quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Eu e meu chapéu

Alguém pode me explicar o que significa isso?
Eu comprei um chapéu preto de lã na Loja Primark, e logo que saí da loja comecei a usá-lo. Fui buscar meu filho no Kindergarten, como de costume.
Eu me senti como se estivesse em um comercial ou uma pegadinha, pois todos os tios, ou melhor dizendo, os vovozinhos me olhavam, e até sorriam discretamente para mim.
Ave Maria! o que estava rolando? será que estava engraçado ou ridículo? ou os dois?
Quando nós chegamos na estação, levantamos do banco do trem para descer, havia um tiozinho sorrindo largamente para mim. Eu olhei para trás, para constatar o engano, afinal eu não o conhecia, mas constatei que era para mim aquele sorriso. 
Gente, não estava normal, havia alguma coisa de errada com o meu chapéu, como assim, alemão sorrindo na rua para desconhecidos? E o habito de homem brasileiro de assediar mulheres na rua não se aplica aqui na Alemanha. 
Quando cheguei em casa fiz uma pesquisa na Internet, para saber a origem de tanto interesse dos vovozinhos no meu chapéu.
Esse modelo de chapéu que eu estou usando foi vendido a partir dos anos 20, na época em que a moda feminina passava por um processo de mudança radical, deixando para trás aqueles vestidos  e chapeus cheios de babados, tipo "Sinhazinha da Fazenda".
Eu concluí que os vovozinhos lembraram da "mãe" deles!!!
A minha figura de estrangeira, de traços indígenas, usando um chapéu que os faz lembrar da própria mãe ou da infância, causou-lhes um espanto, uma incoerência. 
Pensa que eu desisti de usar o chapéu? Pensa que os vovozinhos desistiram de mim?

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

De coração partido

Quando retornei para casa hoje, havia uma família com muitas mala, sacolas e um carro de bebê vazio na frente do meu prédio. Era quase 14 horas, e eu achei normal, talvez iam se mudar, estavam esperando o carro.
Porém, já era quase 17 horas quando eu olhei ocasionalmente para a janela e os vi lá em baixo, ainda sem a criança, e me angustiei.
Eu me vesti e fui até em baixo, para perguntar se estava tudo bem e se precisavam de ajuda.
Eles não falavam nem inglês e nem alemão, mas o rapaz me ofereceu seu Smartphone para eu digitar o que eu queria dizer.
Nós nos comunicamos assim, eu digitando as mensagem e o aplicativo traduzindo para eles e vice versa.
A mulher estava com o rosto inchado de chorar, e ainda chorava. O homem falou "Ronaldo e Futebol" quando eu disse que eu sou do Brasil, ele até sorriu minimamente. Um casal jovem, desiludidos com a vida.
Eu queria carregar eles dali daquele frio, não importasse qual fosse a história deles, eu não conseguia olhar para aquela situação de dificuldade e ser indiferente.
Eu imaginei que fossem sírios, mas não. São iraquianos.
Eles estavam morando no apartamento da irmã do rapaz, mas alguém do prédio denunciou que eles estavam morando em duas famílias, o que é proibido, em um apartamento de 50 metros quadrados, ou menos, eu não tenho certeza, mas sei que nos apartamentos menores do prédio que moro, tem somente um quarto, uma sala, um banheiro, cozinha integrada e não tem varanda.
O bebezinho deles ficou no apartamento da irmã do rapaz, eles dois, o casal, ficaram no frio, amargando sua sorte.
Eu estive com eles por uma hora, "conversando", dando-lhes palavras de fé e esperança. A jovem iraquiana, com seu véu, já não chorava mais ao me escutar.
Eu disse que poderia acionar o serviço social para ele não ficarem  na rua, daquela forma, naquele frio, mas ele me garantiu que já estavam esperando um taxi e iriam receber a chave do serviço social de um apartamento, hoje mesmo. Talvez seja verdade ou talvez eles foram se esconder em outro apartamento, quem saberá?
Hoje mesmo, li notícias na Deutsche Welle sobre atentados e agressões contra refugiados, justamente na região que moro, isto é, na Saxônia, a velha e fechada Alemanha Oriental.
Oh Deus, quanto sofrimento!!!
Eu pedi da jovem para eu dar um abraço nela e ela aceitou, e eu a apertei em um longo abraço fraternal, e para o jovem esposo eu dei só a minha mão, é claro.
Eles não são cristãos como eu, mas eu só lembrei da Sagrada Família.
Fra Angelico (cerca de 1395–1455) - The Yorck Project: 10.000 Meisterwerke der Malerei. DVD-ROM, 2002. ISBN 3936122202. Distributed by DIRECTMEDIA Publishing GmbH.

