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segunda-feira, 24 de agosto de 2015

CANALETTO Dresden - Obrigada DVB

A empresa de Transporte Regional Público da cidade de Dresden, DVB - Dresdner Verkehrsbetriebe AG, esteve presente no CANALETTO na Postplatz, e disponibilizou várias atrações para as crianças.

Tinha um "castelo pula-pula" em formato de uma "locomotiva", bem grande, com escurregador bem alto, três bonecos dentro, para as crianças além de pular, aguarrar os bonecos (e até socar, como muitos estavam fazendo). Era super divertido, eu estava com muita vontade de entrar lá dentro, para pular e escorregar também (risos).


O palhaço era um fofo, cantava e dançava, mesmo quando havia somente umas 4 ou 5 crianças para acompanhá-lo. Ele contava algumas histórias engraçadas, e as crianças rolavam de tanto ri, e eu tentava ri também, mas eu não entendia bem a idéia.

Havia uns carrinhos para as crinças menores de 3 anos brincarem em uma cidade de brincadeirinha, com faixa de pedestre e placas de sinalização. É uma excelente idéia para ensinar a criançada algumas regras de transito, da forma que elas mais gostam: brincando.

O meu filho já é bem grandinho, mas ele pulou em um desses veículos vermelho e só desistiu quando chegou um bebezinho chorando por um.


Também não posso deixar de citar a barraquinha da "Arte com macarrão". Havia quilos e mais quilos de macarrão cru, em diferentes formatos, com furinhos pequenos na ponta para favorecer a fabricação de colares e pulseiras, bem como  outros projetos craft. Eu simplismente amei.

Posso parecer-lhe uma "índia" que acabou de sair da floresta e nunca viu nada, deslumbrada com tudo que vejo aqui na Alemanha, mas é verdade, eu estou encantada com o que eu vi e aprendi.

Fiz uma busca no Pinterest e encontrei dois sites super legais, o Mollymoocrafts.com e o Hellowonderful.co, que contém alguns exemplos de projetos para fazer arte com macarrão. 

Photo by Galiceanu A. 2015

Eu e meu esposo sentamos e pintamos alguns macarrões para ajudar no projeto do nosso filho, que não sabiamos o que ele queria fazer.


Então, ao terminar me ofereceu um colar bem coloridinho feito de macarrão farfalle, com um pingente de um macarrão gigante em forma de concha escrito dentro TAM (a empresa aérea que ele ama desde muito pequeninhinho, por ter a cor vermelha na logo).

No Facebook deste blog eu coloquei outras fotos, que ilustra o que eu estou descrevendo.

domingo, 23 de agosto de 2015

CANALETTO Dresden - LEGO e as igrejas

Photo by Galiceanu A. 2012
O primeiro LEGO do meu filho foram da linha Duplo, os quais ele utilizava para construir aviões. O tempo passou e as idéias foram se modificando. Atualmente meu filho pega qualquer peça de Lego ou similar e constroi igrejas.

Photo by Galiceanu A. 2013
Os stands do Lego estavam sempre cheios de pais e filhos, mas nós sempre conseguiamos uma mesa para as montagens. No stand do Lego Duplo, encontramos uma mesa todinha para nós, não havia naquele momento outras crianças. Meu filho aproveitou para fazer uma de suas obras prima, a Basilica di San Petronio, que é uma basílica localizada na cidade de Bologna, no norte da Itália, cidade que visitamos recentemente.
Photo by Galiceanu A. 2015
Photo by www.foliamagazine.it

Photo by Galiceanu A. 2015

Estivemos em Freiburg em meado de junho deste ano e visitamos a Catedral Münster de Freiburg, Meu filho observou algo que eu nunca havia percebido em minhas várias visitas à esta igreja: lá tem cinco órgãos e com pelo menos dois manuais e uma pedaleira (que podiamos ver). Assistimos a missa celebrada pela manhã, onde todos os órgãos estavam tocando e eu pude constatar que realmente há cinco.

Fomos jantar  no restaurante Hausbrauerei Feierling, um lugar super indicado, pois além de ter o chop de fabricação própria, boa comida, tem brinquedinhos para as crianças se distraírem enquanto os pais "tomam uma" (ou mais). 





E olha o que meu filho se dedicou a construir. Até o órgão ele fez!!!

sábado, 22 de agosto de 2015

CANALETTO Dresden - Lego Ninjago

Na programação do "fervoCANALETTO  tinha os stands do LEGO NinjagoDuplo e Friends.
Photo by Galiceanu A. 2015
Ao chegar as crianças eram recebidas com o primeiro gift: um chaveiro personalizado para colocar um crachá. A moça logo perguntou diretamente para meu filho o nome dele e ele obviamente respondeu: Superman, e muito simpática, ela sorriu e escreveu exatamente o que ele falou, e eu completei com o nome dele (falando baixinho).

Photo by Galiceanu A. 2015
As crianças tinham que cumprir algumas "tarefas", tais como: construir algo sozinho, depois em equipe com outra criança, para receber um carimbo que significava que a tarefa foi cumprida. Porém acredito que isso é para crinças com mais de 6-7 anos, porque havia outras crianças da idade do David que também não cumpriram tarefas, apenas contruiram o que foi possível, com as peças que tinham, para dar formas à sua imaginação.

