quinta-feira, 3 de setembro de 2015

"Olha o avião ..."

Caríssimos, na próxima escrita que publicarei, vocês vão entender o porquê desta escrita:

Meu filho ama a aviação, os diferentes tipos aviões, as diferentes companias aéreas e os aeroportos. Ele demonstrou interesse desde cedo, pois eu mostrava para ele: "olha o avião ..." da varanda do nosso apartamento, toda vez um passava atravessando os céus. Era uma forma de fazer o tempo passar, pois eu ficava o dia inteiro com ele, bebezinho, dentro de casa (eu tinha Síndrome do Pânico, sabe?), e ele quase não dormia durante o dia. Lembrando agora, considero que era até divertido!!!

Quando meu filho estava com um aninho e meio de idade, viajamos de Manaus para Roma, Bologna, Bucarest, Basel e Frankfurt, em diferentes companias aéreas. Ele já gostava de aviões, e quando viu de perto, na sala de embarque do Aeroporto de Manaus, o avião pousando ele pulava de alegria. 

Photo by Galiceanu A. 2011
 Dá para imaginar que esse fofo não deu trabalho nenhum, nem nas salas de embarque, nem dentro dos aviões, pois ele à vontade, feliz. Na janela do avião "só dava ele". Quando já estávamos no quinto trecho da viagem ele exclamou "tuiuio", apontando para o avião. 

Naquela idade, meu filho não fala nenhuma palavra audível, além de mama (tradução = mamãe). Ele realmente demorou para começar a falar, as pessoas dizia que era porque ele não tinha contato como outras crianças. Demorou, mas falou, afinal cada criança tem seu tempo.
 
Na casa dos meus pais, tem um poster do avião Emirates Airline  (sobrevoando uma praia de Dubai) que eu colei no banheiro do quarto que era meu. Quando meu filho avistou este poster pela  primeira vez, ele ficou todo feliz e repetindo Emirates.

O poster sempre esteve lá, desde 2004, mas meu filho só constatou, quando ele já estava com quase dois anos de idade, depois de ter feito o pai dele comprar várias revistas de avião, cada sábado que íamos ao supermercado e claro depois das várias viagens de avião.

Eu e meu esposo alimentava a curiosidade dele, comprando aeromodelos (de plástico made in china, dos camelôs das ruas de Manaus), revistas de aviação comercial ou militar, além de colocar filminhos curtos no Youtube para ele comer tudinho, ao se destrair com os aviões. 

Estava consolidado o seu fascínio pela aviação!

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Nem tudo são espinhos ...

Nem tudo são flores  aqui na Alemanha, mas nem tudo são espinhos ...

Foi uma tarde de maio, nos primeiros dias de sol e calor depois de mês de frio, eu quis aproveitar, e saí para fazer uma "pesquisa de preços" de panelas, mas não era qualquer panela, era uma Le Creuset, afinal, o dia das mães já estava perto, não é?

Eu fui para o ponto do Straßenbahn perto de casa, mas eu teria que esperar pelo menos oito minutos, então decidi ir à pé, pelo menos até o outro ponto, onde eu teria outras opções.

Ao chegar no ponto, fui ler o mapinha que tem as informações dos trenzinhos e diferentes paradas, quando uma senhora muito idosa perguntou se eu precisava de ajuda e para onde eu queria ir. Eu respondei que estava tudo bem, obrigada, e falei que eu queria ir para a Haultstellen Prager Straße, mas ela insitiu em me explicar que Prager Straße na verdade é uma rua, e não uma parada de trem, e ai foi puxando assunto, sobre assunto, e eu que sou igual um rádio, comecei  conversar com ela.

Foi tão espontâneo, mas um pouco estranho, pois eu nunca espero muita simpatia do povo daqui, principalmente dos idoso, que parece terem horror à tantos estrangeiros em sua amada e orgulhosa terra natal. Lógico que é injusto generalizar, mas ..., a gente "cria calos".
Photo: de.fotolia.com

A conversa ficou tão boa que nós duas fomos à pé para uma sorveteria, e tomamos um sorvete que ela fez questão de pagar. Depois seguimos pela Prager Straße até o Karstadt. Caminhamos lentamente e conversávamos como velhas amigas. Ela não se deixou fotografar, e tão pouco respondeu se queria telefone ou contato meu, ela deixou claro que o que ela queria era companhia para aquela tarde. Foi tão agradável.

Ela foi comigo para a loja, vimos os preços e depois saimos para a bendita Haultstellen Prager Straße, e a "minha amiga" estava completamente cansada. Nos despedimos com uma carga de emoção inacreditável, pois havia em nosso adeus a dúvida de nunca mais nos encontrarmos novamente.

