quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Superproteção não é bom?

A professora solicitou que eu conversasse com o meu filho, dizer que ele deve obedeçê-la, escutá-la, pois ele é muito travesso, e não à obedece na primeira ordem. As crianças alemãs da turma dele são bem mais obedientes, eu já vi.
A turminha dele iria fazer duas visitas: uma no centro da cidade e outra em uma importante gráfica. A professora estava preocupada, pois ela temia que ele não à obecesse no sinal de trânsito, ou nas ruas, correndo o risco de se perder, pois Dresden é turística e tem muita gente circulando na cidade.

Quando esta professora estava de férias, meu filho foi com outras turminhas, para outros passeios como atravessar uma ponte à pé, ou atravessar o rio de Elbe Ferries, e nenhum dos outos professores fizeram qualquer objeção ou uma mínima observação.

Photo by Galiceanu A. 2015
Eu perguntei se eu poderia ir junto, e ela permitiu. Assim eu fiz. Fui para duas excursões: um dia para o centro da cidade identificar onde estão os relógios e para explicar às crianças a importância de saber  as horas; outro dia para visitar a gráfica para conhecer como são impressos as revistas, painéis, folders.  

Foi divertido, a criançada inteligente, entendem rápido o que é colocado para eles como lição. Eu, por exemplo, ainda não havia percebido que tem relógio para todo lado, praticamente em todos os pontos de ônibus e trenzinhos. 

Entretanto, meu filho ainda não fala alemão. Ele aprendeu bastante frases do cotidiano no Kindergarten, mas não entende, por exemplo, as explicações do funcionário da gráfica, sobre o processo produtivo, e o pior é que nem eu entendi.

Eu fui tomada por um sentimento de culpa, por expor meu filho à esta situação desconfortável. Além de perceber que algumas crianças, aproveitavam, quando a professora estava longe, para agredir outras crianças menores. Outras crianças chamavam meu filho de "popo" e o empurravam (e nem vou traduzir porque é grosseiro). Eu estava lá, na frente deles e eles não se intimidaram. Cheguei em casa tão triste, e pensei até na possibilidade de tirar meu filho do Kindergarten.

Eu li no site da psicóloga Rosemeire Zago que a superproteção de um filho é caracterizado como um abuso emocional e tem consequências negativas, tais como dependencia e imaturidade emocional, baixa tolerância à frustração, passividade, depressão.
"A superproteção passa a mensagem de que a criança não é capaz de resolver as coisas por si mesma e que dependerá sempre dos pais para dar suporte e auxílio. Sendo assim, como poderá uma criança crescer e chegar a vida adulta, acreditando em si mesma? Nenhum comportamento que gera dependência poderá produzir confiança." Rosemeire Zago
Foi assim que eu tive "forças" para entregar meu filho mais uma vez no Kindergarten hoje.

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Nada sobre Alemanha, só sobre monstros

Desde que nos mudamos para o nosso apartamento aqui em Dresden, meu filho demonstrou ter alguns medos. Começou com o barulho da descarga, isto é, toda vez que à acionávamos, de onde quer que ele ouvia, ele se escondia. 
Um dia ele estava no quarto de brinquedo e o telefone celular do pai dele vibrou, ao receber uma mensagem e ele pulou e gritou de medo, desde então, ele próprio pega o telefone e coloca na cozinha.

Agora, até quando um de nós dois, pai ou mãe, abre a porta e entra no lugar que ele está brincando, seja sala ou quarto de brinquedos, por exemplo, ele também, sente uma ansiedade, medo, e esconde-se. Ele ainda não demonstrou sentir medo de ficar sozinho, menos mal, não é?

Enfim, eu estava "quebrando minha cabeça" para entender o que aconteceu com meu filho, o que há de diferente para ele ter mudado assim: teria sido um desenho animado que ele assistiu? será que é o apartamento não o agrada? será que é fase, da idade? o que será?

Encontrei no Facebook esse link  19 dicas úteis que todos os pais deveriam saber, e uma das dicas é fazer um "Spray contra Monstros". Deve ser antiga esta dica, mas para mim foi super nova, não conhecia. Fui fazer.

