianças a partir de 6-7 anos de idade.

O Plano Pedagógico, está disponível no mesmo site, em diferentes idiomas, o que me chamou atenção: idiomas latinos, eslavos, russo, turco, arabe, tcheco e até vietnamita. Eu já podia imaginar que meu filho estudaria com crinças de diferentes nacionalidades, e seria incrível e desafiador.

Photo by www.sachsen.de
A proposta de educação da Saxônia é basicamente centrada na idéia de <auto-educação>, onde as crianças tem a oportunidade de realizar suas próprias experiências sobre os fenômenos da natureza, cultura, religião e relacionamento social ao seu redor (www.bildung.sachsen.de). As crianças têm espaco livre, tempo e chances de brincar. Logicamente, sob os cuidados de professores capacitados à metodologia, os quais interferem minimamente nas ações do grupo de crianças que é responsável.
"A educação é entendida como um processo unitário e global, direcionado para o desenvolvimento integral da pessoa em suas diferentes formas de agir, pensar e entender. Assim, a educação é muito mais que <aprender>."

continua ... 

domingo, 9 de agosto de 2015

Qual o programa de ensino do Kindergarten na Alemanha? - Parte II

A foto que estou usando é do catálogo de brinquedos Playmobil, e mesmo tratando-se de um "brinquedo" eu pude perceber a concepção de educação dos Kindergärten da Alemanha.

Photo by Galiceanu A. C. ©  2015
Como é possível ver, não tem crianças em mesinhas fazendo tarefinhas, com livros de atividades, o que tem são crianças brincando em diferentes pontos, com uma professora por perto, mas todos estão brincando. E isto não é a hora do recreio, pois a hora do recreio é toda hora.

Vou tentar explicar a rotina do Kindergarten que meu filho frequenta: as crianças vão chegando a partir das 7h da manhã, e são recebidas pela equipe de professores na sala de refeições, onde tomarão o café da manhã.

Quando chegam no Kindergarten, os pais levam seus filhos para uma sala que poderíamos chamá-la em português de vestuário, onde as próprias crianças sentam-se e trocam primeiramente os sapatos por um chinelo confortável, do tipo do Crocs ou pantufas. As crianças tiram os sapatos, as jaquetas, luvas, cachecóis, gorros, tudo sozinhas e colocam nos seus cabides e escaninhos. E os pais? apenas assistem.

Na Alemanha, as pessoas costumam trocar os sapatos, assim que chegam da rua, por chinelos confortáveis e acima de tudo limpos. É um hábito que levaram para os seus locais de trabalho, pois na clinica pediátrica e dentária que levo meu filho os médicos, enfermeiros e zeladores usam esse Crocs.

Continuando, depois as crianças vão para o desjejum, com sua lancheira na mão. Na mesa tem chá, leite ou água para as crianças servirem-se  sozinhas. Ao terminar o desjejum, as crianças levantam da mesa e descartam o que não comeram, e colocam as louças sujas no carrinho.

E depois? as crianças ficam livres livres para decidir onde querem ficar: se é na sala de arte, de música, na biblioteca explorando os fantásticos livros, desenhar e pintar (sempre tem papel e muitos muitos e muitos lapis de cor) ou simplismente no colchões do repouso (podem ficar deitados ou dormir à vontade). Podem também brincar de pega-pega ou brincar com aqueles brinquedos educativos e de estímulos.

Depois das dez horas da manhã (as vezes antes, dependendo da estação do ano) todas as crianças e as professoras vão para jardim


Photo by Galiceanu A. C. ©  2015
O jardim dos Kindergärten, o Spielplatz (literalmente é praça de brincadeira, isto é, um parquinho), são enormes, cheios de brinquedos: balanços, cama elástica, trenzinhos de madeira, navios piratas gigantes, bicicletas, escorregadores, casa da árvore, casinhas com mesas e muito mais. Além do contato direto com a natureza, na horta e jardim de flores.

A lei é brincar.

Lembra do quê falei no artigo Na Alemanha criança brinca de verdade? Então, a idéia é essa.

Entretanto, além de se divertirem na sua primeira infância, as crianças são capacitadas para moldarem suas próprias vidas. As crianças são ensinadas a terem "responsabilidades" com seus pertences, desenvolvem a confiança em suas próprias habilidades e, assim, possuem um elevado grau de autonomia.

Então, qual o programa de ensino do Kindergarten na Alemanha? A resposta é nenhum, pelo menos quando trata-se de um programa de alfabetização. Eu gosto, aprovo, mas não recomendo para o Brasil.

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Quando conheci o método de educação Montessori

Neste dia foi me esposo que foi buscar nosso filho, porque eu estava resfriada e indisposta. Eu dou graças a Deus, pois não ia prestar.

Havia chuvido neste dia, como eu já sabia que as crianças vão ao jardim igualmente à um dia de sol ou de neve. Eu fiquei tranquila, pois fica na escola as suas botas de plástico, jaqueta e calças de chuva (tipo aquelas de motoqueiros). E o melhor: finalmente ele iria usar, mas não usou. 

Photo by Galiceanu A. C. ©  2015
A professora dele estava de licença, e a turminha dele estava dividida, distribuídos nas outras turminhas. Meu filho ficou na turma de uma professora super gentil, e gostei bastante, e ele também. 

Quando os dois chegaram em casa, pai e filho, foram direto para o banheiro, o que eu achei muito estranho e fui verificar o que havia acontecido. 

Um banho de banheira com água quente, para aquecer nosso filho, foi isso que meu esposo fez, e sem ter tempo de explicar, cuidava do David com especial dedicação. Então eu fui tentar descobrir sozinha.

Achei primeiro a calça que meu filho havia ido para a creche, e depois os tênis: tudo completamente molhados e com alguma lama. 

Nosso filho ficou com essas roupas molhadas, ninguém da escola viu ou se importou? Todas as crianças tem roupa de troca em seus armários, o que houve?

O que houve foi que aqui na Alemanha as crianças trocam-se sozinhas desde cedo. Meu filho tem 5 anos e o que se espera de uma criança nesta idade é que vista-se sozinho sua roupa de chuva, depois tire e coloquem-na penduradas para escorrer a água.

Perceberam? meu esposo poderia ter trocado a roupa do nosso filho, antes de trazê-lo para casa, mas ficou tão surpreendido, atordoado (como ele fala) que a única coisa que queria era levá-lo para casa o mais rápido possível.

O erro foi meu, eu não mostrei para o meu filho os seus pertences: suas botas e roupa de chuva, suas roupas de troca, meias, sapatos e tudo mais. Eu não ensinei meu filho ser independente. Eu pensava que seriam as professoras que os vestiam, e portanto, elas deveriam saber.

Na creche que ele frequentou no Brasil, no ano passado, as crianças são estimuladas a serem independentes, aqui elas são responsáveis por sua independência, onde as crianças, além de vestir-se e despir-se sozinhos, eles servem-se e descartam o próprio alimento, e muito mais. É a cultura alemã, eles educam seus filhos assim. 

A creche que meu filho frequenta, na sua base pedagógica, tem os conceitos do Método Montessori, que é caracterizado por uma ênfase na independência, liberdade com limites e respeito pelo desenvolvimento natural das habilidades físicas, sociais e psicológicas da criança (Fonte: Wikipédia).

Eu presisava "acordar para a vida" mais uma vez. No outro dia chegamos mais cedo na creche e eu levei meu filho até o armário dele e fizemos um treinamento rápido de como trocar a roupa de chuva e colocar as botas Sete Léguas.