terça-feira, 11 de agosto de 2015

Agosto - um mês espetacular

Eu cresci ouvindo que agosto é o mês do desgosto. Algumas noticias nos telejornais confirmavam isto, em alguns anos. E o dia 13 de agosto? e se fosse no ano de 2013?

Brasileiro de um modo geral é supersticioso, é cultural.

Eu sou católica, e aprendi nas aulas de Crisma que não devemos dar valor aos horóscopos e superstições. E eu segui a vida tentando evitar as superstições, pois os horóscopos eu nunca mais li, desde os 16 anos de idade.

Eu tentava ver com naturalidade o mês de agosto, mas não conseguia. Eu até construia uma fortaleza emocional no mês de julho, preparando-me para as possíveis tristezas que o mês traria.

Eu tenho um sobrinho que eu amo muito e o trato como se fosse meu filho. Ele nasceu no dia primeiro de agosto. E eu lamentei, pois eu havia rezado para que nascesse logo em julho, pelo menos no dia 31. Tanta ignorância.

Eu tenho um  irmão que tem aniversário no dia 17 de agosto, e eu pensava  com preocupação na vida dele, mais do que na vida dos outros quatro irmãos que tenho. Depois dos 40 anos, este meu irmão finalmente tornou-se pai, de dois meninos lindos, e os seus dois filhos nasceram em agosto, um no dia 13 e outro no dia 16.

Eu agora tinha mais duas vidas para me preocupar.

Eu casei a primeira vez, em uma cerimônia civil, no mês de março, na casa dos meu pais em Manaus, com a presença da juiza, que é amiga da família e nos deu este presente de casamento. 

Meu esposo é romeno, e portanto ortodoxo. Quando ele veio conversar comigo para marcar a cerimônia religiosa na Romênia falou logo no mês de agosto. Eu fiquei pálida, pois só a sugestão me dava pavor.

Eu argumentei que poderia ser em julho ou setembro, mas ele disse que era praticamente impossível, por vários motivos. Explicou que o mês ideal de casar na Romênia é agosto. Noivos lutam para conseguirem agendar nas igrejas e casa de festas, e lógico, nem todos conseguem, e vivem a frustração de não casar no mês especial.

Eu demorei tanto para casar (eu sonhei por isto desde os 12 anos de idade) que aceitei proposta e entreguei para Deus aquela situação tão desconfortável para mim.

Morávamos na Alemanha, no sul, e iríamos para Romênia de avião, isto se o trem não tivesse chegado atrasado no aeroporto. Foi uma situação totalmente incomum, tratando-se da Alemanha, que tem trens pontualíssimos (tipo que chega as 14:27h, exatamente). Os ferroviários entraram em grave justamente no dia da nossa viagem  (em agosto, percebe?).

O próximo vôo para Bucarest, nas empresas low cost naquele aeroporto, só depois de dois dias ou pagar muito caro nas empresas comuns. Então decidimos ir de trem (posso contar esta façanha em um outro artigo? prometo).  

Photo by Galiceanu V. ©  2008
Casamos no dia 16 de agosto de 2008, em um dia quente de verão europeu e uma chuvinha fina no final do dia, que os romenos acreditam que é sorte. A noite ocorreu um eclipse lunar parcial. Todos esses fenômenos da natureza tentando me dizer que agosto é um mês espetacular, que não havia nada de errado com o meu casamento ou com o mês de agosto.

(ih, o artigo ficou longo demais, vou ter que dividir, então, continua ...

Agosto - um mês espetacular - conclusão

Então, voltando ao foco, o mês de agosto aqui no Hemisfério Norte, em particular, na Europa, é um mês muito feliz, esperado, pois é pleno verão ("verão boreal", isto é, o solstício de verão, acontece cerca de 21 de junho e termina com o equinócio de outono, por volta de 23 de setembro).

O mês de sol, férias escolares, eventos festivos públicos, mês de viajar para praia ou montanhas, curtir a família, casar, um mês sensacional, fantástico, espetacular. Como poderia ser diferente?

Eu chamo de "fervo" as festas públicas ao ar livre daqui da Alemanha, promovidas pela prefeitura de Dresden ou por iniciativas privadas e ONGs. Chamo assim de fervo porque aqui parece tão morno, tão monótono, que quando eu vejo um "agito" eu acredito que algo "esquentou ou ferveu", mesmo que seja somente no meu coração.