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Nem tudo são flores ...

Basta eu sair de casa aqui na Alemanha para eu ter uma história para contar.

Eu e meu filho estávamos nos dirigindo para o ponto de ônibus, para voltar para casa, quando uma senhora sexagenária que já estava no ponto, berrou para nós dois.

O ponto é bastante arborizado e com uma grama mal cuidada, e nós, eu e meu filho, caminhamos sobre a grama para escolher um lugar para sentar, pois estava muito quente e teriamos que esperar pelo menos uns sete minutos até o ônibus chegar. E foi por isto que aquela "senhora" mal humorado ficou aos berros, dizendo que não deveríamos pisar na grama, que deveriamos dar a volta

Respondendo ao tom de voz, eu desafiei a mulher com um  warum nicht? (traduzindo fica um simples por que não?, mas para um alemão idoso, xenofóbico e desequilibrado, é um tapa). Como eu dei o que a mulher queria (atenção), ela veio em minha direção e disse que não era o jardim da nossa casa, que eu deveria respeitar o espaço público do país que vivo (digam-me se não rolou um preconceito?). 

Eu estava com meu filho, havia acabado de pegar ele do Kindergarten, e nós dois estávamos flutuando de felicidade porque as professoras e até a Diretora estavam elegiando ele por ter ido vestido de Superman, fizeram até fotos com ele, sabe como? estavamos felizes. 


Eu respondi simplismente para ela que grama é grama em qualquer lugar do mundo, grama foi feita para pisar. Ela continuou nervosa, me dando lição de "moral" e insistindo que eu não tinha o direito de pisar lá. Ai eu me irritei e olhei no fundo dos olhos azuis dela e disse que: "eu não sou imigrante ilegal", foi a única coisa que me veio à cabeça, frente a insistência da mulher em dizer que nós não tinhamos o direito de pisa lá (como se quisesse dizer que não deveriamos estar na Alemanha). Eu nem precisei me mexer, ela saiu de perto de nós e eu fui finalmente sentar com meu filho na grama.

Nos espaços públicos, em Manaus, São Paulo, New York, Londres ou Dresden, as prefeituras escolhem, obviamente, grama resistênte ao pisoteio, sendo espécies rústicas, de fãcil manutenção. Logo, aqui na Alemanha não seria diferente.

E o dia em que coloquei meu filho para sentar em um banco que tem uma cruz (reservados para idoso, gestantes, deficientes), em um Straßenbahn, em Freiburg, sul da Alemanha? 

Eu sou uma pessoa consciente, e respeito as regras da sociedade, por educação e por altruísmo. Geralmente eu nunca sento nestes lugares, nem mesmo quando não tem ninguém que precise, mas neste dia eu fiz somente meu filho sentar porque haviam outras SETE cadeiras iguaizinhas desocupadas. 

Ai, entra um cara, não muito velho, com muletas, olhou e disse que queria sentar ali, onde meu filho estava sentado, ..., foi sulrreal. Eu não fiz objeção, tirei meu filho de lá e o coloquei em outra cadeira, também reservada, afinal tinha sete, né? Mas o cara não se conformou, e "rezou um terço" dizendo que o simbolo é internacional, e lalalá. Ave Maria! Que pessoas!!!

Eu fiquei mais nervosa com este cara, porque ele olhava para meu filho quando estava me moralizando. Eu respondi com muita raiva que os alemães são conhecidos internacionalmente também. Ai eu fiquei esperando a "muletada" na minha cabeça, mas não veio. O cara saiu no primeiro ponto, correndo somente uns três minutos, entre ele entrar, me esculhambar e sair.

domingo, 30 de agosto de 2015

Eu "andei" pedindo esmola

Quando meu esposo disse que queria voltar para Europa, para um pós-doutrorado, senti meu coração pular, literalmente. Ele falou logo que gostaria de ir para Technische Universität de Dresden, e eu concordei sem mesmo respirar.


Nosso filho ainda estava com três anos de idade, e então iniciei uma pesquisas sobre os jardins de infância, sistema de ensino, custos, possibilidades (falei isso em O Kindergarten para meu filho).

Photo by Galiceanu A. 2014


Encontrei entre outras informações, o blog Cinquentamilaventuras, de uma portuguesa, que me chamou atenção, em especial, sobre como foi a adaptação do seu filho no Kindergarten alemão. Eu li todos os textos referente ao assunto que ela escreveu em seu blog. Eu "caí das nuvens de algodão" em que eu me encontrava para uma "dura realidade terrena". Meu filho passaria, provavelmente, por um sofrimento na adaptação, e isto "pesou" como uma pedra gigante em eu coração.

