Mostrando postagens com marcador cultura alemã. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador cultura alemã. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Quando conheci o método de educação Montessori

Neste dia foi me esposo que foi buscar nosso filho, porque eu estava resfriada e indisposta. Eu dou graças a Deus, pois não ia prestar.

Havia chuvido neste dia, como eu já sabia que as crianças vão ao jardim igualmente à um dia de sol ou de neve. Eu fiquei tranquila, pois fica na escola as suas botas de plástico, jaqueta e calças de chuva (tipo aquelas de motoqueiros). E o melhor: finalmente ele iria usar, mas não usou. 

Photo by Galiceanu A. C. ©  2015
A professora dele estava de licença, e a turminha dele estava dividida, distribuídos nas outras turminhas. Meu filho ficou na turma de uma professora super gentil, e gostei bastante, e ele também. 

Quando os dois chegaram em casa, pai e filho, foram direto para o banheiro, o que eu achei muito estranho e fui verificar o que havia acontecido. 

Um banho de banheira com água quente, para aquecer nosso filho, foi isso que meu esposo fez, e sem ter tempo de explicar, cuidava do David com especial dedicação. Então eu fui tentar descobrir sozinha.

Achei primeiro a calça que meu filho havia ido para a creche, e depois os tênis: tudo completamente molhados e com alguma lama. 

Nosso filho ficou com essas roupas molhadas, ninguém da escola viu ou se importou? Todas as crianças tem roupa de troca em seus armários, o que houve?

O que houve foi que aqui na Alemanha as crianças trocam-se sozinhas desde cedo. Meu filho tem 5 anos e o que se espera de uma criança nesta idade é que vista-se sozinho sua roupa de chuva, depois tire e coloquem-na penduradas para escorrer a água.

Perceberam? meu esposo poderia ter trocado a roupa do nosso filho, antes de trazê-lo para casa, mas ficou tão surpreendido, atordoado (como ele fala) que a única coisa que queria era levá-lo para casa o mais rápido possível.

O erro foi meu, eu não mostrei para o meu filho os seus pertences: suas botas e roupa de chuva, suas roupas de troca, meias, sapatos e tudo mais. Eu não ensinei meu filho ser independente. Eu pensava que seriam as professoras que os vestiam, e portanto, elas deveriam saber.

Na creche que ele frequentou no Brasil, no ano passado, as crianças são estimuladas a serem independentes, aqui elas são responsáveis por sua independência, onde as crianças, além de vestir-se e despir-se sozinhos, eles servem-se e descartam o próprio alimento, e muito mais. É a cultura alemã, eles educam seus filhos assim. 

A creche que meu filho frequenta, na sua base pedagógica, tem os conceitos do Método Montessori, que é caracterizado por uma ênfase na independência, liberdade com limites e respeito pelo desenvolvimento natural das habilidades físicas, sociais e psicológicas da criança (Fonte: Wikipédia).

Eu presisava "acordar para a vida" mais uma vez. No outro dia chegamos mais cedo na creche e eu levei meu filho até o armário dele e fizemos um treinamento rápido de como trocar a roupa de chuva e colocar as botas Sete Léguas.


A carta para a professora

Minha mãe sempre me falava que eu só ia entender ela, quando eu tivesse um filho, nas muitas vezes que eu a criticava quando ela estava minimizando algum erro dos meus irmãos ou mesmo quando ela sofria com alguma situação que os envolvia.

Ela estava certa.

No mês passado, aconteceu algo que me magoou, não foi nada muito grave, mas aconteceu, e eu não estava lá, para ajudar o meu filho ser compreendido por seus coleguinhas e sua professora da creche.

Na Alemanha, na rotina diária dos Kindergärten (isto é, das creches), tem um horário no jardim, ao ar livre. E um dos motivos para meu filho não resistir muito em não ir para creche, é o fato de que ele tem este horário para caçar insetos, em especial as joaninhas e as borboletas.

Então, houve um dia em que a professora  veio conversar comigo, na sala de espera, para me dizer que "... meu filho estava enterrando as joaninhas que ele encontrou no jardim, e suas coleguinhas viram e disseram para ela o proibir de fazer isto". 

Ela me falou tentou explicar para meu filho que os insetos são seres vivos, que precisavam respirar, ..., normal, o problema é que meu filho não fala muito bem alemão e não conseguiu explicar para a professoras e as coleguinhas o que ele estava fazendo de fato.

Eu falei para ela que eu não podia entender o que ele fez, pois eu sei do quanto ele gosta de insetos, e não os faria mal. Acredito que ela achou que eu estava defendendo meu filho. Eu disse que conversaria com ele.

E conversei. 

Foi realmente tudo um mal entendido. Meu filho disse que estava fazendo uma "casa de tijolos" para as joaninhas, pois é a melhor opção para uma casa segura, no caso do lobo mal vir (em referência ao que ele aprendeu na estória dos Três Porquinhos).

Meu filho disse que ficou muito zangado por ter sido proibido de fazer a casinha e ter perdido as joaninhas, mas que chorou porque as crianças estavam dizendo que ele é um menino mal, por tentar enterrar as joaninhas, algo que ele não estava fazendo e nem pensando em fazer.

Depois que eu entendi tudo o que aconteceu, resolvi escrever uma cartinha para explicar tudo, e a entreguei no outro dia.