Photo by Galiceanu A. 2015










O mais interessante de tudo isso é a disponibilidade destes brinquedo, assim, ao ar livre, sem seguraças, sem funcionários ou câmeras, para imperdir que por exemplo alguém tente roubar, afinal o LEGO é caro em qualquer lugar do mundo, inclusíve aqui na Alemanha.

Simplismente todas as crianças brincam, competem por peças, choram para não sair da mesa de montagem, mas provavelmente nenhuma criança rouba peças. Nem seus pais, eu acredito.

Eu me permito pensar no Brasil, nestas horas, e desejar que seja assim o nosso país, com crianças educadas, pais conscientes, empresas confiantes ao oferecer um serviço desses gratis.

Enfim, eu sonhei por um Brasil melhor, um Brasil mais alemão.


CANALETTO Dresden - o meu melhor arraial

Quando eu tinha entre 13 a 17 anos esperava ansiosamente pelos arraiais (festas juninas, julhinas e agostinhas, rsss) das igrejas do bairro eu que morava e bairros adjacentes. O Arraial da Paróquia de São Raimundo Nonato é o último do ano, no dia 31 de agosto.

Conforme eu explico no texto Agosto um mês espetacular - conclusão, eu chamo de "fervo" as festas públicas, tipo os arraias.

Eu simplismente adorava os arraiais, eram as únicas festas que participava, pois naquele tempo eu não ia ao cinema ou teatro, discotecas ou shoppings (nem tinha um para fazer remédio).

No arraial eu andava de um lado para outro, em busca se um amor. Rolava muita paquera e ninguém tinha telefone celular ou Facebook para as coisas aconterecem. Eu também andava para olhar (e só olhar mesmo, por falta de recursos finaceiros) as barraquinhas de jogos, doces, churrascos, acessórios, e muito mais. Houve um ano que o Banda Carrapicho tocou ao vivo de graça para todos no arraial de Paróquia de São Raimundo Nonato, foi inesquecível. Foi o primeiro concerto que eu assitia ao vivo.
Photo by www.dresdner-stadtfest CANALETTO 2013

Nos dias 14 a 16 de agosto, ocorreu aqui em Dresden, o maior e melhor de todos "arraiais" que já participei em minha vida: CANALETTO. A verdade é que foi uma festa ao ar livre, em 18 diferentes pontos desta linda cidade, com diferentes tipos de progamação, para diferentes públicos. Havia palcos com apresentações regulares de concertos de música Clássica ou Rock, Jazz ou Samba. O "fervo" era dia inteiro, e só terminava as 23 horas ou mais dependendo do lugar.

E lógico, fomos para as programações de músicos brasileiros e para apresentação da Bateria Samba Universo. Nem mesmo em Manaus eu tinha a oportunidade de assistir um ensaio de escola de samba, eu não perderia aqui, por nada. E valeu muito a pena.

Nós andavamos de um lado para o outro, em busca dos diferentes stands de empresas, que ofereciam pequenos gifts se cumprissemos algumas tarefinhas (jogos). Amor eu já tenho, Graças a Deus.

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

A letra eszett para meu filho

Eu estava lavando uma "montanha" de louças originadas da preguicinha de domingo, somada a falta de tempo de segunda-feira, durante o dia, quando meu filho disse que havia perdido o ß (eszett) e o que estava aparecendo era o Mouseketools. Eu havia deixado ele ficar digitando no meu computador.

Eu confesso que fiquei confusa, afinal do que meu filho estava falando?

As louças estavam gritando na minha frente, e as horas se passando, já era quase hora do jantar, eu precisava terminar. Porém, meu filho insistia em dizer que só aparecia o Mouseketools e não o ß. Como ele insistiu, eu tive que largar tudo e ver o que ele estava falando.

Quem tem filho com menos de 10 anos deve conhecer o desenho animado Micky Mouse Clubhouse, esse Mouseketools aparecia nele. Os Mouseketools são instrumentos distribuídos pelo Toodles para o Mickey e os seus amigos. Esse Toodles é um dispositivo mágico, uma extensão do computador do Mickey. Conseguiu entender? 

Meu filho assiste esta série desde 1 ano de idade. Eu ganhei de um colega a cópia do DVD do episódio Mickey Saves Santa que tinha o áudio e legenda somente em inglês e espanhol. Como meu filho já assistia Baby Einstein em inglês eu optei por exibir em inglês também. Ele simplismente adorava, mesmo sendo tão bebezinho. Comprei outros DVD da série e ele (e eu) seguiu assistindo até os 4 anos, quando começou assistir outras séries na TV.
O que aconteceu era que meu filho estava digitando Meißen, conforme ele viu as letras no seu "ônibus de papel". Como ele havia digitado ICE com letras maiúsculas, o teclado do meu laptop , que é em alemão, configura todos os dígitos "caixa alta". Na tecla do ß, fica o ponto de interrogação [ ? ]. Logo, o o Mouseketools para meu filho, na verdade é ponto de interrogação.

Educar um filho com mais de um idioma tem suas vantagens, mas é necessário um cuidado extremo para não confundí-los, ou mesmo confundir-se a si próprio. 