No blog citado, a autora disse que ela deixava seu filho aos prantos no Kindergarten, que seu filho antes extrovertido, ficara solitário e calado,  e tantos outros detalhes que me fizeram chorar muito (como eu não pensei nisto? fui tão egoísta) e reconsiderar a idéia de sair do país para um desafio como este. A autora do blog também falou da Frau Müller, educadora do seu filho que ajudou bastante no processo de adaptação. Porém, mais nada me fazia acreditar que tínhamos feito um bom plano.

Eu estava disposta a desistir, preparei um discurso, mudei o tom de voz habitual que falo com meu esposo e declarei que nós não podíamos mais ir para Europa, nesta fase da infância de nosso filho, não seria justo com ele, não poderíamos, pelo amor que temos por ele. Citei todos os pontos negativos que eu não havia ponderado, antes de ler o blog da portuguesa.

E vocês sabem como pensam os europeus? Meu esposo tão surpreso, quanto admirado com a minha precocidade, isto para não dizer "inocência", falou que agora era exatamente o momento certo de sair, antes de começar a escola primária, simples assim.

(continua aqui ...)

Eu "andei" pedindo esmola - conclusão

Eu tenho uma amiga/irmã que tem um blog super lindo de ler (Entremaeefilha), a Nina Sena. Ela mora na Alemanha à muitos anos e sempre escrevia, entre outros assuntos,  sobre seu cotidiano aqui. E eu, lá de Manaus, dentro de uma dura realidade, lia sempre, para me sentir um pouco na Alemanha.

A idéia de começar a escrever um blog foi crescendo dentro de mim ao imaginar que eu também teria experiências no cotidiano alemão, e se consolidou quando eu estava fazendo as pesquisas sobre Kindergarten, e eu ficava imaginando quais seriam as emoções que nós viveríamos dentro da adaptação do nosso filho, assim como no blog que li, eu ficava imaginando as lágrimas do meu filho, as minha lágrimas, mas também as nossas conquistas na adaptação.

Eu iniciei este blog no ano passado, mas o abandonei por falta de tempo, afinal nós nos mudaríamos para outro país, temporariamente, mas gerou uma série de demandas antes da viagem (como arrumar o apartamento para um longo período fechado, afinal estou falando de Manaus, terra  de 99% de humildade relativa do ar, condomínio, cancelar plano de saúde, e mais).

Chegando na Alemanha, surgiram outras demandas, tornando-se impossível dar continuidade ao blog, o qual, considerei instinto. Porém, àquelas calças de moletom sujas de barro preto que falei aqui Na Alemanha criança brinca de verdade, despertou algo em mim.

Eu fiquei tão surpresa com o resultado (feedback) do número de visualizações das primeiras postagens deste ano, que me empolguei (risos). Eu postava no meu Facebook pessoal, e recebia um monte de like dos meus "amigos". Então, procurei uma ajuda para melhorar o desempenho de busca, para que fosse mais encontrado e consequentemente, lido.

Foi quando eu encontrei uma dica super legal no blog Blosque, blogando com alma, sobre como ter Feed RSS, uma ferramenta que permite as pessoas leiam seu blog, sem visitar o blog, segundo a autora do Blosque, na postagem Top 5 - erros que se cometem com o primeiro blog. Encontrei também neste blog que eu "andei" pedindo esmola!!!

Quando telefonei, escrevi email ou mensagens para os amigos, no Facebook, dizendo para lerem meu blog, eu mendiguei, ai que vergonha :-(
Eu fiquei deslumbrada com os acessos ao blog e de certa forma com vaidade.
"nada façam por ambição egoísta ou por vaidade, mas humildemente considere os outros superiores a vocês mesmo" Felipenses 2:3.
Agora como os pés no chão, continuo aqui, meu projeto, agradeço imensamente todos que leram, este blog. Eu pretendo continuar com minhas impressões sobre o cotidiano alemão para uma amazonense meio atrapalhada. Ao final desta aventura, poderei, por exemplo, converter cada postagem em PDF, imprimir e deixar como um caderno de recordações, independete se poucas pessoas ou ninguém ler.

Peço desculpas aqui para todos os amigos que pedi a esmola, causando um constrangimento, talvez.

