domingo, 9 de agosto de 2015

Qual o programa de ensino do Kindergarten na Alemanha? - Parte II

A foto que estou usando é do catálogo de brinquedos Playmobil, e mesmo tratando-se de um "brinquedo" eu pude perceber a concepção de educação dos Kindergärten da Alemanha.

Photo by Galiceanu A. C. ©  2015
Como é possível ver, não tem crianças em mesinhas fazendo tarefinhas, com livros de atividades, o que tem são crianças brincando em diferentes pontos, com uma professora por perto, mas todos estão brincando. E isto não é a hora do recreio, pois a hora do recreio é toda hora.

Vou tentar explicar a rotina do Kindergarten que meu filho frequenta: as crianças vão chegando a partir das 7h da manhã, e são recebidas pela equipe de professores na sala de refeições, onde tomarão o café da manhã.

Quando chegam no Kindergarten, os pais levam seus filhos para uma sala que poderíamos chamá-la em português de vestuário, onde as próprias crianças sentam-se e trocam primeiramente os sapatos por um chinelo confortável, do tipo do Crocs ou pantufas. As crianças tiram os sapatos, as jaquetas, luvas, cachecóis, gorros, tudo sozinhas e colocam nos seus cabides e escaninhos. E os pais? apenas assistem.

Na Alemanha, as pessoas costumam trocar os sapatos, assim que chegam da rua, por chinelos confortáveis e acima de tudo limpos. É um hábito que levaram para os seus locais de trabalho, pois na clinica pediátrica e dentária que levo meu filho os médicos, enfermeiros e zeladores usam esse Crocs.

Continuando, depois as crianças vão para o desjejum, com sua lancheira na mão. Na mesa tem chá, leite ou água para as crianças servirem-se  sozinhas. Ao terminar o desjejum, as crianças levantam da mesa e descartam o que não comeram, e colocam as louças sujas no carrinho.

E depois? as crianças ficam livres livres para decidir onde querem ficar: se é na sala de arte, de música, na biblioteca explorando os fantásticos livros, desenhar e pintar (sempre tem papel e muitos muitos e muitos lapis de cor) ou simplismente no colchões do repouso (podem ficar deitados ou dormir à vontade). Podem também brincar de pega-pega ou brincar com aqueles brinquedos educativos e de estímulos.

Depois das dez horas da manhã (as vezes antes, dependendo da estação do ano) todas as crianças e as professoras vão para jardim


Photo by Galiceanu A. C. ©  2015
O jardim dos Kindergärten, o Spielplatz (literalmente é praça de brincadeira, isto é, um parquinho), são enormes, cheios de brinquedos: balanços, cama elástica, trenzinhos de madeira, navios piratas gigantes, bicicletas, escorregadores, casa da árvore, casinhas com mesas e muito mais. Além do contato direto com a natureza, na horta e jardim de flores.

A lei é brincar.

Lembra do quê falei no artigo Na Alemanha criança brinca de verdade? Então, a idéia é essa.

Entretanto, além de se divertirem na sua primeira infância, as crianças são capacitadas para moldarem suas próprias vidas. As crianças são ensinadas a terem "responsabilidades" com seus pertences, desenvolvem a confiança em suas próprias habilidades e, assim, possuem um elevado grau de autonomia.

Então, qual o programa de ensino do Kindergarten na Alemanha? A resposta é nenhum, pelo menos quando trata-se de um programa de alfabetização. Eu gosto, aprovo, mas não recomendo para o Brasil.

A carta para a creche do Brasil - Parte I

Acredito que para continuar com este projeto (escrever neste Blog) eu preciso lhes dizer algo muito importante, para que nas próximas postagens eu possa contar as minhas histórias incluindo as verdadeiras emoções. Eu escrevi no final do ano passado uma carta para a creche onde meu filho estudou. 