Nas festas ao ar livre sempre bastante brinquedos e atividades para a criançada ser feliz. Os castelos pula-pula são os preferidos, mas tem tantos outros brinquedos e tão poucas crianças que a competição é quase inexistente.

Photo by Galiceanu V. ©  2008

Dresden promove, nos dias 14 a 16 de agosto: o CANALETTO - das Dresdner Stadtfest. Eu penso que seja o maior "fervo", isto é, a maior festa da Alemanha todos os tempos. Chega centenas de milhares de visitantes para uma programação diversificada de espetáculos musicais, gastronomia, atividades para toda a família (www.dresdner-stadtfest.com).

Enfim, foi necessário para mim, conhecer e vivenciar outra cultura, para ter outra perspectiva sobre o medo do mês de agosto.

Quebrar tabu é uma experiência libertadora, pois um tabu que eu absorvi voluntáriamente ao longo de minha vida, era algo que muitas vezes me causava sofrimento.

Viva o verão, viva o sol, viva agosto, viva a vida!

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Qual o programa de ensino do Kindergarten na Alemanha? - Parte I

Quando decidimos que voltaríamos para Alemanha, eu comecei a fazer uma pesquisa sobre como era o sistema educacional. Nosso filho estava com 3 anos e frequentava uma excelente creche em Manaus, e queríamos, obviamente que ele fosse para um creche tão boa quanto a creche no Brasil.

O primeiro texto que li foi de Célia Matheus, publicado no Tudo Alemão, uma plataforma online do Goethe-Institut. No texto encontrei a resposta para a nossa dúvida (minha e de meu esposo): colocar nosso filho na escola que fala inglês ou alemão. Na Alemanha é muito comum escolas internacionais, que lecionam, educam em diferentes idiomas. 

No texto, a autora diz que a melhor opção é uma escola oficial alemã, pois o filho dela ia ter que falar alemão de qualquer maneira para brincar com as crianças alemãs, e obviamente teria que entender as outras crianças. Com o nosso filho seria igual, então ficou decidido: alemão.

Continuando a pesquisa sobre o tema, encontrei o blog Cinquenta mil aventuras, que pertence justamente à Célia Matheus. Ela é uma imigrante portuguesa e escreveu vários textos em seu blog sobre o tema, contando as experiências, as frustrações, as conquistas diárias e a adaptação do seu filho de 5 anos no Kindergarten.

Depois de ter lido todos os textos do blog sobre o assunto, eu fiquei preocupada, pois eu ainda não estava medindo o tamanho dos desafios que enfrentaríamos, principalmente com relação às emoções que meu filho seria submetido. Dei graças a Deus por meu filho ter mais de 3 anos, pois é muito mais complicado para conseguir vagas.

No site da cidade, www.dresden.de, encontrei todas as informações da base educacional dos Kindergärten na Saxônia. Eu logo entendi que ele não teria aulas de alfabetização, pois está destinado às crianças a partir de 6-7 anos de idade.

O Plano Pedagógico, está disponível no mesmo site, em diferentes idiomas, o que me chamou atenção: idiomas latinos, eslavos, russo, turco, arabe, tcheco e até vietnamita. Eu já podia imaginar que meu filho estudaria com crinças de diferentes nacionalidades, e seria incrível e desafiador.

Photo by www.sachsen.de
A proposta de educação da Saxônia é basicamente centrada na idéia de <auto-educação>, onde as crianças tem a oportunidade de realizar suas próprias experiências sobre os fenômenos da natureza, cultura, religião e relacionamento social ao seu redor (www.bildung.sachsen.de). As crianças têm espaco livre, tempo e chances de brincar. Logicamente, sob os cuidados de professores capacitados à metodologia, os quais interferem minimamente nas ações do grupo de crianças que é responsável.
"A educação é entendida como um processo unitário e global, direcionado para o desenvolvimento integral da pessoa em suas diferentes formas de agir, pensar e entender. Assim, a educação é muito mais que <aprender>."

continua ... 

domingo, 9 de agosto de 2015

Qual o programa de ensino do Kindergarten na Alemanha? - Parte II

A foto que estou usando é do catálogo de brinquedos Playmobil, e mesmo tratando-se de um "brinquedo" eu pude perceber a concepção de educação dos Kindergärten da Alemanha.