Photo by Persil - CANALETTO Stadtfest Dresden

 Um abraço para todos vocês, leitores coagidos e voluntários.


sexta-feira, 28 de agosto de 2015

O outono está chegando

A primeira vez que estive na Europa foi no outono de 2002, para participar de um curso de Manejo Florestal na Universidade de Freiburg. Na época eu era estudante de Mestrado, da Universidade Federal do Paraná, tinha meus "vinte e poucos anos" e dez quilos menos. Essa é uma longa história, mas não vou contar agora.

O curso foi na Floresta Negra, a "Schwarzwald" em alemão. Eu fiquei encantada com o que meus olhos viam, parecia que eu estava em uma capa de caderno, sabe como? Nos anos 90 algumas capas de cadernos ou de album de fotografias, vinham com uma foto de alguma floresta no outono do Hemisfério Norte, com as folhas descoloridas e caídas no chão.

Era quase inacreditável aquele espetáculo da natureza, tão romântico, emocionante, eu sentia vontade de chorar, por estar vivendo e realizando um sonho. Eu me emocionei tanto que perdi até uma lente do meu óculos (risos e mais risos).
A lente  estava meio saindo e eu não tive tempo para ajustar antes da viagem, então passei uma fita colante transparente, mas não adiantou, caiu no meio daquela montanha de folhas ao chão. Teve até um estudante alemão (somos amigos até hoje) que quis me ajudar a procurar, mas vimos a impossibilidade e desistimos.

Até ontem fez um calorzão aqui em Dresden, mas hoje amanheceu com núvens pesadas, chuvendo fininho, fazendo aquele frio conhecido, ..., é o outono, ele está chegando.
Photo by Galiceanu A.

Os trajes mudarão: aquelas roupas do verão vão voltar para as gavetas, e a moda outono-inverno vai ditar as regras, trench coat,  botas de plástico e guarda-chuvas. Eu já estou ansiosa para assistir o desfile a céu aberto. Tudo isso é muito intrigante, diferente, mas belo.

Eu me despeço da primavera-verão de Dresden, com gratidão e saudade, dos belos dias de sol e calor, das flores que encontrei por todos os lados, da grama dos espaços verdes públicos, gratidão pelo dia que tomei banho no Rio Elbe.

Agora vamos nos colorir com as cores do outono.


quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Português, por favor!

Meu filho estava assistindo um vídeo de brinquedinhos no Youtube, quando acabou e iniciou automaticamente outro vídeo. Era um vídeo do Pe. Fábio de Melo, do programa Direção Espiritual. E meu filho exclamou: "ele está falando português!!".

Parece-te óbvio? mas não para uma criança que no ônibus ou trem, na escola ou no shopping, na tv ou cinema, por todos os lados, estão falando ao seu redor um idioma que ele não domina completamente.

O caso é que ele assiste vídeos no Youtube em inglês ou alemão, sempre, não é de hoje. No Brasil, como ele já assitia desenhos animados na tv a cabo, em português. Eu colocava vídeos de pessoas que apresentam como funcionam brinquedo do Thomas and FriendsImaginext e Hot Wheels porque ele se interessava, e não tinha versões em português. 

Tinha uns vídeos dos brinquedos que ele queria ver que só tinha em japonês, ele até aprendeu e repetia algumas palavras. Ele sabe falar a palavra avião até em polonês: samolot, porque tinha uma menina polonesa que postava todos os aviões Imaginext que ele gosta.
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Ele criou um hábito de ter contato e  interesse por aprender outros idiomas, a partir destes vídeos.

O bichinho ficou tão feliz de ouvir português que nem queria deixar eu tirar o vídeo do Pe. Fábio, ele queria assistir a qualquer custo, mas eu tirei, pois ele ia abordar tema sobre perdas, depressão, ai, nada haver, tirei mesmo.

Photo by www.minutocrianca.com
Então coloquei o vídeo O Show da Luna, no episódio Borboleta Luna. Ele está aqui do meu lado rolando de rir, todo feliz. Este era um dos desenhos prediletos dele, antes de vir para Alemanha.

Nós, eu e meu esposo, não estamos dimensionando os impactos de uma mudança tão radical na vida de um fofinho de 5 anos. Todos estão sempre me dizendo que meu filho vai aprender alemão brincando, e que crianças aprendem rápido outros idiomas, porém há sim um desgaste emocional neste processo.

Na rua, quando meu filho identifica alguém falando português, ele "pula de alegria" e vai em cima para dizer um simpático "oi". Entretanto, aqui tem muito brasileiro mais "alemão" que os próprios alemães, isto é, houve vezes que brasileiros quando me vêem de longe (cara de índia não engana ninguém, e nem quero pois eu tenho orgulho de minhas origens) ou começam a falar um deutch precário (muitas das vezes) ou silênciam.