O tschüs dos alemaes

Photo by Galiceanu A. C. ©  2015
Aqui em Dresden tem um parque que amo muito, o  Großer Garten

Desde a primeira vez que vim em Dresden, na primavera de 2013, eu me o amei, por seus 147 hectares de paisagem de jardins, por suas exuberantes coníferas, majestosas folhosas, o Castelo Barroco, o Lago e o passeio de trenzinhos ao logo de sua extensão.

Os trenzinhos do Großer Garten nos convida a voltar a nossa infância e são um convite a imaginação. E eu não estou exagerando. Sabe que tem a Estação Central (Hauptbahnhof)? Tem até estações menores, como se fossem estações de pequenas cidades. Sabe que tem até os controladores de passagens? são crianças vestidos com farda, chapéu e aquele aparelho que fura as passagens quando está tudo certo.

Photo by Galiceanu A. C. ©  2013
Neste ano, no início de maio, quando começou a fazer dias mais quentes, nós fomos para lá, para o Großer GartenFomos fazer piquenique, como eu havia sonhado, durante os 2 anos de espera, até chegar aqui. Nós sentamos debaixo de uma árvore Eichen, que fica ao lado do trilho do trenzinho, para vê-lo, curtí-lo e até dar "tchauzinhos".

Opaaaaaaaaaaaa, dar "tchau" já era demais, né Ana Célia!!! mas não foi ...

Quando passou o primeiro trem, o meu filho começou a acenar com as mãos, e alguém no trem respondeu, ai eu fiquei agradecida de acenei também, então outras pessoas deste tem também nos deram tchau. 

Depois, passou outro trem, e nós duvidamos que aconteceria de novo, tanta simpatia, de pessoas desconhecidas nos saudar. Nós nos surpreendemos mais uma vez, porque foi o que aconteceu. Eu e meu filho mal podíamos esperar passar outro trem e mais outro, e outro.

São crianças, senhoras, senhores, idosos, entre os que correspondem aos nossos acenos. Claro que não são todos, são alguns, mas somam um número são representativos. 

Desde então, nosso "esporte" predileto é dar "tchau" para os passageiros dos trenzinhos que passam ao lado da "nossa" árvore. 








sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Transporte público tem que ser para todos

Eu já havia contado esta história no meu Facebook! E gerou um modesto debate.

Um dia eu fui buscar meu filho no Kindergarten e peguei o ônibus que passa perto de lá. Na segunda parada, entrou no ônibus, a Diretora do Kindergarten.

Photo taken by Burts
O Diretor do instituto de pesquisa que eu frequentei no Sul da Alemanha um dia quase me atropelou, ele desviou bruscamente para não me tocar, e ele quase caiu da sua bicicleta. Ele já era um senhor de meia idade, mas estava ali, firme e forte,  e sem um centímetro de "barriga quebrada" sobre a calça.

E o diretor do departamento do meu esposo, aqui em Dresden, também chega de bicicleta, ele é mais jovem e eventualmente chega no seu BMW.

Honestamente eu fiquei muito impressionada, Eu não poderia imaginar isso acontecendo em Manaus, nem pelo transporte público deficitário, nem pelo padrão de "status" mantido por muitos brasileiros, à todo custo,

Logicamente que eu não estou generalizando, eu não julgo que todas as pessoas que ocupam cargo de destaque no Amazonas ou no Brasil como um todo, sejam arrogantes e exibicionistas. Entretanto, sabe-se que no Brasil existe uma cultura de (ou falta de cultura) ostentação e cobrança da exibição de sua mudança de condição social e finaceira.

Todos nós sabemos dos problemas de segurança pública do Brasil, da manutenção de ruas e estradas, problemas de transportes públicos, e que seria injusto fazer uma comparação com qualquer outro país, Porém, tudo é uma questão de iniciativas, como o exemplo de Curitiba, cidade que eu amo muito (estudei lá alguns anos). 

O Transporte urbano em Curitiba tem características inovadoras e tem sido considerado um dos pioneiro em modernização e reestruturação do sistema de transporte urbano no Brasil (https://pt.wikipedia.org/wiki/). Curitiba implantou em 1974 (vejam que não foi ontem) o "Sistema Expresso", criando ruas exclusivas para a circulação de ônibus. Ao longo dos anos o transporte público foi aprimorado, criando ciclovias, para favorecer o uso de bicicletas, entre outros benefícios que atinge diretamente na qualidade de vida dos habitantes de Curitiba e Região Metropolitana.

Então, todos nós, eleitores e governantes, sabemos com pode melhorar, sem perder mais tempo em fazer críticas pesadas, sarcásticas e muitas vezes inúteis.

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Quando chega a primavera - Parte II

Diga-me se é possível falar da chegada da primavera sem falar delas, as flores?

Photo by Galiceanu A. C. ©  2013
Na fotografia estávamos no jardim do Schloss Pillnitz (mais uma palavrinha em alemão para você, que não conhece, aprender: Schloss é castelo), cercados  de Azáleas de diferentes cores.

Eu fiz tantas fotos das Azáleas, tulipas, rosas, nesta visita, que tenho que publicá-las. Eu devo colocá-las nos próximos dias na minha conta do Pinterest.


Os arbustos estavam completamente tomados de cachos de flores, em cores incríveis, que parecia que estávamos em um sonho, por ser tão lindas.