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Aniversário no Kindergarten - conclusão

A educadora do meu filho decorou a sala e a mesa para a festinha de aniversário, na moda alemã, isto é, com simplicidade e delicadeza. Ela também organizou as louças e as bebidas, tive o trabaho somente de levar os bolos. 

Ela não permitiu que eu levasse as "sacolas surpresas" para distribuir aos coleguinhas, ela disse que no Kindergarten não é permitido, que eu só poderia em fazer isto em uma festa em casa. Pensando bem, ela está certa, imagina as crianças com a "lingua de sogra" e apitos, seria uma desordem total, hahaha.


Eu levei então um bolo de dois andares, um de côco e o outro de chocolate, como recheio de geléia de frutas vermelhas e uma inesquecível cobertura de brigadeiro, feito com leite condensado (isso não é tão obvio quando se trata da Alemanha) e uma torta de frutas, de um receita francesa. Levei também dois pacotes uma jujuba alemã, que é tradicional desde 1920, e deixa qualquer Kinder babando, é a "HARIBO macht Kinder froh" ("HARIBO faz as crianças felizes", literalmente).


Estamos no outono aqui na Europa e as decorações são feitas com folhas de cores outonais, animais de pelúcia como o porco espinho, raposa, cervo, entre outros, aboboras, sementes, castanhas e algumas frutas vermelhas, e para combinar fiz tudo com frutas. 
Sabe que eu adorei essa serpentina colorida que os alemães usam na decoração de festa?

Havia na mesa um prato com 6 velas, daquelas redondinhas, tipo para decoração. Eu avisei para a educadora que meu filho estava fazendo somente 5 anos, mas ela me explicou que na Alemanha, custuma-se colocar uma vela a mais para garantir o próximo ano. Gente, que fofo!!! adorei a idéia. 

Então, quando todos estavam sentados, a educadora colocou uma coroa de papel no meu filho, deu um balão cheio, somente para ele, avisou à todos que hoje era o seu dia e que ele seria o Rei. Ela acendeu um daqueles palitinhos que saem faiscas, ficou ao lado dele e cantou os parabéns, juntamente com as crianças e eu.

A educadora deu para meu filho um presente, um yoyo de madeira, vermelho, afinal é a cor que ele gosta. Meu filho recebeu outros dois presentes, de duas amiguinhas, lindas, eram desenhos coloridos e meu filho amou, assim como se tivesse ganhado brinquedos.

A velas  ficaram acesas, mas não foram apagadas. Os parabéns, e mais uma vez meu filho não apagou as velas. Porém eu estava lá, tomei providências. Peguei a vela "cinco" e pedi para cantarem e ele soprar finalmente, mas a educadora explicou que "soprar as velas" é somente no final, depois de comer o bolo. Ave Maria!!! O protocolo aqui é diferente, e eu obedeci. 

Finalmente nosso filho realizou seu desejo de apagar as velas do seu bolo de anivesário!!! Foi há dez dias atrás, foi uma festinha maravilhosa, inesquecível para meu filho, para mim, para todas as crinças da turminha e para a educadora, de verdade. Eu não consigo descrever o ambiente de afeto e carinho, criado por todos, nesta festinha, para fazer meu filho feliz. 
Obrigada Alemanha, mais uma vez.