Encontrei uns monstrinhos simpáticos, os Welt der Buhbels, da loja Kik, uma loja tipo "1,99". Comprei uma caixa para meu filho prender os monstrinhos, um jogo americano e uma revista completamente cheia de monstros e  monster sticker. 

Photo by Galiceanu A. 2015
Meu filho e ajudou a confeccionar o "Spray contra Monstros". O bom era que tinha stickers de todo tipo de monstro (eu falei para ele que o splay era contra monstro de banheira, de lixeira, de telefone celular, de quarto de brinquedos, de descarga sanitária, de sala, de janela, de porta, máquina de lavar louças ou roupa, ..., de tudo). 
Eu achei muito fofo quando meu filho escolher um sticker do Doki, (um cachorrinho de desenho animado americano, super do bem, que ensina ciências, história e geografia para as crianças de uma forma bem lúdica). 

Talvez ele quis sentir a segurança emocional que sentia quanto estava no Brasil, na sua casa, com seus desenhos prediletos, na sua escola, com seu amigos, com os quais ele aprendeu a controlar suas emoções, seus medos, suas dúvidas, sua ansiedade de reencontrar sua mãe na saída da escola.

Photo by Galiceanu A. 2015
Ele me ajudou a "molhar", digo, "imunizar" a casa inteira contra os monstros. 

Achei este artigo super didático Como ajudar seu filho a enfrentar o medo no site Babycenter, onde encontrei alguns conselhos. No artigo fala sobre a naturalidade do medo na infância, que é fase, inclusive, fala da possibilidade de passarmos, mesmo sem querer, nossos medos para nossos filhos. Talvez eu tenha o influênciado, talvez não, pois faz parte do amadurecimento emocional.

Enfim, nós vamos tentar, pois não tem nada mais limitante e desconfortável que o medo.

domingo, 6 de setembro de 2015

Kindergarten - organizar brincando

A professora do meu filho me solicitou que eu comprasse um Schüleretui (Foto 1), que é uma espécie de estojo de lápis de cor, canetas, régua, borracha, bloquinho de anotação, e muito mais, ou muito menos, dependendo da marca e do preço é claro.

Photo 1 by Galiceanu A. 2015
O Schüleretui é um material escolar comum para as crianças que já estão na Schule, isto é, na escola, que é o equivalente ao primeiro ano, entretanto algumas educadoras do Kindergarten, gostam de introduzir no cotidiano das crianças com 5-6 anos, pois breve terão a "responsabilidade" do uso e cuidado com seu próprio material.

Como setembro é o mês das voltas as aulas aqui na Alemanha, quando eu fui procurar um desses para o meu filho, só encontrava o "resto do resto", àqueles cuja capa era com desenhos bem feios, cores escuras, sem graça, um horror. Havia uns mais ou menos bonitinhos, mas eram muito caros, perto de 50€ (R$ 150,00 dependendo do câmbio), e para completar a obra, estavam vazios.
Achei esse fofo em uma loja, de nome impronunciável: Pfennigpfeiffer, que a professora indicou.

A cultura alemã tem algo que me atrai: a organização. Esses estojozinho parece-te brincadeira? mas não é. Lembra-te estojos no Brasil, como são? um saco bem fundo, com um zipper bem longo, onde jogamos tudo juntos, emboloados, não é? fazemos isto desde crianças até a fase senil. 

A proposta é ter tudo no lugar, visível, para que quando você precisar de algo específico, não perder tempo, pegar, usar e colocar novamente no lugar. Ahh, se eu tivesse recebido esta educação ... 
Photo 2 by Galiceanu A. 2015
Quando vou nas lojas de departamento para casa, eu fico admirada com tantos recursos para colocar a casa em ordem, e é tudo muito barato, tem da cozinha ao banheiro, da garagem ao jardim, dos brinquedos das crianças ao closet dos pais. Até o lixo, tem que ser "organizado", tanto na separação e armazenamento, quanto na coleta, eu vou falar aqui sobre esse tema. Olha nessa oficina: até a pá e a vassorinha tem um lugar (Foto 2).
Você que é bagunceiro, regenere-se antes de pisar aqui na Alemanha, é só um conselho ;-)

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Nem tudo são espinhos ... Parte II