Fizemos a fotografia na primavera de 2013, quando estivemos em Dresden pela primeira vez. Neste mesmo ano, em 02 de junho, houve uma inundação surpreendente. O Rio Elbe transbordou cerca de 9 metros, atingindo o alerta de nível 4. O Terrassenufer (importante ponto turístico as margens do Rio Elbe) foi até bloqueado.

Nesta primavera fomos visitar novamente o jardim deste castelo, mas para nossa surpresa, não havia a mesma paisagem florida do ano de 2013. Havia flores, mas muito muito menos. Talvez ocorreu alguma alteração no solo, nas plantas em geral, depois de ter sofrido a sobreposição hidrica.

Achei esse vídeo espetacular, feito em junho de 2013, do Rio Elbe transbordado sobre Dresden.


Na primavera inicia-se também a temporada de festas e expetáculos públicos, que segue até o final do verão (falo mais aqui destas festas).

O primeiro "fervo" que fomos neste ano, foi o festejo de 01 de maio - dia do trabalhador - o tradicional Festival da Primavera, Tinha brinquedos para as criança, barracas com comidas e cervejas típicas da região, artesanatos, espetáculos musicais e de dança e muito mais, nós adoramos. Outro dia, no finalzinho de maio, nós três encontramos outro "fervo" promovido pelo SOS Kinderdörfer na Dr.-Külz-RingStraße.

E a primavera se foi dando lugar ao verão, mas as flores ainda estão por todos os lados.

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Quando foi preciso confiar

Meu filho chorou o ano inteiro para não ir à creche no Brasil. Aqui não está sendo diferente, mesmo ele sendo mais velho, mesmo que na creche ele só brinca o dia inteiro (já falei um pouco sobre isso aqui), mesmo que ele tem total liberdade de escolher o que vai fazer, em que sala vai ficar, nem assim ele desiste de chorar e pedir para não ir para a creche.

Além de todas essas vantagens, as crianças dos Kindergärten fazem visitas aos museus, exposições públicas, pontos turísticos e históricos da cidade. Todos vão de transporte público: Straßenbahn ou ônibus, trens regionais ou Elbfähren (ferry em inglês - tipo as balsa que atravessa os rios do Amazonas, mas bem pequena, proporcional a largura do rio Elbe).

As visitas feitas pelos Kinder, são uma outra forma de educar, ensiná-los como devem se comportar em um transporte público, respeitando o espaço dos outros, ceder lugar nas cadeiras para pessoas idosas ou senhoras grávidas. Aprender que não se deve falar alto dentro dos transportes coletivos e locais fechados, aprender que deve sempre pagar as passagens (como assim? depois eu explico sobre as passagens).

A turma do meu filho já visitou o museu que ele mais ama - Verkehrsmuseum - o museu da história dos transportes, onde logicamente tem aviões e trens, percebe? e o dia que eles foram dar uma voltinha de Standseilbahn? E meu filho andou de Elbfähren!!! Tantas emoções, aprendendo a viver, confiar em si mesmo, ao lado dos colegas e professores, e sem a presença dos pais, sem entender muito bem o que todos estão falando.

E mesmo com todas essas vantagens, é comigo que ele quer ficar, em casa, porque aqui é o pequeno universo dele, com seus brinquedos e livros, seus filmes prediletos, suas músicas, sua mamãe. 

Assisti esse vídeo do Mini Superman e lembrei dos primeiros dias do David no Kindergarten aqui na Alemanha, foi tão igual o que aconteceu com ele, que eu tive que incluí-lo aqui.

Meu filho tem, mas não usou sua fantasia de Superman, pois ainda era inverno e ele também não saberia tirá-la para ir ao banheiro. David e eu pensamos nisto, foi o pai, que tem mais juizo, que não achou ser uma boa ideia.

Ele usava somente o gorro do Superman e sua foto 3 x 4, vestido de Superman esta no vestuário, no banheiro, na sua pasta de documentos do Kindergarten, por todo lado.



Devido o meu filho ser a única criança que não falava alemão, as outras crianças foram orientadas para ajudá-lo (e todos são muito fofos com ele).

Assim como no Brasil, não é permitido trazer brinquedos de casa, porém aqui não pode nenhum dia da semana, como é comum no Brasil. Então nós combinamos com ele que ele poderia levar o brinquedo com ele durante o caminho da escola, e ao chegar, colocar o brinquedo na mochila. Combinamos que o seu aviãozinho estaria lá, sempre que ele precisasse, para sentir como se estivesse em casa.

Quando o amor de mãe não foi suficiente

O meu filho foi para a creche no Brasil somente com 3 anos e 8 meses, isto é, com praticamente 4 anos. Eu e meu esposo até "ensaiamos" colocar ele dos 3 anos na creche, fomos um ano antes obter informações, mas devido ao meu problema com Síndrome do Pânico (falo sobre esse assinto aqui: A carta para creche do brasil - Parte I ) tivemos que adiar este plano. Parecia impraticável, eu não saia nem do condomínio que morava, quanto mais levar o filho para escola.

Eu cuidei do meu filho diretamente desde que nasceu e compartilhei esta tarefa somente com meu esposo. Nós compramos livros, CD, DVD e brinquedinhos conforme a fase de desenvolvimento que ele se encontrava. Um dia eu conto sobre esta fase de vida do nosso filho.