Aniversário no Kindergarten

No dia do aniversário do nosso filho, eu e meu esposo fizemos um bolo, para cantar os parabéns para ele e darmos um presente. Seria perfeito, se tivesse algo para acender as velas!
Nós dois só percebemos que não tínhamos absolutamente nada para fazer uma faísca de fogo quando nosso filho pediu para acender logo as velas, pois ele queria apagá-las.

Aqui na Alemanha, o fogão e forno do nosso apartamento é completamente elétrico. Nem eu, nem meu esposo fumamos (Amém!). Eu só costumo acender velas em datas especiais ou quando recebo visitas. A data especial chegou!

Eu olhei para meu esposo para pedir à ele que fosse comprar fósforos no supermercado, mas sabe como são os homens, não é? simplificou e disse não devemos se importar com este "detalhe". Meu coração ficou dividido, parecia algo impraticável para mim, um "parabéns" sem velas acesa? será que pode?

Sabe que eu tentei aquecer papel na chapa do fogão e tentei fazer fogo com incidência de luz na lupa do meu filho, hahaha, pode rir, foi verdade, é hilário lembrar disso, mas na hora eu estava angustiada e até com medo, superstição pura. Ai que raiva que eu tenho de ter estas superstições estúpidas, eu tentei aprender algo com meu esposo gringo, naquele momento.

Porém, nosso filho sentiu falta sim, de apagar velas, afinal, as crianças adoram esse ritual, elas estão sempre tentando e apagando todas as velas que vêem pela frente, até mesmo do aniversário dos outros. Imagina a vontade de apagar, finalmente, a vela do seu próprio aniversário?

Meu filho só não começou a chorar porque eu lhe prometi imediatamente que faria outro bolo, para levar para o Kindergarten para comemorar com seus amiguinhos.

No Kindergarten eu avisei aos educadores, que ele estava aniversariando naquele dia, e eu perguntei se eu poderia trazer, no dia seguinte, um bolo para festejar. A educadora do meu filho estava de férias, mas os outros educadores concordaram e solicitaram que eu trouxesse somente o bolo, nada além disso. Eu também não poderia participar, igual como é nas creches no Brasil.

Era a minha chance de corrigir imediatamente aquele erro, da falta de velas para apagar.

Meu filho me contou que o professor até pegou o violão e cantou com as crianças, os parabéns em alemão e outras canções, mas que ele não apagou velas nenhuma! Eu enviei duas velas de "5 anos" e dois bolos de chocolate, com cobertura de chocolate, e mesmo assim meu filho não apagou velas. Por quê?

Ele ficou frustrado mais uma vez, e eu também. Eu tive que prometer outro bolo, e outros parabéns, e com velas acesas para meu filho apagar. Eu disse que faria uma festinha em casa e convidaria alguns amiguinhos.

Eu fiz até o convite e o distribui de forma digital, mas nossos únicos convidados não estavam disponíveis para a data que eu marquei: 3 de outubro, eu não havia percebido que era feriado, "Reunificação da Alemanha". Alguns me responderam logo que não poderiam, outros não. Eu pensei que ainda poderia fazer a festa, porém, somente um dia antes, soube que não haveria convidados.

Porém, eu fiz uma limonada deste limão!!! Tinha um "fervo" (festa pública) em comemoração ao feriado, e nós fomos para lá, nos divertir. Eu pensei que meu filho não havia percebido nada na mudança de planos, mas percebeu.

Meu filho acordou chorando no domingo, era um choro muito sentido, não era birra, o que poderia ser? Perguntei e ele respondeu chorava porque não houve a festa de aniversário, ele disse que ficou triste. Eu fiquei triste também. Ele e eu estávamos decepcionados.

Eu prometi outro bolo e com velas, eu disse-lhe que, uma festa não seria possível aqui na Alemanha, mas eu poderia fazer outro bolo e levar para o Kindergarten e fazer uma festinha lá com seus amigos.

Desta vez a educadora do meu filho estava, e gentilmente me convidou para participar da "festinha"

(continua ...)

terça-feira, 13 de outubro de 2015

Café com um refugiado sírio

Ontem fui encontrar uma amiga, tomar um café e conversar um pouco, antes dela viajar para o seu país de origem, o México.