Photo by Galiceanu A. C. ©  2015
Como é possível ver, não tem crianças em mesinhas fazendo tarefinhas, com livros de atividades, o que tem são crianças brincando em diferentes pontos, com uma professora por perto, mas todos estão brincando. E isto não é a hora do recreio, pois a hora do recreio é toda hora.

Vou tentar explicar a rotina do Kindergarten que meu filho frequenta: as crianças vão chegando a partir das 7h da manhã, e são recebidas pela equipe de professores na sala de refeições, onde tomarão o café da manhã.

Quando chegam no Kindergarten, os pais levam seus filhos para uma sala que poderíamos chamá-la em português de vestuário, onde as próprias crianças sentam-se e trocam primeiramente os sapatos por um chinelo confortável, do tipo do Crocs ou pantufas. As crianças tiram os sapatos, as jaquetas, luvas, cachecóis, gorros, tudo sozinhas e colocam nos seus cabides e escaninhos. E os pais? apenas assistem.

Na Alemanha, as pessoas costumam trocar os sapatos, assim que chegam da rua, por chinelos confortáveis e acima de tudo limpos. É um hábito que levaram para os seus locais de trabalho, pois na clinica pediátrica e dentária que levo meu filho os médicos, enfermeiros e zeladores usam esse Crocs.

Continuando, depois as crianças vão para o desjejum, com sua lancheira na mão. Na mesa tem chá, leite ou água para as crianças servirem-se  sozinhas. Ao terminar o desjejum, as crianças levantam da mesa e descartam o que não comeram, e colocam as louças sujas no carrinho.

E depois? as crianças ficam livres livres para decidir onde querem ficar: se é na sala de arte, de música, na biblioteca explorando os fantásticos livros, desenhar e pintar (sempre tem papel e muitos muitos e muitos lapis de cor) ou simplismente no colchões do repouso (podem ficar deitados ou dormir à vontade). Podem também brincar de pega-pega ou brincar com aqueles brinquedos educativos e de estímulos.

Depois das dez horas da manhã (as vezes antes, dependendo da estação do ano) todas as crianças e as professoras vão para jardim


Photo by Galiceanu A. C. ©  2015
O jardim dos Kindergärten, o Spielplatz (literalmente é praça de brincadeira, isto é, um parquinho), são enormes, cheios de brinquedos: balanços, cama elástica, trenzinhos de madeira, navios piratas gigantes, bicicletas, escorregadores, casa da árvore, casinhas com mesas e muito mais. Além do contato direto com a natureza, na horta e jardim de flores.

A lei é brincar.

Lembra do quê falei no artigo Na Alemanha criança brinca de verdade? Então, a idéia é essa.

Entretanto, além de se divertirem na sua primeira infância, as crianças são capacitadas para moldarem suas próprias vidas. As crianças são ensinadas a terem "responsabilidades" com seus pertences, desenvolvem a confiança em suas próprias habilidades e, assim, possuem um elevado grau de autonomia.

Então, qual o programa de ensino do Kindergarten na Alemanha? A resposta é nenhum, pelo menos quando trata-se de um programa de alfabetização. Eu gosto, aprovo, mas não recomendo para o Brasil.

A carta para a creche do Brasil - Parte I

Acredito que para continuar com este projeto (escrever neste Blog) eu preciso lhes dizer algo muito importante, para que nas próximas postagens eu possa contar as minhas histórias incluindo as verdadeiras emoções. Eu escrevi no final do ano passado uma carta para a creche onde meu filho estudou. 

Nós estávamos nos despedindo, pois estávamos de mudança para a Alemanha. E sabia que nesta próxima etapa da nossas vidas, teríamos melhor qualidade de vida, por causa dos esforços de uma instituição que inclui o bem estar de suas crianças, mesmo que o problema esteja na base familiar. Então, lá vai, mas é longa, um jornal:

Minha gratidão à Creche Escola Bebê Bombom!
“... porque todos aqueles que pedem recebem; aqueles que procuram acham; e a porta será aberta para quem bate.” (Matheus 7,8)
Eu não tinha mais argumentos para adiar o ingresso do meu filho em uma creche, pois ele já estava com três anos completos. Escolhemos a Bebê Bombom inicialmente pela tradição e fama, por sua estrutura física, que para mim é satisfatória do ponto de vista de segurança e controle, mas também a escolhemos por ser próxima de nossa casa.