Nós estávamos nos despedindo, pois estávamos de mudança para a Alemanha. E sabia que nesta próxima etapa da nossas vidas, teríamos melhor qualidade de vida, por causa dos esforços de uma instituição que inclui o bem estar de suas crianças, mesmo que o problema esteja na base familiar. Então, lá vai, mas é longa, um jornal:

Minha gratidão à Creche Escola Bebê Bombom!
“... porque todos aqueles que pedem recebem; aqueles que procuram acham; e a porta será aberta para quem bate.” (Matheus 7,8)
Eu não tinha mais argumentos para adiar o ingresso do meu filho em uma creche, pois ele já estava com três anos completos. Escolhemos a Bebê Bombom inicialmente pela tradição e fama, por sua estrutura física, que para mim é satisfatória do ponto de vista de segurança e controle, mas também a escolhemos por ser próxima de nossa casa.

Somente o meu esposo trabalha, e eu logicamente, fiquei com a responsabilidade de levar e buscar nosso filho na creche. Seria muito simples se eu não tivesse Síndrome do Pânico.

As aulas começaram no final de janeiro do ano passado (2014), e meu tormento também.

Eu estava há 10 anos com Sindrome do Pânico, sendo que, há oito anos não trabalho na minha profissão. Ainda tentei trabalhar com a sindrome, mas sem sucesso. Desde então abandonei a carreira, o doutorado no exterior, abandonei meus sonhos. 

Na primeira entrevista com a psicóloga, eu falei sobre o meu problema, no intuito descobrir se meu filho seria prejudicado por minhas limitações ou não. A resposta foi imediata, não para mim, mas voltada para meu esposo, como um apelo, disse que eu precisava de ajuda urgente, que ele deveria me levar à um psicólogo.

Ela discorreu sobre todos os possíveis problemas que seriam gerados, caso eu seguisse doente, sem tratamento, durante o desenvolvimento social, emocional e educacional do meu filho, deixou bem claro que se eu não tentasse ficar curada, eu estaria pondo em risco a qualidade de vida do meu filho, uma vez que eu não a tinha mais.

Google Image
 Quando casei eu estava com a Síndrome do Pânico, e não tinha mais esperanças de me curar, me acomodei com a privação de liberdade e de conquistas, nem mesmo minha família acreditava que eu ficaria curada, depois de tantos anos e tantas tentativas com diferentes terapeutas e terapias.

A psicóloga suscitou em mim algo que eu já não sentia à muito tempo: esperança. Ela me fez acreditar que eu merecia uma vida melhor, que eu poderia oferecer muito mais ao meu filho, inclusive retomar a minha vida profissional.

Foi com o coração tomado de esperança que iniciei minha busca e encontrei na internet informações de um psiquiatra de São Paulo (Dr.Luiz Delfino Mendes), autor do livro sobre o assunto e defensor de que é possível a cura sem o uso de psicotrópicos.

continua ...

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Os alemães são bonzinhos as vezes

Aqui na Alemanha, em especial Dresden, o transporte público é muito eficiente!

Exite uma frota de ônibus que compartilha com os Straßenbahnen (traduzindo fica straßen = rua e bahn = trem, que neste caso está no plural e acrescenta en), aqui não tem Metro, mas também não precisa, pois para os lugares mais distantes ou cidades da região metropolitana tem os trens regionais.

Photo by Galiceanu A. C. ©  2013
Então, houve um dia, que eu e meu esposo pegamos um Straßenbahn, depois que deixamos nosso filho no Kindergarten. Nós estávamos atrasados para um compromisso, e corremos para não perder o trenzinho.

Logo que entramos no Straßenbahn, encontramos dois lugares vazios (assim eu pensava, já explico), só que não era no mesmo banco, então meu esposo sentou no banco da esquerda, ao lado de uma senhora, e eu sentei no banco da direita do lado de um rapaz.

Eu achei meio apertado, me movimentei de tal modo que o rapaz "se tocar" que estava praticamente sentado no meu lugar. E o rapaz até se apertou um pouco mais, mas continuava apertado.

Photo by Wikimedia Commons
Eu me movimentei de novo e senti o meu ombro competir espaço com o ombro do rapaz. Achei que talvez aquele banco fosse diferente ou que o rapaz era um "folgado". 

Ai o rapaz me pediu licença, pois iria descer do Straßenbahn, e eu dei, lógico. Ele ficou em pé, ao lado do banco, esperando chegar a parada. Foi quando eu realizei que quem estava sentado em cima do outro era eu. 

Foi tão cômico, porque ele olhava para mim, eu para ele, o meu esposo para os dois. E quando eu comecei a pedir desculpar por não ter percebido que o lugar que ele estava sentado era para somente uma pessoa, ele nem deixou, sorriu e disse o tradicional kein problem. 