Sentamos nas cadeira fora, mas quando surgiu lugar livre entramos, pois estava muito frio. Na Starbucks da Prager Straße tem wifi grátis e umas poltronas super confortáveis localizadas ao redor do paredão de vidro, e são muito disputadas. Nós sentamos próximas às poltronas, e havia um rapaz em uma dessas poltronas, com um smartphone, fones de ouvido, e uma chicara de Expresso vazia. 

Eu e minha amiga, ficamos por muito tempo conversando sobre a vida, o futuro, sobre os problemas sociais no Brasil e México, em comparação à Alemanha, entre outros assuntos. Nós conversávamos em inglês, pois eu não me arrisco em espanhol, e ela não fala português.

Houve um momento em que estava tentando explicar para minha amiga o que é "favela", quando uma senhora alemã, sentada em uma mesa ao lado virou para mim e perguntou se eu era brasileira, e então em uma rápida conversa nos apresentamos, afinal eu queria saber porque ela aprendeu falar português e ela queria saber porque eu estava em Dresden.

Precisei ir ao banheiro, e quando voltei, aquele rapaz solitário, estava sentado na mesa com minha amiga!!! Ele se apresentou como refugiado sírio!

Starbucks  é o único negócio que está aberto a partir das 7:30h, na Prager Straße, e o rapaz nos contou que estava lá desde as 8 horas da manhã, e já eram 16 h da tarde.

O rapaz sírio, solitário, entediado, sofrido, não tinha nada feliz para contar. Ele contou que mora em um apartamento cedido pelo Governo Alemão, com refugiados de outros países, e que ele evita ficar em casa porque os outros refugiados são violentos e até armados com arma branca.

Uma simples pergunta ao rapaz, como onde está sua família? e recebíamos uma dolorosa resposta.
Eu estava diante daquele rapaz, ouvindo sua história, dando-lhe um pouco de atenção, dizendo palavras de esperança, mas sabia que era infinitamente insignificante o que "eu fiz" à totalidade do drama vivido por aquele jovem.

Eu dei um abraço apertado nele, que não correspondeu, por vergonha, constrangimento, ou talvez por cultura, simplismente.  

Photo by www.bbc.com (BBC Brasil)
Ele tem um sonho, de estudar na Alemanha, fazer Mestrado em Agricultura, ele vai conseguir!

Aqui, eu não conto o que ouvi, por respeito àquele rapaz, mas conto à você que, os refugiados que chegam vivos na Europa, ainda "continuam atravessando mares" para sobreviver, o mar do preconceito, o mar da ignorância, o mar da indiferença, o mar da solidão, o mar do luto (de perder parentes mortos pela guerra ou pela possibilidade de nunca mais voltar vê-los novamente).

Voltei para casa completamente triste, com a recordação daquele rapaz e de sua história.

terça-feira, 6 de outubro de 2015

Os caçadores de "caloteiros"

Você pode encontrar, em diferentes blos ou sites de brasileiros que moram na Europa, em especial, na Alemanha, falando sobre o controle do pagamento das passagens de ônibus, trens e Straßenbahn. Na postagem Blogs e sites de brasileiros na Alemanha, eu listo alguns sites incríveis, com informações super importante para um "marinheiro de primeira viagem". 

Entrar em um transporte público e não ter ninguém te para cobrar, a primeira vez que eu vi isto foi na Itália, o primeiro país que visitei da Europa, em Roma, quando viajei com meus amigos da UFPR. Nós comprávamos as passagens de ônibus em uma lojinha, entravamos no ônibus e validávamos em uma máquina que marcava o dia e a hora que a passagem estava sendo utilizada. 

No ônibus, nada de cobrador ou catraca!!! Porém todos tem a obrigação de ter passagens válidas para o trecho realizado, senão estará sujeito às penalidades, quando eventualmente entra um controlador de passagens e pede para que apresente um bilhete válido. 

Photo by www.dvb.de 
Quando chegamos na Alemanha, e compramos as passagens do Straßenbahn tivemos o mesmo espanto. Como assim? para quem eu mostro que comprei a passagem? Era realmente algo muito novo para mim.