Somente o meu esposo trabalha, e eu logicamente, fiquei com a responsabilidade de levar e buscar nosso filho na creche. Seria muito simples se eu não tivesse Síndrome do Pânico.

As aulas começaram no final de janeiro do ano passado (2014), e meu tormento também.

Eu estava há 10 anos com Sindrome do Pânico, sendo que, há oito anos não trabalho na minha profissão. Ainda tentei trabalhar com a sindrome, mas sem sucesso. Desde então abandonei a carreira, o doutorado no exterior, abandonei meus sonhos. 

Na primeira entrevista com a psicóloga, eu falei sobre o meu problema, no intuito descobrir se meu filho seria prejudicado por minhas limitações ou não. A resposta foi imediata, não para mim, mas voltada para meu esposo, como um apelo, disse que eu precisava de ajuda urgente, que ele deveria me levar à um psicólogo.

Ela discorreu sobre todos os possíveis problemas que seriam gerados, caso eu seguisse doente, sem tratamento, durante o desenvolvimento social, emocional e educacional do meu filho, deixou bem claro que se eu não tentasse ficar curada, eu estaria pondo em risco a qualidade de vida do meu filho, uma vez que eu não a tinha mais.

Google Image
 Quando casei eu estava com a Síndrome do Pânico, e não tinha mais esperanças de me curar, me acomodei com a privação de liberdade e de conquistas, nem mesmo minha família acreditava que eu ficaria curada, depois de tantos anos e tantas tentativas com diferentes terapeutas e terapias.

A psicóloga suscitou em mim algo que eu já não sentia à muito tempo: esperança. Ela me fez acreditar que eu merecia uma vida melhor, que eu poderia oferecer muito mais ao meu filho, inclusive retomar a minha vida profissional.

Foi com o coração tomado de esperança que iniciei minha busca e encontrei na internet informações de um psiquiatra de São Paulo (Dr.Luiz Delfino Mendes), autor do livro sobre o assunto e defensor de que é possível a cura sem o uso de psicotrópicos.

continua ...

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Os alemães são bonzinhos as vezes

Aqui na Alemanha, em especial Dresden, o transporte público é muito eficiente!

Exite uma frota de ônibus que compartilha com os Straßenbahnen (traduzindo fica straßen = rua e bahn = trem, que neste caso está no plural e acrescenta en), aqui não tem Metro, mas também não precisa, pois para os lugares mais distantes ou cidades da região metropolitana tem os trens regionais.

Photo by Galiceanu A. C. ©  2013
Então, houve um dia, que eu e meu esposo pegamos um Straßenbahn, depois que deixamos nosso filho no Kindergarten. Nós estávamos atrasados para um compromisso, e corremos para não perder o trenzinho.

Logo que entramos no Straßenbahn, encontramos dois lugares vazios (assim eu pensava, já explico), só que não era no mesmo banco, então meu esposo sentou no banco da esquerda, ao lado de uma senhora, e eu sentei no banco da direita do lado de um rapaz.

Eu achei meio apertado, me movimentei de tal modo que o rapaz "se tocar" que estava praticamente sentado no meu lugar. E o rapaz até se apertou um pouco mais, mas continuava apertado.

Photo by Wikimedia Commons
Eu me movimentei de novo e senti o meu ombro competir espaço com o ombro do rapaz. Achei que talvez aquele banco fosse diferente ou que o rapaz era um "folgado". 

Ai o rapaz me pediu licença, pois iria descer do Straßenbahn, e eu dei, lógico. Ele ficou em pé, ao lado do banco, esperando chegar a parada. Foi quando eu realizei que quem estava sentado em cima do outro era eu. 

Foi tão cômico, porque ele olhava para mim, eu para ele, o meu esposo para os dois. E quando eu comecei a pedir desculpar por não ter percebido que o lugar que ele estava sentado era para somente uma pessoa, ele nem deixou, sorriu e disse o tradicional kein problem. 

E eu já estava completamente envergonhada e querendo um buraco para me enfiar, pois havia outros passageiros que perceberam a cena e riram discretamente.