E eu já estava completamente envergonhada e querendo um buraco para me enfiar, pois havia outros passageiros que perceberam a cena e riram discretamente.

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Dresden, Lutero, as igrejas e minha ignorância

Eu sou católica, e já havia algumas semanas que não fui para missa, desde que cheguei na Alemanha, então resolvi ir na igreja mais próxima de casa. Havíamos poucas semanas que nos mudamos, e eu não conhecia quase nada da cidade.

Lukaskirche, foi a igreja escolhida, pois eu tinha a programação da Semana Santa. Fui na celebração da sexta-feira. Começou com a apresentação de um concerto de cordas, solene, melancólico, longo. Todos estavam sentados, imóveis, inclusive as poucas crianças que vi, então eu tentei copiá-los.

Houve uma pausa no concerto, e ai eu pensei que o padre iria para o altar, finalmente, mas quem apareceu foi uma senhora vestida elegante e formalmente (assim como todos naquela igreja). Ela fez a leitura da bíblia, pertinente ao dia celebrado, que também é muito longa. Voltou o concerto, agora com piano. A celebração parecia não ter fim, monótona, por um momento pensei que fossem crentes.

Porém, havia algo de errado, eu sentia isto, eu só não conseguia explicar para mim mesma. Eu já estava ali por mais de uma hora, me cansei, e sai.

No caminho para a casa fiquei pensando: " ... o nome da igreja é Lukaskirche, talvez é homenagem para São Lucas; havia uma cruz bem grande no altar principal; havia quadros com imagens de passagens bíblicas; crentes não reverenciam santos, tão pouco imagens, cruzes". Havia algo incomum no rito, algo que eu não sabia explicar, só sentir.

Chegando em casa, fiz algumas perguntas para o meu esposo, que é ortodoxo, no intuito de descobrir o que estava errado na celebração católica, da igreja católica, que eu havia ido.

A Alemanha não é uma novidade para mim, tão pouco o idioma, eu não tenho fluência, mas  vocês acreditam que eu consegui me confundir completamente com as igrejas aqui em Dresden. Digo Dresden, porque em Freiburg, cidade no sul da Alemanha, onde morei alguns anos atrás, era diferente, lá eu sabia exatamente quais eram as igrejas católicas e as poucas igrejas protestantes. 

Photo by Galiceanu A. C. ©  2013
Quando estivemos em 2013, aqui em Dresden, como turista, não andei em busca de missas, mas visitamos algumas igrejas, tiramos fotos e rezamos. Visitamos a Frauenkirche, a principal basílica barroca da cidade. Traduzindo literalmente para o português, frau é senhora, frauen é no plural, senhoras, e kirche é igreja, o que me fez pensar, erradamente, que seria uma igreja para Nossa Senhora a mãe de Jesus. Certo? richtig? não, errado, erradíssimo.

Conhece Martin Luther? O fundador da Reforma Protestante na Europa? Pois é, ele é daqui da Saxônia, de Eisleben, à 198 km de Dresden. Quando ele fez a reforma, ele era um monge agostiniano, e por isto a semelhança estrutural e decorativa das igrejas luteranas com as igrejas católicas.

Ai eu chego aqui no leste da Alemanha e as igrejas evangélicas são iguasizinhas as católicas. Fiquei completamente confusa.
  
Acontece que eu cresci no Brasil, cercada de evangélicos de diferentes denominações, mas com as mesmas convicções: nada de santos ou Maria Santíssima, nada de imagens ou cruz.

Então, constatei a minha total ignorância sobre a religião que sigo, sobre os fatos históricos de altíssima relevãncia que ocorreram, como exemplo a Reforma Protestante, bem como a história geral do mundo.  Ainda bem que tem remédio: ler.

Photo by Galiceanu A. C. ©  2013

Por favor não me perguntem como eu não vi essa estátua imensa do Martin Luther na frente da igreja e que eu mesma fotografei. Eu estava emocionada demais, um dia vou contar o porquê.