Nós cantávamos, cantávamos e cantávamos. Eu aprendi as 96 músicas da Coleção de clipes musicais do Cocoricó, e outras tantas do Patati PatatáGalinha pintadinha e a Palavra cantada, que na verdade ele começou a gostar mesmo somente depois dos 3 anos.

Assistíamos juntos os fantásticos vídeos da Coleção Baby Einstein com 12 DVD (vendido somente na Livraria Saraiva). David tinha 7 meses quando nós colocamos estes vídeos para ele. Tinhamos também alguns livrinhos da mesma coleção, o que reforçava o entendimento. O tema que ele mais gostou foi o Baby Galileo - descobrindo-o-céu, ele "pedia" para repetir, repetir e repetir. Eu até tentava colocar outro, mas ele conhecia a musiquinha do início, e protestava com choro para eu mudar. 

Talvez, foi daí que suscitou a paixão que ele tem por tudo que voa, insetos ou pássaros, aviões ou foguetes, por tudo que está lá no céu, lua ou sol, estrelas ou planetas. Assistindo os vídeos ele aprendeu a falar algumas palavras. A primeira palavra que aprendeu em inglês foi "star", depois "moon", depois "shine", porque afinal, estrelas brilham, não é?

Um dia, quando eu estendia roupas na varanda, ele me surpreendeu ao olhar para o céu, apontar e dizer "clouds", falou bem explicado, como todas as pouquíssimas palavras em português que ele sabia falar. Ele demorou muito para falar uma frase completa, mas eu nem me aflingi, busquei informações e vi que não havia nada de errado, e eu estava certa, hoje ele fala como um rádio (risos).
Nós dois nos divertíamos muito, eu sempre brincava com ele, pintávamos aviões gigantes, estrelas, lua, sol e planetas, em folhas 200 gramas ou nas paredes de casa.  Entende agora os interesses dele por planetas? Quando ele completou 3 anos eu fiz, literalmente, a decoração da festa de aniversário. O tema foi o Sistema Solar, mas isso eu vou falar e mostrar depois.

Photo by Galiceanu A. C. © 2012
Nós fazíamos bolinhas de sabão no banho ou na varanda todos os dias. Marionetes de dedinhos? sim, era sempre a mesma história, pois eram marionetes de natal. Tínhamos livros sonoros, os quais o faziam ri. Estávamos sempre juntos durante o dia!!! Até mesmo quando eu precisava cozinhar eu o integrava na tarefa, de modo seguro, é lógico, ele me ajudava a fazer bolo e suco de laranja no espremedor, colocava os legumes cortados na panela, e até se divertia muito quando eu dizia que "meu arroz estava queimando", interpretando um comicamente uma cozinheira maluquinha (as vezes nem era o arroz, mas como ele se divertiu tanto eu repetia a frase).

Eu fiz de um tudo para que meu filho não sentisse os impactos da privação de liberdade, minha e dele, imposta por minha situação psicológica. Porém, não era suficiente, ele precisava se relacionar com outras crianças da idade dele, precisava brincar ao ar livre, precisava ir para creche.

terça-feira, 11 de agosto de 2015

Agosto - um mês espetacular

Eu cresci ouvindo que agosto é o mês do desgosto. Algumas noticias nos telejornais confirmavam isto, em alguns anos. E o dia 13 de agosto? e se fosse no ano de 2013?

Brasileiro de um modo geral é supersticioso, é cultural.

Eu sou católica, e aprendi nas aulas de Crisma que não devemos dar valor aos horóscopos e superstições. E eu segui a vida tentando evitar as superstições, pois os horóscopos eu nunca mais li, desde os 16 anos de idade.

Eu tentava ver com naturalidade o mês de agosto, mas não conseguia. Eu até construia uma fortaleza emocional no mês de julho, preparando-me para as possíveis tristezas que o mês traria.

Eu tenho um sobrinho que eu amo muito e o trato como se fosse meu filho. Ele nasceu no dia primeiro de agosto. E eu lamentei, pois eu havia rezado para que nascesse logo em julho, pelo menos no dia 31. Tanta ignorância.

Eu tenho um  irmão que tem aniversário no dia 17 de agosto, e eu pensava  com preocupação na vida dele, mais do que na vida dos outros quatro irmãos que tenho. Depois dos 40 anos, este meu irmão finalmente tornou-se pai, de dois meninos lindos, e os seus dois filhos nasceram em agosto, um no dia 13 e outro no dia 16.

Eu agora tinha mais duas vidas para me preocupar.

Eu casei a primeira vez, em uma cerimônia civil, no mês de março, na casa dos meu pais em Manaus, com a presença da juiza, que é amiga da família e nos deu este presente de casamento. 

Meu esposo é romeno, e portanto ortodoxo. Quando ele veio conversar comigo para marcar a cerimônia religiosa na Romênia falou logo no mês de agosto. Eu fiquei pálida, pois só a sugestão me dava pavor.

Eu argumentei que poderia ser em julho ou setembro, mas ele disse que era praticamente impossível, por vários motivos. Explicou que o mês ideal de casar na Romênia é agosto. Noivos lutam para conseguirem agendar nas igrejas e casa de festas, e lógico, nem todos conseguem, e vivem a frustração de não casar no mês especial.