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Dresden, Lutero, as igrejas e minha ignorância

Eu sou católica, e já havia algumas semanas que não fui para missa, desde que cheguei na Alemanha, então resolvi ir na igreja mais próxima de casa. Havíamos poucas semanas que nos mudamos, e eu não conhecia quase nada da cidade.

Lukaskirche, foi a igreja escolhida, pois eu tinha a programação da Semana Santa. Fui na celebração da sexta-feira. Começou com a apresentação de um concerto de cordas, solene, melancólico, longo. Todos estavam sentados, imóveis, inclusive as poucas crianças que vi, então eu tentei copiá-los.

Houve uma pausa no concerto, e ai eu pensei que o padre iria para o altar, finalmente, mas quem apareceu foi uma senhora vestida elegante e formalmente (assim como todos naquela igreja). Ela fez a leitura da bíblia, pertinente ao dia celebrado, que também é muito longa. Voltou o concerto, agora com piano. A celebração parecia não ter fim, monótona, por um momento pensei que fossem crentes.

Porém, havia algo de errado, eu sentia isto, eu só não conseguia explicar para mim mesma. Eu já estava ali por mais de uma hora, me cansei, e sai.

No caminho para a casa fiquei pensando: " ... o nome da igreja é Lukaskirche, talvez é homenagem para São Lucas; havia uma cruz bem grande no altar principal; havia quadros com imagens de passagens bíblicas; crentes não reverenciam santos, tão pouco imagens, cruzes". Havia algo incomum no rito, algo que eu não sabia explicar, só sentir.

Chegando em casa, fiz algumas perguntas para o meu esposo, que é ortodoxo, no intuito de descobrir o que estava errado na celebração católica, da igreja católica, que eu havia ido.

A Alemanha não é uma novidade para mim, tão pouco o idioma, eu não tenho fluência, mas  vocês acreditam que eu consegui me confundir completamente com as igrejas aqui em Dresden. Digo Dresden, porque em Freiburg, cidade no sul da Alemanha, onde morei alguns anos atrás, era diferente, lá eu sabia exatamente quais eram as igrejas católicas e as poucas igrejas protestantes. 

Photo by Galiceanu A. C. ©  2013
Quando estivemos em 2013, aqui em Dresden, como turista, não andei em busca de missas, mas visitamos algumas igrejas, tiramos fotos e rezamos. Visitamos a Frauenkirche, a principal basílica barroca da cidade. Traduzindo literalmente para o português, frau é senhora, frauen é no plural, senhoras, e kirche é igreja, o que me fez pensar, erradamente, que seria uma igreja para Nossa Senhora a mãe de Jesus. Certo? richtig? não, errado, erradíssimo.

Conhece Martin Luther? O fundador da Reforma Protestante na Europa? Pois é, ele é daqui da Saxônia, de Eisleben, à 198 km de Dresden. Quando ele fez a reforma, ele era um monge agostiniano, e por isto a semelhança estrutural e decorativa das igrejas luteranas com as igrejas católicas.

Ai eu chego aqui no leste da Alemanha e as igrejas evangélicas são iguasizinhas as católicas. Fiquei completamente confusa.
  
Acontece que eu cresci no Brasil, cercada de evangélicos de diferentes denominações, mas com as mesmas convicções: nada de santos ou Maria Santíssima, nada de imagens ou cruz.

Então, constatei a minha total ignorância sobre a religião que sigo, sobre os fatos históricos de altíssima relevãncia que ocorreram, como exemplo a Reforma Protestante, bem como a história geral do mundo.  Ainda bem que tem remédio: ler.

Photo by Galiceanu A. C. ©  2013

Por favor não me perguntem como eu não vi essa estátua imensa do Martin Luther na frente da igreja e que eu mesma fotografei. Eu estava emocionada demais, um dia vou contar o porquê.

A história da Frauenkirche é espetacular: foi completamente destruída na segunda guerra, e depois os seus escombros viraram um memorial durante anos, até 2001. Um inglês, filho do General que jogou a bomba, "resolveu" reproduzir uma replica perto da perfeicão. O resultado é incrível, e a igreja recebe diariamente turistas para ver a reconstrução que durou 11 anos e custou muitos euros.