A Alemanha havia acabado dar a maior goleada da história no Brasil, ganhando a Copa do Mundo 2014, com os inesquecíveis 7 x 1.
" A Alemanha – uma equipe inteligentemente estruturada por Joachim Löw já há duas Copa – deu aula, colocou o Brasil na roda, tirou onda, ganhou olé. À seleção que trabalha, toda glória. À seleção que só vive de bater no peito e de gritar o Hino Nacional, toda a perdição." Thiago Nogueira @SUPER_FC
Eu ainda sentia muito, mas a vida continua, não é?
Na época, eu estava preparando a festa de aniversário do meu filho, com o tema aviões, por ser o tema mais adequado, devido o seu interesse pela aviação (conforme eu falei no texto Olha o avião).

Eu planejei dar como lembrança da festa de aniversário, os posteres de aviões, que eu havia pego nas minhas últimas viagens para Alemanha, no Aeroporto de Frankfurt. Estes posteres eram distribuidos gratuitamente e não sei de ainda são distribuídos. Todo mês, era uma foto de um avião, de uma compania aérea diferente (são fotografias de tirar o fôlego). 

Eu percebi que eu só tinha 16 posteres e ainda faltariam 14 posteres para completar 30 sacolinhas surpresas, que seriam distribuídas para as crianças convidadas. Então tive a idéia de entrar no website do setor responsável pela impressão e distribuição dos posteres escrevi um mail solicitando o número de posteres que faltavam, e eu me comprometia em pagar as despesas postais.

Recebi uma resposta em três dias, solicitando o meu endereço, indicando assim que minha solicitação seria atendida. Eu adoraria pular esta parte, mas vou ter que contar também: o meu endereço em Manaus é complicado, pois o nome da rua que moro mudou. Ai eu fiquei na dúvida, se colocava o nome atual, que contêm 4 palavras, ou o antigo, com uma única palavra. Coloquei o nome antigo, e "deu capim na palheta" (isto é, confundiu tudo).

Sabe quando as coisas não querem dar certo, mas você não aceita?

Demorou uns dois meses para eu ter coragem e escrever novamente, perguntando se houve algum problema. O representante do setor de comunicação do Aeroporto de Frankfurt respondeu-me que, enviou para um endereço cujo o código postal era outro, não era o mesmo que eu havia dado. Certamente ele fez uma pequisa com o nome da rua que eu dei, mas não era compatível com o código postal e ai, vocês já podem imaginhar ...

Eu havia ficado tão feliz com o sinal de OK dos alemães e eu estava esperando com tanta ansiedade pelos posteres, eu fiquei muito decepcionada com a situação e entristeci. Entretanto, eu não conseguia me conformar que eu não teria total de posteres para todas as crianças. Solicitei em julho os posteres, e já era meados de setembro e a festa seria em outubro, parecia não haver mais tempo.
Eu também não poderia abusar da sorte, tão pouco abusar da bondade dos alemães, eu não insisti mais. Porém, outro mail do setor de comunicação fez meu "coração pular de alegria". Ele estavam determinado a enviar os posteres para os amiguinhos do meu filho, pediram um endereço correto para o envio.
Photo by Galiceanu A. 2014
A caixa chegou, ainda era setembro, cheia de souvenirs personalizados de "Ja zu FRA" (FRA é o código do aeroporto de Frankfurt, assim como MAO é de Manaus) e os postes, é claro. Na mesma semana, o porteiro do meu condomínio disse que tinha outra caixa. Eu não podia acreditar: era a primeira que eles haviam enviado em julho, e os Correios finalmente entregaram. E faltando alguns dias para a festa, quando tudo estava preparado, chega um encomenda em forma de tubo cheinha de posteres, cada um mais lindo que o outro.

A decoração e as sacolas surpresas do Aniversário do nosso filho ficaram incrível, as crianças adoraram, inclusive as meninas, mesmo sendo um tema de menino, afinal elas também viajam, não é? Foi uma festa insquecível!!!
( Quer ver algumas fotos entra aqui? )


Nem tudo são espinhos, o povo alemão, na sua maioria, estão sempre me surpreendendo, com sua gentileza, altruísmo e simpatia.
Obrigada Alemanha por tudo, até pelos aposentados que me dão história para contar.