Eu demorei tanto para casar (eu sonhei por isto desde os 12 anos de idade) que aceitei proposta e entreguei para Deus aquela situação tão desconfortável para mim.

Morávamos na Alemanha, no sul, e iríamos para Romênia de avião, isto se o trem não tivesse chegado atrasado no aeroporto. Foi uma situação totalmente incomum, tratando-se da Alemanha, que tem trens pontualíssimos (tipo que chega as 14:27h, exatamente). Os ferroviários entraram em grave justamente no dia da nossa viagem  (em agosto, percebe?).

O próximo vôo para Bucarest, nas empresas low cost naquele aeroporto, só depois de dois dias ou pagar muito caro nas empresas comuns. Então decidimos ir de trem (posso contar esta façanha em um outro artigo? prometo).  

Photo by Galiceanu V. ©  2008
Casamos no dia 16 de agosto de 2008, em um dia quente de verão europeu e uma chuvinha fina no final do dia, que os romenos acreditam que é sorte. A noite ocorreu um eclipse lunar parcial. Todos esses fenômenos da natureza tentando me dizer que agosto é um mês espetacular, que não havia nada de errado com o meu casamento ou com o mês de agosto.

(ih, o artigo ficou longo demais, vou ter que dividir, então, continua ...

Agosto - um mês espetacular - conclusão

Então, voltando ao foco, o mês de agosto aqui no Hemisfério Norte, em particular, na Europa, é um mês muito feliz, esperado, pois é pleno verão ("verão boreal", isto é, o solstício de verão, acontece cerca de 21 de junho e termina com o equinócio de outono, por volta de 23 de setembro).

O mês de sol, férias escolares, eventos festivos públicos, mês de viajar para praia ou montanhas, curtir a família, casar, um mês sensacional, fantástico, espetacular. Como poderia ser diferente?

Eu chamo de "fervo" as festas públicas ao ar livre daqui da Alemanha, promovidas pela prefeitura de Dresden ou por iniciativas privadas e ONGs. Chamo assim de fervo porque aqui parece tão morno, tão monótono, que quando eu vejo um "agito" eu acredito que algo "esquentou ou ferveu", mesmo que seja somente no meu coração.

Nas festas ao ar livre sempre bastante brinquedos e atividades para a criançada ser feliz. Os castelos pula-pula são os preferidos, mas tem tantos outros brinquedos e tão poucas crianças que a competição é quase inexistente.

Photo by Galiceanu V. ©  2008

Dresden promove, nos dias 14 a 16 de agosto: o CANALETTO - das Dresdner Stadtfest. Eu penso que seja o maior "fervo", isto é, a maior festa da Alemanha todos os tempos. Chega centenas de milhares de visitantes para uma programação diversificada de espetáculos musicais, gastronomia, atividades para toda a família (www.dresdner-stadtfest.com).

Enfim, foi necessário para mim, conhecer e vivenciar outra cultura, para ter outra perspectiva sobre o medo do mês de agosto.

Quebrar tabu é uma experiência libertadora, pois um tabu que eu absorvi voluntáriamente ao longo de minha vida, era algo que muitas vezes me causava sofrimento.

Viva o verão, viva o sol, viva agosto, viva a vida!

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Qual o programa de ensino do Kindergarten na Alemanha? - Parte I

Quando decidimos que voltaríamos para Alemanha, eu comecei a fazer uma pesquisa sobre como era o sistema educacional. Nosso filho estava com 3 anos e frequentava uma excelente creche em Manaus, e queríamos, obviamente que ele fosse para um creche tão boa quanto a creche no Brasil.

O primeiro texto que li foi de Célia Matheus, publicado no Tudo Alemão, uma plataforma online do Goethe-Institut. No texto encontrei a resposta para a nossa dúvida (minha e de meu esposo): colocar nosso filho na escola que fala inglês ou alemão. Na Alemanha é muito comum escolas internacionais, que lecionam, educam em diferentes idiomas. 

No texto, a autora diz que a melhor opção é uma escola oficial alemã, pois o filho dela ia ter que falar alemão de qualquer maneira para brincar com as crianças alemãs, e obviamente teria que entender as outras crianças. Com o nosso filho seria igual, então ficou decidido: alemão.

Continuando a pesquisa sobre o tema, encontrei o blog Cinquenta mil aventuras, que pertence justamente à Célia Matheus. Ela é uma imigrante portuguesa e escreveu vários textos em seu blog sobre o tema, contando as experiências, as frustrações, as conquistas diárias e a adaptação do seu filho de 5 anos no Kindergarten.

Depois de ter lido todos os textos do blog sobre o assunto, eu fiquei preocupada, pois eu ainda não estava medindo o tamanho dos desafios que enfrentaríamos, principalmente com relação às emoções que meu filho seria submetido. Dei graças a Deus por meu filho ter mais de 3 anos, pois é muito mais complicado para conseguir vagas.

No site da cidade, www.dresden.de, encontrei todas as informações da base educacional dos Kindergärten na Saxônia. Eu logo entendi que ele não teria aulas de alfabetização, pois está destinado às crianças a partir de 6-7 anos de idade.