A história da Frauenkirche é espetacular: foi completamente destruída na segunda guerra, e depois os seus escombros viraram um memorial durante anos, até 2001. Um inglês, filho do General que jogou a bomba, "resolveu" reproduzir uma replica perto da perfeicão. O resultado é incrível, e a igreja recebe diariamente turistas para ver a reconstrução que durou 11 anos e custou muitos euros.






quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Quando conheci o método de educação Montessori

Neste dia foi me esposo que foi buscar nosso filho, porque eu estava resfriada e indisposta. Eu dou graças a Deus, pois não ia prestar.

Havia chuvido neste dia, como eu já sabia que as crianças vão ao jardim igualmente à um dia de sol ou de neve. Eu fiquei tranquila, pois fica na escola as suas botas de plástico, jaqueta e calças de chuva (tipo aquelas de motoqueiros). E o melhor: finalmente ele iria usar, mas não usou. 

Photo by Galiceanu A. C. ©  2015
A professora dele estava de licença, e a turminha dele estava dividida, distribuídos nas outras turminhas. Meu filho ficou na turma de uma professora super gentil, e gostei bastante, e ele também. 

Quando os dois chegaram em casa, pai e filho, foram direto para o banheiro, o que eu achei muito estranho e fui verificar o que havia acontecido. 

Um banho de banheira com água quente, para aquecer nosso filho, foi isso que meu esposo fez, e sem ter tempo de explicar, cuidava do David com especial dedicação. Então eu fui tentar descobrir sozinha.

Achei primeiro a calça que meu filho havia ido para a creche, e depois os tênis: tudo completamente molhados e com alguma lama. 

Nosso filho ficou com essas roupas molhadas, ninguém da escola viu ou se importou? Todas as crianças tem roupa de troca em seus armários, o que houve?

O que houve foi que aqui na Alemanha as crianças trocam-se sozinhas desde cedo. Meu filho tem 5 anos e o que se espera de uma criança nesta idade é que vista-se sozinho sua roupa de chuva, depois tire e coloquem-na penduradas para escorrer a água.

Perceberam? meu esposo poderia ter trocado a roupa do nosso filho, antes de trazê-lo para casa, mas ficou tão surpreendido, atordoado (como ele fala) que a única coisa que queria era levá-lo para casa o mais rápido possível.

O erro foi meu, eu não mostrei para o meu filho os seus pertences: suas botas e roupa de chuva, suas roupas de troca, meias, sapatos e tudo mais. Eu não ensinei meu filho ser independente. Eu pensava que seriam as professoras que os vestiam, e portanto, elas deveriam saber.

Na creche que ele frequentou no Brasil, no ano passado, as crianças são estimuladas a serem independentes, aqui elas são responsáveis por sua independência, onde as crianças, além de vestir-se e despir-se sozinhos, eles servem-se e descartam o próprio alimento, e muito mais. É a cultura alemã, eles educam seus filhos assim. 

A creche que meu filho frequenta, na sua base pedagógica, tem os conceitos do Método Montessori, que é caracterizado por uma ênfase na independência, liberdade com limites e respeito pelo desenvolvimento natural das habilidades físicas, sociais e psicológicas da criança (Fonte: Wikipédia).

Eu presisava "acordar para a vida" mais uma vez. No outro dia chegamos mais cedo na creche e eu levei meu filho até o armário dele e fizemos um treinamento rápido de como trocar a roupa de chuva e colocar as botas Sete Léguas.


A carta para a professora

Minha mãe sempre me falava que eu só ia entender ela, quando eu tivesse um filho, nas muitas vezes que eu a criticava quando ela estava minimizando algum erro dos meus irmãos ou mesmo quando ela sofria com alguma situação que os envolvia.

Ela estava certa.

No mês passado, aconteceu algo que me magoou, não foi nada muito grave, mas aconteceu, e eu não estava lá, para ajudar o meu filho ser compreendido por seus coleguinhas e sua professora da creche.

Na Alemanha, na rotina diária dos Kindergärten (isto é, das creches), tem um horário no jardim, ao ar livre. E um dos motivos para meu filho não resistir muito em não ir para creche, é o fato de que ele tem este horário para caçar insetos, em especial as joaninhas e as borboletas.

Então, houve um dia em que a professora  veio conversar comigo, na sala de espera, para me dizer que "... meu filho estava enterrando as joaninhas que ele encontrou no jardim, e suas coleguinhas viram e disseram para ela o proibir de fazer isto". 

