quarta-feira, 5 de agosto de 2015

A carta para a professora

Minha mãe sempre me falava que eu só ia entender ela, quando eu tivesse um filho, nas muitas vezes que eu a criticava quando ela estava minimizando algum erro dos meus irmãos ou mesmo quando ela sofria com alguma situação que os envolvia.

Ela estava certa.

No mês passado, aconteceu algo que me magoou, não foi nada muito grave, mas aconteceu, e eu não estava lá, para ajudar o meu filho ser compreendido por seus coleguinhas e sua professora da creche.

Na Alemanha, na rotina diária dos Kindergärten (isto é, das creches), tem um horário no jardim, ao ar livre. E um dos motivos para meu filho não resistir muito em não ir para creche, é o fato de que ele tem este horário para caçar insetos, em especial as joaninhas e as borboletas.

Então, houve um dia em que a professora  veio conversar comigo, na sala de espera, para me dizer que "... meu filho estava enterrando as joaninhas que ele encontrou no jardim, e suas coleguinhas viram e disseram para ela o proibir de fazer isto". 

Ela me falou tentou explicar para meu filho que os insetos são seres vivos, que precisavam respirar, ..., normal, o problema é que meu filho não fala muito bem alemão e não conseguiu explicar para a professoras e as coleguinhas o que ele estava fazendo de fato.

Eu falei para ela que eu não podia entender o que ele fez, pois eu sei do quanto ele gosta de insetos, e não os faria mal. Acredito que ela achou que eu estava defendendo meu filho. Eu disse que conversaria com ele.

E conversei. 

Foi realmente tudo um mal entendido. Meu filho disse que estava fazendo uma "casa de tijolos" para as joaninhas, pois é a melhor opção para uma casa segura, no caso do lobo mal vir (em referência ao que ele aprendeu na estória dos Três Porquinhos).

Meu filho disse que ficou muito zangado por ter sido proibido de fazer a casinha e ter perdido as joaninhas, mas que chorou porque as crianças estavam dizendo que ele é um menino mal, por tentar enterrar as joaninhas, algo que ele não estava fazendo e nem pensando em fazer.

Depois que eu entendi tudo o que aconteceu, resolvi escrever uma cartinha para explicar tudo, e a entreguei no outro dia.

Tradução:

„ Querida professora, ontem o David disse que não estava “enterrando” a Joaninha. Ele fez uma casa de barro (assim como a casa segura da estória dos Três Porquinhos). David disse também que ele não é um menino mal. David ama três coisas: aviões, trens e Joaninhas. Nós lamentamos o mal entendido. Com carinho,
Mãe do David”
Quando David chegou em casa, trouxe um presentinho que ganhou da professora: uma caixinha entomológica (acho que se chama assim em português). Ele estava muito feliz, porque a professora havia entendido que ele não é um menino mal, assim ele falou.

A caixinha é toda equipada uma lupa e pinça para pegar os insetos. E lógico, ele já trouxe duas joaninhas, com um pedacinho de madeira e uma folha, para ela se "alimentarem". 

E a mãe do David chorou ...



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