O Plano Pedagógico, está disponível no mesmo site, em diferentes idiomas, o que me chamou atenção: idiomas latinos, eslavos, russo, turco, arabe, tcheco e até vietnamita. Eu já podia imaginar que meu filho estudaria com crinças de diferentes nacionalidades, e seria incrível e desafiador.

Photo by www.sachsen.de
A proposta de educação da Saxônia é basicamente centrada na idéia de <auto-educação>, onde as crianças tem a oportunidade de realizar suas próprias experiências sobre os fenômenos da natureza, cultura, religião e relacionamento social ao seu redor (www.bildung.sachsen.de). As crianças têm espaco livre, tempo e chances de brincar. Logicamente, sob os cuidados de professores capacitados à metodologia, os quais interferem minimamente nas ações do grupo de crianças que é responsável.
"A educação é entendida como um processo unitário e global, direcionado para o desenvolvimento integral da pessoa em suas diferentes formas de agir, pensar e entender. Assim, a educação é muito mais que <aprender>."

continua ... 

domingo, 9 de agosto de 2015

Qual o programa de ensino do Kindergarten na Alemanha? - Parte II

A foto que estou usando é do catálogo de brinquedos Playmobil, e mesmo tratando-se de um "brinquedo" eu pude perceber a concepção de educação dos Kindergärten da Alemanha.

Photo by Galiceanu A. C. ©  2015
Como é possível ver, não tem crianças em mesinhas fazendo tarefinhas, com livros de atividades, o que tem são crianças brincando em diferentes pontos, com uma professora por perto, mas todos estão brincando. E isto não é a hora do recreio, pois a hora do recreio é toda hora.

Vou tentar explicar a rotina do Kindergarten que meu filho frequenta: as crianças vão chegando a partir das 7h da manhã, e são recebidas pela equipe de professores na sala de refeições, onde tomarão o café da manhã.

Quando chegam no Kindergarten, os pais levam seus filhos para uma sala que poderíamos chamá-la em português de vestuário, onde as próprias crianças sentam-se e trocam primeiramente os sapatos por um chinelo confortável, do tipo do Crocs ou pantufas. As crianças tiram os sapatos, as jaquetas, luvas, cachecóis, gorros, tudo sozinhas e colocam nos seus cabides e escaninhos. E os pais? apenas assistem.

Na Alemanha, as pessoas costumam trocar os sapatos, assim que chegam da rua, por chinelos confortáveis e acima de tudo limpos. É um hábito que levaram para os seus locais de trabalho, pois na clinica pediátrica e dentária que levo meu filho os médicos, enfermeiros e zeladores usam esse Crocs.

Continuando, depois as crianças vão para o desjejum, com sua lancheira na mão. Na mesa tem chá, leite ou água para as crianças servirem-se  sozinhas. Ao terminar o desjejum, as crianças levantam da mesa e descartam o que não comeram, e colocam as louças sujas no carrinho.

E depois? as crianças ficam livres livres para decidir onde querem ficar: se é na sala de arte, de música, na biblioteca explorando os fantásticos livros, desenhar e pintar (sempre tem papel e muitos muitos e muitos lapis de cor) ou simplismente no colchões do repouso (podem ficar deitados ou dormir à vontade). Podem também brincar de pega-pega ou brincar com aqueles brinquedos educativos e de estímulos.

Depois das dez horas da manhã (as vezes antes, dependendo da estação do ano) todas as crianças e as professoras vão para jardim


Photo by Galiceanu A. C. ©  2015
O jardim dos Kindergärten, o Spielplatz (literalmente é praça de brincadeira, isto é, um parquinho), são enormes, cheios de brinquedos: balanços, cama elástica, trenzinhos de madeira, navios piratas gigantes, bicicletas, escorregadores, casa da árvore, casinhas com mesas e muito mais. Além do contato direto com a natureza, na horta e jardim de flores.

A lei é brincar.

Lembra do quê falei no artigo Na Alemanha criança brinca de verdade? Então, a idéia é essa.

Entretanto, além de se divertirem na sua primeira infância, as crianças são capacitadas para moldarem suas próprias vidas. As crianças são ensinadas a terem "responsabilidades" com seus pertences, desenvolvem a confiança em suas próprias habilidades e, assim, possuem um elevado grau de autonomia.

Então, qual o programa de ensino do Kindergarten na Alemanha? A resposta é nenhum, pelo menos quando trata-se de um programa de alfabetização. Eu gosto, aprovo, mas não recomendo para o Brasil.

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Os alemães são bonzinhos as vezes

Aqui na Alemanha, em especial Dresden, o transporte público é muito eficiente!

Exite uma frota de ônibus que compartilha com os Straßenbahnen (traduzindo fica straßen = rua e bahn = trem, que neste caso está no plural e acrescenta en), aqui não tem Metro, mas também não precisa, pois para os lugares mais distantes ou cidades da região metropolitana tem os trens regionais.

Photo by Galiceanu A. C. ©  2013
Então, houve um dia, que eu e meu esposo pegamos um Straßenbahn, depois que deixamos nosso filho no Kindergarten. Nós estávamos atrasados para um compromisso, e corremos para não perder o trenzinho.

Logo que entramos no Straßenbahn, encontramos dois lugares vazios (assim eu pensava, já explico), só que não era no mesmo banco, então meu esposo sentou no banco da esquerda, ao lado de uma senhora, e eu sentei no banco da direita do lado de um rapaz.