Ela me falou tentou explicar para meu filho que os insetos são seres vivos, que precisavam respirar, ..., normal, o problema é que meu filho não fala muito bem alemão e não conseguiu explicar para a professoras e as coleguinhas o que ele estava fazendo de fato.

Eu falei para ela que eu não podia entender o que ele fez, pois eu sei do quanto ele gosta de insetos, e não os faria mal. Acredito que ela achou que eu estava defendendo meu filho. Eu disse que conversaria com ele.

E conversei. 

Foi realmente tudo um mal entendido. Meu filho disse que estava fazendo uma "casa de tijolos" para as joaninhas, pois é a melhor opção para uma casa segura, no caso do lobo mal vir (em referência ao que ele aprendeu na estória dos Três Porquinhos).

Meu filho disse que ficou muito zangado por ter sido proibido de fazer a casinha e ter perdido as joaninhas, mas que chorou porque as crianças estavam dizendo que ele é um menino mal, por tentar enterrar as joaninhas, algo que ele não estava fazendo e nem pensando em fazer.

Depois que eu entendi tudo o que aconteceu, resolvi escrever uma cartinha para explicar tudo, e a entreguei no outro dia.

Tradução:

„ Querida professora, ontem o David disse que não estava “enterrando” a Joaninha. Ele fez uma casa de barro (assim como a casa segura da estória dos Três Porquinhos). David disse também que ele não é um menino mal. David ama três coisas: aviões, trens e Joaninhas. Nós lamentamos o mal entendido. Com carinho,
Mãe do David”
Quando David chegou em casa, trouxe um presentinho que ganhou da professora: uma caixinha entomológica (acho que se chama assim em português). Ele estava muito feliz, porque a professora havia entendido que ele não é um menino mal, assim ele falou.

A caixinha é toda equipada uma lupa e pinça para pegar os insetos. E lógico, ele já trouxe duas joaninhas, com um pedacinho de madeira e uma folha, para ela se "alimentarem". 

E a mãe do David chorou ...



terça-feira, 4 de agosto de 2015

Na Alemanha, criança brinca de verdade

Eu já havia desistido de escrever neste blog, porém, aconteceu um fato que me fez mudar de idéia, neste mês de julho.

Houve dias de intenso calor aqui em Dresden, algo fora do normal, foi notícia em todos os jornais: uma onda de calor tomou conta da Europa por alguns dias, cerca de 32 à 40 graus, dependendo da região.

E no Kindergarten que meu filho frequenta as crianças ganharam um "bonus" pelos dias de calor: "banho de mangueira".

Meu filho contou todo alegre que ele havia gritado de alegria no parquinho do Kindergarten (como aqui eu sempre falo para ele não gritar quando está zangado, ele me avisou que gritou e que foi permitido, risos).

Voces não imaginam o quanto eu gostaria de estar lá para ver esta alegria, fazer fotografias e filmar até, mas eu ainda não tenho certeza de que eles (os professores) deixariam.

Houve um dia que já não estava tão quente, e vesti no meu filho um conjunto de moleton. Neste dia, a turminha dele não ganhou banho de mangueira, mas outra turma sim.

O fato é que meu filho foi para perto de pulou nas poças de água que se formaram, e como tudo ocorre no jardim, as poças eram poças de lama.

Quando eu cheguei para buscá-lo, as  crianças ainda estavam almoçando. Eu vi algumas crinças com as pernas todas sujas de barro escuro, tinha uma menina que tinha barro seco perto do nariz, e eu senti vontade de limpar. Eu imaginei que para aquela turma o dia tinha sido ótimo. 

Eu estava tão destraída admirando aquelas crianças sujíssimas, exautas, comendo tudo do prato, felizes, que quando a professora veio do outro refeitório trazendo o meu filho só de cuecas e camisa, eu levei um susto.

Perguntei o que houve, mas a professora pediu que eu a acompanhasse até o vestuário. Eu fiquei mais assustada ainda. O que poderia ter acontecido?

A professora não acreditou que eu ainda quisesse a calça, pois estava completamente suja. Eu disse que sim, que para mim isso não havia problema, pois seria a máquina de lavar roupas que iria lavar, não eu.