Tradução:

„ Querida professora, ontem o David disse que não estava “enterrando” a Joaninha. Ele fez uma casa de barro (assim como a casa segura da estória dos Três Porquinhos). David disse também que ele não é um menino mal. David ama três coisas: aviões, trens e Joaninhas. Nós lamentamos o mal entendido. Com carinho,
Mãe do David”
Quando David chegou em casa, trouxe um presentinho que ganhou da professora: uma caixinha entomológica (acho que se chama assim em português). Ele estava muito feliz, porque a professora havia entendido que ele não é um menino mal, assim ele falou.

A caixinha é toda equipada uma lupa e pinça para pegar os insetos. E lógico, ele já trouxe duas joaninhas, com um pedacinho de madeira e uma folha, para ela se "alimentarem". 

E a mãe do David chorou ...



terça-feira, 4 de agosto de 2015

Na Alemanha, criança brinca de verdade

Eu já havia desistido de escrever neste blog, porém, aconteceu um fato que me fez mudar de idéia, neste mês de julho.

Houve dias de intenso calor aqui em Dresden, algo fora do normal, foi notícia em todos os jornais: uma onda de calor tomou conta da Europa por alguns dias, cerca de 32 à 40 graus, dependendo da região.

E no Kindergarten que meu filho frequenta as crianças ganharam um "bonus" pelos dias de calor: "banho de mangueira".

Meu filho contou todo alegre que ele havia gritado de alegria no parquinho do Kindergarten (como aqui eu sempre falo para ele não gritar quando está zangado, ele me avisou que gritou e que foi permitido, risos).

Voces não imaginam o quanto eu gostaria de estar lá para ver esta alegria, fazer fotografias e filmar até, mas eu ainda não tenho certeza de que eles (os professores) deixariam.

Houve um dia que já não estava tão quente, e vesti no meu filho um conjunto de moleton. Neste dia, a turminha dele não ganhou banho de mangueira, mas outra turma sim.

O fato é que meu filho foi para perto de pulou nas poças de água que se formaram, e como tudo ocorre no jardim, as poças eram poças de lama.

Quando eu cheguei para buscá-lo, as  crianças ainda estavam almoçando. Eu vi algumas crinças com as pernas todas sujas de barro escuro, tinha uma menina que tinha barro seco perto do nariz, e eu senti vontade de limpar. Eu imaginei que para aquela turma o dia tinha sido ótimo. 

Eu estava tão destraída admirando aquelas crianças sujíssimas, exautas, comendo tudo do prato, felizes, que quando a professora veio do outro refeitório trazendo o meu filho só de cuecas e camisa, eu levei um susto.

Perguntei o que houve, mas a professora pediu que eu a acompanhasse até o vestuário. Eu fiquei mais assustada ainda. O que poderia ter acontecido?

A professora não acreditou que eu ainda quisesse a calça, pois estava completamente suja. Eu disse que sim, que para mim isso não havia problema, pois seria a máquina de lavar roupas que iria lavar, não eu.



sexta-feira, 19 de setembro de 2014

O Kindergarten para meu filho

Vamos chegar na Europa no meio de Fevereiro, e eu ainda esta dormindo como "Alice no Pais das Maravilhas".

(Creditos: http://us.123rf.com/450wm/etiamos/etiamos1209/etiamos120900017/15120754-kindergarten-muestra-con-iconos.jpg)
Entrei por curiosidade em alguns sites de Kindergarten próximos da rua que provavelmente vamos morar lá na Alemanha, e  surpresa: todos continham informacoes importantes sobre métodos pedagógicos, espaço físico da escola, horários, quantidade de crianças por sala, mas sobre incrições ou reserva de vagas, todos indicavam um site oficial da Prefeitura de Dresden. Ah? como assim?

Já estranhei quando lia sobre as refeiçoes servidas, as quais estão indicadas que são provenientes da Prefeitura, ai eu fiquei "enrolada", ..., será que eu não estou lendo bem, traduzindo bem o que leio?

Até eu entender o esquema demorou algumas horas mesmo, afinal é tao diverso do que se encontra no Brasil e mal podia acreditar. Eu já havia morado no sul da Alemanha, mas na época eu não tinha filhos e por tanto não me interessava por estes assuntos, nem tinha amigos que tivessem filhos, eramos todos jovens, estudantes, e estas informações passaram por mim sem que eu as conhecesse.

Então, a Prefeitura de Dresden, em particular, tem o controle de todos os Kindergärten (seria o nosso jardim de infância) e babás (acreditem!), e tem um setor que produz e distribui todo o almoço e jantar destas escolinhas.

Por exemplo, no meu caso: quero uma escola para meu filho que terá 4 anos no próximo ano, então eu tenho que entrar no site da prefeitura de Dresden para fazer uma inscrição com dados meus, do meu esposo e do meu filho. E tudo isto tem que ser com uma antecedencia mínima de 6 meses, isto é, eu estou atrasada, eu já tinha que ter feito a solicitação em julho ou agosto.

Depois de feito o cadastro, tenho acesso ao mapa com a distribuição geográfica das escolas na cidade, podendo escolher 5 escolas e colocá-las em uma ordem de prioridade.

No caso de quem precisa de babá, porque o filho é ainda um bebezinho, ai tem que escolher além de uma escola ou berçário, uma babá, ai eu acho que deve ser mais complicado.

Eu não sei como é nas outras cidades da Alemanha, mas em Dresden é assim.  Estas escolas são publicas, e todos tem direitos, pois todos para morarem lá tem que cumprir seus deveres de cidadães ou moradores, pagando impostos e taxas, que são revertidas em serviços sociais. Isto me faz lembrar um país da América Latina: o Brasil, no sentido que assim deveria ser, escola ou creche publica de qualidade para todas as crianças (e haja creche, porque haja criança).