Eu achei meio apertado, me movimentei de tal modo que o rapaz "se tocar" que estava praticamente sentado no meu lugar. E o rapaz até se apertou um pouco mais, mas continuava apertado.

Photo by Wikimedia Commons
Eu me movimentei de novo e senti o meu ombro competir espaço com o ombro do rapaz. Achei que talvez aquele banco fosse diferente ou que o rapaz era um "folgado". 

Ai o rapaz me pediu licença, pois iria descer do Straßenbahn, e eu dei, lógico. Ele ficou em pé, ao lado do banco, esperando chegar a parada. Foi quando eu realizei que quem estava sentado em cima do outro era eu. 

Foi tão cômico, porque ele olhava para mim, eu para ele, o meu esposo para os dois. E quando eu comecei a pedir desculpar por não ter percebido que o lugar que ele estava sentado era para somente uma pessoa, ele nem deixou, sorriu e disse o tradicional kein problem. 

E eu já estava completamente envergonhada e querendo um buraco para me enfiar, pois havia outros passageiros que perceberam a cena e riram discretamente.

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Dresden, Lutero, as igrejas e minha ignorância

Eu sou católica, e já havia algumas semanas que não fui para missa, desde que cheguei na Alemanha, então resolvi ir na igreja mais próxima de casa. Havíamos poucas semanas que nos mudamos, e eu não conhecia quase nada da cidade.

Lukaskirche, foi a igreja escolhida, pois eu tinha a programação da Semana Santa. Fui na celebração da sexta-feira. Começou com a apresentação de um concerto de cordas, solene, melancólico, longo. Todos estavam sentados, imóveis, inclusive as poucas crianças que vi, então eu tentei copiá-los.

Houve uma pausa no concerto, e ai eu pensei que o padre iria para o altar, finalmente, mas quem apareceu foi uma senhora vestida elegante e formalmente (assim como todos naquela igreja). Ela fez a leitura da bíblia, pertinente ao dia celebrado, que também é muito longa. Voltou o concerto, agora com piano. A celebração parecia não ter fim, monótona, por um momento pensei que fossem crentes.

Porém, havia algo de errado, eu sentia isto, eu só não conseguia explicar para mim mesma. Eu já estava ali por mais de uma hora, me cansei, e sai.

No caminho para a casa fiquei pensando: " ... o nome da igreja é Lukaskirche, talvez é homenagem para São Lucas; havia uma cruz bem grande no altar principal; havia quadros com imagens de passagens bíblicas; crentes não reverenciam santos, tão pouco imagens, cruzes". Havia algo incomum no rito, algo que eu não sabia explicar, só sentir.

Chegando em casa, fiz algumas perguntas para o meu esposo, que é ortodoxo, no intuito de descobrir o que estava errado na celebração católica, da igreja católica, que eu havia ido.

A Alemanha não é uma novidade para mim, tão pouco o idioma, eu não tenho fluência, mas  vocês acreditam que eu consegui me confundir completamente com as igrejas aqui em Dresden. Digo Dresden, porque em Freiburg, cidade no sul da Alemanha, onde morei alguns anos atrás, era diferente, lá eu sabia exatamente quais eram as igrejas católicas e as poucas igrejas protestantes. 

Photo by Galiceanu A. C. ©  2013
Quando estivemos em 2013, aqui em Dresden, como turista, não andei em busca de missas, mas visitamos algumas igrejas, tiramos fotos e rezamos. Visitamos a Frauenkirche, a principal basílica barroca da cidade. Traduzindo literalmente para o português, frau é senhora, frauen é no plural, senhoras, e kirche é igreja, o que me fez pensar, erradamente, que seria uma igreja para Nossa Senhora a mãe de Jesus. Certo? richtig? não, errado, erradíssimo.

Conhece Martin Luther? O fundador da Reforma Protestante na Europa? Pois é, ele é daqui da Saxônia, de Eisleben, à 198 km de Dresden. Quando ele fez a reforma, ele era um monge agostiniano, e por isto a semelhança estrutural e decorativa das igrejas luteranas com as igrejas católicas.

Ai eu chego aqui no leste da Alemanha e as igrejas evangélicas são iguasizinhas as católicas. Fiquei completamente confusa.
  
Acontece que eu cresci no Brasil, cercada de evangélicos de diferentes denominações, mas com as mesmas convicções: nada de santos ou Maria Santíssima, nada de imagens ou cruz.

Então, constatei a minha total ignorância sobre a religião que sigo, sobre os fatos históricos de altíssima relevãncia que ocorreram, como exemplo a Reforma Protestante, bem como a história geral do mundo.  Ainda bem que tem remédio: ler.

Photo by Galiceanu A. C. ©  2013

Por favor não me perguntem como eu não vi essa estátua imensa do Martin Luther na frente da igreja e que eu mesma fotografei. Eu estava emocionada demais, um dia vou contar o porquê.

A história da Frauenkirche é espetacular: foi completamente destruída na segunda guerra, e depois os seus escombros viraram um memorial durante anos, até 2001. Um inglês, filho do General que jogou a bomba, "resolveu" reproduzir uma replica perto da perfeicão. O resultado é incrível, e a igreja recebe diariamente turistas para ver a reconstrução que durou 11 anos e custou muitos euros.