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

"Olha o avião ..."

Caríssimos, na próxima escrita que publicarei, vocês vão entender o porquê desta escrita:

Meu filho ama a aviação, os diferentes tipos aviões, as diferentes companias aéreas e os aeroportos. Ele demonstrou interesse desde cedo, pois eu mostrava para ele: "olha o avião ..." da varanda do nosso apartamento, toda vez um passava atravessando os céus. Era uma forma de fazer o tempo passar, pois eu ficava o dia inteiro com ele, bebezinho, dentro de casa (eu tinha Síndrome do Pânico, sabe?), e ele quase não dormia durante o dia. Lembrando agora, considero que era até divertido!!!

Quando meu filho estava com um aninho e meio de idade, viajamos de Manaus para Roma, Bologna, Bucarest, Basel e Frankfurt, em diferentes companias aéreas. Ele já gostava de aviões, e quando viu de perto, na sala de embarque do Aeroporto de Manaus, o avião pousando ele pulava de alegria. 

Photo by Galiceanu A. 2011
 Dá para imaginar que esse fofo não deu trabalho nenhum, nem nas salas de embarque, nem dentro dos aviões, pois ele à vontade, feliz. Na janela do avião "só dava ele". Quando já estávamos no quinto trecho da viagem ele exclamou "tuiuio", apontando para o avião. 

Naquela idade, meu filho não fala nenhuma palavra audível, além de mama (tradução = mamãe). Ele realmente demorou para começar a falar, as pessoas dizia que era porque ele não tinha contato como outras crianças. Demorou, mas falou, afinal cada criança tem seu tempo.
 
Na casa dos meus pais, tem um poster do avião Emirates Airline  (sobrevoando uma praia de Dubai) que eu colei no banheiro do quarto que era meu. Quando meu filho avistou este poster pela  primeira vez, ele ficou todo feliz e repetindo Emirates.

O poster sempre esteve lá, desde 2004, mas meu filho só constatou, quando ele já estava com quase dois anos de idade, depois de ter feito o pai dele comprar várias revistas de avião, cada sábado que íamos ao supermercado e claro depois das várias viagens de avião.

Eu e meu esposo alimentava a curiosidade dele, comprando aeromodelos (de plástico made in china, dos camelôs das ruas de Manaus), revistas de aviação comercial ou militar, além de colocar filminhos curtos no Youtube para ele comer tudinho, ao se destrair com os aviões. 

Estava consolidado o seu fascínio pela aviação!

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Nem tudo são espinhos ...

Nem tudo são flores  aqui na Alemanha, mas nem tudo são espinhos ...

Foi uma tarde de maio, nos primeiros dias de sol e calor depois de mês de frio, eu quis aproveitar, e saí para fazer uma "pesquisa de preços" de panelas, mas não era qualquer panela, era uma Le Creuset, afinal, o dia das mães já estava perto, não é?

Eu fui para o ponto do Straßenbahn perto de casa, mas eu teria que esperar pelo menos oito minutos, então decidi ir à pé, pelo menos até o outro ponto, onde eu teria outras opções.

Ao chegar no ponto, fui ler o mapinha que tem as informações dos trenzinhos e diferentes paradas, quando uma senhora muito idosa perguntou se eu precisava de ajuda e para onde eu queria ir. Eu respondei que estava tudo bem, obrigada, e falei que eu queria ir para a Haultstellen Prager Straße, mas ela insitiu em me explicar que Prager Straße na verdade é uma rua, e não uma parada de trem, e ai foi puxando assunto, sobre assunto, e eu que sou igual um rádio, comecei  conversar com ela.

Foi tão espontâneo, mas um pouco estranho, pois eu nunca espero muita simpatia do povo daqui, principalmente dos idoso, que parece terem horror à tantos estrangeiros em sua amada e orgulhosa terra natal. Lógico que é injusto generalizar, mas ..., a gente "cria calos".
Photo: de.fotolia.com

A conversa ficou tão boa que nós duas fomos à pé para uma sorveteria, e tomamos um sorvete que ela fez questão de pagar. Depois seguimos pela Prager Straße até o Karstadt. Caminhamos lentamente e conversávamos como velhas amigas. Ela não se deixou fotografar, e tão pouco respondeu se queria telefone ou contato meu, ela deixou claro que o que ela queria era companhia para aquela tarde. Foi tão agradável.