Aqui em Dresden, não é diferente, Eu chamo os controladores de caçadores de "caloteiros", pois eles comportam-se assim, com caçadores suaves, mas implacáveis quando pegam  sua "caça", isto é, aquele que dá calote, andando na maior "cara de pau" sem um bilhete válido.

Todos os dias eu pego 4 transportes, para levar e buscar meu filho no Kindergarten, e durante estes meses posso contar nos dedos quantas vezes eu vi, os controladores.

Houve um dia em especial, quando eu estava em um Straßenbahn, eu sentei na última cadeira do trem, e logo ele, o controlador, se levantou e me cobrou o bilhete, como eu tenho um bilhete semestral, ando com segurança, e mostrei meu bilhete. 

Eu pude ver uma delicada expressão de decepção, mas entrou outros, e o cara, como um caçador, foi em cima do grupo de chineses, que demoraram, mas mostraram um bilhete válido. Mais uma decepção para o controlador, mas ele paracia não desistir. Ele tinha uma colega de trabalho, que ficava sempre sentada. 

E para felicidade do controlador, entraram mais pessoas, e finalmente ele encontrou um estudante, estrangeiro, que não falava alemão, e o cara se ferrou. A multa é de 50€ (ou mais, não sei ao certo).

Eu já vi algumas cenas de caloteiros pegos no flagrante, tem uns que até choram, outros esquecem como falar alemão (risos) e outros até tentam fugir, mas os "caçadores" são o bicho!!! 

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

O Muro de Berlim e eu

Eu estava com 15 anos de idade, no dia 9 de novembro de 1989, quando assisti o longo noticiário sobre a "queda" do Muro de Berlim.
Eu já estava cursando o primeiro ano do segundo grau e já havia estudado sobre a barreira física (o muro) que separava ao meio a cidade de Berlim, e tudo o que simbolizava a divisão da Alemanha em Oriental (socialista) e Ocidental (captalista). Sabia que durante a guerra fria, inúmeras famílias alemãs ficaram sem ter acesso aos parentes e amigos que tinha do outro lado da absurda "fronteira" (chamada de "cortina de ferro").

Eu lembro deste dia e das impressões e sentimentos que tive. Eu fiquei primeiramente impactada com a notícia porque eu, mesmo tão jovem, não conseguia acreditar que um dia isso poderia acontecer, mas aconteceu e eu estava vendo!!! Eu vi, naquele momento, que nada é impossível, e que talvez, eu também, um dia pularia de felicidade, assim como aquelas pessoas, por algum motivo especial. 

Eu já falei que sou de uma família muito pobre, passamos por necessidades, trabalhei para ajudar no sustento da casa, vendendo frutas, sofria humilhações por morar no "fundo do quintal" de favor, humilhações na escola e igreja, por não ter sapatos e roupas melhores, mesmo estudando em colégio público, onde a classe econômica daqueles que me humilhavam não era tão melhor que da minha família, eles só tinham um pouco mais (como diz minha tia "... quem persegue o pobre é o próprio pobre"). 

Eu, aos 15 anos eu não tinha fé no futuro, nem meu, nem dos outros, mesmo eu ouvindo minha mãe falar diariamente 
"... de hora em hora, Deus melhora. A fé é que me mantêm em pé."
A Reunificação da Alemanha (celebrada em 3 de outubro de 1990), me marcou, ao ver uma nação se unir novamente, após anos de divisão e sofrimento, privações e necessidades economicas do lado oriental, parecia-me um sinal de que algo muito bom também poderia acontecer na minha vida.

Hoje, aos 41 anos, morando na Alemanha (oriental, se ainda houvesse muro), venci as dores da pobreza e aprendi a acreditar no futuro mais feliz. Viva a Alemanha para sempre!!!



O lado oriental não havia qualquer rabisco ou
colorido, era o cinza sólido assim como o
socialismo.

Fragmento do muro de Berlim, do lado
capitalista, colorido de protestos.