Ela foi comigo para a loja, vimos os preços e depois saimos para a bendita Haultstellen Prager Straße, e a "minha amiga" estava completamente cansada. Nos despedimos com uma carga de emoção inacreditável, pois havia em nosso adeus a dúvida de nunca mais nos encontrarmos novamente.

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Nem tudo são flores ...

Basta eu sair de casa aqui na Alemanha para eu ter uma história para contar.

Eu e meu filho estávamos nos dirigindo para o ponto de ônibus, para voltar para casa, quando uma senhora sexagenária que já estava no ponto, berrou para nós dois.

O ponto é bastante arborizado e com uma grama mal cuidada, e nós, eu e meu filho, caminhamos sobre a grama para escolher um lugar para sentar, pois estava muito quente e teriamos que esperar pelo menos uns sete minutos até o ônibus chegar. E foi por isto que aquela "senhora" mal humorado ficou aos berros, dizendo que não deveríamos pisar na grama, que deveriamos dar a volta

Respondendo ao tom de voz, eu desafiei a mulher com um  warum nicht? (traduzindo fica um simples por que não?, mas para um alemão idoso, xenofóbico e desequilibrado, é um tapa). Como eu dei o que a mulher queria (atenção), ela veio em minha direção e disse que não era o jardim da nossa casa, que eu deveria respeitar o espaço público do país que vivo (digam-me se não rolou um preconceito?). 

Eu estava com meu filho, havia acabado de pegar ele do Kindergarten, e nós dois estávamos flutuando de felicidade porque as professoras e até a Diretora estavam elegiando ele por ter ido vestido de Superman, fizeram até fotos com ele, sabe como? estavamos felizes. 


Eu respondi simplismente para ela que grama é grama em qualquer lugar do mundo, grama foi feita para pisar. Ela continuou nervosa, me dando lição de "moral" e insistindo que eu não tinha o direito de pisar lá. Ai eu me irritei e olhei no fundo dos olhos azuis dela e disse que: "eu não sou imigrante ilegal", foi a única coisa que me veio à cabeça, frente a insistência da mulher em dizer que nós não tinhamos o direito de pisa lá (como se quisesse dizer que não deveriamos estar na Alemanha). Eu nem precisei me mexer, ela saiu de perto de nós e eu fui finalmente sentar com meu filho na grama.

Nos espaços públicos, em Manaus, São Paulo, New York, Londres ou Dresden, as prefeituras escolhem, obviamente, grama resistênte ao pisoteio, sendo espécies rústicas, de fãcil manutenção. Logo, aqui na Alemanha não seria diferente.

E o dia em que coloquei meu filho para sentar em um banco que tem uma cruz (reservados para idoso, gestantes, deficientes), em um Straßenbahn, em Freiburg, sul da Alemanha? 

Eu sou uma pessoa consciente, e respeito as regras da sociedade, por educação e por altruísmo. Geralmente eu nunca sento nestes lugares, nem mesmo quando não tem ninguém que precise, mas neste dia eu fiz somente meu filho sentar porque haviam outras SETE cadeiras iguaizinhas desocupadas. 

Ai, entra um cara, não muito velho, com muletas, olhou e disse que queria sentar ali, onde meu filho estava sentado, ..., foi sulrreal. Eu não fiz objeção, tirei meu filho de lá e o coloquei em outra cadeira, também reservada, afinal tinha sete, né? Mas o cara não se conformou, e "rezou um terço" dizendo que o simbolo é internacional, e lalalá. Ave Maria! Que pessoas!!!

Eu fiquei mais nervosa com este cara, porque ele olhava para meu filho quando estava me moralizando. Eu respondi com muita raiva que os alemães são conhecidos internacionalmente também. Ai eu fiquei esperando a "muletada" na minha cabeça, mas não veio. O cara saiu no primeiro ponto, correndo somente uns três minutos, entre ele entrar, me esculhambar e sair.